Paper Lanterns

Homecoming (Epílogo)


Nos portões do aeroporto, um táxi me esperava. Ray e Mikey continuaram no avião, em direção à Nova Iorque, onde moravam agora. Aquela turnê foi bem cansativa, mas só de ver os meninos e a alegria dos fãs fazia tudo valer a pena. Bob e Gerard ficaram ainda algum tempo no saguão esperando o avião do Mindless Self Indulgence chegar. Eu tinha que ir para casa, há tempos eu não sabia o que era tomar um banho decente. Entrei no táxi.

– Amigo, vamos para Neward, Nova Jérsei.

– O senhor mora lá, é?

– Sim.

– Eu também.

Ficamos em silencio depois, mas meus pensamentos não paravam. Também liguei meu iPod. Música é a melhor companhia para uma viagem de volta, mesmo que você esteja voltando de uma turnê mundial. Coloquei o primeiro cd do Green Day para tocar. No fundo eu ainda sou o mesmo, mesmo depois de 10 anos.

Ai ai, dez anos... Ontem mesmo, estava me lembrando daquela noite no baile, do concurso, das lanternas de papel, dela. Depois de alguns anos, Bob se tornou nosso baterista oficial. Jamia resolveu parar para se dedicar a faculdade de cinema, quando a banda estava ficando mais séria. Ai, Jamia... Quanta saudade daquela garota...


Estávamos quase lá. O taxista resolveu puxar assunto de novo.

– Você é guitarrista daquela banda, o My Chemical Romance, né?

– Sou. - falei segurando a velha Pansy, já cansada de tocar, mas a melhor guitarra que já tive. Eu não ia para uma turnê sem ela.

– Minhas filhas gostam muito da sua banda.

– Obrigado, isso é muito importante para a gente.

– Aqui é o seu ponto, mas antes de ir, será que o senhor poderia me dar um autógrafo?

– Claro! Eh, como é mesmo o seu nome?

– É Pete. Ah, nem acredito que tem gente famosa no meu táxi. Eu ainda tenho uma banda, dos tempos de escola. Se o senhor quiser falar com seus produtores, nós poderíamos...

– Aqui seu autógrafo, seu Pete. E o dinheiro. Pode ficar com o troco.

– Ah, obrigado, Frank, as meninas vão ficar felizes.

– Assim espero, manda um beijo pra elas. Tchau cara... Hm... boa sorte!

– Valeu! Desculpa qualquer coisa...

Saí do táxi. Pelo visto Jérsei continua a mesma. Eu morava no mesmo apartamento ainda. Quando minhas condições foram melhorando, comprei um apartamento pra minha mãe em NY. Mas eu não podia sair de Jérsei.

Subi no elevador. Estava tocando "Paper Lanterns" do Green Day no iPod. Comecei a prestar atenção no refrão da música. "And to this day I'm asking why I still think about you". E hoje eu me pergunto por que eu ainda penso em você...


– É porque você me ama, seu bobo! - a porta de casa se abriu sem que eu virasse a chave. – Pensando alto, é?

– JAMIA! Que saudade! - abracei-a possessivamente - Aquela turnê parecia uma eternidade sem você por perto!

– É, eu sei como foi demorada, mas é isso que dá ter um marido rockstar... - ela me beijou.

– Eu tava com saudades. – sorri

– Eu tava com mais. – ela sussurrou ao meu ouvido e foi beijando o meu pescoço, subindo de leve para a boca.

Os beijos foram ficando mais intensos. Fomos para o sofá. Tudo era como há dez anos atrás.


– Mamãe! A Cherry derramou coca-cola na minha cama! - rapidamente nos ajeitamos

– Mentira, foi a Lily que fez xixi e não quer falar!

– Olha, Cherry, papai voltou de viagem!

– Papaaai!


Quero dizer, quase tudo era como há dez anos atrás... Em cerca de dez segundos, os três amores da minha vida estavam naquele sofá comigo, naquele sofá onde antes doritos e coca cola me faziam companhia. A vida passa rápido, você não pode desistir no meio do percurso.


Continue correndo...

FIM


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.