Palavras Bastam

Capítulo Único


– Melinda, acorda! Vamos, você vai se atrasar! – minha mãe gritava.

– Ah, mãe! É só eu orbitar para o banheiro da escola! –respondi.

– Esqueceu que não estamos mais em São Francisco?

Eu bufei.

Minha mãe e eu nos mudamos de São Francisco para a Pensilvânia.

Meus irmãos Chris e Wyatt ficaram por causa da faculdade. Meu pai também não veio para ajudá-los.

Minha tia Paige continua na escola de magia. Ela, o tio Henry e minhas primas gêmeas Tamora e Kat se mudaram para uma casa menor, perto da nossa.

Minha outra tia, Phoebe, está muito bem sucedida com sua coluna. Ela, seu marido-cupido Coop e minhas primas Parker e PJ foram para um apartamento de dois quartos.

Eu vim para uma missão: me formar no ensino médio!

Minha mãe veio me acompanhar, e aqui trabalha como professora.

Quase não passei para o segundo ano em São Francisco, então meus pais tiveram a brilhante ideia de me afastar da magia.

Sim, magia.

Nós somos bruxas. Eu sou parte anjo, parte bruxa. Como minha tia Paige, suas filhas e meus irmãos.

Nós viemos de uma longa linha.

Os poderes básicos de uma bruxa ou bruxo são fazer poções, lançar feitiços e procurar objetos ou pessoas. Este último nós chamamos de scrying.

Minha mãe Piper possui o poder de congelar e combustar moléculas.

Paige usa mais o seu lado anjo, podendo orbitar - se teletransportar - e telecineticamente orbitar qualquer coisa para si ou para outros lugares.

Phoebe prevê o futuro, o passado, possui empatia e levita.

Meus irmãos, além dos poderes de anjo e os básicos de um bruxo, herdaram a telecinese da falecida tia Prue.

Wyatt tem mais poderes do que eu e Chris. Ele possui um escudo, projeções e é capaz de curar, como todos os anjos.

Porém, os que são anjo-buxo têm dificuldade em curar. Paige e Wyatt conseguiram, eu e Chris não.

Minhas primas Kat e Tamora também não. Mas elas nasceram com os poderes da minha mãe, divididos. Quando ainda eram pequenas, Kat desacelerava em vez de congelar, e Tam acelerava em vez de combustar.

P.J e Parker são híbridas cupido-bruxa. Elas ainda não desenvolveram muito bem seus poderes.

E eu... Finalmente!

Eu orbito, telecineticamente orbito e tenho uma habilidade chamada hovering, que é como uma levitação.

Meus irmãos não têm esse poder, haha.

– Estou pronta! Me dá carona, mãe?

– Dou, dou! Vamos, vamos, vamos!!

Tirei o universo mágico da minha mente quando recebi uma mensagem no celular:

"Eu sei quem você é.

–A"

"Quem raios é –A?", pensei.

"Será que ele sabe que sou uma bruxa?"

Eu precisava de conselhos, fui ao banheiro da escola no intervalo e orbitei para São Francisco. Mais precisamente, para o sótão da minha casa.

Pus cinco velas em um círculo e logo comecei:

"Hear these words,

Hear my cry,

Spirit from the other side.

Come to me,

I summon thee,

Cross now the great divide."

Minha tia Prue apareceu envolta em luzes brilhantes.

Eu adorava conversar com ela quando estava confusa.

A mesma foi proibida por muitos anos de ser invocada por minha mãe e o resto da família, até eu nascer.

Os Anciões declararam que eu era o último passo.

Portanto, tia Paige conheceu oficialmente Prue, todo mundo matou a saudade e eu fiquei muito próxima dela.

O feitiço de "Para Invocar o Morto" foi o primeiro que aprendi.

– Oi, minha querida! – abriu um sorriso largo, saindo do círculo, materializando-se.

Deu-me um abraço e olhou, preocupada:

– O que houve?

– Ah, tia... – sentei-me, ali mesmo no chão – Estava na escola hoje, quando me enviaram esta mensagem...

Mostrei o celular a ela. Tia Prue agachou-se.

– Você acha que alguém descobriu sobre... – ela hesitou, sussurrando.

– Não sei. Mas precisava falar com alguém sobre isso... – sussurrei de volta – O que eu devo fazer?

– Escreva um feitiço para revelar a identidade desse "–A". – Já falava normalmente. – Depois de descobrir, use sua cabeça. Você é uma Halliwell! Não se intimide por uma letra do alfabeto!

Nós rimos. Ela me deu um beijo na testa e voltou para o círculo, sumindo.

Apaguei as velas e orbitei de volta para a Pensilvânia.

Mais precisamente, para o banheiro da escola.

O sinal tocou.

"Bem na hora", pensei.

"Voe para onde quiser. Você não pode se esconder.

–A"

Tremi. Precisava fazer algo logo.

Saí do banheiro e fui para a aula de literatura.

Na Pensilvânia me conheciam como Aria Montgomery. Assim como minha mãe, conhecida como Ella Montgomery, eu mudara meu nome.

Foi por pura proteção. Caçadores de bruxas, demônios, os caras do mal.

Meu nome falso foi chamado na diretoria e eu saí da sala em direção ao que me aguardava.

Quem me aguardava.

– Ai, eu não acredito! – corri e pulei em Chris, quantas saudades!

Ele me girou no ar e me pôs no chão.

– Pirralha! Quanto tempo! – Ele deu um sorriso.

– Mas como você...

Ele me interrompeu com dois pequenos papéis na mão.

"I call upon the Ancient powers,

To mask us now and in future hours,

Hide us well and thoroughly.

But not from those we call family."

O feitiço de mudar a aparência.

No espelho, meu irmão estava a cara da diretora.

– Você está linda! – debochei.

Ele me deu o outro papel, nele estava escrito:

"To know who threats me

I call the Ancient protection

From the Charmed Ones and the Power of Three

I want –A's revelation."

– É um feitiço para saber quem te ameaça. Tia Phoebe me ajudou a criar, e vai colocar no Livro das Sombras.

– Estou sem palavras. Obrigada! Mas, como vocês souberam?

– Premonição. Foi só ela entrar no sótão e BUM! Revelações.

Eu ri do jeito dele.

Melhor família!

Ele orbitou de volta para casa e eu fui liberada mais cedo.

Assim que cheguei em casa, entrei em meu quarto, fechei as cortinas e li o feitiço.

Aquele clássico vento frio me fez girar, até que entrei no passado.

Alison DiLaurentis!

A bitch da escola.

Por acaso, é minha vizinha.

Ela observou luzes azuis brilhantes pela janela, e aí, BUM! - como fala o Chris - ela me viu meditando - ou melhor, hovering - em casa.

Então ela soube do meu segredo.

Pude ver o sorrisinho maldoso antes de voltar para o presente.

– Ahh!

Peguei um papel do meu caderno e fui escrevendo.

Dois feitiços e um contra-feitiço.

– Chris! Wyatt!

– Que foi agora, Mel? – Wyatt parecia cansado.

– Preciso de vocês. Leiam comigo:

"Na mente de Alison DiLaurentis entrarei

Para desfazer uma burrada que cometi

Da bitch não mais saberei

Porque como –A nunca mais vai se fingir."

Eita, tonteira.

Entramos em sua mente e fomos direto para as memórias daquele dia. Consegui pegar a imagem dela me descobrindo.

– Mas hein? Que isso, menina? – Wyatt riu da minha cara

– Continuem lendo!

"Essa memória vai sumir

É para o bem de todos

Com sua vida vai seguir

E não haverá finados."

Sumiu, assim como suas consequências.

– Que bosta de feitiço, maninha. – Chris zombou.

– Eu sei, eu sei! Mas precisava fazer alguma coisa. Agora vamos sair daqui.

"Da mente de Alison DiLaurentis sairei

Agora que a burrada consertei

Vou voltar para onde pertenço

Arcando com a consequência."

Acordei três dias antes.

Nenhum dos meus irmãos, tia Phoebe ou tia Prue lembravam.

A memória de Ali era do dia anterior, mas como a apaguei, tudo deveria ser recomeçado.

Peguei o Livro das Sombras e escrevi os quatro feitiços usados. Dei a desculpa que sonhei com todos eles.

E hoje já estou formada no ensino médio. Eu e minha mãe voltamos para São Francisco com nossos nomes e tudo voltou a ser como era.

Ninguém mexe com a família Halliwell.

Palavras bastam.

FIM.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.