Penumbra

Capítulo 9


Pov Dimitri
Ele não havia morrido,até porque apenas depois de degolado ou atingido em seu coração deixaria de se movimentar e se reconstituir, então Yuri resolveu isso,enfiando a estaca até seu órgão vital enquanto ainda estava desacordado.
Mas ai vinha a pergunta: O que Nathalie Dashkov tinha a ver com tudo isso? Talvez ambos se conhecessem e apenas isso? Ou havia realmente algo por trás disso?
Suspirei pelas narinas,irritado por tantas perguntas sem respostas.
— Tão confuso não é Belikov? — disse Yuri parando ao meu lado,e observando os outros guardiões arrastarem o corpo de Kovlos para fora.
Arqueei as sobrancelhas e o encarei fazendo uma pergunta silenciosa.
— Ah,Dimitri,somos amigos desde crianças,e eu sei que as mesmas perguntas que rodeiam minha cabeça, estão atormentado a sua.
Assenti e voltei a olhar para o trabalho que faziam.
— Você tem alguma resposta? — questionei em um sussurro.
Ele apoiou sua mão esquerda em meu ombro e apontou com o queixo a porta que levava para o andar superior.
— Acompanhe-me.
Eu confiava plenamente em Yuri,então apenas o segui. Subindo as escadas de mármore para o andar de cima e o seguindo pelos corredores. Era um longo caminho,e ele parecia ficar cada vez mais escuros e silencioso.
Quando finalmente paramos,estávamos de frente para uma pequena porta estreita de madeira escura.
Meu amigo tirou um maço de chaves do bolso e a abriu,trancando-a logo em seguida assim que adentrei.
Não era um espaço muito grande,possuía uma cadeira e um baú ao lado,as paredes eram escuras e o carpete do chão esta sujo de poeira.
Yuri andou até o baú e se ajoelhou em frente a ele. Depois de um tempo encarando o tampo de madeira finalmente olhou para mim e disse:
— Eu vou mostrar isso para você porque sei que posso confiar. E também,agora que os Lazar estão mortos,eu terei que voltar para a Corte,e isso não estará seguro.
Franzi a testa,confuso.
— O que você quer dizer? O que há tão de importante nisso?
Ele suspirou e abriu o baú que continha vários papéis.
— Era isso que o Kovlos estava procurando.
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POV Rose
— Nathalie Dashkov? O que isso quer dizer? — empertiguei completamente confusa.
É claro que para mim,nada fazia muito sentido,mas nesses últimos meses tudo tinha perdido seu sentido,desde a morte de André e Alberta,a rainha,a chegada dos Ozera,as invasões de Strigois,e agora esse estranho Strigoi. Belikov,Adrian e Eddie haviam ido auxiliar os ex-guardiões da família Lazar,pois haviam encontrado um Strigoi nos arredores,procurando algo. No fim,eles haviam conseguido que dissesse alguma coisa,mas as únicas palavras que saíram de sua boca foram: " Nathalie Dashkov"
E o que diabos isso significava?
— Nós também ainda estamos nos perguntando. — se pronunciou Adrian.
— Espere. Nathalie Dashskov não é a filha de Victor Dashkov,o noivo da rainha? Se eu me lembro bem ela morreu a uns quatro anos atrás num foi? — disse Mason enquanto coçava a cabeça ruiva.
— Sim. Ela era muito próxima da filha mais nova dos Lazar e inclusive da princesa Dragomir.— falei
Dimitri coçou o queixo em um gesto pensativo.
— É um quebra cabeça bem complicado.
— Nós devemos começar a nos preocupar também com aquele aviso lembram? " Abaixo ao dragão" — lembrou Mikhail
Stan acenou negativamente.
— O Senhor Eric Dragomir disse para ignorarmos esse tipo de afronta. É apenas uma ameaça para nos sentirmos com medo.
Dei uma risada sarcástica.
— Eu tenho certeza que ele não disse isso. O Sr. Dragomir não falaria uma coisa dessas.
Stan franziu a testa fazendo com que suas sobrancelhas se encontrassem.
— Esta insinuando que estou mentindo?
Cruzei os braços,pronta para começar a discutir.
— Se a carapuça serve.
Ele bufou pelas narinas e se levantou apontando para minha cara.
— Olha aqui sua pirralha...
— Ei Stan! Se acalme! — falou Ambrose ao seu lado,e ja o puxando para sua cadeira de volta.
Dimitri suspirou e pôs a mão na têmpora.
— A reunião acabou por hora. Eu gostaria que vocês analisassem esse caso melhor quando tiverem mais tempo. Podem ir.
Todos nos levantamos,e um Stan em fúria saiu empurrando os outros,como um carro desgovernado.
— Hathaway! Você fica. — O que aquele cowboy tinha contra mim?
Me virei lentamente e o olhei com exaspero e raiva. No entanto,ele nem ao menos parecia perceber.
Depois que todos saíram,eu finalmente ousei perguntar:
— O que você quer Camarada? Tenho um caso para desvendar.
Ao invés de me olhar,ele simplesmente se levantou e caminhou até sua garrafa de café,despejando um pouco do liquido na xícara que tinha em mãos.
— Café? — perguntou com sua voz grossa.
Coloquei as mãos na cintura e grunhi.
— Não finja que não ouviu. Diga logo Belikov.
Ele bebericou um gole de cafeína e me encarou sério.
—Você não pode sair discutindo com todo mundo só porque discorda da pessoa.
— Argh! Sério Belikov? Esta parecendo minha mãe — que por sinal não existe. — Se é só isso que tem para falar eu já vou indo.
Estava perto da porta quando senti sua mão em meu pulso,obrigando que eu me virasse. Assim que sua pele entrou em contato com a minha,senti uma eletricidade passar pelo corpo. Aparentemente ele não sentiu o mesmo pois continuou a segurar meu braço.
O que eu estou fazendo pelo amor de St. Vladimir? Agora estava tendo ilusões!
— Eu sei que você não confia em mim... — ele começou,mas o interrompei
— Nem um pouco.
Ele suspirou
— Voltando...Eu sei que você não confia em mim,mas eu tenho certeza que você fará de tudo para proteger essa família. Então preciso de sua ajuda.
Franzi as sobrancelhas
— O que você está querendo dizer?
Ele soltou me braço e abriu um armário que ficava no canto da sala,e de lá tirou uma pilha de papéis.
— O guardião Yuri,me entregou isso. Aparentemente o Strigoi estava tentando levá-lo embora. E eu preciso de sua ajuda para desvendar tudo isso.
Eu cruzei os braços.
— Certo. Mas porque você não pede ajuda para o Mikhail ou para o Adrian?
Ele suspirou.
— Mikhail vai dizer que eu estou louco. E Adrian vai ficar de brincadeiras fumando seu cigarro.
— E porque Mikhail te acharia louco?
Ele esticou o papel.
— Veja você mesmo.
Observei os textos e folhei cuidadosamente.Em um resumo,era biografias da família Dashkov e da própria rainha. Textos que alegavam que eles eram culpados pelas invasões. Sim,aquela pessoa era louca.
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Pov Narrador
Ele caminhava abaixo de uma fina garoa. As gotas gélidas ricocheteavam em seu casaco com capuz — que escondia seu rosto nas sombras .
Iluminado pela luz da meia-noite,o homem parecia mais perigoso do que realmente era. E ele gostava dessa sensação,assim como gostava da sensação de poder em suas mãos. Ele sabia que neste momento não passava apenas de um fantoche,mas também sabia que não seria assim por muito tempo.
De certa forma,algo lhe incomodava ao andar em direção a sua decisão. Esse era o seu lado bom que ainda restará,mas como fizera das outras vezes,ele sufocou esse lado negando sua existência.
A escuridão da noite e o silêncio perigoso lhe caiam bem,mas não tão bem quanto caia a seu chefe.
O sujeito virou uma esquina da rua deserta,e entrou num beco mais escuro e inabitável ainda. Em um pequeno casebre de madeira com aparência insalubre, haviam dois homens; um se aventurava no frio da chuva ocasional ,o outro ,com roupas secas e caras que eram protegidas por um grande guarda-chuva preto. É claro que,o homem de capuz reconhecia o homem de guarda-chuva,assim como o contrário.
O homem de guarda-chuva era o seu chefe. Ele possuía uma maldade que podia ser vista ao longe. Nunca fora gentil,pelos menos é claro,gentileza que não se resumia a suas atuações simples e bem feitas.
Assim que seu empregado estava próximo o suficiente,o homem de guarda chuva caminhou ate a entrada do casebre que desmoronava. Suas botas engraxadas,faziam barulho ao entrarem em contato com o chão molhado e lamoso.
A porta rangeu com sua entrada e o piso reclamou quando todos os três entraram. Sem hesitação o senhor andou até uma pequena porta que ficava embaixo das escadas,revelando um cumprido corredor cheio de portas. Ninguém jamais desconfiava do império que aquele porão escondia.
Para o homem rico,o rapaz de capuz não passava de um tolo,arrogante e ambicioso. Ele sabia que seu empregado tentaria passar a perna nele no futuro,mas ele já estava preparado,e criticava mentalmente pelo rapaz ainda insistir em um plano tão incabível.
Entrando na segunda porta a direita,os três homens se depararam com um salão amplo e claro. Eles desceram os poucos degraus para chegar ao plano.
O velho tomou a dianteira,indo em direção da cela e da multidão.
Sim. Multidão.
Uma enorme quantidade de Strigois se espremia a frente da grade. Todos eram leais ao homem que antes carregava o guarda-chuva,e exatamente por isso abriram o caminho para ele passar,observando-o com respeito e medo em seus olhos vermelhos.
Já o pobre encapuzado,se encolheu,sentindo um arrepio percorrer por sua espinha. Era a primeira vez que estava com Strigois dessa maneira,onde ambos pertenciam ao mesmo lado.
O senhor parou de frente com a cela aberta por um momento,apenas para abrir um sorriso maquiavélico ao ver o corpo frágil e pequeno preso no meio da cela.
Avery Lazar se debatia e chorava violentamente,implorando para que eles a deixassem em ir. Quando viu o rosto do sujeito que mandava ali,ela não se surpreendeu,apenas implorou mais alto.
Com um gesto da mão o velho pediu para que os guardiões o informassem sobre todas as coisas que a garota havia dito. Depois,virou-se voltando para o corredor e dizendo-o:
— Levem-na.
O segurança e o homem encapuzado foram atrás dele. Enquanto subiam as escadas,podia se ouvir o grito excruciante da princesa.
O rapaz nao deixou-se abater. Um dia,pensara ele,alguém me temera exatamente assim.
Voltando ao corredor,o homem rico entrou em outra porta,cujo lugar era seu escritório. O espaço era tão luxuoso quanto se podia imaginar,com a lareira crepitando ao lado e os sofás e cadeiras estofados de couro.
O velho sentou-se de frente para a grande mesa de madeira maciça,e acenou para que o rapaz sentasse também.
Fazendo como ordenado,ele sentou e abaixou o capuz revelando seu rosto e marcas na nuca.
— Então,me diga. O que me trouxesses-te de novo? — disse o velho
— Consegui as provas que precisava. E ainda tem um bônus — falou o empregado entregando um envelope gordo lotado de fotos.
O senhor sorriu ao ver as fotos da princesa Dragomir e do príncipe Ozera. Sem dúvida,elas comprovavam que eles possuíam poderes.
— Muito bom garoto. Muito bom mesmo. — elogiou
— Mas temos um problema. Os guardiões estão desconfiados. Kovlos falou demais.
O chefe suspirou:
— Kovlos foi realmente uma grande perda. Mas esse problema será resolvido com facilidade.
— O que o senhor irá fazer? — indagou o subordinado.
— Eu não irei fazer nada. — falou o velho enquanto fez um gesto para que seu segurança abrisse a porta que ficava atrás dele. — Mas ela vai. Num é querida?
O homem com o capuz agora abaixado,arregalou seus olhos em choque quando viu uma mulher sair das sombras.
— Olá — falou a mulher de olhos vermelhos tenebrosos.