O entardecer consegue ser um espetáculo singular mesmo repetindo-se todo dia. A verdadeira questão era saber apreciá-lo.

Ritsu estava feliz com a vida que levava. Apesar de danos consideráveis, sua cidade não havia sido destruída pela Garra e sua família estava bem.

Após algumas semanas depois do quase desastre, o jovem de cabelo que se confundia num azulado tão profundo quanto o oceano quanto seus olhos confundiam-se com a escuridão, parecia mais animado que antes principalmente por afirmar a si mesmo pelo o quê ele lutava e vivia.

Sua vida passara ser uma obra de arte como um certo alguém.

Ouviu o barulho de uma bicicleta parando ao seu lado e virando-se ele notou a pessoa que era quase como o próprio entardecer:

Yo! Como vai? Perguntou o menor alegre como sempre. A espontaneidade era um dos adjetivos que podia descrever o ruivo tão oposto de si.

Bem e o que você faz aqui? Respondeu tentando permanecer indiferente e continuando pelo caminho que seguia, sendo agora acompanhado do ruivo que também passara a caminhar ao seu lado levando a bicicleta carmesim.

Como meu pai foi preso não há muito o que eu fazer por aqui, mas minha mãe está pensando em se mudar para essa cidade. O de sardas comentava de forma tão sincera que fazia parecer que ele e o moreno se conheciam há anos e contavam de tudo um para o outro.

Entendo. Ele quase bateu em si mesmo quando percebeu que ficara feliz de imaginar a possibilidade deles poderem ser vizinhos. E qual é dessa bicicleta? Tentou distrair a si próprio mudando o rumo da conversa.

Foi um presente de aniversário, quando os meus pais ainda estavam juntos. Não havia mais tanta alegria na sua voz e apesar de tentar disfarçar era perceptível uma certa saudade desses tempos que talvez não voltassem mais.

Eu sinto muito. Parou de caminhar para encarar o de olhos safira tentando passar algum conforto.

E o que há para sentir Ritsu? O único que se deu mal nessa história foi o meu pai e só ele ralando muito para conseguir provar que mudou. No final rira, como se ter sua família tão dividida não o afetasse. Como se não sentisse falta dos sorrisos que sua mãe tinha sempre no rosto, especialmente quando estava com seu pai.

Como se não sentisse falta do amor.

Mas no fundo sempre sentiu esperanças.

O mais velho continuava a encarar, porém, sentia que havia muito para se falar sobre. E. conhecendo bastante do mais novo, não adiantaria nada conversar com ele agora. Apenas riu de lado em concordância. E antes mesmo que pudesse dar um passo, o que ele diz em seguida chama sua atenção:

Mas sabe? Consegui algo mais legal do que uma bicicleta e definitivamente não veio embrulhado em papel presente. O maior o mirou não entendo nada com nada daquilo. Sem saber, sua expressão de confusão tirou um risinho de lado do mais novo.

O que?

Você!

Sentiu seu corpo flutuar por instantes por poder paranormal enquanto via o ruivo montando novamente na bicicleta e depois um impacto que por pouco não derrubou os dois.

Ele no susto envolvera seus braços pela cintura do ruivo que acelerava cada vez mais com a bicicleta. Havia um imenso sorriso quase rasgando o rosto do mais novo e um brilho de vida único no seu olhar.

O semblante surpreso desapareceu do seu rosto e ele apenas sorriu se aconchegando mais no outro com o pretexto de que não queria cair.

Mas talvez ele já houvesse caído há muito tempo, sendo derrubado por tal sentimento tão agridoce.

E ele se perguntava se o tom de laranja mais bonito era o do entardecer ou dos fios de cabelo do garoto tão quente quanto o Sol.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.