CAPÍTULO 23

UM POEMA, UMA LANÇA

Infelizmente, uma das desvantagens do Feitiço de Desilusão era a de não conseguir disfarçar a emissão de calor do corpo. O resultado disso era que aqueles óculos experimentais dos Nazistas permitiam aos soldados ver as silhuetas de Harry e Tom, além de também serem para visão noturna.

E era aí que estava o ponto fraco dos óculos, que Harry sabia exatamente como explorar.

Quando estiveram em Der Riese para libertar Gerovinsky, Klaus havia contado sobre as pesquisas tecnológicas do Reich, contando com a certeza de que “Batman” e “Robin” jamais escapariam. E uma das coisas que o futuro “Coringa” dissera havia sido sobre aqueles óculos. Imaginando que um dia poderiam ter que encarar alemães que pudessem estar portando aqueles equipamentos, Harry havia procurado por Renata e Hiram e pedido para que o ajudassem com uma coisa, que ele logo tratou de usar.

Afinal de contas, se aqueles óculos captavam calor e luz, era exatamente o que o bruxo da cicatriz daria a eles. Uma verdadeira Overdose de luz.

Heben Sie Ihre Hände und machen Sie Ihren Zauberspruch rückgängig (“Levantem as mãos e desfaçam seu feitiço”). _ ordenou o Cabo que comandava aquela esquadra.

E foi exatamente o que fizeram, mas Harry também fez outra coisa.

—Feche os olhos, “Batman”! _ exclamou Harry, enquanto deixava cair uma esfera que, ao bater no chão, se rompeu e provocou um momentâneo mas intenso clarão que foi potencializado pelos equipamentos dos soldados alemães, deixando-os temporariamente cegos, ofuscados pelo brilho da Kemuridama com uma carga especial de fósforo, que logo se apagou para não denunciá-los _ “PETRIFICUS TOTALUS!” “OBLIVIATE!” Continuem sua patrulha como se nada tivesse acontecido. Vocês não nos viram e nem vão nos ver, enquanto estivermos por aqui.

Os soldados continuaram sua patrulha, após Harry encerrar o Feitiço do Corpo Preso e os dois bruxos refizeram seu Feitiço de Desilusão, terminando de instalar os explosivos plásticos disfarçados. Em seguida, desaparataram e repetiram a operação em Gold. As praias Juno e Sword ficariam para a noite seguinte. Após concluírem as tarefas, novamente desaparataram, mas daquela vez para um local seguro, onde Jean-Marc esperava por eles.

Ils ont terminé rapidement, mes amis. _ disse Jean-Marc Malfoy.

—Deu menos trabalho do que esperávamos, Sebastian. _ disse Tom.

—Não cruzaram com soldados alemães? _ perguntou Charbonneau, outro membro do grupo, cujo codinome era “Jaurés”, homenageando o implacável delegado que perseguira Jean Valjean em “Os Miseráveis”.

—Uma esquadra de três. Dois soldados, a comando de um Cabo. Uma pequena bomba de fósforo e um Feitiço de Memória resolveram a situação. Agora vamos avisar os Aliados. _ disse Tom _ A estação rádio está segura?

—Totalmente, mon ami. _ disse Jean-Marc _ Vamos mandar a mensagem.

O operador de rádio selecionou a frequência correta e utilizou um feitiço especial para embaralhar o sinal. Se os Nazistas estivessem monitorando as transmissões, a única coisa que ouviriam seria um chiado de estática. Então, passou os fones para Harry, que sentou-se e utilizou o código anteriormente combinado com Dumbledore, Patton e Churchill.

— “Relâmpago para Abelha Branca, Relâmpago para Abelha Branca. Responda, Abelha Branca, câmbio”.

— “Abelha Branca na escuta. Vitorioso e Ancião estão comigo. Novidades do jardim, câmbio”?

— “Afirmativo, Abelha Branca. três de cinco, com lindas flores, câmbio”.

— “Parabéns aos jardineiros. A Comissão Julgadora vai dar prêmios às flores, câmbio”.

— “Mais dois canteiros e as flores poderão ir para a exposição. O sol e o luar têm sido bons e os buquês vão impressionar. Câmbio final”.

A transmissão foi encerrada e todos foram comer alguma coisa e ouvir as transmissões da BBC. Dali a pouco, enquanto saboreavam um queijo Brie, acompanhado pelo excelente Merlot de M. Lamounier, ouviu-se a voz da locutora.

— “Alguns avisos para os nossos amigos”. _ e entre várias transmissões cifradas, que só tinham significado para as células às quais se destinavam, ouviu-se uma que era ansiosamente esperada _ “ Ouçam, ‘Os longos soluços’, repito, ‘Os longos soluços’. E era o que tínhamos para o momento”.

—Ouviram? _ perguntou Jean-Marc _ De Gaulle já mandou a resposta.

—Merlin! _ exclamou Harry _ Praticamente perdi a noção do tempo! Já é dia 1º de junho, “Batman”.

—Exato, “Robin”. _ disse Voldemort _ Sabe o que significa, teremos que plantar logo os dois últimos canteiros.

—E prestar atenção nas transmissões. _ disse Jean-Marc _ Sabemos que vem mais coisa por aí.

—Realmente. Amanhã completaremos a instalação dos explosivos e os avisos prosseguirão. _ disse Harry _ Um brinde ao fim dessa maldita guerra.

Todos brindaram e foram dormir, após terminarem com o vinho e o queijo.

Na noite seguinte, novamente ocultos por Feitiços de Desilusão, Harry e Voldemort foram instalar os explosivos plásticos nos dois locais principais de desembarque que ainda restavam, as praias Juno e Sword. Depois de concluírem a missão, sem quaisquer intercorrências, retornaram para a base mais próxima, reportaram-se via rádio a Londres e desaparataram para o vinhedo de M. Lamounier, a fim de ouvirem as transmissões radiofônicas da BBC. Agrupados à volta do rádio, prestavam atenção às mensagens cifradas, inclusive as específicas de sua célula até que, em dado momento, a locutora transmitiu o que eles mais esperavam para aquela noite.

—... “Ouçam, ‘Dos violinos suaves’. Repito, ‘Dos violinos suaves’. Continuamos com nossos recados aos amigos do continente”. _ disse a locutora da BBC.

—Bom, muito bom. _ disse Voldemort _ Se tudo estiver bem, as transmissões continuarão da maneira que esperamos. Ei,aí vem Jaurés.

Com efeito, o membro da célula havia chegado e com uma informação relevante.

Bon soir, mes amis. Vocês não vão acreditar quem foi que eu vi no centro de St. Mère-Église, ainda há pouco. _ disse ele, servindo-se de um copo de vinho.

—Quem seria? _ perguntou Jean-Marc.

—Grindelwald. O maldito demônio está na cidade. E junto com ele está aquele psicopata de cara branca e cabelos verdes. _ disse Jaurés _ O braço direito dele. Parece que vão passar a noite e o próximo dia aqui.

—Klaus von Feuer-Adler, aquele desgraçado insano e sanguinário do “Coringa”. _ comentou Harry, involuntariamente contraindo o maxilar, ao saber que o assassino de Elaine Rutherford estava tão perto.

—Calma, “Robin”. _ disse Voldemort _ Seria muito interessante sabermos o que eles estão fazendo aqui,tão perto do litoral. Será que também vieram inspecionar as casamatas, como fez Rommel?

—É bem possível, “Batman”. _ disse Harry _ Mesmo que os alemães pensem que o local mais provável da invasão será por Calais, eles não podem negligenciar o restante do litoral. Afinal de contas, não seriam alemães se o fizessem.

—Eu sei em que hotel eles estão. _ Jaurés comentou, com cara de quem estavatendo algum tipo de ideia _ Que tal se alguém levasse um vinhozinho de cortesia para dois importantes membros do Reich?

—Com um discreto Feitiço de Escuta em uma das garrafas, tipo o que foi feito na Polônia? Bem, até hoje Grindelwald e Kammler nunca descobriram aquela nossa pequena “Marotice”. Poderíamos repeti-la._ disse Voldemort.

—É mesmo, “Batman”. _ disse Harry _ Sem contar que também deu certo com Rommel e Pluskat.

—Podem deixar comigo, mes amis. _ disse Jaurés _ Eu me encarrego de levar as garrafas, mas sem tranquilizante.

—Tem razão. Se eles começassem a ficar muito calminhos, iriam desconfiar. Pode ir, Jaurés. _ disse Jean-Marc, entregando a ele algumas garrafas, uma delas com o Feitiço de Escuta.

Cerca de uma hora depois, Jaurés voltou. E trazia a garrafa com o feitiço, além de algo mais.

—Quase não foi necessário, mes amis. _ disse ele _ A garrafa captou alguma coisa, mas uma das camareiras pertence à Resistência e conseguiu deixar um Cristal de Armazenagem, disfarçado em um vaso de flores. Graças a isso,também teremos imagens.

Começaram aassistir ao “filme” do Cristal de Armazenagem, ouvindo a conversa entre Grindelwald e “Coringa”, até que o primeiro tirou algo da maleta e mostrou ao seu assistente, todo orgulhoso.

—... “E o Führer, pessoalmente, me confiou este artefato, pois tinha certeza de que eu saberia como utilizá-lo. Ele me disse que, depois de vê-lo no Museu de Hofburg, em Viena, no ano de 1912, jamais foi o mesmo. Depois do Anschluss, em 1938, ele fez questão de levá-lo para Nuremberg e mais recentemente ele fez planos para construir uma abóbada protetora, no subterrâneo da Igreja de St. Catherine”.

— “O senhor não teme que alguém possa roubar esse artefato, mestre? Afinal de contas, nem colocou Feitiços de Segurança na maleta”.

— “Melhor assim, meu caro ‘Coringa’. Duvido que algum eventual membro da Resistência faça a menor ideia do que é o artefato e, mesmo se fizesse, não detectaria qualquer emissão de energia mística, já que ele precisa ser ativado e somente há pouco tempo eu descobri como. Então, basta que eu não me separe da minha querida maleta”.

Harry e Voldemort fitavam, boquiabertos e com os olhos arregalados, o artefato que Grindelwald tinha em suas mãos e mostrava para Klaus von Feuer-Adler.

—Merlin! Você reconhece aquele artefato, Harry? _ perguntou Voldemort.

—Já o vi uma vez, em um documentário. _ respondeu Harry _ Se for mesmo ela, a coisa poderá ficar feia.

—Exatamente. _ concordou Voldemort _ Em nossa realidade, Hitler também a possuiu mas, por sorte, não sabia como usá-la.

—O problema é que, aqui, ele tem Grindelwald. E o maldito bastardo certamente sabe como fazer uso dos poderes do artefato.

Excuzes moi, mes amis. _ disse Jean-Marc _ Mas aquilo nas mãosde Grindelwald é mesmo o que eu estou pensando? Já a vi no Museu de Hofburg e conheço sua história.

—É exatamente o que você está pensando, Jean-Marc. E temos que impedir que seu poder seja usado ou a tão cuidadosamente planejada “Operação Overlord” terminará antes mesmo de começar. _ disse Voldemort, preocupado.

—Parece que eles vão ficar por aqui até depois de amanhã e depois irão inspecionar as proximidades de Calais. _ disse Jaurés.

—O que nos deixa com, no máximo, um dia para tirarmos das mãos daqueles dois malditos a LANÇA DO DESTINO.

A coisa havia assumido uma dimensão muito maior do que haviam imaginado.

—Isso está ficando muito grande, Voldemort. _ disse Harry.

—Tem razão, Harry. E eu creio que precisaremos do apoio de uma pessoa que é especialista em planejar e sair de situações virtualmente impossíveis. Teremos que falar com Dumbledore. _ disse Voldemort _ A estação rádio terá que mandar uma mensagem extra, hoje. Ainda estamos em um horário seguro para usar essa frequência?

—Sim, estamos._ disse Jean-Marc.

—Então é para já. _ disse Voldemort, sentando-se à frente do rádio e mandando sua mensagem _ “Rastejante para Abelha Branca. Rastejante para Abelha Branca. Responda, Abelha Branca, câmbio”.

— “Aqui Abelha Branca. Diga-me o que houve, Rastejante, câmbio”.

— “Situação evoluiu, com surgimento de objeto milenar, câmbio”.

— “Que tipo de objeto, câmbio”?

— “Do tipo que pode colocar por terra todo o nosso trabalho, câmbio”.

— “Não precisa dizer mais nada. Câmbio final”.

Harry, Jean-Marc e Voldemort entreolharam-se surpresos.

—O que foi que ele quis dizer... _ e Voldemort não concluiu a frase. No instante seguinte, a lareira ficou iluminada de verde e Dumbledore saiu por ela.

—Por sorte, os Sensores de Atividade Mágica estão inoperantes e eu pude vir até vocês, sem risco. _ disse Dumbledore _ Digam o que está acontecendo.

—Melhor que dizer, vamos mostrar. _ disse Jean-Marc.

Depois de ver as imagens do Cristal de Armazenagem e ouvir o Feitiço de Escuta, Dumbledore serviu-se de um copo de vinho e começou a considerar as possibilidades.

—Devemos supor que Grindelwald realmente sabe como usar os poderes da Lança do Destino. Se ele utilizá-la, todo o planejamento da “Operação Overlord” de nada serviu e a invasão irá por água abaixo. _ disse Dumbledore.

—Mas eu reparei em alguns detalhes, Prof. Dumbledore. E acho que conseguiremos, embora tenhamos pouco tempo. _ disse Voldemort.

—Eu também percebi algumas coisas pelas imagens do Cristal de Armazenagem, professor. _ disse Harry _ primeiramente, como ele mesmo disse, a maleta não parecia ter Feitiços de Segurança. Foi o que pareceu, ao vê-lo tirar e recolocar a Lança. Depois ele mesmo confirmou.

—Muito bem, Harry. _ disse Voldemort _ Se há algo com o que podemos sempre contar, é com a arrogância Nazista de Grindelwald. Ele acha que não há perigo por aqui e isso vai nos ajudar.

—E precisa ser logo, pois temos cerca de quarenta e oito horas antes que eles saiam daqui. _ disse Dumbledore _ Tenho orgulho de vocês dois.

—Obrigado. _ disse Harry _ Agora, vamos ver como vamos tirar aquela maleta das mãos de Grindelwald. O senhor disse quarenta e oito horas. E, até o provável início dos eventos, cerca de setenta e duas.

—Acho que acabei dando uma ajuda, meio que sem querer, mes amis. Me enganei e acabei entregando vinho com aquele tranquilizante. _ disse Jaurés, para os outros, meio sem jeito _ Primeiro, eu pensei que eles poderiam desconfiar que havia algo errado. Mas agora, creio que eles ficarão mais relaxados e não perceberão que estaremos planejando subtrair a maleta deles.

—E eu já estou bolando um plano. _ disse Dumbledore _ Mas não para subtrair a maleta e sim trocá-la por uma réplica.

—Como faremos isso, Dumbledore? _ perguntou Voldemort.

—Primeiramente, eles terão que tomar o café da manhã em uma determinada mesa, no restaurante do hotel. A partir daí...

E Alvo Dumbledore explicou a eles os detalhes do plano que acabara de criar.

Na manhã seguinte, trajando seus elegantes uniformes das SS, Grindelwald e “Coringa” faziam seu desjejum em uma das mesas externas, na calçada do hotel, protegida por um grande guarda-sol. A suave brisa aliviava o calor do verão e Grindelwald não se separava de sua maleta, dentro da qual estava a ponta da Lança do Destino.

—Este desjejum está uma delícia, Klaus. Mas, realmente, tudo aquilo que disseram sobre o Merlot dos vinhedos de Lamounier é verdade.

—Então, valeu a dica do Major Pluskat.

—Sem dúvida. Não podemos deixar de levar algumas garrafas, quando retornarmos para a Alemanha. _ disse Grindelwald.

—Mestre, preste atenção naquela mesa. _ disse Klaus.

—O que tem nela? _ perguntou Grindelwald.

—Veja quem está sentado à mesa, tomando uma taça de vinho.

—Merlin! _ exclamou Grindelwald _ Mas aquele é Alvo Dumb...

O ronco do motor de um carro, passando em frente ao hotel, interrompeu a frase de Grindelwald no meio. Em seguida, um grupo de Maquis desembarcou, todos armados de submetralhadoras MP-40 e começaram a disparar em direção dos dois bruxos Nazistas, que mal tiveram tempo de saltar para longe da mesa e sacarem as varinhas, executando Feitiços Escudo. Em seguida, tão rapidamente como vieram, eles embarcaram no carro, que rodou mais uma quadra e desaparatou.

—Não notou algo de estranho, Klaus? _ perguntou Grindelwald, assim que eles se foram.

—Sim. Primeiro, não há nenhum buraco de bala nas paredes. E, mais estranho, para onde foi Dumbledore?

—Os malditos *&%#$!! usaram festins. _ disse Grindelwald _ Foi só uma distração e... A MALETA!!! De algum modo eles devem ter descoberto sobre o seu conteúdo e armaram tudo isso para roubá-la!

Grindelwald correu até a mesa que haviam ocupado e viu que a maleta ainda estava lá. Abrindo-a, conferiu o conteúdo e respirou, aliviado.

Mal sabia ele que, enquanto os Maquis disparavam seus festins, Dumbledore havia substituído sua maleta, contendo a Lança do Destino por outra, idêntica, contendo uma réplica perfeita. Quando descobrisse, a verdadeira Lança estaria em segurança, fora do seu alcance.

Na vinícola de M. Lamounier, os bruxos comemoravam aquela aparentemente pequena vitória que, na verdade, revestia-se de grande importância por haver tirado das mãos da “Varinha do Reich” aquele artefato que poderia colocar toda a “Operação Overlord” por terra.

—Ela é linda, Prof. Dumbledore. _ disse Harry.

—Linda e perigosíssima nas mãos erradas. _ disse Jean-Marc _ Ainda bem que o senhor irá levá-la para um local seguro.

—Sem dúvida, jovens. _ disse Dumbledore _ E será mantida nele até que a guerra termine.

Entrando na lareira, Dumbledore retornou para a Inglaterra. Era praticamente certo que ele guardaria a Lança do Destino em Hogwarts, onde não faltavam lugares seguros e secretos para mantê-la a salvo.

No mesmo dia, Grindelwald e “Coringa” realizaram uma inspeção nas casamatas das redondezas de St. Mère-Église e, após conversarem com o Major Pluskat, prometeram levar pessoalmente a Hitler o pedido de mais uma Divisão Panzer para reforçar o litoral.

Depois daquilo, fizeram questão de visitar a vinícola de M. Lamounier e adquirirem algumas garrafas de Merlot. Em seguida, utilizaram uma Chave de Portal e retornaram a Berlim.

Assim que eles desapareceram, Harry, Voldemort e Jean-Marc saíram de onde estavam escondidos, para evitarem o risco de serem reconhecidos pelos dois bruxos Nazistas.

—O que será que Dumbledore aprontou para aquela réplica da Lança do Destino, Harry? _ perguntou Voldemort.

—Ele não me disse, Voldemort. _ respondeu Harry _ Mas me garantiu que aqueles dois ficariam com caras de idiotas.

—Conhecendo Dumbledore, certamente vai ser uma gozação de enormes proporções, mes amis. _ disse Jean-Marc.

Em Berlim...

—Foi um enorme susto, lá em St. Mère-Église, mestre. Mas eu não entendo a finalidade. Por que um atentado de fantasia, com tiros de festim?

—Sei lá, Klaus. Talvez para chamar a atenção, mostrar que nem mesmo nós estamos livres de sermos atingidos.

—E a presença de Dumbledore? Não faz muito sentido.

—Dumbledore e eu fomos colegas em Hogwarts, depois que fui transferido de Durmstrang. _ disse Grindelwald _ Desde aquela época, Alvo já possuía um enorme talento para a gozação, o deboche, a comédia. Era um mestre em aprontar pegadinhas e elevava aquilo a um estado de arte. Talvez a presença dele em St. Mère-Église tenha sido uma maneira de brincar conosco ou de deixar claro que, por mais poderosos que sejamos, somos vulneráveis ou então... _ e Grindelwald deixou a frase pela metade e foi até a sua escrivaninha,sobre a qual estava a maleta.

—O que foi, mestre? _ perguntou Klaus, sem entender muito bem a ansiedade de Grindelwald _ O senhor acha que a presença dele era uma isca?

—Uma isca, um chamariz. _ disse Grindelwald _ Ele sabia que eu prestaria atenção nele e talvez não percebesse que o atentado era uma farsa. E toda a situação permitiria que...

Grindelwald abriu a maleta e retirou de dentro dela a ponta da Lança do Destino, colocando-a sobre a escrivaninha e executando o ritual que ativava seus poderes. Nada aconteceu.

Ou melhor, uma coisa aconteceu. O artefato brilhou mas, em vez de emanar a energia mística que o bruxo já conhecia bem, mudou de forma e logo o que estava sobre a escrivaninha já não era mais a Lança do Destino e sim uma folha de papel, com um desenho. A figura de um carequinha narigudo espiando por cima de um muro e uma frase escrita logo abaixo. Uma frase odiada pelos Nazistas e adorada pelos Aliados.

KILROY WAS HERE”.

—O maldito Hurensohn trocou as maletas. _ disse Grindelwald, depois de dar um urro de pura raiva, que fez tremer as janelas e chegou a assustar Klaus.

Na noite seguinte, a locutora da BBC transmitia as frases com as mensagens cifradas para as várias células da Resistência. Na noite anterior, haviam ouvido a frase “De Outono”, o que manteve todos atentos. Em dado momento, um silêncio sepulcral tomou a sala da casa de M. Lamounier, após a mensagem transmitida pela suave voz da garota.

FEREM MEU CORAÇÃO COM UM LANGOR MONÓTONO”.

Depois dos instantes de surpresa, alguns dos membros da célula abriram os esconderijos e começaram a juntar seu equipamento. Armas, munições, explosivos e ferramentas foram catalogados e distribuídos. Em seguida, cada um saiu para cumprir suas missões.

—Senhoras e senhores, creio que logo titio Omar virá fazer uma visita aos jardins que plantamos. _ disse Harry _ Vocês têm suas missões e nós temos as nossas. Vamos cumpri-las, então.

—Com certeza. _ disse Voldemort _ Meus caros, acabou de ser dada a largada da corrida para Paris. E digo mais, da corrida para Berlim.

Trés bien, mes amis. _ disse Jean-Marc _ Caberá a nós, agora, fazer de tudo para que cheguemos a Berlim antes dos soviéticos.

Na Inglaterra, os preparativos finais corriam a toda velocidade. O mundo jamais havia visto uma mobilização, um Apronto Operacional daquela magnitude.

Dali a, no máximo, quarenta e oito horas, os acontecimentos marcariam a História, de maneira indelével.

Além de que, como uma contribuição extra, o reforço da Divisão Panzer às casamatas não ocorreria, nem agora, nem nunca.

Naquela noite, devido a uma crise de enxaqueca, Adolf Hitler havia tomado um sedativo e ido dormir, dando ordens expressas para que ninguém, absolutamente ninguém o despertasse.

A Marcha para Paris e Berlim tivera início.