Pacify Her

Capítulo 1 (Único)


Ela estava sentada na bancada do bar, sozinha. Já havia bebido alguns copos de tequila e sentia um gosto acetoso revirar seu estômago e amargar sua boca. Mas ela não conseguia parar. Decepções amorosas causavam aquilo. E ela precisava digerir tudo o que estava acontecendo, nem que fosse com álcool.

"Ele não me amava?"— Pensava com o pouco da sobriedade que lhe restara.

Caitlin passou a mão pelos cabelos, colocando algumas mechas de sua franja já crescida atrás da orelha. Se segurava para não cair em lágrimas. Apesar de o local não estar movimentado, não queria correr o risco de chamar a atenção de alguém. Virou se e olhou por alguns segundos: O único funcionário do local, conversava animadamente com dois caras em uma mesa, e duas amigas jogavam sinuca à alguns metros deles. Olhou para o seu copo novamente e começou a passar o dedo pelas bordas dele, com a cabeça baixa. Foi quando um barulho na porta do bar, que ficava à direita, chamou sua atenção. Era ele: Barry Allen. Estava com um casaco azul e uma postura cansada. Mas ele não estava sozinho.

Aquela vadia sem graça que ela tanto odiava também estava com ele.

Por sorte (ou azar), ele não a viu. Estava distraído, com seu olhar fundo e vago, enquanto Íris West falava animadamente sobre algo que não interessava a ela. E pelo pouco que observou, não interessava a ele também.

Caitlin fechou os punhos com raiva. Como ele teve a capacidade de levar ela até ali? Aquele era um lugar especial deles. O casal se sentou em uma das mesas, um pouco afastadas, e foram atendidos pelo funcionário, que saiu em busca dos pedidos.

Ela continuou a observar os dois. Eles estavam distraídos demais para perceber a presença dela no local. A morena continuava a tagarelar e ele continuava com a mesma expressão de antes. A mulher se perguntou se ele estava cansado de ouvi-la falar, ou simplesmente estava perdido em seus pensamentos. Lembrou - se, de como odiava quando estava muito animada com algo e ele fazia aquela cara. Era como se ela conversasse com uma estátua. Mas ela o amava mesmo assim.

Do nada, percebeu que Íris se levantou da mesa, com a bolsa em mãos, e se dirigiu ao banheiro, deixando ele sozinho. Caitlin ponderou por alguns segundos, pensando se deveria ou não ir lá. Como o álcool a deixava corajosa, levantou-se do banco, secou seus olhos úmidos delicadamente com as mãos e ajeitou o cabelo. Respirou fundo e foi até ele, com seu copo em uma mão, e a sua pequena bolsa em outra.

- Barry. - Chamou. Os olhos verdes do rapaz se mostraram surpresos ao vê la ali.

- Caitlin?! O que está fazendo aqui?

- Estava afogando minhas mágoas. - Disse com um tom fora do comum.

- Você está bêbada. - Concluiu, porém, com um tom de questionamento.

- Por que trouxe ela aqui? - Disse, e se sentou em frente a ele.

- Ela quis vir até aqui.

- Vadia. - Resmungou. Barry a olhou com uma cara reprovadora.

- Não fale assim. Ela é minha noiva.

- Mas você não a ama.

- Eu a amo sim. - Disse sem convicção.

- Como você diz que ama ela, se você me queria tanto?

- Caitlin...

- Me deixa falar! - Disse num tom mais alto. Barry olhou em volta, mas por sorte, ela não tinha chamado a atenção de ninguém. - Foram três anos Barry. Três malditos anos. Nós nos amamos. Mais foi só esse projeto de vadia básica reaparecer, que você me deixou!

- Você não entende Caitlin, o Joe, ele me pediu pra...

- Foda-se! Não é porque ele pediu pra você cuidar dela quando ele morresse, que você tinha que me largar e ficar noivo dela. Ela não presta! E pior é que você sabe disso!

Barry fechou os olhos e respirou fundo. Ela estava em um estado terrível. Queria poder abraçá-la, beija-la, mas não podia. Ele tinha que continuar. Prometeu a Joe, seu pai adotivo, que cuidaria de Íris, que faria ela feliz. Uma pena que aquilo custava a felicidade dele ao lado de Caitlin.

Ele não podia ser hipócrita. Na adolescência, era apaixonado por Íris, mas ela era fútil demais, e isso ele percebeu com o tempo. Foi uma decepção grande, mas tudo mudou quando conheceu Caitlin Snow. Eles começaram a namorar depois de cinco meses de convivência, e ambos tinham a plena certeza de que o amor deles seria pra sempre. Mas, algumas coisas aconteceram. E ele se viu obrigado a cumprir uma promessa que fez no leito de morte de Joe West.

"-Eu juro que cuidarei dela"— Lembrou se do compromisso que fez com o homem, antes do mesmo morrer, em uma cama de hospital.

Ele teve de terminar com o amor de sua vida, e firmar um compromisso com uma mulher rasa e sem carisma, que dizia que "amava" ele.

A parte racional de sua mente, começou a trabalhar, antes que a sentimental tomasse o controle. Por mais que doesse, ele tinha que mentir.

- Caitlin. - Disse sério. - Eu a amo. Mais do que amei qualquer mulher em toda minha vida.

Uma lágrima escorreu no rosto de Caitlin. Ele tinha certeza, de que aquelas palavras doeram tanto nela, quanto nele.

- Para de mentir com essas palavras! - Disse afetada.

- Eu não estou mentindo. - Abaixou a cabeça. Não conseguia olhar para ela. Não iria aguentar.

Ela bateu a mão na mesa.

- Eu sei que você não a ama. Você não suporta quando ela choraminga. Amá-la é cansativo pra você. Eu vejo isso nos seus olhos. Todo mundo vê. - Disse entre lágrimas. - Mas já que você prefere mentir pra ela, pra mim e pra você, eu vou embora da sua vida. De uma vez por todas.

Ela se levantou e foi em direção ao balcão. Deixou o copo e o dinheiro da bebida, saindo em seguida. Ele a observou indo embora do bar com os olhos marejados. Se coração doía mais do que antes. Mas foi obrigado a disfarçar, quando a moça que agora ele "amava", voltou do toilette.

"Pacify her

She's getting on my nerves!

You don't love her...

Stop lying with those words."

(Melanie Martinez - Pacify Her)

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.