XENA

Acordei antes de o dia clarear, levantei-me devagar, vesti uma roupa de combate, caminhei sorrateiramente até a antecâmara, peguei a adaga que usaria para matar Ares, coloquei minha espada na bainha e a adaga escondida na bota do meu pé direito. Caminhei até a porta.

— Ia sair sem falar comigo. O que pretende fazer?

Virei-me para olha-la, Gabrielle estava preocupada. Não mentirei para ela.

— Vou falar com Atena e depois irei até Ares.

Ela abaixou a cabeça.

— Xena, eu sei que você é a melhor guerreira que existe, mas ele é um deus.

Vi algumas lagrimas escorrendo pelo o rosto dela, me aproximei e sequei suas lagrimas, acariciando a tenra pele de sua face.

— Não será a primeira vez que o enfrento. Não esperarei até que ele faça mal a você ou a Melina. Vou atrás dele e resolverei isso logo.

Eu não falaria para Gabrielle que deixei um pergaminho oficial que assegurava que se eu morresse ela assumiria o meu lugar no império, isso iria desespera-la, e eu prometi que não a deixaria, farei o possível para cumprir.

— Deixe-me ir com você?

Sua voz estava embargada.

— Ele te usaria para tirar minha concentração, não é uma boa ideia.

Ela se conformou.

— Você levará soldados com você?

Assenti com a cabeça, na verdade só levaria os guardas para acompanhar-me, eles não durariam um segundo lutando contra Ares. Ao menos se eu vencer eu terei testemunhas para me vangloriar e reforçar a minha imagem. “A conquistadora de nações matou o deus da guerra”, soaria muito bem. E se eu morresse a historia que os bardos contariam é que nenhum homem foi capaz de matar a conquistadora, foi preciso um Deus para fazer isso. Esses pensamentos não tiram o verdadeiro motivo de eu estar fazendo isso, só é mais uma motivação.

— Eu tenho que ir.

Beijei-a quase com sofreguidão, me despedindo.

— Eu te amo Xena.

— Eu também te amo Gabrielle.

Sai do palácio levando uns 20 soldados e o curador, cavalgamos até o templo de Atena mandei que ficassem do lado de fora, e entrei.

— Atena.

Não obtive resposta.

— Atena, preciso de você. Só tenho uma pergunta.

Ela surgiu sorrindo.

— Nunca imaginei que ouviria você dizendo que precisa de algo.

Eu não tinha pensado sobre isso, fazia sentido nunca precisei de nada realmente. Não mandriei, tinha pressa.

— O que aconteceria se eu matasse Ares?

Ela respondeu mesmo incrédula.

— Zeus escolheria algum senhor da guerra para tomar o lugar de Ares. Mesmo Ares sendo filho dele não lhe trás orgulho, está sempre arrumando problemas.

Era o que eu queria ouvir. Acenei com a cabeça em forma de agradecimento e a vi desvanecer. Cavalguei até o templo de Ares meditando, parecia que eu estava a caminho da minha batalha mais importante, nem quando lutei para conquistar Corinto me senti assim. Sentia-me como se estivesse indo lutar contra o meu passado sombrio a fim de conquistar um futuro límpido.

Chegamos ao templo, ordenei aos soldados que só entrassem quando não estivessem mais ouvindo o barulho das espadas se chocando, e que depois da batalha pegassem o corpo de Ares. Entrei sozinha no templo, o espaço fechado não me ajudaria muito se Ares quisesse me atingir com seus raios, eu não teria espaço para desviar. Chamei por ele.

— Ares!

Liberei minha fúria, como não fazia há algum tempo, mais precisamente desde que conheci Gabrielle. Empunhei minha espada, Ares apareceu.

— Xena, em que posso ajuda-la.

Eu estava odiando-o ainda mais.

— Sei de seus planos, não deixarei que machuque Melina nem Gabrielle. Estou aqui para garantir que você nunca mais interfira na minha vida.

Ele pegou a espada, e apontou-a para mim.

— Uma boa e limpa batalha com você, eu não recusaria.

Ares caminhou até mim e atacou. Esquivei-me de seus ataques sempre contra atacando, apesar de não lutar contra ele há bastante tempo, lembrava-me perfeitamente seu estilo de luta. Recebi um chute forte no tórax, cai batendo minhas costas na parede de pedra.

— Você já esteve em melhor forma.

Ele estava ofegante, levantei sentido algumas dores, tentei não demonstrar.

— Você deixou uma criança órfã e tentou mata-la, miserável.

Ares sorria cinicamente.

— E você acha que foi só isso? As Parcas vivem lhe mandando coisas boas, como se você as merecesse. A menina foi só o começo.

Não entendi a insinuação dele.

— O que quer dizer com isso?

— Mandei os saqueadores destruírem Potédia, apenas para impedir aquela loirinha irritante de chegar até você, era para ela ter virado cinzas naquele dia. Você estava tão cega que nem quis interrogar os saqueadores, teria chegado antes a mim. É uma pena as Parcas sempre concretizarem o destino.

Sua confissão reacendeu a fúria que eu mantinha em mim. Ataquei ele com toda a minha força. Nossas espadas se chocaram.

— Você me traiu Xena, seu destino será sofrer, eu terei a minha vingança.

Ele falou fazendo força para manter a minha espada longe de seu corpo. Abri um pouco a guarda do lado esquerdo propositalmente, recebi um soco na face, agachei peguei a adaga na bota rapidamente e cravei-a em seu peito. Ele olhou para o próprio peito, sem reconhecer as sensações que experimentava, ele é um Deus provavelmente essa é a primeira vez que sente dor física.

— Nos encontraremos em Tartarus.

Ares balbuciou.

Quando ia cair estendeu a mão na minha direção e disparou um raio que me lançou sobre as portas de madeira do templo, elas se abriram e eu cai do lado de fora, os arbustos amorteceram minha queda, consegui ver o curador se aproximar antes de desmaiar.

GABRIELLE

Quando Xena saiu para enfrentar Ares fiquei inquieta, lembrei-me do quanto eu sofri quando ela foi ferida lutando contra os centauros, admiro a impavidez de Xena, mas tenho medo por nós duas. Ela foi enfrentar um Deus, eu só conseguia pensar no pior, até Melina tinha percebido que algo estava acontecendo. Amadeus entrou no quarto com Xena desfalecida em seus braços, deitou-a na cama, fiquei em choque. O curador entrou também, se aproximou de Xena, Melina apertou minha mão despertando-me do transe, ela estava chorando, me aproximei do curador.

— Ela está mor...

Não consegui completar a pergunta, o curador me olhou parecia calmo.

— Ela está bem, logo ira acordar. O raio lançado por Ares foi fraco não chegou a prejudicar gravemente o corpo da conquistadora.

Fiquei aliviada, se Xena está viva Ares deve estar morto. O curador saiu e Amadeus também. Melina se sentou do lado de Xena, na cama, me sentei do outro lado. Acariciei a face de Xena carinhosamente, Melina imitou minha ação, cheguei perto do ouvido de Xena e sussurrei.

— Eu te amo Xena.

Assim que me afastei, Melina também sussurrou algo no ouvido de Xena não ouvi o que. Ela também estava sofrendo por ver Xena assim ferida e desacordada. Vi Xena abrindo os olhos lentamente. Olhou para mim e para Melina, ela estava confusa. Acariciou a face de Melina, e falou com a voz um pouco fraca.

— O que você disse?

Melina estava com os olhos lacrimejando, abaixou a cabeça envergonhada.

— Disse para você acordar mãe.

Falou baixinho, Xena sorriu orgulhosa, eu também fiquei contente. Xena se sentou, abracei-a e puxei Melina para o abraço. Xena sussurrou no meu ouvido, brincando.

— Eu ganhei.

Ela se referia a nossa afetuosa discussão sobre quem Melina chamaria de mãe primeiro. Olhei-a nos olhos.

— Eu te amo. Não me assusta mais assim.

Xena acariciou meu rosto e me deu um selinho rápido, continuamos abraçadas por um tempo.

— Vamos almoçar? Enfrentar um deus e ser eletrocutada dá fome.

Sorrimos. Levantei e ajudei Xena se levantar.

— Eu vou buscar o almoço.

Ela me segurou.

— Não precisa ir até lá é só mandar alguém trazer, aproveita e manda trazerem um chá analgésico também.

Xena fez uma expressão de dor, e colocou a mão na barriga. Preocupei-me.

— Você está muito machucada?

Aproximei-me e levantei a camisa dela, ela estava toda roxa.

— Xena senta de novo.

Empurrei-a novamente para a cama.

— Gabrielle eu estou bem.

— Não está completamente bem. Eu vou cuidar de você.

Melina se sentou na cama, ao lado de Xena, e olhou para nos seriamente.

— Eu também.

Começamos rir, Xena parou quando sentiu dor. Fui até a porta e pedi ao soldado que trouxesse o almoço e o chá para Xena. Trouxeram rapidamente. Xena tomou o chá, almoçamos juntas na cama.

— Por que o raio não te matou?

Melina estava curiosa, achava incrível tudo que Xena contava.

— Porque Ares já estava muito fraco.

Xena respondia tudo pacientemente, eu sorria observando a conversa das duas. Ouvi batidas na porta da antecâmara. Xena fez uma expressão de reprovação.

— Deve ser Amadeus.

Levantei-me, sabia que ela precisava falar com o comandante a sós.

— Melina, vamos à cozinha ver se tem sobremesa.

Ela pulou da cama animadamente sorrindo.

XENA

Amadeus entrou no quarto e fez uma reverencia formal, continuei sentada na cama.

— Senhora conquistadora, o que pretende fazer com o corpo de Ares?

Pensei um pouco.

— Coloque o corpo dele em uma cruz no pátio do palácio, quero que todos vejam que eu o matei. Lembre-se de me trazer a adaga que ficou cravada no peito dele.

Amadeus fez uma reverencia rápida e saiu. Resolvi tomar um banho para ajudar meu corpo se recuperar mais rápido das lesões. Sentia dor em todos os meus músculos. Ouvi a porta da antecâmara abrindo deduzi que Gabrielle e Melina tinham voltado. Eu fiquei tão emocionada quando Melina me chamou de mãe, ela me aceitou e isso foi muito importante para mim. Finalmente sinto que posso ter uma família de verdade, no meu intimo eu estou muito feliz, valeu a pena enfrentar um deus. Fiquei dentro da Tina tentando relaxar um pouco.

Gabrielle entrou na sala de banho, olhei-a.

— Xena, por que estão construindo uma cruz no pátio do palácio?

Tive a nítida impressão de que ela já sabia a resposta, mas se negava a acreditar.

— O corpo de Ares será crucificado.

Gabrielle parecia decepcionada.

— Para que você possa ser enaltecida por ter matado ele?

Em partes era exatamente para isso.

— Ele será só mais um exemplo do que acontece com quem entra no meu caminho e faz as pessoas que eu amo sofrerem.

Falei friamente.

— Isso não é certo.

Ela estava começando se alterar, eu também.

— E é certo ele ter matado os pais de Melina ou ter mandado destruir sua aldeia?

Falei agressivamente e me arrependi assim que fechei a boca, pretendia contar a Gabrielle, mas não assim. Ela começou chorar, me levantei da tina o mais rápido que consegui, enrolei-me num roupão e aproximei-me dela.

— Me desculpa, eu não queria ter dito assim.

Acariciei a face dela, secando suas lagrimas.

— Então a morte dos meus pais também foi culpa de Ares?

Ela perguntou entre soluços, confirmei, e abracei-a tentando conforta-la.

— Ainda assim não acho certo crucifica-lo.

Afastei-me um pouco.

— Mais será assim.

Gabrielle não falou mais nada apenas saiu. Vesti-me, fui para o quarto e depois para a antecâmara, não encontrei Gabrielle nem Melina, estava cansada demais para procura-las, deitei e adormeci rapidamente.

Quando acordei já era noite, Gabrielle não estava no quarto comigo. Levantei e fui procura-la, abri a porta do quarto de Melina, encontrei as duas dormindo serenamente. Fiquei observando-as por um tempo. Por que Gabrielle não foi dormir comigo? Deve ser pela minha decisão de crucificar o corpo de Ares, só pode ser isso. Foi a primeira vez que ela não quis dormir comigo por escolha própria. Será que ela se magoou tanto assim? Seja o que for esclarecerei assim que amanhecer. Voltei para o quarto e me deitei, sabia que não dormiria mais, já havia dormido a tarde toda, simplesmente olhei para o teto e em meio a pensamentos vi o dia amanhecer.

Uma serva trouxe o café da manhã, Gabrielle e Melina sentaram-se à mesa antes de mim, tomei um banho e sentei-me com elas, Gabrielle estava estranhamente calada. Sai dos meus aposentos e mandei um soldado chamar Lila, ela chegou rapidamente, pedi que levasse Melina para passear, ordenei a dois soldados que as acompanhassem. Fiquei sozinha com Gabrielle.

— Por que não quis dormir comigo?

Tentei não mostrar a real importância que eu havia dado a isso, Gabrielle se levantou da cadeira que estava sentada.

— Contei uma historia para Melina dormir e acabei dormindo também.

Ela não parecia está mentindo, mas eu via que ela estava ressentida por algo, seja o que for eu descobrirei.

— Fala qual é o problema?

Eu queria saber e queria saber logo, não entendia o porquê de ela estar agindo assim tão friamente.

— Você não faz ideia de qual seja o problema?

Esforcei-me para manter a calma, neguei.

— Você saiu dizendo que lutaria com um deus para proteger Melina e eu, e quando conseguiu mata-lo o expôs assim, como um troféu, dá a entender que só fez isso para aumentar seu ego e manter essa imagem monstruosa que insisti em cultivar.

Ela aumentou o tom de voz, pelo mesmo agora eu entendia o motivo, fiquei nervosa pelo jeito que ela falou e o que ela disse, me ofendeu.

— Eu lutei com Ares para protegê-las, para que ele não atrapalhasse mais a nossa vida, não tinha outro motivo. E o que importa o que eu faço com corpo dele depois? Já está morto mesmo.

Falei também aumentando um pouco a voz.

— Você não entendi. Tudo você faz de exemplo para se proteger de uma ameaça que na verdade não existi.

Ela falou voltando ao tom calmo, suas palavras me incomodaram.

— Ares estragou minha vida, a sua vida e a de Melina. Ele merecia até coisa pior.

Gabrielle olhou-me nos olhos.

— Quando conheci você senti que minha vida não tinha sido estragada, que eu poderia recomeçar. Pensei que você sentia a mesma coisa.

Ela começou chorar, senti meus olhos marejarem.

— Eu sinto. Eu realmente fiz isso por vocês, por nós. Gabrielle não foi apenas por orgulho. Eu amo você e Melina, enfrentaria todos os deuses do Olimpo se eles ameaçassem nosso futuro juntas.

Ela me beijou carinhosamente. Afastei-me dela suavemente e caminhei até a saída, abri a porta e ordenei ao guarda que retirasse o corpo de Ares da cruz e o enterrassem. Quando voltei Gabrielle já estava no quarto, sentada na cama, tinha parado de chorar, sorriu para mim sensualmente.

— Você ainda está sentindo muitas dores?

Na verdade meu corpo ainda estava meio dolorido, neguei com a cabeça.

— Que tal termos nossa reconciliação aqui na cama?

Aproximei-me dela, já me sentia excitada pelo convite, Gabrielle se levantou.

— Deita.

Apontou para a cama, fiz o que ela pediu. Gabrielle ficou em pé próximo a cama.

— Xena.

Ela exigiu minha atenção embora já a tivesse, começou desabotoar a sua camisa lentamente, eu estava ansiosa para vê-la nua, a cada parte de sua pele que era descoberta minha excitação crescia, eu estava adorando essa tortura, Gabrielle se despiu, me movi para toca-la, ela segurou minhas mãos e as pressionou contra o colchão, montando sobre meu corpo, o calor de tê-la assim tão perto de mim era realmente maravilhoso, deixei que fizesse o que queria, ela retirou minha roupa. Beijou-me suavemente, aumentando a intensidade gradualmente, senti a necessidade de toca-la, afaguei os seios dela, senti a mão de Gabrielle descendo pelo meu corpo lentamente, ela quebrou o beijo e começou acariciar meu seio com a boca lambendo e chupando, senti seus dois dedos me penetrando, gemi, seus lábios sugavam a pele do meu pescoço fortemente, ela colocou mais um dedo dentro de mim, movimentando a mão rapidamente, pressionando meu clitóris a cada movimento.

— Me morde...

Falei ofegante entre gemidos, ela atendeu meu pedido imediatamente, adorei o que a dor e o prazer me trazem juntos, apesar de eu estar praticamente anestesiada pela excitação, senti meu corpo ser tomado por espasmos. Ela não retirou os dedos, voltou a movimenta-los lentamente.

— Te amo Xena.

Eu só conseguia gemer, penetrei-a também ela mexeu os quadris sobre meus dedos, beijamo-nos vorazmente, senti um frenesi. Foi um momento muito intenso chegamos juntas ao clímax, Gabrielle deitou sobre mim ofegante, estávamos exaustas. Afastei a franja loira e beijei a testa dela. Resolvi falar o que eu estava sentindo.

— Fico feliz que esteja tudo bem agora.

Ela me olhou nos olhos, beijamo-nos carinhosamente.

— Eu também.