Paper Lanterns

Emergency Room


Aula de educação física. Eu não tinha nada contra, até era legal para variar das aulas chatas, mas o Gerard odiava, com todas as suas forças. Gerd jogando vôlei era tão gracioso quanto um cavalo nadando. Na verdade, essa era a parte mais legal da aula, ficar observando ele jogar. Quer dizer, agora eu tinha dois passatempos durante a aula de vôlei: rir do Gerard e observar a Jamia, que jogava na quadra ao lado da nossa.

Eu observava cada detalhe. Estava na hora dela sacar. Com o cabelo totalmente preso em um rabo de cavalo ela pegou a bola e quicou-a duas vezes no chão, com seu olhar 47 que eu tanto conhecia. Se posicionou para jogar a bola, colocou pé direito para trás, abaixou a bola de forma que sua bunda ficasse incrivelmente virada para mim, simulou o saque duas vezes e então bateu na bola com toda sua ferocidade. Estava tão entretido com isso que só vi a bola do nosso jogo vindo em nossa direção quando o Gerard deu um berro e já era tarde demais.

- Frank, levanta cara! Você tá me ouvindo? Levanta ou eu vou ter que te beijar...

- Jamia? – minha cabeça doía e as coisas ainda giravam. Senti uma espécie de miojo chegando perto da minha cara. – CARALHO, RAY, SAI DE PERTO DE MIM! O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?

- Viu, Jamia, eu disse que não precisava se preocupar, ninguém resiste ao charme do meu frofro...

- FRAAAANK, VOCÊ ACORDOU! Ah, pensei que tinha ficado viúva. Tá tudo bem com você?

- Na verdade, eu acho que preciso de um abraço, cof cof, DA JAMIA, Raymond.

- Fica tranquila, Jamia, cabeça dura não quebra... – disse o senhor cabelo de miojo, indo jogar três cortes com o Mikey e os outros garotos da sala. Só não estava vendo o Gerd lá. Jamia atendeu a meu pedido de abraço e me colocou com a cabeça deitada em seu colo, mexendo levemente no meu cabelo. Melhor do que pista premium para o show do Green Day. Depois disso, começou a atacar meus lábios. Acho que era um pedido de desculpas por ter me desconcentrado. Ou não.

- Ei, alunos, que pouca vergonha é essa em público? – Nos assustamos muito, mas quando nos viramos, era o Gerard me sacaneando. Ele estava no segundo andar da arquibancada, com a Lindsey.

- HAHAHA, muito engraçado... E vocês, posso saber o que estão fazendo ai?

- Ahn, nada, Frank. Só estava mostrando pro Gerard como se faz um saque daqui. – e jogou uma bola para me mostrar.

A bola caiu um pouco perto do primeiro andar da arquibancada. Gerard se debruçou na gradezinha para tentar pegá-la, mas sua forma física privilegiada não o permitiu tal feito. Sendo assim, Lyn teve que fazer o serviço, e pulou a grade para pegá-la. Acabou tropeçando e ficou sentada lá por uns segundos, o que eu não entendi.

- Joga a bola prá cá, Lyn, quero tentar agora.

- Ai, Gee, não consigo levantar. Acho que quebrei o pé, ou torci o tornozelo.

- Quebrou o pé? MANTENHA A CALMA, QUERIDA, VOU AI TE AJUDAR! AAAAI MEU DEUS, ALGUÉM SOCORRE A LYN, SOCORRO, GENTE!

- Calma, Gerard, não dá pití. A gente já ta indo. – disse Jamia, e me largou lá jogadão no chão para ir socorrer a amiga. Hoje o dia tá demais, né...

Depois da educação física, fui com o Ray e o Mikey ver a Lindsey na enfermaria. Gerard e Jamia estavam lá com ela desde aquela hora.

- Lindsey, você tá bem? Como está a nossa baixista?

- Eu to bem, Ray. Obrigada. Só o pé, que ainda dói, mas é só até eu ir no médico, enfaixar isso aqui.

- Tá brincando? Você tem que tirar raio X, tomografia, exame de sangue...

- Deixa de ser paranoico, Gerd, ela tá bem.

- É verdade Gerard... A enfermeira disse que eu realmente quebrei o pé, mas tá tudo sobre controle.

- Mas gente, e como fica o ensaio na casa do Ray? – eu disse

- Cancela, né? Sem a Lyn a gente não pode tocar, Frank! – disse Gerard.

- Gente, talvez eu poderia... – Mikey tentou falar.

- A não ser que a gente arranje outro baixista, pelo menos só para ensaiar.

- Tipo assim, eu toco baixo... – Mikey tentou outra vez.

- Frank, você tá maluco? Não dá pra achar outro baixista.

- Mas foi você que... – eu tentei falar.

- Onde eu vou encontrar um baixista pra hoje ainda? No mercado livre? –disse Gerard.

- Cof Cof, eu até tenho ensaiado um pouco...

- Não, Gerard, mas talvez a gente tenha que substituir ela, pelo menos no dia do teste, que tem que ficar de repouso. A Jamia podia ver se tem algum baixista na aula de bateria dela.

- Caralho, será que eu estou invisível? LALALA Vou atravessar paredes...

- Nada a ver, Frankie. Só tem baterista lá...

- Hm, gente, acho que eu tenho uma ideia – disse Lindsey, muito timidamente. Todos se viraram para ela, menos Mikey que tentava atravessar a parede da enfermaria, sem motivo aparente.

- Você poderia tocar numa maca, que tal? Daí a gente finge que é parte do show.

- Cala a boca, Ray, deixa ela falar! – Gerard brigou – Ah, mas anota essa ideia, quem sabe no futuro...

- Então, pessoas, o único ser vivo que toca nossas músicas e que vem ensaiando com a gente durante essas semanas é o Mikey. Ele é a melhor pessoa para me substituir.

- O MIKEY? – Todos falamos juntos, inclusive o próprio.

- YEAH, isso ae Lyn! AAAA, MEU DEUS! EU VOU TOCAR NO MY CHEMICAL ROMANCE! *cof cof* É... quero dizer, sei lá, pode ser, não sei se sou bom o bastante...

- Acho que a gente podia tentar. Vocês concordam? – disse Ray

Nos entreolhamos e concordamos. Só por uns dias, que mal teria?

- Ah, mas olha, a Lindsey volta assim que ficar boa, tá senhor Michael? – disse Gerard.

- Tudo bem! Ai, que emoção! Eu gostaria de agradecer a minha mãe, a minha avó... – e nessa hora, saímos do quarto, para o recreio. Tadinha da Lyn, teve que ficar lá deitada ouvindo o Mik.