Acordo com o Sol incomodando meus olhos. Droga! Já amanheceu! A única coisa pior que meus pesadelos é viver um na escola! Resumindo minha vida é escola e casa. Nada mais! Não tenho escolha mesmo. Desço da cama e vou em direção ao banheiro, tomo um banho frio e demorado, saio e me enxugo. olho pras roupas que tenho que vestir e sinto uma raiva dentro de mim! Uma blusa preta de manga, depois a odiada saia xadrez que vai até abaixo do meus joelhos, as meias e o tênis preto desbotado. Visto-me enxugo meus cabelos e deixo-os como estão, pego minha mochila e desço.

Vou em direção a cozinha e encontro minha mãe fazendo o café.
— Bom dia garotinha!
— Bom dia mamãe.
— Dormiu bem?
Vasculho minha mente e novamente vou ter de fingir que estou dormindo bem, porque eu não estou querendo ser empurrada pra dentro daquele maldito quartinho, só por eu estar tendo pesadelos. Sorrio forçadamente e digo:
— Sim mamãe.
— Está com fome?
— Estou.- digo aliviada dela não ter percebido meu falso sorriso.
— Venha vamos comer, não pode se atrasar para a escola!
Ao ouvir isso me arrepio toda e um frio na barriga começou a se formar. Ficamos em silêncio e começo a comer, está uma delícia como sempre. Termino de tomar o café e vou escovar o dente. Desço a escada e mamãe está indo pra porta, saímos de casa e entramos no carro.
No caminho pro colégio ficamos costumeiramente em silêncio, e eu aproveito para pensar o que me aguardava. Minha mente viajava no que já tinham me feito: humilhações, vaias, burburinhos, fofocas, e outras coisas horríveis; mas apenas uma coisa fazia meu coração acelerar e ficar mesmo nervosa: Tommy Ross!
Conhecia o Tommy desde a 6° série e no momento que o vi ele fez algo comigo que não sei explicar, é como se eu fosse desmaiar de tanto que meu coração se agitava e eu tinha impressão que ele iria sair do meu peito, se ele estava por perto!
Minha mãe me tirou dos meus devaneios ao dizer:
— Chegamos garotinha, tenha cuidado eu venho te pegar depois do trabalho.
— Obrigada mamãe!
Saí do carro e ela acelerou e foi embora. Fiquei parada um pouco observando quem estava lá na frente e como sempre eu havia chegado cedo e poucos alunos já estavam lá. Entrei de cabeça baixa e passei por um grupinho de meninas e na hora elas pararam de conversar e me olharam enojadas como se vissem um monstro na frente delas, passei rapidamente e apertei o passo, e finalmente adentrei na minha sala.
Entrei feito um furacão e sentei no meu lugar no fundo, peguei um livro que eu amo ler, é sobre ficção/fantasia. Comecei a ler, e pelo canto do olho percebi que 4 alunos chegaram na sala, não olhei quem eram eles e continuei a ler. Mas um dos garotos se sentou na fileira ao lado, um pouco a frente de mim, olhei de novo e vi que era o Tommy. Me encolhi na carteira e tentei passar despercebida, mas ele sentou-se de lado e me olhou, Tommy Ross olhou pra mim, aí meu Deus! Gelei na hora e meu coração começou a bater como louco. Ainda não sabia porque isso acontecia. Ele veio na minha direção e disse:
— Você gosta mesmo de ler né? Do que é esse livro?
Tive vontade de sair correndo e me esconder no único local que ninguém ia me encontrar, mas não deu, era como se minhas pernas estivessem acorrentadas no chão.
Respondi sem olhar pra ele:
— D-de f-ficção! - falei gaguejando e quase inadiável, ele me olhou e disse:
— Eu também gosto muito desse tipo de livro! Qual o nome dele?
Isso foi o bastante, me levantei de um salto e sai andando rápido, porque Tommy Ross veio falar comigo? Só poderia ser mais uma das brincadeiras de mal gosto que queriam fazer. Estava tão pertubada pelos meus pensamentos que nem percebi que alguém vinha correndo atrás de mim e segurou um braço meu com força e me parou, olhei quem tinha feito isso e me deparei com Tommy.
— Olha desculpa se te assustei, eu só queria conversar!
— Porquê? - perguntei baixo.
— Por que eu só queria te conhecer mais, desde a 6° série a gente estuda junto e nunca nos falamos eu pensei...
— Pensou errado.
Disse mais baixo ainda.
Percebi que tinha umas meninas nos olhando e rindo entre elas, sai com rapidez, fui para os fundos da escola que tinha muitas árvores e um banco, sentei e pensei no que tinha acontecido dentro da escola. Como um garoto como Tommy que é popular, bonito e é do time da escola vem falar comigo e diz que quer me "conhecer mais"? Como provavelmente a resposta não é nada boa, deixo de lado aqueles pensamentos e pego meu livro e começo a ler. Está tão friozinho e ventilado debaixo dessas árvores que esqueço da hora, olho no relógio vejo que já começou a aula, fecho o livro e corro entre as árvores de volta para a escola, chego na porta da sala olho pelo vidro e vejo que o professor saiu pra buscar algo pois não o vejo, mas vejo suas coisas em cima da mesa, abro a porta e entro rapidamente me sentando na velocidade do Flash, olho pro lado e Tommy está me olhando viro a cabeça discretamente, ouço um barulho na porta olho e vejo o professor de matemática voltando com folhas e mais folhas que suponho ser trabalhos e pelo tanto de folhas vai ser daqueles. Ele senta na sua mesa olha ao redor e diz alto e rápido:
— Vamos ter trabalho em dupla. Mas eu irei formá-las! Vou dizer os nomes das duplas.-
Ao ouvir aquilo gelei, sabia que ninguém naquela sala iria querer fazer trabalho comigo, e provavelmente iriam fazer um escândalo só pra mudarem de par!
O professor começou a citar vários nomes mas eu nem escutava, estava nervosa esperando chegar a minha vez.
De repente ele disse:
— Carrietta White e Tommy Ross ... -
Meu Deus!!! Eu só posso estar sonhando ou escutei errado! Eu vou fazer um trabalho com o Tommy???
Olho pro Tommy pra ter certeza que escutei errado e ele estava me olhando e dá um sorrisinho. Viro rapidamente o meu rosto e tenho certeza que não estou escutando mal. O professor sai de sua mesa e vem intregando as folhas pra cada um, chega em mim e me entrega, são 3 folhas frente e costa cobertas de exercícios!!! O lado bom é que eu sou muito boa em matemática, e assim me sairei bem, o professor diz:
— Vocês tem até segunda feira pra me entregar! Façam as contas, vocês tem 3 longos dias para isso!Entendido? Não quero choradeira e lembre-se vale a nota da prova!

E depois disso bateu o sinal e ele saiu. Guardei minhas coisas e quando ia saindo Tommy me impediu.
— Parece que vamos fazer o trabalho juntos!
Corei com aquelas palavras nunca nenhum menino fez algo junto comigo, muito menos falar algo que não fosse ofensas.
— Sim.- respondi olhando pro seu peitoral.
— Vou estar disponível hoje de tarde e você vai estar?-
Pensei e receosa falei:
— Vou... pode ser 15:00.- respondi olhando pros meus pés.
— Ok então.
Ele disse e me deixou passar, tive mais outras aulas mas nem prestei atenção só me lembrando que de tarde eu estaria com o Tommy.
Terminou a aula e sai rápido da sala e fui pra frente do colégio e bem na hora minha mãe veio me buscar, ela nunca se atrasa.
Entrei e ela falou:
— Como foi a escola?
— Bem.- respondi sem nenhum ânimo.
Começei a pensar como eu iria contar a ela que teria que voltar de tarde para o colégio.