PDV Esme

Saímos da balada. Estávamos no carro. Carlisle estava com ciúmes de mim! Não é a primeira vez que ele sente isso, e eu confesso que sou ciumenta, mas ele ficava lindo com ciúmes! Sinceramente, gosto dessa ideia dele de me proteger.

Para ele, eu digo que sei me cuidar e tal. Mas para mim é a coisa mais linda do mundo saber que ele tem tanto cuidado comigo, como se eu fosse quebrar se caísse, como uma bonequinha de porcelana.

Na verdade fui tão mal tratada quando era humana, que quando o conheci, chegava a ficar confusa pela forma tão delicada que ele me tocava, me beijava. Mas às vezes, gostamos de mais agressivadade um com o outro, e esse jogo eu posso vencer.

- Sabe, deveríamos fazer isso mais vezes. - Carlisle disse me fazendo voltar a realidade.

- Esse cargo de avós, pais, adultos, não nos deixa descansar. - confessei.

- Mas apesar de tudo, eu não mudaria nada. Mesmo que trabalhoso, acho nossa família perfeita, para nós. - sorri.

- Eu também. - respondi. - é só que às vezes, eu queria apenas ser uma mulher de 26 anos, com meu maridinho.

- Que maridinho? - ele riu.

- Ah você o conhece muito bem. Médico, louro, alto, forte... - suspirei. - gostoso... - sussurrei baixinho.

- Gostoso é? - o olhei envergonhada.

- É você, sabe, não é... quero dizer... você entendeu.

- Está com vergonha? - ele perguntou incrédulo.

- Não é vergonha, é sei lá, acho que nunca lhe chamei de "gostoso" a não ser na cama. - ri ainda constrangida, mas divertida.

- Ah na cama não é? - o olhei. - quando você pede por mais! - ele riu.

- Carlisle! - bati em seu braço rindo.

- O que é? Estamos só nós dois aqui. Vai dizer que você não fica pedindo mais?

- Ta bom, isso não se discute , se pratica. - respondi sorrindo.

- E você ama "praticar" não é Sr. Cullen?

- Você é um palhacinho. - sorri sem graça. Me aproximei dele, encostando minha boca em sua orelha. - meu palhacinho. - sussurrei. Ele sorriu e me afastei.

Ele continuou a dirigir. A estrada estava escura. Carlisle dirigia em velocidade, mas calmo. Foi quando do nada uma mulher apareceu na frente da pista, se jogando no carro.

Tudo o que vi foram seu olhos vermelhos presos em Carlisle. E então tudo aconteceu em uma fração de segundos.

O carro rodopiou pela pista. Ele tentou parar. A mulher, vampira, caiu na pista. Nos dois chacoalhamos. Tudo o que consegui pensar foi que pelo menos, não nos machucaríamos. Mas então olhei para o lado.

Carlisle estava desmaiado. A cabeça jogada sob o volante. Senti meu peito se apertar e o desespero se espalhar por mim.

- Carlisle! Carlisle! - o gritei, o balançando pelos ombros e o recostando no banco. - Carlisle! Por favor! - o chamei mais uma vez, mas ele estava imóvel a não ser pelos meus agitos. Sem entender, comecei a soluçar sem parar.

Isso não podia estar acontecendo. Ele não podia ir. Eu não poderia viver sem ele, eu não saberia. Ele não podia me deixar sozinha.

Olhei para a estrada e a vampira não estava mais lá. Por que? Por que ela tinha que fazer isso? O que fizemos para ela?

Soltei do carro tremendo. Estava sozinha. Meu marido vampiro desacordado. Era de noite. Tudo escuro. Tudo sem sentido.

Peguei meu celular.

- Mãe? Cadê vocês? Estamos super preocupados! - disse Rosalie do outro lado da linha.

- Estou bem. - disse engasgando.

- O que está acontecendo? - ela perguntou preocupada.

- Sofremos um acidente. E seu pai Rosalie... - solucei mais uma vez. - não acorda. Estou desesperada. Me ajuda, por favor.

- Tudo bem, onde estão?

- Há uns 15 km de casa. Venham logo.

- Ok. - ela desligou.

Me aproximei do carro de novo e Carlisle ainda não tinha acordado.

- Amor, não faz isso comigo, não. - engasgei mais uma vez, acariciando seu cabelo.

Em alguns minutos, Rosalie, Emmet, Bella e Edward estavam lá.

- Pai!! - Rosalie gritou. Ela correu até o carro. - pai acorda! Pelo amor de Deus! Pai! - ela segurou a mão dele.

Edward se aproximou também. E olhou o corpo de Carlisle com uma expressão de tristeza.

Meu mundo se iluminou de novo quando ele abriu os olhos. Ufa.

- Carlisle! - corri em direção à ele. O abraçando forte. Ele apenas apoiou as mãos em minhas costas. Ainda estava atordoado para corresponder a minhas explosões.

- O que aconteceu? - ele perguntou colocando a mão na cabeça. - Nossa.

- Sofremos um acidente, mas estamos bem. Vamos para casa, eu te explico tudo.

- Que casa? Quem são vocês? Por que eu estou aqui? - ele perguntou. Mais uma vez, a angustia invadiu meu peito.

- Pai, você já nos deu muitos sustos hoje. Vamos. - disse Bella acenando com a mão.

- Não é mentira. - disse Edward. - ele não faz ideia de quem somos.

- O quê? - perguntei alarmada.

- Aminésia, mãe. - disse Emmet. - sabe, perder a memória...

- Ela sabe o que é isso Emmet. - retrucou Edward.

- Não custa nada tentar. - Ele respondeu.

- Carlisle. - prosseguiu Edward. - Sou Edward. Esta é a Esme. - ele me indicou.- A Bella, minha esposa; e Rosalie e Emmet meus irmãos.

- Seus filhos. - se apressou Bella.

- Filhos? Eu não posso ter filhos, sou vampiro e parece que vocês também, não sinto cheiro de sangue...

- Somos sim. - falei. - Carlisle, você está muito confuso. Venha para nossa casa. Deixa eu te explicar tudo o que está acontecendo. - ele assentiu e entrou no carro, que sofreu apenas alguns arranhões com o acidente.

Comecei a dirigir. Fomos a uma distância segura dos nossos, agora, meus filhos. Pela primeira vez, o silêncio entre nós era desconfortavel.

Por que eu fingia que isso era normal? Por que eu não o chocalhava pelos ombros como fiz para que acordasse, e o fizesse lembrar de mim? Da nossa vida? De todos aqueles momento que eu jurei que ficariam para sempre.

Pelo menos, em mim.