Palavras de Heagle

O tal de heroísmo careta.


Terceira Pessoa, Londres, Apartamento de Anne Blake.

Matthew continuava deitado na cama de Anne, enquanto ela tentava fazer um café da manhã digno (podemos dizer que... o que sobrava em dons artísticos, faltava-lhe em domésticos).

Ainda um pouco abobalhado (já que acabara de acordar), pegou o celular sobre a escrivaninha.

- Porra, é essa hora mesmo? – resmungou, esfregando os olhos. – Caralho.

- Invés de fazer café da manhã, podia fazer o almoço de uma vez. – riu Anne, voltando para a cama com uma xícara de café. – Desculpe, mas meus dotes culinários não são confiáveis. Então, quer café?

- Não, obrigado. – resmungou, olhando de esgoela para a moça. Naquele momento, não entendia porque (ultimamente) andava tão mal humorado. Dormia quase todas as noites com Anne, e podemos dizer que a estilista era uma mulher desejada por todos homens. Linda, corpo perfeito... uma loucura na cama. O que mais ele queria?

- Acordou com o ovo virado, homem? – disse com rispidez, levantando da cama. – O que está havendo, hum?

- Não está havendo nada. – respondeu, levantando-se da cama também. Pegou as roupas caídas no chão, uma a uma, e correu para o banheiro, sem dizer absolutamente nada.

Voltou vestido, com óculos escuros. Pegou a carteira sobre a mesa e suspirou, dando um beijo no rosto da namorada:

- Foi mal, mas não estou pra conversa.

- De longe dá pra notar isso. Depois reclama quando eu...

- Anne, chega vai. – desdenhou, indo até a porta. – Te vejo de noite?

- Não, não vai me ver a noite. Não sou como as mulheres que você gosta, Matthew. Toma uma decisão nessa sua vida, cara.

- O que você quer que eu faça, hum? Estou absolutamente certo de minhas decisões, só não acordei legal, tem problema isso?

- Não tenho culpa se o senhor dormiu demais, e não foi se despedir de Marie no aeroporto. Se o clima na sua casa tá pesado, e ela não quer mais falar contigo, essa é exclusividade sua, meu bem.

Anne não era delicada, e tão pouco sensível, beijos.

- Quem que ficou enchendo meu saco, logo que acordei, querendo discutir aquelas porras de DR? Pus alarme e você desligou meu celular. Agora, se eu explicar isso, alguém vai acreditar? Não, porque M. Shadows é um mentiroso filho da puta. – gritou, abrindo e fechando a porta com força.

“Pelo amor, Jimmy, diga-me que estou dentro de um pesadelo e que tudo isso é mentira, que minha vida não tá passando por tudo isso, é sério”, pensou, entrando no elevador.

Fechou os olhos, massageando-os com o dedo. A imagem de Jimmy, a quem tanto clamava, surgira em sua mente. E dizia, mais ou menos:

- Se sua vida está como está, é porque você é um filho da puta que não faz porra nenhuma pra mudar.

“Que caralho, até você?”, voltou a pensar. Abriu os olhos logo em seguida, diante da porta do elevador aberta. Não se assustara com a presença de Jimmy em sua mente. Acreditava, seriamente, que ele vivia ali.

- Ninguém entende que quero fazer o certo, mesmo que pareça errado. Sabe de algo? Vão pra porra... – resmungou, andando rapidamente pelos corredores.

Oh meu querido Matthew... só você mesmo não entende o quão idiota está sendo. Essa balela de felicidade alheia já caiu de moda. Corra atrás da sua... e manda os outros se fuder.

Ou banque o heroizinho da situação... e se foda eternamente.