Patricinha? Será?

Ethan, conheça minha prima.


Uma semana. Até que tudo finalmente estava se ajeitando, precisei de uma semana pra me acostumar com a idéia que agora era diferente, Lis sabia que Ethan continuava a trabalhar para mim. Pelo que Ethan dizia Rafa não se importava mais. Rebeca e Beatriz haviam sumido da minha vida, e por mais estranho que parecesse achei isso esquisito; não quero ter inimigos. Edgar e eu não perdemos o contato, até por que ele é meu vizinho, é impossível não esbarrar nele de vez em quando. E seu sorriso não mudou depois de tudo.

E hoje, já que é sábado, Ethan e eu resolvermos –na verdade resolvi sozinha- que iríamos ao Shopping entregar algumas roupas para campanha de caridade, a qual eu sempre costumo doar, enquanto isso “conversamos”... digamos, que para diversificar.

Entrego a caixa de papelão a Ethan, e pego a outra. Dessa vez realmente bati o recorde, penso.

–Desde quando é boa samaritana? –Ethan olha para caixa em seus braços e se volta para mim.

–Desde... Na verdade, só faço isso como uma terapia. –Explico, mas não tenho certeza se ele entendeu pelo menos a sua expressão diz: Não. –Como se fosse um lembrete de que: Nunca devo me tornar uma consumidora desesperada por roupas de grifes. –Tiro a mão direita da caixa e ergo como um juramento. –Se olhar alguma das roupas, a maioria estar com etiqueta. E o segundo motivo... –Suspiro fazendo uma pausa. –, Minha agenda não é tão cheia, quase não tenho nada para fazer. E admita isso é bem legal.

–Sua agenda não é cheia? –Debocha Ethan. –Talvez devesse arrumar um emprego.

–Talvez, diário promovido a “apenas” Ethan. –Digo rindo. –Sabe, agora que somos amigos, acho melhor Ethan.

–Então tá.

* * *

Ethan e eu caminhamos rumo à saída do Shopping, depois de entregarmos as caixas de roupa e conversarmos um pouco, ou melhor, eu falando e ele escutando, como já era de se esperar. Mas também faço perguntas a ele, quando percebo que ele se distrai. Eu realmente gostaria de ter o poder de ler a mente das pessoas.

–Você esta tendo algum contato com Lis? –Pergunto, fazendo Ethan ergue as sobrancelhas, como se dissesse: onde está querendo chegar?

–Creio que a última vez que a vi, foi também a sua. O dia que soubemos que ela “já sabia”. –Ethan ri mostrando o seu lado divertido de amigo, enquanto faz aspas com as mãos. Mas para de ri quando vê que não achei graça, e que só estou o observando, quase como se eu quisesse entender o que se passa em sua cabeça. Tentando ler o livro: “O misterioso mundo de Ethan”. Com uma frase de efeito assim: “O que deve se passar...

Eu estava realmente muito perdida em meus pensamentos, enquanto andava, havia uma garota, acabo pisando em seu pé e por um segundo nossos anjos da guarda resolveram nos proteger. Ela ergue a cabeça, e eu estou rindo da nossa “quase queda”. Mas então... Espera! Eu a conheço.

–Clara! –Minha prima exclama. –O mundo é realmente muito pequeno. Eu acabo de chegar do Peru.

Mel era alta, magra, cabelos bem cortados pouco abaixo do ombro em ondas repicadas e lisas. E minha única prima. Tenho duas tias, uma é mãe de Melissa e a outra não teve filhos. Mel sempre desde que me conheço por gente foi legal comigo, talvez por ela ser cinco anos mais velha, –apesar de não parecer- não tive muito convívio, só a via de ano em ano.

–Me... –Começo, mas ela me abraça tão repentinamente que não continuo meu cumprimento.

–Como vai à vida? –Ela pergunta educadamente, olhando para Ethan na pausa de cada palavra, esperando é claro que eu o apresente.

–Estou levando. –Digo. –Esse é Ethan, meu amigo.

Mel arregala os olhos e sorri para ele. Volta-se para mim e consigo ler o que as sobrancelhas arqueadas querem dizer “Tem certeza que ele não é seu namorado?”

–Ethan, essa é minha prima Mel. –A apresento ao garoto do meu lado.

–Oi. –Diz ele com um aceno com a mão que depois cai sobre os cabelos.

–Oi. –Sorri Mel, de maneira empolgada. –Sabe prima... Amo conhecer gente nova.

–Poderíamos... Sei lá, tomar um sorvete. –Convido Mel, e fico com vergonha, pois minha voz sai um pouco forçada. Calma, Clara só esta tentando ser educada, penso.

–Adoraria saber sobre suas aventuras no Peru? –Continuo vendo que ela não percebeu meu desinteresse.

–E olha que foram muitas. –Mel pega meu braço e passa sobre o seu. –Hora do sorvete, crianças!

–E então ainda gosta do de chocolate? –Mel me pergunta logo quando chegamos à sorveteria. Já havia até me esquecido que essa não era a minha vontade.

–Sempre. –Afirmo rindo.

–E você, Ethan, que sabor? –Ela se volta para Ethan.

–Flocos, por favor. –Diz ele.

–Nossa! Esta faltando um pouco de criatividade nessas cabecinhas. –Mel cruza os braços jogando o corpo sobre o balcão. Aparece então um garoto que parece ter minha idade, com avental perguntando “o que gostaríamos?”.

–É como sempre digo, por que ter que escolher um sabor... –Mel coloca mais um pouco do sorvete na colher e leva a boca. Agora que estamos sentados desfrutando “dessa coisa absolutamente gelada, feita pelos deuses”. –, se podemos por um pouco de cada. –Ela mostra a mistura no copo.

Ficamos em silêncio, até Mel suspirar e dizer:

–Eu odeio o silêncio, por que me faz pensar demais. Então... –Sorri ela empurrando seu copo, ao mesmo tempo em que Ethan e eu também terminamos. –... E melhor falarmos de alguma coisa. Por exemplo, por que vou morar aqui agora?

–Por que ama o Brasil e tem orgulho se ser brasileira. –Arrisco.

–Ou por que quer ficar perto da sua prima e da sua família. –Ethan também tenta.

–Talvez. –Ri Mel. –Mas também por que meus pais vão finalmente se mudar para cá e resolvi finalmente cursar uma faculdade. E eu sei, Clara, é mesmo difícil de acreditar. Os três motivos estão corretos!

–Finalmente criar raízes? –Digo surpresa.

–Até que eu mude de ideia e me mude para a Nova Zelândia. –Explica Mel. –Humm! Droga! Me esqueci completamente marquei de encontrar com uma pessoa.

Mel rapidamente se levanta e vem me abraçar se despedindo, pelo menos eu estava acostumada. Não é o que acontece com Ethan, ele fica literalmente uma estátua, enquanto minha prima envolve seus braços em seu corpo. E quando ela sai. Ele me olha com o cenho franzido, depois nos dois rimos.

Na segunda tudo na escola passou depressa, o que achei muito estranho, as horas nunca -NUNCA MESMO- passam depressa na escola.

–Mel sempre foi gentil comigo. –Conto a Ethan no “diário”. –O maior tempo que fiquei junto a ela foi de três dias, mas não sei o que acontece ela é como se fosse o mais próximo de uma irmã para mim.

–Posso participar da conversa? –Surge à própria entrando depressa na área da piscina. –E ouvi meu nome... Mas agora me conte Ethan. Sobre a sua vida.

Ótimo! Estou quase rindo em meus pensamentos. Agora eu serei o diário de Ethan.