XENA

Acordei confusa olhei em volta e vi Gabrielle sentada com os olhos fechados, notei que estava segurando minha mão. Fiz menção de me levantar mais uma dor insuportável me impediu, apertei pouco à mão dela para que acordasse, ela abriu os olhos, olhou primeiro para minha mão depois em meus olhos, vi algumas lagrimas escorrendo pelo seu rosto.

— Guarda!

Ela gritou, o soldado entrou imediatamente ela pediu que ele chamasse o curandeiro.

— Xena?

Olhou-me nos olhos.

— Gabrielle.

Senti uma grande dor ao falar, ela viu minha expressão.

— Não fala nada Xena, fica quietinha.

Ela falou carinhosamente acariciando meu rosto.

O curandeiro chegou examinou-me e me fez comer uma sopa, comi com dificuldade. Lembrei-me de tudo o que tinha acontecido com detalhes, preocupei-me com o palácio não estava totalmente protegido, alguém poderia aproveitar o momento para tomar corinto. Olhei para Gabrielle que estava ao meu lado.

— Amadeus.

Ela entendeu o que eu queria foi até a porta e chamou o comandante. Ele entrou.

— Vou deixa-los sozinhos para que conversem.

Gabrielle saiu, não consegui evitar um sorriso bobo que via em pessoas apaixonadas, lembrei-me de ter a ouvido dizer que me ama e eu ter respondido da mesma forma, não consigo identificar se foi um sonho ou realidade. Amadeus se aproximou sorrindo debochadamente.

— Vejo que estar melhor conquistadora.

Tentei sorrir sem sentir dor.

— Amadeus... Quero que volte para o palácio com metade dos soldados que estão aqui.

Ele assentiu com a cabeça.

— Sim senhora conquistadora, vou fazer isso imediatamente.

Ele sorriu e saiu rapidamente, voltei a dormir era a única coisa que aliviava minha dor.

GABRIELLE

Sai da tenda para deixar Xena e Amadeus à vontade, encontrei com Ephiny logo na saída ela veio em minha direção, sorrindo.

— Oi Gabrielle, bom te ver aqui fora.

— Oi Ephiny.

Eu estava feliz por ver Xena consciente, mais todos esses dias sem dormir não favoreciam o meu humor.

— Você quer tomar um banho. Agora que Xena está melhor você pode relaxar um pouco.

Parecia-me uma boa ideia, eu estava mesmo precisando.

— Eu vou adorar Ephiny.

— Vem comigo.

Segui-a até uma tenda que tinha uma pequena tina, ela preparou a água e ficou me olhando, lembrei-me de como Xena me olhou na primeira noite que dormi com ela, fiquei envergonhada.

— Eu vou deixa-la sozinha para que se banhe.

Ela pareceu desapontada, caminhou até a saída.

— Ephiny; Obrigada, por tudo.

Senti a necessidade de agradecê-la, ela sorriu.

— É um prazer.

Ela saiu, banhei-me tranquilamente, sai da tenda e vi alguns sodados indo embora, com certeza ordens de Xena mal acordará e já estava governando novamente. Entrei na tenda dela e a vi dormindo, estendi uma manta ao lado de seu colchão e me deitei olhando seu rosto. Tentei dormir, sentia-me um pouco aliviada sabendo que quando eu acordasse Xena estaria lá ao meu lado, viva.

XENA

A ardência do meu ferimento despertou-me, senti a respiração de Gabrielle ao meu lado, ela dormia tranquilamente, com certeza havia passado todo esse tempo sem dormir esperando eu acordar. Tirei a bandagem que cobria meu peito, vi o porquê de eu não ter morrido a flecha atingiu meu peito esquerdo alguns centímetros a cima do meu coração, arrumei a bandagem de volta no lugar, ergui meu corpo devagar tentando me sentar, não queria acordar Gabrielle ela merecia esse descanso. Será porque ela não foi embora eu dei a ela dinares e joias suficientes para sustentar a ela, sua irmã e seu noivo por pelo menos uns cinco verões sem precisarem trabalhar e ela escolheu ficar, novamente me surpreendi, de novo ela escolhera ficar ao meu lado e sofrer ao meu lado que pegar o que eu ofereci e seguir sua vida. Estava começando acreditar que sua declaração de amor não havia sido uma alucinação minha. Vi a luz do dia por uma fresta na tenda. Gabrielle se mexeu vi que estava despertando, olhou-me preocupada.

— Xena tudo bem?

Essa preocupação é inédita para mim, sempre fui à guerreira durona que nunca demonstrava dor, nem sentimentos e agora ver Gabrielle assim era diferente de tudo que eu já havia visto, mais eu gostava.

— Está tudo bem Gabrielle, não estava confortável deitada, decidi me sentar.

Já não me doía tanto falar. Ela me abraçou cuidadosamente, se afastou, acariciei seu rosto e aproximei-a para beija-la, sentia saudades dos seus lábios nos meus, beijamo-nos carinhosamente. Alguém tossiu, Gabrielle se afastou rapidamente envergonhada, vi Melosa sorrindo, perto da entrada da tenda.

— Vejo que está bem melhor.

Ela disse maliciosamente, olhando para mim e para Gabrielle, que neste momento já estava completamente vermelha.

— Muito melhor.

Olhei sorrindo para Gabrielle sensualmente, provocando-a, ela se levantou.

— Eu vou ali e... Até daqui a pouco.

Saiu desconcertada, comecei rir mais a dor me impediu de continuar. Melosa se sentou ao meu lado.

— Xena quero agradecer-te pelo que fez por mim e pelas amazonas.

Olhou-me nos olhos senti a gratidão em suas palavras.

— Não tem porque agradecer faria tudo de novo se necessário. Agradeço-te por cuidar de Gabrielle.

Também fui sincera, a segurança de Gabrielle foi meu ultimo pensamento quando fui ferida e desmaiei e o primeiro quando recuperei a consciência.

— Ela não deu trabalho, passou esses dias sentada ao seu lado chorando. Só falava com o curador, e com Ephiny.

Com o curador tudo bem mais quem será essa Ephiny, fiquei um pouco nervosa tentei não demonstrar.

— Quem é Ephiny?

Melosa sorriu.

— Uma amazona que mandei que trouxesse as refeições para Gabrielle, já que ela não saia daqui nem para comer.

Não perguntei mais nada sobre Ephiny, não queria me sentir mais idiota do que já estava sentindo. Mudei de assunto.

— Pegaram Cisseu?

— Sim, assim que ele te atingiu seu comandante Amadeus o matou.

Ela falou com ódio.

— Maldito.

Ficamos conversando mais algum tempo.

GABRIELLE

Sai dá tenda completamente desconcertada, respirei fundo, caminhei até uma pedra e sentei um pouco mais afastada numa distancia em que podia ver os soldados e as Amazonas e ser vista por eles.

Tentei colocar meus pensamentos em ordem.

— Gabrielle.

Ephiny estava ao meu lado levei um susto muito grande, quase cai de onde estava sentada.

— Desculpa não queria te assustar. Posso me sentar ao seu lado?

Assenti com a cabeça, cheguei para o lado deixando espaço para ela. Ephiny se sentou.

— Como você está?

Ela perguntou descontraidamente.

— Estou bem e você?

— Estou ótima. Eu fico feliz que a conquistadora esteja se recuperando, ela nos salvou.

Sorri para Ephiny, gostei de saber que ela torcia pela recuperação de Xena.

— Legal sua arma.

Disse apontando para o bastão que ela tinha nas mãos.

— Obrigada. Não troco meu cajado por nenhuma espada, além de ser uma boa arma tem um valor emocional muito grande para mim. Quer aprender usar?

Sua proposta me surpreendeu.

— Serio?

Ela assentiu com a cabeça.

— Não vai ser nenhum incomodo para você?

Ela sorriu, disse calmamente.

— Gabrielle se fosse um incomodo não ofereceria. Quando começamos?

Lembrei-me de Xena e de que deveria falar com ela antes, sei que não sou mais sua escrava, mais sinto essa obrigação.

— Pode ser à tarde?

Ephiny parecia contente, percebi pelos seus olhares e sua postura diante de mim que ela tinha segundas intenções, decidi que assim que tivesse a chance explicaria a ela que amo Xena e só quero ela.

— Claro a tarde está ótimo para mim.

Vi Melosa saindo da tenda de Xena e decidi voltar.

— Oi Gabrielle.

Xena cumprimentou-me sorrindo, era tão bom vê-la assim. Aproximei-me dela com cuidado para não machuca-la, beijei-a com carinho, senti sua mão direita acariciando minhas costas e subindo lentamente até meu seio, rompi o beijo devagar, ela tinha o olhar de desejo.

— Xena você está ferida.

Afastei-me e me sentei ao seu lado.

— Eu já estou bem melhor.

O curador entrou na tenda, trocou o curativo de Xena e deixou uma sopa, ele queria alimente-la mais ela recusou orgulhosa como sempre. Coloquei a vasilha com a sopa no colo dela.

— Tem certeza que não quer que eu te ajude?

— Tenho.

Ela segurou a colher e levantou até a altura do peito, vi sua feição de dor, ela abaixou a colher novamente, olhou para mim.

— Talvez eu aceite sua ajuda se você insistir.

Sorri do jeito dela pedir ajuda.

— Eu insisto.

Dei a sopa a ela carinhosamente. Comi também, ficamos conversando.

— Onde você estava enquanto eu estava aqui conversando com Melosa?

Ela perguntou casualmente.

— Conversando com Ephiny.

Xena ficou um pouco seria.

— Ephiny né, sobre o que vocês tanto conversam?

Vi que ela ficará com ciúmes.

— Nada demais, ela é uma boa pessoa. Perguntou se eu queria aprender a usar o cajado.

— E você aceitou?

Ela disse quase imediatamente.

— Quis saber primeiro o que você acha?

Xena desviou o olhar do meu.

— Não é minha escrava, pode fazer o que quiser da sua vida.

Seu tom de voz mostrava sua desaprovação, toquei seu queixo para que olhasse para mim.

— Não sou sua escrava mais sou sua, de corpo, alma e coração. Prometo não dar motivos para seus ciúmes.

Beijei-a carinhosamente, afaste-me e olhei em seus olhos.

— Eu estava tendo uma alucinação quando ouvi você dizer que me ama?

Ela perguntou olhando-me intensamente. Lembrei-me daquele momento e do sofrimento que eu estava sentindo.

— Não, Eu realmente te amo. E você, respondeu com sinceridade aquele dia?

Xena demorou um pouco a responder, abaixou a cabeça, fiquei triste.

— Não precisa dizer se não sentir de verdade.

Ela olhou nos meus olhos intensamente.

— Eu te amo Gabrielle.

Beijei-a e a abracei com cuidado.