Não lhe surpreendeu ver Emmett abrindo os olhos assim que ouviu os resmungos da filha, e se emocionou ao ver como os olhos dele brilhavam de vontade de ficar novamente com sua pequena princesa. A adoração que Emmett tinha pela filha era quase palpável, e com Elle não era diferente, ela se jogou para frente nos braços da mãe, pedindo o colo de seu papai, que não podia se conter de ganas de abraçá-la e niná-la.

- Que saudade, minha princesa – ele murmurou pegando a menina no colo e deitando-a sobre seu peito.

Mas Elle não queria saber de ficar deitada, ela ergueu seu rostinho e encarou o pai, dando um sorriso banguela que o fez rir, logo se jogou para frente lhe dando um beijo babado, que fazia Emmett se deliciar.

- Parece que faz anos que vocês não se vêem – comentou Rosalie, com ciúmes da dedicação que sua filha tinha pelo pai.

- Não fale assim – ele a olhou de canto e gargalhou, esticando a mão para puxá-la para perto. – Quando voltarmos para casa, eu vou ser todo seu – ela sorriu sentindo as bochechas corarem, não havia motivo para isso, afinal eram casados, mas havia uma timidez que ela não conseguia controlar em certos lugares, como ali, estavam em um lugar público e qualquer um poderia ouvi-los, e ela certamente não queria que a ouvissem falando sobre suas intimidades com seu marido, ainda mais tendo sua filha entre eles.

- O médico já disse quando você vai poder voltar? – ela perguntou acariciando o rosto babado de Emmett.

- Logo – ele suspirou chamando-a para um beijo. – Espero que isso signifique que já estou quase pronto para voltar para casa!

- Não me olhe desse jeito – ela riu – porque você sabe que voltar para casa não vai mudar muita coisa, você vai continuar de licença do trabalho e tendo de fazer a fisioterapia.

- Mas eu vou poder passar todas as minhas noites com você!

Ela gargalhou maneando a cabeça, ele não tinha jeito mesmo.

E quando o dia de voltar para casa finalmente chegou, Emmett não podia se conter de ansiedade, foram meses longe de sua casa, semanas deitado naquela cama estreita e desconfortável do hospital, dias e dias de intensa fisioterapia e agora ali estava ele, de volta em casa. Não estava bem ainda, mas já podia dar curtas caminhadas e não precisava de ajuda para tudo que quisesse fazer.

- Sua mãe quer passar uns dias aqui – Rosalie comentou abrindo a porta de casa para que entrassem. Emmett vinha a passos lentos, segurando a filha no colo, enquanto ao seu lado Victor vinha com seus passos apressados e um sorriso no rosto, o menino podia ser mais apegado a mãe, mas sentira tanta falta do pai quanto sua irmã.

- Não – foi a resposta definitiva dele.

Não queria ninguém interferindo em sua vida de casado, não estava inválido e ele e Rosalie poderiam se virar sozinhos. Odiava que o tratassem como um incapaz, como se não pudesse fazer as coisas por si próprio.

Sabendo disso, conhecendo o sentimento que seu marido abrigava, Rosalie não quis discutir, depois ele que se entendesse com a mãe.

- Agora me dê ela – pediu Rose antes de entrarem em casa.

Fazendo uma careta, Emmett passou a filha para os braços da mãe, mesmo Elle resmungando para ficar no colo dele, o que o fez rir enquanto Rosalie revirava os olhos.

- Ela já vai ficar com você – Rosalie disse a contra gosto, enquanto todos entravam em casa.

Com um suspiro, Emmett se sentiu aliviado por estar novamente em casa, e vendo que ali tudo permanecia igual só o fez se sentir mais tranquilo. Desde o início temia que ao sair para a guerra, quando voltasse as coisas não seriam como antes.

De fato para ele não seriam, os pesadelos com o que acontecera ainda o incomodavam durante a noite, e algumas imagens ele não poderia simplesmente esquecer, assim como o dano em sua perna. Mas sua casa continuava ali, sua família, seus filhos, sua esposa... Isso lhe dava tamanha tranquilidade e o fazia acreditar que de agora em diante tudo correria bem.

Aproximou-se da escada pronto para ir para o quarto, mas um pigarro o fez se virar para encarar uma Rosalie séria com uma sobrancelha arqueada, cara que ela só fazia quando ele estava fazendo alguma coisa errada.

- O que foi? – perguntou com o cenho franzido.

- Você realmente acha que vai ficar subindo e descendo as escadas com essa perna machucada? – ela perguntou se aproximando, pôs Elle no cercadinho que havia na sala, e mesmo a menina resmungando, ela não pôde fazer sua vontade. Tinha que cuidar de uma criança maior no momento. – Vem, nós vamos dormir aqui embaixo a partir de agora.

- Desde quando? – ele perguntou não se movendo. – Nem quando você estava grávida nós ficamos aqui embaixo!

- Eu estava grávida, não tinha uma perna seriamente machucada, não estava fazendo fisioterapia nem quase morri – ela retrucou erguendo a voz mesmo sem perceber.

- Você odeia ficar aqui embaixo – ele disse a encarando.

- Não – ela respondeu o abraçando. – Eu só dizia isso porque eu gosto do nosso quarto, mas dessa vez não é questão de escolher, querido – beijando seu rosto, ela tentava amansá-lo. – Só vai prejudicar a sua recuperação se tivermos que ficar subindo e descendo essas escadas todos os dias.

Bufando ele revirou os olhos, sabia que ela tinha razão e queria se ver livre das muletas o mais rápido possível, mesmo que isso envolvesse se mudar para um quarto menor e ficar restrito das coisas.

- Então onde nós vamos dormir?

- No quarto que estava fechado aqui embaixo – ela respondeu levando-o para lá. Só parou para chamar os filhos, aquela noite era da sua família, e queria mais que tudo dormir abraçada a Emmett e aos filhos, sentir que sua família estava de volta, que tudo estava se encaixando e voltariam a ser como era antes da maldita guerra que quase os separou.

Deixando as reclamações de lado, pouco depois estavam os quatro na cama de casal, Rosalie ao lado de Emmett, a pequena Elle sobre o peito do pai e Victor abraçado a mãe.

- Cada noite naquele hospital eu sonhava com isso – Emmett lhe sussurrou, uma mão apoiada sobre as costas de Elle de modo protetor, e a outra sendo enlaçada a de sua mulher.

- Dessa vez não é um sonho – murmurou Rosalie o encarando e sorriu com os olhos aguados, porque ela também só havia sonhado com aquele momento desde que Emmett saíra para ir para a guerra. – E nós não vamos mais nos separar – disse unindo seus lábios aos dele.

Era uma promessa.