Paulina e Carlos Daniel - Perdoa-me

Já disse! Não-Estou-Grávida!


De pés descalços, Manu levantou da Cama e saiu do quarto seguido por Mara. Elas desceram as escadas e pararam frente ao sofá.

–Sente-se Mara. –Sorriu ela sentando-se também. Mara sentou-se frente a ela e Manu prosseguiu:

–Mara, preciso de ajuda. Bem, -amenizou a conversa com um leve sorriso. –O que aconteceu com a Lina?

–Ela parecia estar muito bem quando desceu, pediu que eu levasse um café para ela no escritório. Quando cheguei próxima a ela, a vi com a mão no estômago parada frente ao escritório. Perguntei o que era, e pelo que me disse, o cheiro do desinfetante do ambiente a enjoou.

Manu balançou a cabeça em compreensão.

–Sabes onde está a bolsa de Paulina? –Perguntou.

–Claro. Quer que eu a traga?

–Por gentileza.

Mara caminhou até o escritório de Paulina e trouxe a Manu a bolsa rosa de couro da amiga. Ela a entregou e sorriu. Manu abriu um bolsinho na lateral da bolsa e retirou uma caderneta. Ali, foleou algumas páginas até chegar a um calendário. Manu olhou, olhou e olhou. Quando realmente compreendeu o que acontecia, colocou a cabeça entre as mãos e os cotovelos sobre os joelhos.

–Tudo bem Senhorita?

–Sim sim. Obrigada Mara.

Manu sorriu para ela e colocando a caderneta no mesmo lugar, subiu as escadas, e entrou no quarto. Paulina estava mais uma vez deitada, na mesma posição anterior. A xicara sobre o criado mudo estava com mais da metade do chá.

–Não tomas-te o chá? –Disse a Amiga olhando-a atravessado.

–Não consegui. –Falou inocente.

–Lina, tem algo que você queira me contar? –Perguntou com cautela.

–Por que? –franziu o cenho.

–Vou Direto ao ponto. –Falou firme. O olhar de Manu foi direto a íris verde da amiga e continuou. –Você e Carlos Daniel transaram, não é mesmo?

Paulina arregalou os olhos e a olhou confusa.

–E o que tem isso?

–Quero saber quando foi a ultima vez que menstruou. –Falou seria de pé frente a ela. –Vamos Paulina, diga-me.

–É só olhar em minha caderneta. –Falou sem entender.

Manu sentou-se frente a Paulina olhando-a com Carinho.

–Lina, eu já olhei. Fui lá em baixo e pedi a Mara sua bolsa.

–Você é uma atrevida! –Sorriu pela primeira vez em horas.

–Quando necessário. –Devolveu o sorriso. –Diga-me uma coisa?

–Pergunte-me.

–Você e Juan já transaram? –Foi direta.

–Ah Manuela, pelo amor de Deus, -Paulina sentou-se. –Eu não estou grávida.

–Como sabes? –Questionou.

–Eu não dormi com ele! Arg! –bufou.

–E você e Carlos Daniel usaram preservativos? Não me venha com essa porque você admitiu que dormiu com ele. –Foi direto ao ponto.

–Manuela! Deus Meu! Já disse, não-estou-grávida!- falou pausadamente.

–Porque tem tantas certezas?

–Quando sofri o aborto, -seu olhar mudou, triste. –O Doutor que atendeu-me disse que talvez não pudesse jamais engravidar outra vez. Eu não estou grávida Manuela. –Afirmou.

–Talvez, ele disse Talvez. –Falou mantendo o controle.

Manu pegou as mãos de Paulina e a olhou nos olhos.

–Usou ou não usou?

–Não! Não usamos! –Exclamou enfurecida, mas logo seu olhar entristeceu e ela baixou a cabeça.

–Paulina, amiga, acho que você está grávida. –Segurou firme em suas mãos.

–Manuela, -Paulina sorriu debochada. –Eu não estou grávida.

–Pelo amor de Deus, veja os fatos! Você não toma anticoncepcional á anos; não usou camisinha; e não ficou menstruada no ultimo mês. Quer mais fatos?

–Pare com isso Manuela. Não estou grávida e ponto. –Exclamou.

–Bem, se você não quer resolver isso, eu resolvo. –Falou determinada, virando-se e calçando as sandálias.

–Aonde vai? –perguntou Paulina confusa.

–Vou resolver isso. –Disse afivelando o calçado.

Manu saiu do quarto de Paulina e desceu velozmente para o andar de baixo. Pegando sua bolsa, avisou Mara que voltaria logo e saiu do apartamento. Passaram-se 15 minutos e lá voltou Manuela com uma sacola em mãos. Subindo as escadas, encontrou Paulina jogada a cama outra vez. Ela quase adormecia.

–Nem Pensar! –Gritou entrando no quarto. Paulina assustou-se dando um salto na cama. –Pode levantar daí! –Berrou.

–Mas o que está acontecendo?! –Perguntou Paulina alarmada.

–Pegue. –Atirou a sacola sobre a cama. –Vá agora para o Banheiro e faça todos esses testes. –Falou com as mãos na cintura.

–Manu, eu não estou...

–Vai Paulina! –Disse puxando as cobertas dela. –Vá e não tranque a porta. Não quero ter de arromba-la caso você passe mal.

Assim como Manuela disse, Paulina entrou no banheiro com seis testes de gravidez em mãos.

–Pra que esse exagero Manuela! Nossa! –Gritou do banheiro.

–Faça logo e pare de nhê-nhê-nhê. –Berrou.

–Tá Bom! –Desistiu.

Paulina fechou a tampa do vaso sanitário e ali sentou-se com as caixinhas em mãos.

Após abrir uma por uma das embalagens rosas, as colocou dentro de um copinho descartável. Minutos passaram-se enquanto Paulina estava dentro do banheiro, e Manuela do lado de fora remoendo-se em aflição.

–E ai Paulina? É pra hoje ou pra daqui 9 meses? –Riu.

–Há, há, há. –fez uma careta. –Estou tentando me concentrar! Terei que fazer meio litro de xixi com tantos testes! –riu também.

–Vamos Logo!

Paulina por fim conseguiu fazer xixi e colocou os testes como indicava na embalagem dentro do copinho. Colocou o recipiente sobre a pia do banheiro e sentou-se olhando as tirinhas. Seu pensamento por um instante voou para a noite em que ela e Carlos Daniel passaram juntos, na noite em que outra vez amaram-se completando-se um ao outro. Paulina saiu de seus devaneios, quando lembrou de sua partida. Lembrou da voz de Carlos Daniel a chamando, implorando por ela.. mas ela mesmo assim embarcou.

Sacudindo a cabeça, mandou os pensamentos embora. Seu foco voltou ao que fazia. Segurando as tirinhas, tirou-as do copinho e as sacudiu. Duas, duas listras no primeiro. Duas no segundo, duas no terceiro, duas no quarto, duas no quinto, duas no sexto. Uau.

Pegando uma das embalagens, mais uma vez leu as instruções. Seu olhar congelou a chocar-se com a frase: “Uma Listra: Negativo. Duas Listras: Positivo.”

–Meu Deus! –Gritou apavorada quando seu corpo perdeu a sustentação e caiu sentado ao chão com os testes em mãos.

–Paulina?! –Exclamou Manuela entrando banheiro a dentro após o susto.

Paulina olhou para Manuela com Lágrimas nos olhos, e esticando as mãos com as 6 tirinhas, sussurrou:

–É pra daqui 9 meses.