Pela primeira vez saboreei a noite

Atravessando quilômetros com os dedos


Quando notou uma camareira intrometida no corredor do hotel, Félix convidou:

— Não quer entrar?

— Para você jogar na minha cara coisas que não tenho como mudar? — Kagami lembrou-o de sua pulhice. — Não.

Suspirou, frustrado por reconhecer o rancor legítimo dela.

— Sei como é quando te obrigam a ser quem você não é, tá?

Ela cruzou os braços, cética.

— Duvido que você já tenha obedecido alguma ordem.

Ah, ela não fazia ideia…

— A diferença é que lutei por minha liberdade. Luto todo dia.

Faíscas daquela vontade irresistível por independência coloriram os olhos dela até Kagami reprimi-las:

— Não deve valer a pena.