Ali ficava claro que a dor dela estava vindo a tona, depois de todo choque e susto do momento, apenas as lembranças do momento terrível que havia passado. Eu a deixei chorar sabendo que, agora, era pela raiva, por tudo, antes fora realmente o susto, agora o ódio começava a aflorar.
Só que eu estava apenas deduzindo, e, no fundo, eu cruzava os dedos para que estivesse certo, porque se fosse realmente assim, depois do choro, e talvez depois de alguns gritos, a dor ia começar a passar, mesmo lentamente, mesmo no início parecendo não mudar nada, iria passando.
O problema é que eu não poderia ler seus pensamentos, então, que eu estivesse certo.
E, por horas eu acredito, mesmo que poucas, ela ficou assim, os olhos novamente inchados e soluços escapando a cada momento, sua cabeça latejava, mas ela não conseguia dormir nem parar de chorar. Ela estava despejando tudo.
- Não é justo – ela sussurrou agarrando minha camisa, já molhada por suas lágrimas.
- Não, não é – eu concordei com ela, não havia nada de justo.
Mas quem disse que a vida é justa?

Era tarde quando ela havia parado, eu apenas levantei para trancar a porta e Rosalie já se mexeu na cama, coçando os olhos inchados ela me encarou e eu dei um fraco sorriso. Com a porta trancada pelo menos meus pais não me incomodariam, e nós poderíamos dormir um pouco mais. Rapidamente voltei para a cama, pegando antes uma coberta porque estava esfriando, joguei sobre ela e me deitei para que Rosalie voltasse a me abraçar, como antes.
No pouco tempo que havíamos passado assim eu acabei descobrindo que era a melhor sensação do mundo – tê-la em meus braços dessa maneira.