Nico

Eu nunca me senti daquele jeito quando eu a vi tocando piano, sua voz suave preenchia o espaço vazio na sala de música e invadia o corredor na parte de fora, a cada nota tocada, a cada palavra cantada meu coração se aquecia eu olhei pra ela e vi seus lindos cabelos avermelhados e seus olhos fechados e provavelmente tentando se concentrar na letra, ela parou de cantar deu um longo suspiro e olhou pra porta em minha direção e eu rapidamente me escondi.

— Será que ela me viu ? - pensei. Fui pra minha sala ao ouvir o sinal tocar e ela provavelmente iria também.

Eu precisava saber o nome daquela garota, de qualquer jeito eu poderia perguntar a Nozomi mas de forma discreta não quero ela fazendo perguntas demais e as vezes parece que ela conhece todo mundo naquela escola e nós sempre fomos boas amigas, e ela é minha melhor amiga então ela é a pessoa perfeita pra eu perguntar sobre a garota do piano mas por hora resolvi esquecer isso já tava na hora da aula.

(…)

Maldita hora pra dizer que iria esquece lá, eu simplesmente não parava de pensar nela e ainda a vi algumas vezes passando no corredor, era quando eu sentia seu perfume maravilhoso.

— Nicooo. - fui supreendida por Nozomi que me abraçando. - no que está pensando tanto ?

— Não é nada. - eu me soltei do abraço dela.

— Então você estava observando a Nishikino Maki ? - e os meus esforços já eram, ela já sabe.

— Mas… c-como sabe ? - então esse é o seu nome… Maki.

— Vamos dizer que eu vi você espiando. - Nunca mais subestime a Nozomi.

— Tudo bem,eu realmente estava. - falei logo a verdade. - é que eu ouvi alguém cantando e fiquei curiosa.

— O que será que ela vai achar disso ? - ela brincou mas eu não duvido dela realmente contar pra ela. - ela é bem tímida então…

— Não vou ficar aqui falando disso.

— Eu também não, preciso ir pra casa.

Meu plano discreto já era, ela tinha que ter me visto, mas agora não importa ela já sabe a verdade e eu já sei o nome dela Nishikino Maki e a partir de hoje eu, Yazawa Nico preciso conhecer ela, já sei onde isso vai dar, na última que gostei assim de uma garota foi a líder de um grupo Idol escolar elas eram bem famosas e eu as vi em um telão no centro e quando me dei conta já se sentia desse jeito e nem preciso dizer que eu quebrei a cara e nem fiz questão de contar pra ninguém, minha mãe é muito doente então não sei como ela poderia reagir, meus irmãos são muito pequenos e tem a Nozomi que nem conhecia na época mas também nunca contei a ela então desde daquele dia eu escondi esse segredo, até porque eu nunca mais gostei de alguém. Mas com essa garota é diferente ela realmente tocou meu coração, apesar disso parecer clichê eu confesso, o fato da Nozomi ter me visto atrapalha um pouco as coisas, eu tenho certeza que ela vai fazer perguntas demais.

Finalmente em casa, hora do descanso, ou talvez nem tanto porque meus irmãos não paravam quietos e minha mãe querendo dormir em paz e como falei antes ela é bem doente e precisar descansar bastante quando a doença ataca.

— Oi mãe. - disse ao perceber que estava acordada.

— Oi. - ela disse baixinho.

— Desculpe pelos barulhos.

— Tudo bem querida. - ela deu um leve sorriso. - eu gosto de ver eles felizes.

— Eu também. - retribui o sorriso.

— Amanhã sua tia vai me levar pro hospital. - ela deu uma leve tosse. - se precisar de ajuda com eles, peça pra Nozomi eu não quero que faça tudo sozinha.

— Tudo bem. - concordei. - vou te deixar dormir. - sai do quarto.

As vezes eu sinto que ela deixa de se preocupar com ela mesma pra se preocupar com a gente, ela já gasta um dinheirão com o tratamento então o mínimo que ela deveria fazer é deixar a preocupação comigo, os meus irmãos podem ser bem bagunçeiros as vezes mas eu amo cuidar deles.

(…)

Mais um dia de aula e hoje já tenho minha tarde está reservada com a Nozomi e com aqueles diabinhos ou pelo menos seria se a Nozomi não tivesse dado pra trás,mas eu entendo ela e sei que não foi por mau ela realmente precisa cuidar de umas coisas e por mim tá tudo bem mas eu acho que não aguento eles sozinhos, até o final do dia vou perguntar a Honoka e as outras se podem me ajudar e falando nelas.

— Nicooo. - Honoka pulou em mim.

— Honoka não pule assim nela. - Umi como sempre dando sermão nela.

— Ainda bem que estão animadas hoje. - eu disse tirando Honoka de mim.

— Hoje faremos nossa primeira apresentação. - Kotori disse. - bem… não será exatamente isso mas algumas pessoas irão ver.

— Uau, sério ? - perguntei impressionada.

— Sim, o Clube de teatro. - Honoka disse animada. - eles apenas vão avaliar nossa postura no palco.

— Entendo… é que eu vou precisar de ajuda pra cuidar dos meus irmãos hoje mas tudo bem.

— É que é bem depois da aula. - Kotori meio chateada.

— Mas tá tudo bem, até a próxima e boa sorte. - acenei pra elas.

As minhas alternativas já eram e lá estava eu sem opções até que ouvi de novo aquela voz doce e suave de ontem, vi a sala de música logo a frente, olhei pros lados e não tinha ninguém pra me ver então fui espiar de novo e exatamente como ontem ela estava incrível e cantando tão bem e até melhor que antes, acabei me perdendo naquela voz e meio que vacilei porqie dessa vez ela me viu e sem alternativa eu entrei na sala pra falar com ela.

— Eu sabia que tinha visto algo ontem. - ela disse um pouco corada. - era você não é ?

— Desculpa é que eu apenas ouvi a sua voz e então… - eu estava bem nervosa.

— Mas você não tinha o direito de me espionar assim.

— Eu já pedi desculpas, não é pra tanto assim.

— Você fala isso porque não foi com você.

— É que eu achei você incrivel. - já estava quase me enrolando toda. - Cantando eu digo.

— O-obrigada. - como a Nozomi disse ela é bem tímida.

Parece que cada segundo naquela hora durava um dia inteiro, a situação mais constrangedora que eu já passei mas teve um lado bom ou melhor um lado ótimo, a gente conversou bastante antes da aula e no almoço também é ela até concordou em me ajudar hoje e eu confesso que fiquei impressionada, acho que ela só queria ser legal e se aproximar de mim e enquanto isso esse sentimento dentro de mim só aumenta e tenho muito medo de mais uma vez quebrar a cara.

— Tava te procurando. - eu a vi na saída da escola.

— Está pronta ?

— Sim, vamos.

— Posso perguntar uma coisa ?

— Só se você me responder uma também.

—Porque quis me ajudar ? você nem me conhece.

— Eu senti que poderia confiar em você e… bem eu não tenho mais ninguém que converse comigo então.

— Certo e a sua qual é ?

— Porque você disse que achava minha voz incrível ?

— Porque é, quando eu vi você tocando já te achava incrível mas quando eu ouvi sua voz era como se o tempo parasse e eu pudesse ouvir apenas você… pra sempre.

Isso foi bem idiota de se dizer o resto do caminho ficou aquele clima estranho, ela não disse mais nada desde então e eu também não, eu acho que tava me precipitando demais dizendo isso agora mas eu nem percebi e quando me dei conta já as palavras já tinham saido mas não era hora de ficar se remoendo, agora já ta feito e eu preciso lidar com esses sentimentos.

— Esses são Cocoro, Cocoa e Cotarou. - os apresentei pra ela. - e essa é Maki. - disse apontando pra Maki.

— Ohh, que fofinhos. - ela se ajoelhou. - são iguais a você.

— Obrigada. - disse Cocoa.

— Ei Vamos brincar no quarto. - Cotarou gritou da porta do quarto e ela saiu correndo.

— Não corra pela casa. - eu gritei pra ela. - eles podem parecer fofos mas são uns diabinhos

— Você me perguntou porque eu aceitei. - ela deu uma pausa. - Mas porque você me chamou ?

— Eu… - eu falar algo mas simplesmente não sabia o que dizer. - Eu… não sei. - queria saber onde enfiar minha cara naquele momento.

— Você me acha mesmo incrível ? cantando eu digo. - ela completou.

— Eu disse não é, eu estou sendo sincera. - ela é bem insegura. Por que está insegura ?

— Eu… - ela desviou o olhar. - Não quero falar disso.

— Me desculpa é que… - não sabia como continuar.

— Ei irmã estou com fome. - droga eu esqueci que tinha que passar no mercado.

Aquela situação já estáva bizarra e ainda bem que Cocoro nos interrompeu e agora pelo menos eu sei sobre o que não falar mas eu fiquei um pouco curiosa sobre essa insegurança toda.

(…)

— Lanche servido. - Maki disse chegando com uma bandeja cheia de sanduíches.

— Já disse pra não correr pela casa. - eu disse ao ver eles pegando o lanche o correr até o quarto. - As vezes eu acho que eles não me escutam.

— Me desculpa. - ela solta uma leve risada. - por mais cedo. - é que quando eu era…

— Espera. - eu interrompi. - você não precisa falar sobre isso.

— Tudo bem. - ela se sentou do meu lado da mesa. - quando eu era pequena eu amava cantar e tocar piano mas, um dia na minha primeira apresentação… - ela hesitou. - ela… não terminou bem então ainda me sinto meio insegura em alguém me ver tocar desse jeito.

— Entendo. - foi a única coisa que consegui dizer.

Maki.

Foi um dia completamente louco e aqui estou deitada, pensando em tudo que aconteceu. Primeiro aquela Yazawa diz que estáva me espiando e depois fica falando aquelas coisas constrangedoras, eu não sou insensível, eu fico feliz que ela acha aquilo mas acho que ela não precisa dizer em voz alta e apesar de tudo foi muito bom alguém falar comigo o dia todo e ainda pela primeira vez eu tinha algo pra fazer depois da aula, eu só não quero que essa felicidade seja só por hoje, eu quero que isso seja pra sempre eu sei que é egoísmo e que não depende só de mim mas é isso que eu quero. Eu sempre agi de forma discreta, com as pessoas me ignorando a todo momento e eu adorava aquilo na mesma medida que odiava, por um lado eu gostava de cantar completamente sozinha e por outro eu odiava o fato de não ter amigos com quem conversar e compartilhar momentos, segredos e afins, eu era tímida demais pra começar uma conversa e nunca chamava atenção de ninguém mas de alguma forma isso mudou, Nico Yazawa se interessou por mim e ainda quero entender melhor isso.

Mais um dia de aula. Como de costume cheguei mais cedo pra ir pra sala de música e a Yazawa estava lá de novo.

— Bom dia. - Ela disse.

— Oi, bom dia.

— Eu só… queria falar com você. - Ela ruborizou. - eu te deixo sozinha pra cantar.

— Tudo bem.

— Eu quero te agradecer por me ajudar ontem. - ela chegou perto e me beijou na bochecha. - você me ajudou muito. - ela saiu da sala.

Lá estava eu com uma cara de nada sem entender aquilo, na hora eu só quis fingir que foi um agradecimento mas a verdade é que no fundo eu realmente queria que uma permissão, que eu poderia ama lá sem medo de não ser recíproco.