Palavras de Heagle

A wicked witch is dead...


Demons and Wizards, Wicked Witch.


Matthew ficou no chão, abraçado às suas pernas, até Syn, Zacky e Mel perceberem a ausência de Marietta na festa. E deduziram (porque não eram burros nem nada) que a nossa jovem escritora estava atrás de Matthew. E para chegar ao ponto de não atender o celular, que tocava em poucos intervalos de segundo, coisas boas não havia encontrado.

– Estou com pressentimento ruim. – murmurou Mel, descendo do carro, junto de Zacky. Syn esfregava o rosto com as mãos, e embora tivesse tomado algumas doses de conhaque e absinto, ainda estava são.

– Não é só você. Qual foi a cagada dessa vez?

Talvez fosse melhor que nem perguntar, caro Brian. A cena com a qual se deparara, minutos depois, era tão aterrorizante quanto à de um filme de terror. Justo ele, que gostava tanto desses filmes...

– MARIETTA! – berrou, colocando as duas mãos na boca. O rapaz não era do tipo de se chocar facilmente com algo, mas o estado de Marietta era deplorável. Parecia uma boneca de pano, toda contorcida e sem vida, como se fosse simplesmente um brinquedo que quebrara-se logo depois de ser arremessado da escada.

Seus olhos, instantaneamente, procuraram por Matthew. Queria saber, da própria boca do amigo, o que acontecera. Rezava, embora não tão cristão, que fosse algo ruim, como assaltantes, mafiosos, traficantes...

Não, esperava que seu maior temor tornara-se real. Matthew não podia ser um criminoso.

– Não cara, não fiz isso. – sussurrou Matthew, sem coragem suficiente para levantar a cabeça.

Mel, já com as faces ruborizadas, teve uma atitude mais enérgica. Invés de tentar socorrer a melhor amiga, preferiu se aproximar de Matthew. Deu-lhe um chute entre as pernas, aos berros:

– FILHO DA PUTA, EU VOU TE MATAR!

– Melissa, chega. – gritou Synyster, agarrando-a pelo braço. – Dá pra esperar?

– ESPERAR? NÃO ESTÁ ÓBVIO? – gritou, tentando se soltar. Syn não cedeu, e puxando seu braço com mais violência, afastou-a de Matthew.

– OUVE! APRENDEU A OUVIR, MELISSA?

– Eu... não sei. Eu bebi... e... não sei o que... eu tô ruim. – gaguejou Matthew, que pela primeira vez, levantaram as faces. Estavam inchadas e coradas. – Ela me tirou do sério... mas não queria que ela morresse. Ela não pode morrer. Mas... ela caiu. Mas... mas...

– E AÍ BRYAN, ESTÁ SATISFEITO? SEU MELHOR AMIGO TENTOU MATAR A MINHA IRMÃ! – berrou Melissa ainda histérica, correndo até Marietta, que mantinha-se inerte. Syn a acompanhou mesmo sem querer; a força da namorada era enorme em relação a sua. – Precisamos de um médico.

– Não podemos chamar um médico. – indagou, com a voz embargada. Preocupava-se com Marietta, mas Matthew poderia ser preso, caso fosse pego drogado. – Ele vai suspeitar, Matt vai apodrecer na cadeia.

– E você não está pensando, em algum momento, na Mari? Não vê que ela precisa de um médico, seu idiota? Olhe os braços, a cabeça... o que esse cara fez?

– Cacete. – murmurou Zacky, que embora optasse pelo silêncio na maior parte das vezes, não conseguia deixar de lado sua reação. – Matthew, que caralho você fez, véio?

– Marietta não vai morrer, não pode morrer, morrer, morrer... – repetia, chacoalhando-se, como se tentasse manter uma linha de raciocínio. Força mental, era isso que estava procurando. – NÃO, NÃO, NÃÃÃO!

– Minhas pernas. – gemeram, a ponto que quase ninguém, além de Melissa, pode ouvir. Era Marietta, que mesmo sem poder abrir os olhos, já se sentia de volta à realidade. A escuridão era dominante, mas podia ouvir, com clareza, a respiração irregular da amiga. Preocupava-se com ela... nervos alterados faziam com que sua pressão aumentasse drasticamente. Não queria perde-la, por mais que quem estivesse em situações realmente precárias e perigosas fosse ela.

– MARI, MARI! OH DEUS, FALE COMIGO!

– Meu-quarto. – disse pausadamente, mexendo os dedos da mão. – Só.

– Vou chamar o médico agora. Sério.

– NÃO! – tomou impulso para berrar, embora não tenha saído nada mais que um urro rouco. Melissa se assustou, a princípio. E depois de tanto insistir, e de tantas negações, acabou tomando atitude que considerava a mais insensata para ocasião: atender ao pedido da escritora. Nada de médicos.

Syn e Zacky pegaram-na no colo, impedindo que de qualquer forma, entrasse em contato com Matthew, já adormecido no canto da sala. Berrara a ponto de cair em choque, com os sentidos totalmente desligados. Em termos, estava em standing. A droga que consumira devia ser forte.

– Mari, vai ficar tudo bem. – sussurrou Mel, agarrando as mãos da amiga. Mari esboçou um meio sorriso, como se viajasse bem mais que alguém drogado.

– Não vai. – discordou, deixando a cabeça tombar sobre o ombro de Zacky. – Não sinto minhas pernas.


There is a demon, an evil mind inside us. Oh I know, I know!

Existe um demônio, uma mente má dentro de nós. Oh, eu sei, eu sei!