P.O.V. Gwendolyn.

Estou cansada das pessoas mentindo pra mim. A Ordem, a minha mãe, até mesmo Gideon.

Eu confiei nele, eu amei ele. E ele mentiu na minha cara.

Estou no meu quarto encarando o teto. Passaram-se três meses desde que eu fiquei puta da vida com o Gideon. E hoje eu comecei a passar mal.

Náuseas, vômito e quedas de pressão.

—Querida, você tem que comer.

—Eu sinto o cheiro e quero vomitar mãe!

—Pelo menos uma canja de galinha você vai comer.

Tive que me forçar a comer a canja de galinha. Então, começou a se formar uma teoria louca na minha cabeça. Minha noção temporal nunca foi muito boa, e pior ainda agora que eu sou uma viajante no tempo. Entretanto, tenho que provar que estou errada.

—Mãe! Eu vou sair e já volto!

Eu sai correndo e ouvi a minha mãe gritando:

—Gwendolyn! Gwendolyn! Onde está indo?

P.O.V. Gideon.

Eu estava a caminho da casa da Gwendolyn para tentar falar com ela quando, ela passa correndo por mim. Acho que nem me viu.

Eu a segui a até a farmácia, onde ela encheu uma cesta com... testes de gravidez?!

Ela não me viu ou me ouviu, estava com fones de ouvido. Foi até o caixa, pagou e a vendedora olhou feio pra ela.

Depois, Gwen foi até uma vendinha e comprou uma garrafa de três litros de suco de laranja. Pagou e começou a beber.

Eu a vi descer três quadras bebendo suco de laranja. Entrou correndo em casa, correndo e eu pulei a janela do quarto dela.

—Gwen! Gwendolyn!

Ouvi a Grace gritar.

P.O.V. Gwendolyn.

Eu fiz xixi em sete palitinhos diferentes. E o sinal foi o mesmo. Sete vezes.

—Eu sou uma fodida mesmo.

Saí do banheiro com aquele... maldito palitinho na mão. Eu chacoalhei ele na vã tentativa de fazer o sinal mudar.

—Isso não é um termômetro Gwendolyn.

—Como entrou aqui?

—Pela janela.

—Gwendolyn... Gideon?

—Ele entrou pela janela.

—O que tá acontecendo?

Em resposta eu simplesmente estendi o palitinho pra ela mostrando bem o sinalzinho de mais.

—Surpresa!

—O que... Gwendolyn!

—Não me culpe. Estávamos em mil setecentos e antes do guaraná de rolha. Não tinha camisinha.

—Gwendolyn!

Minha mãe fuzilou Gideon com os olhos. E respirou fundo.

—E qual é o plano? Adoção?

—Não. Eu fui enganada minha vida toda. Minha mãe não é a minha mãe, existe uma ordem secreta que estuda viajantes no tempo, sou viajante no tempo, meus pais são considerados criminosos, tiveram que me deixar. E eu sou uma bruxa! Meu bebê não vai crescer como eu, vai saber a verdade e vai estar a salvo e vai ser amado. E não vai sofrer a lavagem cerebral imposta pela Ordem.

—Espera, seus pais são criminosos?!

—Lucy e Paul são meus pais biológicos. Então, somos meio que primos.

—Primos distantes.

—Oh! Família complicada. Vou precisar de uma licença.

—Licença?

—É Gideon. Não vou voltar no tempo estando grávida de um bebê mutante mágico e milagroso.

P.O.V. Gideon.

Bebê mutante mágico e milagroso.

—Gostei do seu novo penteado. É mais atual que o rabinho de cavalo.

—Vamos tentar comer mais um pouco.

Quando eu olhei mais atentamente pra ela notei que estava pálida como cera e um pouco verde.

—Você parece doente.

—São os enjoos e as tonturas e as quedas de pressão.

Eu vou ser pai. Tenho dezessete anos e vou ter um filho.

—Vem querida, vamos tentar comer lá em baixo.

Gwendolyn conseguiu comer um pouco. Estávamos sentados á mesa, quando a tia Maddy começa a falar coisas.

—Lobos! Lobos! Cuidado com os lobos! Gwendolyn! Os lobos pegaram a Gwendolyn! Gwendolyn!

—Calma. Calma, tia Maddy. Tá tudo bem. Não tem lobos.

Infelizmente logo descobriríamos que Maddy estava certa e haveriam muitos lobos.