SARA

—Vocês só podem estar surtando. –reclamo olhando para baixo, do alto do prédio da Q.C. –Nem sobre tortura, saio para fazer ronda usando isso. -me olho novamente, aquilo era ridículo.

—Não está tão mal assim. – me viro e vejo Luna, Isis e Barbara.

—Tem coisas piores. – concordo ao vê-las. –Ainda acho que sou a “menos pior”, okay, a segunda menos pior. -aponto para Barbara. – Será que nem na minha despedida de solteira, posso ter uma coisa normal?

—Que graça teria, sair por aí com você vestida de noiva, bebendo em cada bar que encontrássemos? –Barbara se senta no beiral do prédio, procurando alguma coisa que possamos fazer essa noite.

—Por que sair por aí fantasiada de Batman, é uma ideia muito melhor. –reviro meus olhos.

Eu estava nadando em um uniforme antigo do velho morcego, que era basicamente uma calça cinza estilo militar, revestida em kevlar, uma blusa da mesma forma, com o emblema do morcego sobre meu peito. E por cima as braçadeiras com luvas, o cinto de utilidades, botas de combates, sem falar na máscara e a capa. Não teria nenhuma possibilidade de me fazerem caber em uma das armaduras dele, apesar que seria mais legal, como dizer: se já estou na chuva...

Barbara estava muito confortável com o uniforme do marido, acho que havia feito sobre medida, uma versão da fantasia do Asa Noturna, a malha preta com o emblema de águia sobre o peito, e a máscara encobrindo os olhos. Isis usava o capuz do irmão, sobre um de um dos seus uniformes, mas mesmo só usando o colete, era o suficiente para ela estar perdida com o capuz kevlar, que fica caindo o tempo todo sobre a cabeça. E é claro, havia Luna. Minha amiga é uma comedia a parte, ela usava uma versão antiga do uniforme do Robin, de quando ele era muito pequeno, só não sei de qual dos quatro era. Uma camisa vermelha com mangas curtas em verde, e os detalhes no peito, como o escudo do Robin em amarelo, shorts verdes que estavam muito curtos nela, e não acredito que Robin usava meia calça branca junto as botas de combate, mas a Srta. Delphine estava usando, isso acrescentando a capa amarela e a máscara muito parecida com a de Barbara, seus cabelos cacheados estavam soltos, o que ajudou um pouco com o lance da identidade, mas não a ajudaria em campo. Era a coisa mais ridícula que já vi na vida, não sei como o Batman saia com alguém vestido dessa forma, mas até que ela estava ridícula de uma forma fofa.

—Connor está sabendo? –pergunto enquanto a vejo puxar uma das pernas para tentar alargar um pouco. –Toma, pegue isso. –dou a ela um elástico para prender os cabelos, o que faz sem protestar.

—Ele não pergunta o que não quer saber, deve estar pensando que vamos para um bar de gogo boys, então ... prefere a ignorância. –dá de ombros enquanto prende o cinto de utilidades.

—Não quero nem imaginar o que eles vão fazer na despedida de Wally. –me arrependo de ter ficado no escuro.

—Fica tranquila. –Barbara/Asa Noturna, me abraça. -Dick não vai fazer nada com mulheres, não se ele quiser acordar com as bolas no lugar amanhã, ou durante o resto de nossas vidas. –fala com um sorriso angelical, digno de uma psicopata. Essa mulher me causa arrepios as vezes.

—Chamado de um banco sendo invadido. –Luna/ Robin ajeita a máscara, parecendo perdida. –Como vocês enxergam com isso?

—Você se acostuma. –Isis/Arqueiro Verde, dobra duas vezes seu capuz e o prende com o que parece um tic-tac, erámos a versão perfeita de heroínas femininas dos heróis, só que não.

Disparo o meu gancho, na verdade o gancho do Batman, através dos prédios, e vejo Barbara prender Luna em sua roupa, havia esquecido que esse seria o primeiro salto dela pela cidade, deveria ter a trago comigo, mas independente de tudo, seria interessante ver como Luna reagiria no campo de combate. Pousamos no telhado do prédio do banco, Luna rastreou os bandidos que estavam todos no andar do cofre, eles eram tão amadores que nem ao menos desligaram os alarmes, em menos de cinco minutos aqui teria mais policiais que a loja de rosquinhas em frente à delegacia. O retardados estavam as voltas com um maçarico, em um cofre com a porta com a espessura de aproximadamente 70 centímetros de aço reforçado, levaria a noite toda, chega a dar pena.

—Primeiro vocês. -aponta para as quatro.

Vejo Luna fixar base em um canto, tirando dois tabletes da bolsa que havia ficado escondida na sua capa, ela iria ser nerd até em combate. Em menos de um minuto ela abre a porta de acesso ao telhado, nos conectando ao restante do prédio. Entramos rapidamente, não sei o resto das garotas, mas não queria ser pega pela polícia usando roupas emprestadas. O que me leva a perguntar: quem foi que pediu o uniforme do morcego? Todos os demais até faziam sentido, Luna morava com Connor, Isis poderia pedir o do Robin, Barbara é casada com Asa, mas não via como qualquer uma das três chegaria ao velho Wayne e pedira uma velha roupa para uma farra de garotas, nem mesmo Barbara teria essa cara de pau.

‘Eles estão se movimentando, acho que desistiram do cofre, estão subindo de andar, talvez queriam roubar algo mais fácil.’ Sério que estou estragando minha despedida de solteira com esses amadores?

—O que tem de valor no banco além do dinheiro? – Isis questiona enquanto nos espreitamos nas escadas, no andar que eles estavam.

‘Estão carregando alguma coisa, não tenho visão.’ tento espiar sem ser vista.

—Gente, não é bom. –reclamo dando passagem para que Isis enxergue.

—C4! -Isis sussurra em alarme. –Essa quantidade pode fazer um buraco no mundo. – exagera, mas era quase.

—Robin, desvie os policiais daqui. –Asa Noturna indica as portas de acesso. – Se esses idiotas explodirem, teremos muitas baixas, vamos nós mesmas lidar com os Debiloides.

Os Debiloides, eram apenas dois.’ Robin reclama. ‘Estão mais para uma versão criminosa de Loucademia de Polícia.’

—Jura? –me viro para Barbara, que dá de ombros com inocência. -Tenho um casamento amanhã, não posso usar a desculpa que faltei por ter sido explodida em mil pedacinho, Flash ficaria uma fera. – as recrimino, mas estava preocupada mesmo era em não tropeçar nessa capa enquanto andava por aí, devo admitir que dava um ar totalmente diferente enquanto pulava, e a aerodinâmica dos voos entre os prédios era outra categoria, mas é horrível andar, me sinto aquelas mulheres dos livros da Jane Austen, que precisavam andar levantando as saias que arrastavam no chão.

‘Alguém precisa distrai-los, enquanto as outras descartam os explosivos.’ Robin me tira do devaneio sobre a moda do morcego.

—O que você quer que façamos? Nos fantasiar de havaianas e dançar hula? – Arqueiro não se aguenta.

—Alguém, pode dar um susto muito grande neles. – Asa sorri para mim, estava perdendo alguma coisa. –Qual é? – sei que deveria estar entendendo. –Qual o morcego mais temidos pelos bandidos?

—Batman. – respondo e ouço a risada de Luna pelo comunicador. – Batman. – então realmente entendo, vou fazer tanto medo nesses caras, que eles vão borrar as próprias calças. Sorrio maquiavélica.

—Robin, apague as luzes. – Asa pede para Luna que prontamente a atende, sei que Isis tem seus equipamentos, ela teria os óculos, Barbara naturalmente teria alguma coisa, elas tiveram tempo para se arrumar para a missão, mas eu não! E quando percebo estou enxergando tudo como se usasse óculos especiais. – Os uniformes do Batman tem um sistema de ajuste de luz automático. – Barbara explica.

—Alguém aí? – ouvimos uma voz tremula no meio do salão principal do banco.

—Cala a boca, seu idiota. – podemos ouvir o outro o recriminar.

—Cara vamos embora, vai dar merda. – um terceiro se apavora.

—Não saio daqui sem a porra desse dinheiro. – o que parece o líder se impões. – Seja quem estiver aí. – aponta para o escuro. – Vai ter que se ver com isso aqui. – grita balançando um bloco de C4. – Peguem a lanterna, rápido seus idiotas. – ouço recriminando os comparsas.

Asa se esforça para não rir, Arqueiro não está em uma situação melhor, posso ver ela mover os lábios em um xingamento fofo, algo tipo “babacas” ou “bobões”, Isis não tem jeito. Nos movemos parando em baixo de uma lâmpada apagada, seria um show, com direito a pirotecnia, estouro umas bombas de fumaça, e luzes ambiente, Robin acende quase um holofote em minha cabeça.

—Que inferno! – ouço um gritar.

—Quem é você? – pergunta quase em soluços.

—Seu pior pesadelo. – e abro a capa como asas para dar uma enfatizada no drama, só consigo ver Asa desarmando os explosivos e Isis nocauteando dois dos quatro bandidos.

—Um fugiu, não consigo localiza-lo. –Arqueiro procura me olhando em desespero. -Robin!

—Seu irmão vai nos matar! – grito quase em pânico, enquanto voamos pelas escadas, nos jogando de qualquer maneira contra porta que estava fechada.

—Qual o problema? – Luna tinha o quarto bandido nocauteado. – Flash vai ficar orgulhoso. – diz feliz com ela mesma, Isis e eu estávamos entre a surpresa e o alívio. -Mas vamos evitar de contar para o Arqueiro.

—É uma boa ideia. – concordo, não podendo impedir a risada.

—Não faça. – me adverte. –Esse lance de rir, não é a praia dele, e fica esquisito sob essa mascará. – se encolhe em terror, não posso julgá-la.

—Vamos, a polícia cuida do resto. – Arqueiro indica. Pulamos por entre os prédios e tenho que admitir, a despedida estava muito legal, melhor do que esperava.

—Podemos rastrear a origem dessas bombas, só para não deixar o serviço inacabado. Depois vamos para Gotham, o que acham? Dar uma olhada na despedida de Wally? – Isis comenta enquanto dispara uma flecha em um prédio a distância.

—Não sei se quero ver Wally em um bar de estirpe. –não acabaria bem, para ele.

—Estão todos em casa. Noite de pôquer.- Barbara grita descendo escorregando por uma escada de emergência – Meu pai não pode cuidar das crianças. – há um sorriso perverso em seu rosto, alguma coisa me dizia que ela criou algum compromisso para secretário de segurança Gordon.

Viro em um beco escuro de Star, pensando no que Barbara havia feito para que o marido não saísse de casa hoje quando dou de cara com uma parede, me fazendo dar dois passos para trás, magicamente os burburinhos animados desaparecem, me fazendo olhar para cima alarmada.

—Não fui eu! –me defendo como uma criança pega com a lata de leite condessado aberto nas mãos. Batman me olhava de cima, sua boca estava em uma linha reta, mas não conseguia distinguir qualquer emoção, o que é basicamente o seu normal, me sinto grata por ele não sorrir, não conseguiria lidar com o pânico agora.

—Todos os meus trajes possuem rastreadores. – diz com aquela voz de trovão. –As do Robin também. –indica Luna que estava encolhida atrás da Barbara, essa parecia muito à vontade com a situação. –Posso saber como conseguiu esses uniformes?

—Como se você não soubesse. – Barbara bufa ao meu lado, ela era uma pessoa de coragem.

—Não é por que a Arqueira está namorando com certo membro da minha equipe, que pode usar dos equipamentos. –diz em tom de bronca. –Quando terminarem, devolvam tudo aos seus lugares. – reclama, antes de se içar por um gancho e desaparecer.

—Sabe, ele não vai aparecer no seu casamento. –Barbara olha para o local onde Batman desapareceu.

—Tia Iris vai ficar uma fera. – Isis concorda ao mesmo tempo que todas as outras acenam concordando.

-Tudo bem, depois falamos sobre o drama que é o Batman ser ante social. –sinceramente, estou feliz por não ter nenhuma foto do patriarca dos Wayne, todo sorridente em meu álbum. -Agora por favor, me digam como conseguiram esse maldito uniforme?

DICK

—Por que eu estou aqui? –Damian reclama, ninando Al em seus braços.

—Dois motivos, primeiro por que é a despedida do meu parceiro.

—Não sou padrinho. –revira os olhos.

—Okay, então é pelo segundo motivo. –dou de ombros caminhando para a sala. –Sou seu irmão mais velho, e quero que fique.

—Está me punindo pelo “mané”. –abro um sorriso largo em resposta.

—Dam, a Isis está acabando com você. –murmuro dando risada.

Entro na sala vendo Connor jogado no sofá, com Chloe dormindo em seu colo. Wally sentado no chão com a cabeça apoiada na poltrona e Hunt parado, encostado em uma parede. Todos eles com a cara do mais puro tédio. Não posso culpa-los, nada poderia ser feito antes das crianças dormirem, e com Wally, Connor e Damian por perto, elas se aguentaram até praticamente desmaiar no colo de um deles.

—Estão se divertindo? –pergunto com um sorriso enorme, cheio de sarcasmo.

—Barbara é demoníaca. –Wally murmura.

—Pior pessoa do mundo. –Connor concorda.

—Cara, isso tá um saco. –Damian conclui, e Hunt nem mesmo se move, cara estranho.

—O que a Babs tem a ver com isso? –questiono confuso, e vejo Wally bater com a mão no rosto.

—Não adianta. –Connor diz ao Wally. –Vou colocar Chloe na cama.

—Espera, vou levar o Al também. –Damian segue o cunhado.

Vou atrás de algum baralho, dez minutos depois constato que não tenho nenhum em casa. E minhas opções não eram as melhores, um daqueles caras é o meu irmão caçula, o outro é um monge, tem o terceiro que arrepia os pelos da minha nuca, e por fim o próprio noivo, que posso enfiar um barril de álcool nele, e não fará diferença.

—Conta para ele! –Connor diz a Damian, assim que eles voltam do quarto.

—De que adianta falar? –sussurra em resposta. –Com quem deixaríamos os meninos?

—Aproveita e fala a parte da Barbara também, só sei que eu quero ver isso de perto, e vou com o sem vocês!

—Opa! –Wally surge ao lado deles. –Não sei do que Connor está falando, mas vou até para Apokolips, se for para me livrar desse tédio.

—O que você está escondendo? –pergunto encarando meu irmão.

—Isis me pediu...

—Ela o chantageou. –Connor corrige.

—Você falou que não contaria essa parte! –repreende o outro sério. Wally se joga no sofá impaciente. –Emprestei a Isis o seu primeiro uniforme e posso ter pego um dos antigos uniformes do meu pai também.

—Ele pegou. –Connor o corrige mais uma vez, e de repente todos nós estávamos interessados na conversa.

—Aquele do shortinho? –Wally pergunta, segurando o riso.

—Luna também pegou um dos meus coletes. Mas não fiz perguntas. –Connor comenta, pensativo.

—Sei que Barbara diminuiu um de seus uniformes. –Damian termina a história.

—Por que elas querem os nosso uniformes? –questiono.

—Por que ninguém levou nenhum dos meus? –Wally reclama.

—Ah, agora conta para ele que o pai da Barbara está em casa, por Buda! E vamos logo atrás das garotas. –Connor solta sem pensar, me deixando com a maior cara de otário.

—Você acabou de contar, Connor. –Damian revira os olhos, e já estou com meu telefone em mãos.

WALLY

Hunt preferiu voltar para casa, dizendo que não havia tomado um de seus remédios, então o levei, peguei o uniforme extra de Connor que fica em minha base, e voltei para a casa de Dick antes do Comissário que não é mais Comissário, chegar para ficar com os netos. Damian usou o rastreador nos uniformes que havia emprestado, para localizar as garotas, e quando finalmente as encontramos em um beco próximo a periferia de Gotham, não sou capaz de acreditar em meus próprios olhos.

A primeira que vejo é Isis, que se virava tão bem com o arco, que a princípio penso ser Sara. Usava o colete do irmão, com a parte de baixo de seu próprio uniforme. O cômico era ver o tamanho que aquilo fica nela, e o cinto que usa para prender suas facas, marcando a cintura, que deixava o colete de Connor parecido com um dos uniformes da Liga dos Assassinos. Babs não estava mal nas roupas de Dick, mas isso por que elas provavelmente formam ajustadas para ela, vejo sua cabeleira ruiva balançar de um lado para outro, enquanto ela batia em um traficante.

Sara, a meu Deus, a minha Sara. Ela estava com um uniforme do Batman, provavelmente um dos primeiros, e também foi ajustado para ela, ou seria impossível que estivesse usando. Lutava em dupla com outra pessoa que ainda não conseguia ver, mas a essa altura já estou me dobrando de tanto rir, junto aos outros, até mesmo Damian não se aguentava. Quando ela se apoia nas costas da outra é que todos nós paramos.

—Aquela é.... –Dick começa a dizer, mas não aguenta nem mesmo terminar.

—É sim. –Connor conclui de queixo caído. –Reconheceria em qualquer lugar aquela bun... é a Luna. –corrige antes de falar besteira.

Luna usava o uniforme do Robin, o que foi de Dick quando ele começou a trabalhar com o Batman, ela se parecia com uma daquelas adaptações de heroínas para revistas em quadrinhos, de tanto que aquilo estava justo e apertado. Nós deveríamos estar rindo mais, e provavelmente estaríamos, se ela não estivesse dando uma surra nos bandidos ao lado das outras.

—Quando isso aconteceu? –Damian pergunta, a vendo finalizar um cara que tinha o dobro do tamanho dela.

—Devo ser mesmo um bom treinador. –murmuro em choque. –Muito melhor do que pensava ser....

—E por que ela é o Robin? –Dick pergunta olhando para o irmão. –Digo, eu entendo a piada do Batman, envolvendo a Sara, e Babs com meu uniforme, mas Luna e Isis não fazem sentido.

—Provavelmente Isis não quis usar aquilo. –Damian dá de ombros. –Nem sei como Jason teve coragem.

—Ela e Sara tem uma “amizade secreta”. –bufo, e os três me olham sem entender, consigo praticamente ouvir os pensamentos pervertidos de Connor e Dick. –Não esse tipo de amizade. –reviro os olhos. –Mas tive uma briga com ela, da qual não posso falar. –toco minha cabeça, pensando em meus cabelos por baixo da máscara.

—E daí?

—Daí que comentei com Isis a respeito, ela também achou estranho a forma como elas veem agindo uma com a outra, como se ficassem se evitando em público, e depois terem atitudes de melhores amigas.

—Então, Isis usou isso para provar o ponto dela. –Damian dá um meio sorriso, com orgulho da namorada.

Elas se afastam, enquanto Barbara parece interrogar o cara que julgo ser o líder, bancando a policial boa. Sara vai para cima dele, como uma avalanche humana e ele se encolhe antes que ela o atinja, delatando tudo o que elas queriam saber.

—Nós as seguimos? –Dick questiona incerto, quando elas começam a se afastar.

—Alguém tem um celular ai? –pergunto e eles me olham sem entender. –Não né. –concluo, então volto a casa de Dick e pego o meu que deixei lá.

—Flash, o que você vai fazer? –Connor pergunta quando volto, sorrio para ele.

Corro até as garotas, e primeiro tiro uma selfie ao lado de Isis/Arqueiro Verde, com meus braços ao redor dos ombros dela. Depois vou até Luna/Robin e faço cara de mau, com Barbara/Asa Noturna faço careta, e Sara/Batman, finjo estar lambendo as orelhas de morcego dela. Então paro na frente delas, deixando que me vejam e a cara de espanto no rosto de todas é impagável.

—Me dá só um segundo. –levanto um dedo no ar, então começo a gargalhar, apoiando minhas mãos nos joelhos, respiro fundo, mas quando vejo Luna se cobrindo com a capa, Isis parecendo um coelhinho fofo criado pela Liga dos Assassinos, e Sara com o olhar em pânico, não aguento e volto a me dobrar de tanto rir.

—Era para você estar na minha casa. –Babs diz séria, cruzando os braços sobre o peito e me lançando um olhar mortal.

—Parece que seu pai se curou da virose, é um milagre! –Dick para ao lado da esposa, que desvia o olhar, juro que acho que Babs ficou envergonhada. Era estranho ver as duas versões do Asa Noturna, mas eles ainda impunham certo respeito, o mesmo para Connor e Isis. Mas não posso dizer isso de Luna ao lado de Damian, que parece entregar um cartão a ela.

—Hey! –chamo a atenção dos dois, que me olham inocentes. –Sou eu que treino ela. Logo agora que estávamos fazendo progresso... –começo a reclamar com Damian, assim não pode, assim não dá!

—Não estou vendo ela usar o seu uniforme. –responde seco.

—Nem o seu. –rebato. –Quer treiná-la? –pergunto a Dick, enquanto puxava Sara pelas mãos.

—Não me sinto confortável sendo tratada feito uma das manetes do videogame de vocês! –Luna rebate. –E é só um cartão de acesso ao cinto de utilidades! –balança entre os dedos, me mostrando.

—Flash, acho que está exagerando, só um pouquinho. –Sara chama a minha atenção, eu a olho, mas não consigo conter a risada ao vê-la tão de perto, ela dá um soco em meu braço como resposta. Sara é forte, aquilo ficaria roxo, apesar do meu processo acelerado de cura eliminar a luxação rapidamente, não vai me fazer deixar de sentir a dor.

—Essa é sua despedida de solteira? –questiono a ela esfregando meu braço, enquanto os outros conversavam entre eles.

—Ideia da Barbara. –dá de ombros. –Mas está sendo divertida, vamos para Central agora. Os caras que roubaram o banco de Star estavam usando C4, eram uns idiotas... –revira os olhos, e é bizarro ver aquilo sob a máscara do Batman.

—Eu te amo, sou o cara mais feliz do mundo por estar a menos de vinte quatro horas de poder dizer a todos que você é minha mulher. –sussurro para ela, a interrompendo e a vejo suspirar me olhando. –Mas é muito estranho falar com você assim, provavelmente vou ter pesadelos com isso pelo resto da nossa vida!

LUNA

Me sinto dentro de “As Loucuras de Dick e Jane”, o filme é horrível, mas esses bandidos também são, então não faz muita diferença. Quando o teletransporte deixa a todos nós na Star Labs, nos esgueiramos para fora, antes de sermos vistos por Cait, Cisco ou Barry, caso algum deles estivesse por lá. Os garotos vieram conosco, alegando que a despedida de Wally estava um saco, bom, foi Isis quem me contou isso, e ela usou a expressão “muito chata”, mas não vejo nem mesmo Wally falando sobre algo ruim dessa forma.

Connor andava alguns passos atrás de mim, ele não me disse nada desde que nos encontramos. Imagino como foi para ele me ver em campo, nem mesmo antes de namorarmos Con assistia aos meus treinos com frequência, e nas raras vezes em que assistiu, parecia torturado, sempre que eu levava algum golpe ou me machucava de alguma forma. Confesso que estava apavorada antes de tudo começar, mas treino a tanto tempo com Wally que no fim das contas meu corpo reagiu instintivamente, e a adrenalina é incrível, preciso contar a Felicity.

—Robin, explique aos outros qual a situação. –escuto a voz de Sara, assim que estamos fora do laboratório.

—Bille Hong... –Damian e eu falamos juntos, ele se cala e assente para mim, me incentivando a continuar. –Mais conhecido como Trapaceiro, anda fornecendo bombas a marginais de baixo escalão, explosivos potentes sendo usados para abrir portas, ou arrombar cofres de postos de gasolina. Bille não tem descrito com precisão a real potência ou proporção delas.

—Esse doido de pedra, vai acabar explodindo uma das cidades. –Isis comenta, fazendo o gesto de uma grande explosão com as mãos.

—Rastreamos todos os explosivos espalhados, os últimos nos levaram a Gotham, onde descobrimos a origem deles. –continuo a explicar. –Bem aqui, Central City.

Depois de um curso intensivo, dado por Dick e Damian, sobre como usar o cinto de utilidades, Wally levou minha mochila para a casa da Babs, e já posso usar os equipamentos no cinto para minhas pesquisas, hakiamentos, ou para rastrear algo. Abro um dispositivo com imagem 3D, mostrando o caminho até o esconderijo de Bille. Não deveria estar gostando tanto quanto estou de fazer isso, nem me importo mais com essa roupa extravagante.

—Vamos ter que nos dividir. –Connor se aproxima para estudar o mapa. –Uma equipe precisa fazer o reconhecimento, Flash e mais um...

—Levo o Batman. –Wally se pronuncia.

—Vamos logo fazer o obvio. –Babs aponta para o mapa. –Asa Noturna e eu vamos por cima, Robin macho e a Arqueira ali, cobrem a trilha por baixo, e Arqueiro Verde e Robin fêmea seguem em frente, e ficam na retaguarda. –os meninos olham para ela incomodados. –Não finjam que não queriam ir com elas. –aponta para Connor e Damian, depois se iça para o prédio mais próximo.

—Está honrando o manto. –Dick me elogia, antes de seguir a esposa, e sinto minhas bochechas queimarem.

—Toma cuidado. –Sara diz, passando o braço ao redor do pescoço de Wally que assente reforçando o conselho da noiva, e os dois desaparecem. Nem mesmo ouvi Damian e Isis saírem.

—Eu ainda não sei usar esses ganchos direito. –digo ao Connor, que se vira em minha direção e me puxa para um abraço apertado, é instantâneo, meus olhos se fecham assim que sinto seu corpo contra o meu, respiro fundo o seu cheiro e o sinto fazer o mesmo, depois se afasta me olhando com cuidado.

—Você está bem?

—Estou, nem um arranhão. –garanto, então ele sorri, pegando uma flecha no arco e a mirando em um dos prédios. Connor passa o braço ao redor da minha cintura e nos içamos juntos. –Não vai falar mais nada? –questiono surpresa, quando estamos em segurança no alto do prédio.

—Luna, não vou te tratar como uma donzela, não precisa esperar isso de mim. –responde tranquilamente. –E você não é minha propriedade para que eu fique julgando os seus atos. –ele mira no próximo prédio, e repetimos todo o processo. -Minha estratégia sempre foi estar por perto e te proteger. Eu estou bem aqui, e vou fazer exatamente isso.

—Obrigada. –respondo, chega a ser absurdo a imensidão do meu amor por ele, e o amo ainda mais por essas pequenas partes de sua personalidade, que sempre me encantam. –Pensei que estivesse bravo, ou algo do tipo.

Nós ficamos no prédio de frente para o local que seria invadido, e começamos a montar base ali. Connor se agacha com a porta do galpão sobre a mira de seu arco, eu paro a seu lado, invadindo os sistemas internos do prédio. Ele lança uma flecha na porta, no mesmo momento que Isis e Damian se aproximam para entrar, e Barbara e Dick balançam diretamente para dentro.

—Eu estava em choque. –responde naturalmente, depois de se certificar que os outros não teriam problemas com acesso. Quando volta a falar seus olhos estão no trabalho que estamos fazendo. –Fiquei surpreso ao te ver lutando tão bem, foram golpes precisos, controle total do seu corpo e agilidade realmente impressionante. Você está muito boa. Com todo o duplo sentido. –murmura, já se preparando para entrarmos, no primeiro chamado que recebêssemos. Era estranho vê-lo assim, tão centrado e ainda tão ele.

—Wally diz que preciso ser mais rápida, vive me cobrando isso.

—Ele é o Flash, amor. Qualquer um é lento para ele. –Connor responde, mas algo em meu braço me chama atenção.

—Muito previsível. –falo quando vejo pontos em vermelho no visor do meu dispositivo. –Robin. –chamo através do comunicador.

‘Na escuta.’

—Não se mova, nenhum de vocês. Estou mandando a planta com o explosivos ativados.

‘O Trapaceiro precisa inovar.’ Escuto a voz de Wally. ‘Sempre quer mandar tudo pelos ares, fica chato depois de alguns anos.’

‘Robin, vou precisar de ajuda para desativar.’ Era estranho ser chamada de Robin, pelo Robin. Mas Connor já havia lançado uma flecha com cabo, e estende a mão em minha direção.

—Delivery de Harker chegando. –responde enquanto deslizávamos. Connor nos iça sobre as luzes e detectores de movimentos no chão, aterrissando em um local seguro onde Damian já estava a posto com Isis ao seu lado.

—Onde estão os Asas, Flash e Batman? – pergunto. enquanto começamos a detectar os pontos onde os detonadores estavam espalhados.

—Esperando nossas coordenadas. – aponta para a tela 3D onde quatro pontinhos estavam espalhados pelo prédio.

—Vamos nos juntar a eles. –Connor sai sendo seguido pela irmã.

‘Alguém sabe do Trapaceiro?’ Batman/Sara pergunta.

—Não está no prédio, a leitura térmica mostra que somos só nós. – Damian explica enquanto tento achar o sinal dos detonadores.

—Rádio talvez? –Damian tenta, enquanto procura alguma coisa mais sem resposta.

‘Isso que e legal nos tipos como o Trapaceiro, ele sempre nos dá uma outra chance de o capturar.’ Filosofa Flash.

—Baixa frequência? – tento, mas nada.

‘Musica? ’ Sara tenta.

—Que tipo de música? Há um grande repertorio. –Damian começa a fazer algumas buscas.

‘Do tipo creep, esse cara sempre me deu uns arrepios.’ Revela. ‘Tenta a frequência que aquelas caixinhas de música vibram.’

—Isso é creep. –concordo, ele tornaria algo meigo em perturbado, era a cara desses vilões malucos.

—Tenho que admitir. –Robin ao meu lado indica um gráfico no final da tela. – Bom palpite.

—Estou encaminhado os locais dos explosivos. – respiro fundo aliviada. – Será que podemos em fim, ter uma despedida normal, com tequila?

—A primeira rodada é por minha conta. – ouço Damian ao meu lado.

‘Ei garoto prodígio.’ Dick reclama.

‘Se não quiser, sobra mais para mim.’ Barbara deixa o marido sem fala, o que é uma façanha.

SARA

Não acredito em tudo que fizemos essa noite, tenho que me segurar na parede para não escorregar no chão molhado do banheiro de tanto que estou rindo. -Você está bem? –Wally questiona ao colocar a cabeça para dentro do banheiro.

—Fala que você devolveu o uniforme do Wayne? – tento recuperar o meu folego antes de voltar a rir, como se estivesse afetada pelo gás do riso do coringa.

—Damian pegou o uniforme do morcego e aquela coisa medonha que o Robin usava, e levou com ele. – responde enquanto começa a sua higiene bucal. -Tenho que admitir, nunca pense que acharia morcegos sex. –sorri sugestivamente.

—Credo Wally, isso pareceu um tara de zoofilia. – nojinho, nojinho!

—Eu... não, não, não! – responde em choque, ou tenta se defender.

— Eu sei amor. – saio do boxe, me enrolo na toalha, e vou até ele que tinha uma cara de puro medo. –Estava só brincando com você, sinceramente Wally, as vezes você é tão rápido para umas coisas e tão lento para outras. – balanço a cabeça em descredito.

—Serio, como o que? – eu envolvo seu abdome em um abraço, Wally estava vestindo apena uma calça de moletom, deixando seus músculos superiores todos exposto para a minha felicidade, as vezes era difícil prestar atenção em alguma coisa além disso, mas seus olhos verdes eram páreo duro. –Sara? – Wally me olha no reflexo do espelho, seus lábios estavam curados em um sorriso debochado, e eu pude ver um brilho no canto da minha boca, Deus, eu estava babando por ele.

—O tempo que demorou para me chamar para sair, tínhamos quantos anos, quatorze, quinze anos? - tento retomar a linha de raciocínio, uma tarefa difícil com aquilo tudo a minha frente.

—E o medo do velho Diggle, não conta? –se justifica virando de frente para mim, apoiando as costas na pia do banheiro, e eram os seus braços que estavam em volta da minha cintura agora.

—Meu pai te adora, desde sempre. Você lembra de quando éramos pequenos, toda vez que fazíamos alguma coisa juntos, todos os velhos ficavam trocando sorrisos, até que um dia que Connor perguntou em voz alta ‘Por que isso é tão engraçado?’, depois disso eles se controlaram um pouco.

Me lembro das vezes que tia Iris, Fel e minha mãe suspiravam quando fazíamos alguma coisa fofa juntos, nem sempre racional. Como a vez em que tio Ollie acendeu uma fogueira no quintal, assamos marshmallows, contamos histórias de terror, e acampamos do lado de fora de casa, lembro que Wally estava tão exausto que dormiu encostado em meu ombro, escorregou e acabou caindo no meu colo. Lembro que Fel estava tão eufórica que voltou correndo para dentro da casa para pegar um celular e tirar uma foto, claro que empurrei Wally do meu colo antes que ela voltasse, mas em minha defesa foi com dor no coração.

—O que te fez perder o medo e me convidar? –pergunto, hipnotizada por seus olhos verdes.

—Connor. – espero que conclua. –Disse que um colega dele iria vir te pedir em namoro. –murmura enojado.

—Quem era o cara? – pergunto curiosa, eu não conhecia essa história.

—Um tal de Spavist, acho que era esse o nome. – tento puxar pela memória algum amigo de Connor com esse nome, mas nada.

—Conheci o Spencer. – lembro do garoto moreno de cabelos crespos. –Mas não lembro de Spavist.

— É esse tal de Spencer. – tem uma chama no olhar. –Você conheceu ele?

—Não pode ser Spencer. –não posso evitar de rir.

—Como não?

—Ele é gay. – sorrio. – Casou com um colega de escola enquanto estive servindo. –explico. –Lembro que os dois sofreram muito para que as famílias aceitassem o relacionamento.

—Aquele filho... – Wally começa.

—Nem xinga a Sandra. –sei qual era a linha de raciocínio. –Connor só te deu uma forcinha. –recrimino com um pequeno selinho. –Se não fosse esse empurrão ainda estaríamos naquela enrolação digna dos Queen’s.

—Eu era uma criança. – se defende, me fazendo dar risada.

—Claro.

—Então por que você não me convidou? – joga a bomba nas minhas mãos.

—O que passou, passou. – dou de ombros para esconder o fato que morria de vergonha de convidar Wally para sair.

—Claro. – sorri me pegando no colo e me levando para a cama.

-Não deveríamos deixar para amanhã?

—Não deixo para manhã você que posso amar hoje. –sorri me olhando maliciosamente.

—Você já pensou como vai ser? – tento distrai-lo, parece funcionar por que agora a uma interrogação tatuada em sua face. – Nós, o nosso futuro.

— Tipo, além de estarmos casados, e tudo mais? – puxa o travesseiro ao lado do meu corpo e deita ali de barriga para baixo, sem desviar o olhar.

—É, sabe, como vai ser nossa vida?

—Daqui quanto tempo?

—Sei lá, cinco anos? – parecia um tempo razoável.

—Cinco anos... Vamos morar em uma casa bem grande. – sorri feito um menino. – Um cachorro, adoro cachorros, acho bom para os meninos crescerem com um animal, ajuda a desenvolver o sistema imunológico.

—Meninos? Quantos? – pergunto desconfiada, falamos de filhos, na verdade nunca falamos sobre futuro, sempre pareceu estarmos tão unidos que era natural, mas mesmo assim era estranho aos ouvidos.

—Não sei. Três? Uma menina e dois meninos? – tenta. –Mas talvez seja legal duas meninas e um menino. Ou quem sabe quatro. – seus olhos brilhavam. –Você quer mais? – sorri feito uma criança.

—Em cindo anos? Wally acho que não dou conta. –tento fazer as contas da média entre cada gestação.

—Não cinco, dez talvez. –sorri, na tentativa de me convencer.

—Doze, acho melhor. – concorda feliz com a cabeça. – Tem uma coisa. – nunca tinha falado antes. – Quero adotar uma criança. –espero que ele fale algo, mas fica quieto por um longo tempo.

—Eu também, mas não sabia como abordar o assunto, nunca nem tínhamos falado em filhos. – concordo, acariciando o seu rosto. – Então como vai ser a nossa casa?

Passamos boa parte da noite fazendo planos para o nosso novo futuro, de como os filhos da Luna e do Connor seriam os melhores amigos dos nosso filhos, e como Isis e Damian seriam uma mistura de enjoados e encantadores de uma maneira impossível, mas que daria muito certo nessa nova formula. Apostamos quem seriam os próximos a casar, Luna e Connor, discordando apenas no tempo que levaria, ele apostou de um a dois anos e eu três a cinco. Preciso conversar com Luna, a aposta foi alta, quem acertasse poderia escolher o nome de todos os nossos futuros filhos. Apostamos que tia Fel e tio Ollie iriam traumatizar os netos e os sobrinhos netos também. Tia Iris iria ganhar outro Pellets e que Lois iria disputar com ela esse prêmio. E por fim apostamos quem de iria brigar primeiro depois que trocássemos as alianças, ele apostou em mim, não tive contraproposta. No final estávamos exaustos, mas ansiosos demais para dormir, até que não conseguimos mais e sucumbimos a exaustão.

—Bom dia, meu amor. –escuto a voz de Wally, e abro meus olhos com dificuldade, a primeira coisa que vejo é seu rosto lindo, com um sorriso imenso nos lábios. –Hoje, você se torna Sara West. –sorrio sem poder evitar, me parece perfeito.