Quando olhei para o lado tomei um susto. Era um caminhão que havia passado no sinal vermelho e vinha em nossa direção.

Lorena (que estava sentada do meu lado), só gritava desesperadamente. Meu irmão... Bom, eu não sabia o que estava ocorrendo com ele nesse momento. E eu? Eu devia era ter freiado o carro antes que o caminhão passasse por cima de nós, mas ao envés disso, eu simplismente virei o volante com tudo para o lado, e sendo assim, o carro começou a girar rapidamente.

Sim, desviamos do caminhão! Porém, no meio dessa adrenalina toda, batemos em um muro que definitivamente acabou com o lado direito do carro.

Eu senti o impacto da batida mas não desmaiei e nem nada disso... Eu estava plenamente conciente, só havia sofrido cortes leves... E estava roxa.

Primeiro, virei para trás. O Junior olhou para mim e falou:

– Não se preocupe comigo... Se preocupe com a Lorena.

Olhei para o lado, Lorena parecia estar muito mal, tinha em seu rosto e braços muito sangue. Me bateu o desespero

-Mãe de Deus!- E eu a chamei: –Lorena?

Nada de respostas...Eu repeti mais alto:

–Lorena??LORENA??

As lágrimas corriam pelo meu rosto e eu falava:

– LORENA? Por favor... Não faz isso comigo...

Ela me cortou:

–Helena... Estou bem...

Eu dei um sorriso, peguei a minha blusa e coloquei em seu braço que estava machucado... Senti um grande alívio.

5 minutos depois, algumas pessoas surgiram em torno do carro, a ambulância finalmente apareceu e nos levou para o hospital. Chegando lá, eu e Junior ficamos a tarde toda numa sala de recuperação e depois fomos liberados... Já na sala de espera, perguntei para a enfermeira se tinha notícias de minha irmã Lorena e ela perguntou:

–Qual é o sobrenome da sua irmã?

– Ferreira. Lorena Ferreira...

A enfermeira revisou seu papel e disse:

–Ela está se recuperando na sala 112! Podem ir lá.

Então, fomos até a sala 112, entramos e a vimos acordada. Ela deu um sorriso e falou:

–Não aconteceu nada de demais, só quebrei o braço e fiz um corte no rosto.

Eu falei sarcasticamente:

–Só...!?

Lorena disse:

–Podia ter sido bem pior.

Eu concordei. Logo, o médico chegou para fazer uma avaliação médica nela e disse para irmos buscá-la amanhã às 8:00. Ela iria passar a noite em recuperação.

Eu e Junior dormimos no sofá, eu não sei por que, mas queríamos ficar perto um do outro. Fazia tempo que eu não conversava com ele... Nós chegamos até a ver um filme... E sinceramente, não tive nenhum sentimento de culpa. Eu agradeci por não ter ocorrido nada de tão ruím, mas também lamentei pelo fato de que o imprudente do caminhoneiro não fez nenhum arranhão e de que nós três que não tínhamos nada a ver, sofremos com as consequências. Entretanto, eu sabia que o dia seguinte iria ser pior ainda... Pois teriamos que contar aos nossos pais sobre o ocorrido antes que eles soubessem por eles mesmos.