Pega-Pega

Capítulo Único


Quando Adora chegou pela primeira vez no reino de Lua Clara, era uma transição de reaprender as coisas. Na Horda ela teve muitos conhecimentos sobre batalha, guerra e estratégia, porém para habilidades dos cotidianos, de civis comuns, ela não sabia, estava perdida. Não sabia o que era uma festa, não sabia o que era ter uma tia. Se impressionou ao ver um cavalo, ao ver o mundo.

Então mesmo que quisesse fingir, seus amigos logo — quando brincavam no quintal do palácio, numa pausa merecida para se entreterem como sempre fizeram. Ela toda deslocada — puderam notar.

— Aaaah… — Bow puxou o ar em choque. A forma deve ser dramático nas pequenas coisas era adorável — … você não sabe brincar?!

Adora tossiu, riu tentando fazer pouco caso, tendo aqueles dois lhe encarando com terror.

— C-claro que eu sei brincar e essa… — pensou tentando lembrar o nome que eles tinham usado para aquela atividade, mas ela não conseguia — … brincadeira.

Realmente não conseguiu.

Podia imaginar a voz de Catra zombando “Pff! Bom trabalho, Adora”. Balançou a cabeça tentando dispersar seu imaginário intrometido, ignorando aquela brecha de sentir melancolia pela saudade.

Por isso, antes de perceber, Glimmer e Bow estavam com as mãos em seus ombros, sorrisos acolhedores bastante animados.

— É oportunidade para você aprender! — ela comemorou.

E antes de perceber, estava sendo levada por eles, os dois segurando suas mãos e rodando, cantando uma música, paravam e se abaixavam, depois voltavam a girar, a se abaixar e pulavam, tudo se repetia.

Adora foi percebendo a relação dos movimentos com o que a música dizia. Se mexia junto cantando com eles. Era ciranda.

Desceu com eles e com os civis, aprendeu a brincar de corda. Ela sabia pelos treinamentos a pular com agilidade, tinha bons reflexos e era um bom exercício para a manter a forma, porém fazer de “brincadeira” era novidade.



Após o fim da guerra, em tempos de paz, foi sua vez de passar o que aprendeu para alguém, que como ela, viveu só na Horda, não sabia o que era ser uma civil. Catra.

Ela não gostou da ideia da ciranda, mas foi divertido. Giraram tanto ao ponto de cair, Catra reclamando o quão ridículo era aquilo, tudo continuava a girar para ela, estava enjoada, e Adora teve crise de risos vendo a cara tonta dela. A risada se tornou contagiante e as duas desatavam a rir.

Mas em pega-pega, Catra se adaptou rápido, junto a esconde-esconde. Não eram tão diferentes das atividades de treinamento da Horda, por isso ambas eram ótimas.

Tinham regra: não sair do primeiro esconderijo, a não ser para correr e bater na árvore específica, ganhando o jogo. Mas nenhuma obedecia.

Era divertido uma correr atrás da outra.

Adora, diferente de um treinamento sério, não se importava em fazer barulho, não era boa na tarefa de evitar ser encontrada pela inimiga. Ela ria alto, sem ligar de perde o fôlego, ouvindo a risada travessa de Catra atrás, lhe seguindo, saltando pelas árvores. Adora queria muito ser pega.

Esse era mais o tipo de brincadeira não de crianças, mas de casais. Catra saltou da copa da árvore, a derrubando, segurou Adora contra o chão dando um sorriso vitorioso:

— Te peguei!

A beijou logo em seguida.

Adora se divertia no meio do beijo, entrelaçando as pernas. Tentou soltar os pulsos das mãos dela, doida para acariciar Catra, mas era impedida, dominada.

Só lhe restava suspirar sentindo os caninos afiados passarem em seu pescoço, os beijos e a chupada em sua pele. Se arrepiou toda.

Novamente aquele sorriso convencido de Catra, acompanhado de sua mão atrevida passando por debaixo das roupas de Adora.

— Catra… — tentava usar tom de ameaça, porém os suspiros acabavam com sua postura.

Catra arqueou a sobrancelha:

— O que? Vai fazer o quê?

Mordeu o lábio inferior, não podia fazer muito, foi capturada e só poderia se “vingar” na próxima rodada. Era o jogo delas.

— Você vai ver quando for minha vez.

— Veremos… Adora… — Mais arrepios foram provocados por esse tom.

Catra tinha uma voz bastante sedutora quando queria. Arma fatal.

Mas não ficaria assim.



Quando foi a vez de Adora, após finalmente conseguir resistência para se soltar, — estava aproveitando muito a própria captura — Catra estava confiante que não seria pega. Ela só precisava chegar a aquela colina primeiro, naquela caleira. Árvores eram mais fáceis de confundir, era mais fácil para dar fim de jogo em só estar no topo de uma pequena colina.

Era excitante ter Adora atrás dela. Não podia negar que estava se divertindo com a atenção. Não gostava de perder, naturalmente competitiva assim como a namorada. Porém, ser pega, não era ruim. Era muito bom na verdade.

Se distraiu com suas fantasias. Quando deu por si, She-ra praticamente caiu do céu bem na sua frente, o impacto abriu um buraco no chão. Catra perdeu o equilíbrio e caiu justamente nos braços da Adora.

A Adora de dois metros, cabelo loiro, longo e esvoaçantes. Seus braços definidos ficam ainda mais evidentes nesta forma, seus músculos eram maiores.

Se sem os poderes de She-ra, ela não tinha dificuldades em carregar Catra num ombro, imagina os usando? Catra era uma boneca em suas mãos naquele momento. A pressionou facilmente na parede de uma grande rocha.

Com uma mão só, ela segurava seus punhos, com a outra segurou o rosto, forçando Catra a encará-la.

Naquele momento, Catra sabia que tinha perdido.

— Peguei você.

— Está roubando — argumentou, mas por outro lado, as próprias pernas longas envolveram os quadris de Adora.

— Não estou.

Soltou os punhos de Catra para segurar a cintura com as mãos, subindo sua camisa.

Catra ofegou em antecipação, e pelo toque em sua pele, abraçando o pescoço dela. Sua cauda se movia com leveza hipnotizante, de um lado para o outro, estava animada.

— Essa ainda sou eu — lembrou Adora. Portanto, não seria roubo, só ela fazendo uso das próprias habilidades.

Beijou e mordiscou os lábios de Catra, se deliciando com os suspiros e o ronronar. A vingança foi completa.

Realmente brincar era muito divertido.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.