Semanas depois...

Pov's Michael

Já era quase final do mês e fazia semanas que Raquel havia embora.Tive medo que ela fosse pedir divórcio,mas até agora não falou nada.

Eu não comia e nem dormia direito,o que me deixava com uma aparência lamentável.Eu estava no trabalho e hoje,as pessoas que viam meu estado,ficaram com pena.

Ouvi o sino soar e ergui meu olhar,me surpreendendo ao ver Letty entrar com Flávia e Mia.

—Nossa!-Letty fez uma careta ao ver minha cara-Você está péssimo!Parece um mendigo!

—Bom ver você também-ironizei,saindo de trás da bancada.

—Tio Mical,você e Tia Laquel bligalam?-perguntou Mia triste.Ela ainda era muita nova para falar correto.

—Não meu amor,a sua tia não se lembra de mim por causa do acidente.Ela precisa de um tempo-expliquei.

—Vocês vão se separar?-questionou Flávia.

—Filha!-repreendeu Letty-Desculpa Michael.

—Não,tá tudo bem-alertei,me abaixando para ficar da altura de Flávia-Não querida,eu não vou me separar da sua tia.Eu vou lutar por ela.

—Meninas,vão lá pra trás brincar com os bichinhos-ordenou Letty e as meninas obedeceram,indo para os fundos-Raquel sente sua falta.

Franzi a testa confuso.

—Ela nem se lembra de mim-alertei.

—Eu sei,mas ela sonha com você todos os dias,ela me contou-respondeu,o que me surpreendeu-Falei isso para Bella e ela disse que isso é bom,pois significa que as memórias de Raquel não foram apagadas,mas sim trancadas.Só precisa achar um jeito de retirá-las outra vez.

Senti uma pontada de esperança crescer dentro de mim.

—Já tentou reativar a memória dela?-indagou arqueando uma sobrancelha.

—Levei ela no salão de festa em que você fez seu casamento,mas não deu certo-lamentei.

—E já desistiu na 1°tentativa!?!-se indignou-Não vai ser fácil,Michael.O acidente de Raquel foi feio!

Suspirei.

—O que devo fazer?-perguntei.

—Faça tudo o que fez anos atrás-explicou-Como se estivessem se conhecendo novamente.

(...)

No domingo...

Toquei a campanhia da casa dos Ryder.Eu não vinha para o churrasco que eles estavam organizando,mas meus sogros insistiram muito.

A porta foi aberta.

—Michael!-sorriu Punzi me abraçando e se afastando em seguida-Vamos,entre!

—Opa!-deixei escapar quando Flávia e Mia abraçaram minhas pernas.

As meninas sorriram pra mim e em seguida,correram,voltando a brincar.

—Cadê a Raquel?-indaguei curioso.

—Ainda não desceu-respondeu-Entre.Fique a vontade.

(...)

No jardim dos fundos...

Desci as escadas,vendo que estavam todos reunidos.Uau.

—Brown!-chamou Ricardo se aproximando e me abraçando pelos ombros-Vem!O pessoal está ali!

O pessoal que ele se referiu,era Robert,seu irmão,Emily,sua esposa,Gabriela Strondus e Harry Sangue Bravo.Depois de Letty e Felipe,eles eram meus amigos mais próximos.

—Nossa,você está péssimo-comentou Emily fazendo uma careta.

—Força Michael!-incentivou Gaby.

—Aconselho que melhore esse visual-alertou Harry-Afinal,não vai querer reconquistar Raquel vestido de mendigo,né?

—Você andou conversando com a Letícia?-deduzi arqueando uma sobrancelha.

—Estamos com você,cara-afirmou Robert,pondo a mão em meu ombro-Em qualquer situação.

—É...Michael-Emily apontou para atrás de mim.

Virei-me e me surpreendi,ao ver Raquel descendo as escadas,completamente linda.

Ela me viu e paralisou.

—Vai lá-ouvi Ricardo incentivar e nem pensei duas vezes,antes de caminhar até Raquel.

Quando me aproximei da minha esposa,percebi que ela me encarava com um certo temor.

—Você não tem medo de mim-afirmei-É que não está acostumada a ficar perto de homens bonitos como eu,certo?

—O que?-arregalou os olhos,corando violentamente-Como você...?

—Você falou isso pra mim quando nos conhecemos-expliquei.

Ela abraçou o próprio corpo.

—Eu não esperava te ver por aqui-confessou.

—Seus pais me convidaram-respondi-Eu não vim te pressionar,só quero conversar.

Ela me encarou receosa,mas assentiu com a cabeça,cedendo.

—Eu quero começar tudo de novo,como se estivéssemos nos conhecendo.Acho que isso pode recuperar a sua memória-declarei-Então...você aceitaria sair comigo?

Ela arregalou os olhos surpresa.

—Você pode recusar se quiser-alarmei.

—Não,eu aceito-garantiu,o que me fez meu coração bater mais rápido-Pode ser na sexta da semana que vem?

—Pode!-confirmei animado.

—Ok então-deu um sorriso.

Ela se virou e se afastou.Aproveitei que ela estava de costas e dancei,comemorando.

(...)

Na outra semana...

Apertei a campanhia,enquanto minhas mãos suavam de tanto nervosismo.

A porta abriu e me surpreendi ao ver Raquel,tão linda e bem arrumada.

—Você está linda-afirmei.

—Obrigada-agradeceu corada-Vamos?

Assenti e ela fechou a porta.Caminhamos juntos até o meu carro.

Abri a porta pra ela,que sorriu com o meu cavalheirismo e entrou.Dei a volta,para entrar também.

—Preciso chegar antes das dez da manhã-alertou enquanto eu entrava no quarto.

Arregalei os olhos chocado.Ela falou a mesma coisa no nosso primeiro encontro.

—Oh meu Deus!-deixei escapar.

—O que?-perguntou assustada.

Droga!Precisava disfarçar!

—É...primeiro encontro e já está se convidando para passar à noite?-questionei incrédulo.

—O que?-arregalou os olhos,corando.

—Sei lá,eu estou escandalizado,só isso-dei de ombros antes de fechar a porta do carro.

(...)

Estacionei o carro em frente à lanchonete e vi pela minha visão periférica,que Raquel estava surpresa.

—Esse...é o meu lugar favorito pra comer-alertou.

Dei um sorrisinho.

—Eu sei-declarei abrindo a porta do carro.

(...)

Já havíamos feito os pedidos e estávamos só aguardando a comida.

—Como sabia que esse era o meu lugar favorito?-indagou curiosa.

—Quando a gente se conheceu,tinha pedido algumas informações sobre você,através de Letty e Felipe-justifiquei-Eu já sabia que você gostava desse lugar.

—Bom,já que você é "meu marido",você me conhece-comentou-Mas eu não conheço você.

"Você não se lembra-corrigi mentalmente".

—Bom,meu nome é Michael Dunbrooch Brown,tenho 26 anos e nasci aqui mesmo,em Boston-comecei-Sou formado em medicina veterinária e tenho uma clínica,mas isso você já sabia.

Ela riu,assentindo.

—Bom,sou primo da Letty,porque minha mãe era prima da mãe dela,ela se chamava Katherine,ela era tão linda-confessei-Mas ela morreu,foi assassinada por engano.

Ela soltou um som de espanto.

—Como assim!?!-questionou.

Suspirei derrotado.

—Meu pai era viciado em drogas e ficou devendo-respondi-O alvo era ele,mas a minha mãe estava com o carro dele.O vidro da janela estava fechado,mas dispararam mesmo assim.

—Eu sinto muito-lamentou com pena,enquanto a garçonete botava nossos hambúrgueres e os refrigerantes na mesa.

—Mudando de assunto:Como está indo a galeria?-indaguei entusiasmado,enquanto eu tomava um gole do refrigerante.

—Eu vou vendê-la-declarou.

Arregalei os olhos,quase cuspindo o refrigerante.

—O que!?!-me indignei-Mas porque!?!

—Eu não lembro de nada de útil para cuidar daquele lugar,Michael!-justificou-E se eu não me lembro,ele vai a falência logo.É melhor eu vender de uma vez e evitar essa dor de cabeça.

Me encostei no banco,murcho.

—Okay então-murmurei.

(...)

Horas depois...

Depois que deixei Raquel em casa,voltei pra minha angustiado e não parava de andar pela a sala.

O que vou fazer?Ela ama aquele lugar,mas ela não se lembra!Droga!As coisas só estão piorando e eu não consegui nada até agora!

Ouvi a campanhia tocar,o que me confundiu.

Quem será a essa hora?

Caminhei até a porta e girei a maçaneta,abrindo-a.

Arregalei os olhos chocado.

—Pai!?!-exclamei assustado.

Ele sorriu minimamente.

—Oi filho.