Eu acho que estou gostando de você
Mas você não percebe
Por quê?

Xeque mate, de novo. Mais uma vez ele me ganhara no xadrez. Estávamos começando nossa quarta partida em mais ou menos uma hora de jogo e eu ainda não conseguira ganha-lo. Sorri, por um instante, com esse pensamento: “ganha-lo” poderia ser interpretado de duas formas completamente diferentes... Mas ambas desejadas por mim.
Minha vez de jogar.

Eu vejo o tempo passando
E cada vez me apaixonando mais
Mas você não percebe
Por quê?

Você já conversou com alguém e de repente o assunto acabou? E para prolongar a conversa você começou a inventar uma história qualquer? Para continuar falando com ele, eu me virava e até histórias sem noção inventava. Não entendia, na verdade, eu não queria entender o que estava se passando na minha mente. Mas... Será que não sou óbvia o suficiente para ele perceber algo de diferente?

Invente uma história
Me diz qualquer coisa
Mas fala comigo
Gosto de ouvir tua voz
De olhar teus olhos
Tão lindos

Eu sempre gostei dos olhos dele, tão fofinhos. Quando nos conhecemos nem sequer reparei na cor deles, por serem tão pequenininhos – quer dizer, eles ficam fechadinhos quando ele sorri e não dá para distinguir muito bem a cor. Mas depois, quando tive a oportunidade de olhar dentro daquelas íris escura, eu notei que são castanhos. Uma música me vem à cabeça quando penso nos olhos castanhos dele e, coincidentemente, é uma das minhas favoritas: "The green eyes... Yeah, the spotlight shines upon you".
É a vez dele de jogar.

Se eu ganhasse um abraço
Ou um beijo no rosto
Para mim era tudo
Tudo o que eu mais queria
Mas como sempre
O amor nos deixa mudos

Entenda, eu não sou uma amiga do tipo que abraça e beija. Mas com ele é diferente, abraço-o com mais frequência do que os outros. Será que exagero? Acho que não, afinal, ele não reclama e parece apreciar “minha eu” carinhosa.
Observando-o pensar sobre sua próxima jogada, respiro profundamente, tentando acalmar meus pensamentos. Sinto o cheiro do perfume dele que fica impregnado por onde ele passa e isso só me deixa mais embriagada em pensamentos.
― Ei! – tentei chamar sua atenção.
Minha vez de jogar.

Queria poder dizer

Te quero, te amo

Mas onde está você

Quando eu te chamo?

Quando ele olhou para mim, eu já estava engatinhando sobre o tabuleiro de xadrez e derrubando as peças sobre o piso da sala. Cheguei bem pertinho dele, eu podia ver os lindos orbes castanhos bem de pertinho, era a visão do paraíso. Podia também sentir a respiração dele descompassada, tomada pela surpresa.
Eu sei, isso era uma loucura inarrável, mas porque não aproveitar a oportunidade?!