CAPÍTULO 25

INAUGURANDO O MERCADO

O mês de julho havia começado.

O desembarque Aliado na Normandia constituiu a ponta-de-lança para a invasão da Europa Continental e o início de sua libertação do jugo Nazista. O conhecimento da História da II Guerra por parte de Harry e Voldemort foi cada vez mais revelando-se uma enorme vantagem, permitindo que as dificuldades e obstáculos enfrentados em nossa realidade pudessem ser previstos e contornados.

Com isso, a conquista de vários objetivos foi alcançada um pouco mais cedo. St. Mère-Église, St. Lô, Bayeux, todas essas e outras cidades logo foram libertadas. Cherbourg, por exemplo, foi conquistada e seu porto começou a ser desminado em 20 de junho, sete dias antes do que havia ocorrido em nossa realidade. Com Le Havre, Boulogne, Calais e Dunkirk não fora diferente e tudo contribuíra para adiantar a ofensiva sobre Carentan e Caen, antes que as forças alemãs pudessem se reorganizar de forma efetiva.

A progressão aliada, sob o comando de Bradley e Patton, que já se encontrava na França, não estava passando despercebida mesmo em Berlim. Ainda que a Europa estivesse em guerra, um baile promovido pelo Reichstag parecia querer mostrar que Hitler tinha total controle da situação. No suntuoso salão, a orquestra havia feito um intervalo para a apresentação solo de um requisitadíssimo pianista e, enquanto ele executava com maestria composições de Beethoven, Schubert, Mozart, Debussy e outros mestres da música clássica, além de composições românticas e populares mais atuais e algumas de suas próprias, Hitler e Grindelwald conversavam em uma mesa perto dele.

—Eu não esperava que esse ataque fosse ocorrer. _ disse Hitler.

—Ninguém esperava, mein Führer. Exceto, talvez, Rommel. Ele aconselhou a reforçar as defesas da Muralha do Atlântico. _ disse Grindelwald, pensativo, tomando um gole de vinho _ E foi o que fizemos, embora não tenha sido o suficiente.

—Ele nem estava lá, no dia. _ disse Hitler _ Bem, era o aniversário da esposa dele e ele não tinha como adivinhar.

—Mas ele retornou imediatamente e iniciou a reorganização das forças. O problema, na verdade, é outro. Aliás, dois outros. _ disse Grindelwald.

—Nem precisa dizer. “Batman” e “Robin”. _ disse Hitler _ Aqueles lá são verdadeiras pedras no sapato.

—Eu que o diga. _ disse Grindelwald _ Descobrir que minha grande esperança para o Quadribol profissional, Georges Delvaux, era na verdade “Robin”, quase acabou comigo.

—E quanto a Klaus, o “Coringa”? _ perguntou Hitler.

—Ele não gosta muito de aparecer. _ disse Grindelwald _ Mesmo sendo um herói do Reich, algumas pessoas ainda ficam impressionadas com sua aparência. Ele só virá hoje porque foi um pedido especial seu e porque ele é um grande admirador do pianista que está se apresentando. Veja, aí está ele.

Trajando um elegante uniforme de gala das SS, após deixar o quepe na chapelaria, Klaus von Feuer-Adler adentrou o salão, cumprimentando os convidados que, mesmo um pouco assustados, ainda o reconheciam como um herói Nazista, leal ao Reich e a Hitler. No seu uniforme, brilhava a insígnia da Drachenwache.

Heil, Hitler. _ o “Coringa” perfilou-se e saudou Adolf Hitler e depois prestou continência a Grindelwald _ Mein Führer, mein Meister, os planos estão correndo como ordenado. Embora o protótipo tenha sido destruído durante a invasão dos Aliados, ele cumpriu sua finalidade, provando que funciona.

—Então, quer dizer que o canhão de pulso sônico foi produzido em série? Quantos foram, HerrCoringa”? _ perguntou Hitler.

—Cinco, menores o bastante para serem montados nas torretas de blindados especiais, mein Führer. _ respondeu “Coringa” _ Não parece muito, mas poderá fazerum belo estrago e retardar ou até mesmo impedir a progressão dos Aliados. Talvez dê para compensar o fracasso do “Panzerkampfwagen”.

—Progressão? Mas assim tão cedo? _ perguntou Hitler _ E o que foi que houve com o “Panzerkampfwagen”?

Ja, mein Führer. É praticamente certo que o objetivo deles será chegar a Berlim. _ respondeu “Coringa”, tomando um gole de champagne— Mas para isso, precisarão estabelecer uma rota, ainda não sabemos por onde. Quanto ao “Panzerkampfwagen”, o “XERUM-525” não era o bastante para todos, tínhamos que optar entre ele e os canhões. Combustível convencional não o moveria, ele é muito pesado e seria economicamente inviável.

—Entendo, todos precisamos cortar onde for possível para direcionar os recursos para onde for mais importante. _ disse Hitler _ Colaborar com o esforço de guerra, embora seja preciso valorizar o lazer, como uma forma de manter o moral elevado;

—Há duas opções, embora uma delas seja a mais viável. Eu, pessoalmente, escolheria progredir através da Bélgica e Holanda, para chegar à fronteira com a Alemanha. _ disse Grindelwald _ Seria menos trabalhoso do que atravessar a França e atingir a Alemanha por Estrasburgo, entrando por Offenburg e Baden-Baden ou por St. Avoid, entrando por Saarbrucken.

—Espero que eles não o façam tão logo, pois será preciso modificar meio que radicalmente as torretas e a blindagem, para que os blindados resistam. Deverá estar tudo pronto até o final de agosto, espero._ disse “Coringa”.

—Mas teremos que considerar todas as hipóteses. _ disse Hitler, pensativo, tomando um gole de champagne, o que só fazia em ocasiões muito especiais, pois era fato conhecido que o Führer não bebia _ Aliás, e quanto ao novo trunfo que você disse ter?

—Ah, sim, mein Führer. _ disse Grindelwald _ Lembra-se da bruxa americana de quem lhe falei, aquela que passou um tempo em Nurmengard sob meu domínio, em 1927?

—Quando você quase explodiu Paris? _ perguntou Hitler _ Aquela que tem a habilidade de ler a mente das pessoas, A tal...

—... Legilimente. Ja, ela mesma, mein Führer. Consegui forçá-la a retornar e colocar-se a meu serviço. Estou mantendo seu esposo, o tal confeiteiro Kowalski em cativeiro e ela não tem outra alternativa senão me obedecer (convenientemente, Grindelwald omitiu a origem judaica da bruxa).

A apresentação do pianista terminou e a orquestra se preparava para seguir com o baile. Antes de se retirar, ele foi chamado à mesa onde estavam Hitler, Grindelwald e “Coringa”.

—Tem certeza de que não pode ficar mais um dia? _ perguntou Hitler.

—Infelizmente não. _respondeu ele _ Tenho um concerto agendado em Paris para daqui a dois dias e, com essa situação do desembarque e avanço dos Aliados, terei que contornar possíveis causas de atraso se quiser chegar a tempo.

—Então faça uma boa viagem. _ disse Hitler _ Seu talento e seu carisma serão sempre bem-vindos. Auf wiedersehen.

Auf wiedersehen. _ o pianista despediu-se do terrível trio e retirou-se rumo ao aeroporto, a fim de embarcar no avião particular que o esperava.

Quando o avião levantou voo, o pianista retirou do seu bolso um minigravador, projetado e construído com tecnologia mais avançada do que poderiam esperar para aquela época. Era imprescindível que aquela gravação chegasse às pessoas certas e ele sabia quem eram e onde estavam. Principalmente aqueles que eram próximos a Queenie Goldstein Kowalski.

Afinal de contas, se ele não soubesse, não seria Jean Lariat, o alter ego de “Nemo”, também conhecido como “Capitão Ninguém”, um dos maiores e mais secretos agentes da Resistência Francesa. Um homem cujo disfarce de artista neutro e apolítico, que lhe custava a má fama de ser considerado um covarde e colaboracionista por quem não conhecia seu segredo, o tornava a pessoa certa para circular nos ambientes da alta cúpula do Reich sem despertar suspeitas (“Espero que essa maldita guerra termine logo, para que a verdade sobre o meu papel possa ser revelada. É muito difícil e doloroso ver que as pessoas que eu mais amo me consideram um traidor”, pensou ele).

St. Mère-Église, dia seguinte.

A cidade havia sido libertada e era uma base de operações dos Aliados, onde Patton, Bradley e Montgomery traçavam os planos para o avanço das tropas, tendo a companhia de Dumbledore e dos Ajudantes-de-Ordens, Tenentes Riddle e Potter. Convenientemente, Churchill havia segurado de Gaulle em Londres, sob o pretexto de que precisariam articular diversas alianças políticas e diplomáticas. Afinal de contas, era imperativo que nada sobre os planos de adiantar a “Operação Market-Garden” pudesse chegar ao conhecimento de Stalin. Os soviéticos não poderiam de forma alguma chegar primeiro a Berlim.

—È uma satisfação estar com vocês. _ disse Bradley _ Norman me falou sobre a importância de sua participação no desembarque. Preparar o terreno, minar a muralha, destruir aquele canhão esquisito e liderar o grupo de bruxos, evitando que os alemães executassem uma contra-ofensiva aérea. Eram duas aeronaves, mas poderiam ter causado um grande estrago, ainda mais com aquela escolta de bruxos.

—Aliás, o jovem Riedner está sendo muito bem tratado, como você recomendou. _ disse Patton.

—Obrigado, General. _ disse Harry _ Riedner tem vontade própria, não é como os outros da Hitlerjugend, um fanático manipulado.

—Então você já o conhecia, Tenente Potter? _ perguntou Bradley.

—Sim, General Bradley. Durante o jogo da Grifinória contra a Hitlerjugend, acabei salvando a vida de sua irmã e ele foi me agradecer. Ele está em uma prisão para oficiais bruxos,não é?

—Exato. Ele parece estar com medo de alguma coisa. _ disse Patton.

—Acredito que devam estar mantendo Greta sob alguma ameaça. É bem aquilo que os malditos Nazistas fariam. _ disse Tom.

—Provavelmente. _ disse Dumbledore _ Bem, teremos como descobrir. Agora, vamos tratar de outras coisas que, embora tenham a ver com as missões, certamente serão mais agradáveis.

—O que teremos que fazer, Prof. Dumbledore? _perguntou Tom.

—Primeiro, conjurar fraques, pois creio que vocês não os têm. Amanhã à noite deverão ir a Paris, para um encontro com um agente da Resistência e a líder da divisão.

—Ela participará desse encontro? _ perguntou Harry _ e por que os trajes a rigor?

—O encontro ocorrerá durante um concerto do famoso pianista Jean Lariat, amanhã à noite. _ disse Dumbledore.

—Aquele poltrão colaboracionista. _ disse um dos membros da Resistência, cujo escalão não lhe permitia saber da real situação de Jean Lariat.

—Deverá ser interessante. _ disse Tom _ E espero que as informações sejam boas.

Depois que Montgomery saiu...

—Pois é. Precisaremos de todas as informações que pudermos obter, se quisermos adiantar o início da “Operação Market-Garden” e garantir que ela seja bem sucedida. _ disse Harry _ Não poderemos aguardar até setembro ou os chucrutes terão tempo para se reagruparem na Holanda. General Bradley, o plano que o Marechal Montgomery vai idealizar não deverá ser aceito ou, pelo menos, deverá sofrer drásticas modificações, a fim de evitar que as tropas aerotransportadas fiquem isoladas em Arnhem.

—Monty está muito ambicioso, desde que foi promovido a Marechal. Mas Ike já está prevenido, os sucessos de suas missões contribuíram para que ele deposite uma grande confiança em vocês. _ disse Bradley _ Bem, talvez as informações que o contato da Resistência lhes repassar possam lançar uma nova luz sobre os planos futuros.

—_Creio que o Reich não conseguirá mobilizar um número hábil de Divisões Panzer em dois dias. _ disse Dumbledore _ Vocês poderão apreciar o concerto, sem preocupações.

Na noite do concerto, Harry e Voldemort estavam nos lugares que lhes haviam sido destinados, trajando elegantes fraques e transfigurados com outra aparência, pois Grindelwald e “Coringa” sabiam como eles eram. Embora vários oficiais do Reich estivessem presentes e procurassem parecer despreocupados, sabiam que os Aliados estavam próximos e que era questão de tempo até que perdessem Paris e, com ela, praticamente toda a França.

Mas quando a plateia se viu envolvida pela penumbra e as primeiras notas do piano de Jean Lariat foram ouvidas, todas as apreensões e tristezas da guerra foram temporariamente deixadas de lado, enquanto eram transportados para uma dimensão de puro êxtase, onde a música parecia dizer a cada umque dias melhores viriam. Um único foco de luz incidia sobre o pianista, realçando seu rosto de traços fortes onde um bem cuidado bigode encimava a boca entreaberta como que em uma prece.

Ao término do concerto, um funcionário do teatro aproximou-se e apresentou um cartão em uma bandeja de prata. Na frente, o nome de Jean Lariat e, no verso, um convite para o camarim.

—Ele não aceitará um “não” como resposta, M. Dantès e M. Morel. Recebi instruções para conduzi-los, imediatamente. _ disse o funcionário.

Acompanharam o funcionário até o camarim de Jean Lariat. Ele bateu à porta e uma voz se ouviu do outro lado.

Oui?

Ici sont Monsieur Dantès et Monsieur Morel.

Très bien. Entrez, s’il vous plait.

Harry e Voldemort entraram e a porta se fechou, deixando-os frente a frente com o famoso pianista.

— “O sol está brilhante”. _ disse Jean.

— “Mas a semente do mal gera frutos amargos”. _ respondeu Voldemort. Um espião Nazista instintivamente responderia “Mas o gelo é escorregadio”, completando a senha do Sombra mas errando a senha combinada.

M. Morel, “Batman”, M. Dantès, “Robin”, encantado em conhecê-los. Sou “Nemo”. _ disse ele,apertando as mãos dos dois _ E há outra pessoa que deseja conhecê-los, a líder de nossa divisão da Resistência.

Uma mulher franzina saiu de trás de um biombo. Aparentava menos de trinta anos,mas sua expressão sofrida traduzia as dificuldades pelas quais passou e que não a enfraqueceram, pelo contrário, aquela pequena mulher, aquele “pardal”, irradiava uma força que em poucas pessoas eles haviam visto.

Édith... _ disse Harry.

—... Piaf!— completou Voldemort.

Frente a eles estava a cantora que, embora fosse morrer relativamente jovem, deixaria sua marca para a posteridade.

—Vocês me conhecem? _ perguntou Édith.

—Não só conhecemos, como também admiramos. _ disse Voldemort.

—Já sabíamos que a senhora era membro da Resistência, mas não que fosse a líder da divisão. _ disse Harry _ E estarmos aqui nos deixa muito honrados.

—E o que tenho aqui para vocês irá deixar Bradley e Patton bastante contentes, mas também apreensivos. _ disse Lariat _ E devemos isso a vocês, pois este aparelhinho gravador foi desenvolvido a partir da tecnologia obtida nas instalações das superarmas secretas dos Nazistas, que vocês mapearam. Muito obrigado, “Batman” e “Robin”.

—Nós é que temos que agradecer, M. Lariat. _ disse Harry _ Pois o trabalho de vocês é ainda mais árduo. Tanto você quanto...

—Pode me chamar apenas de “Édith”, mon cher. _ disse a cantora e líder de divisão da Resistência, com um sorriso _ E já sei o que você vai dizer. Além do risco de sermos descobertos, também temos que conviver com a desconfiança e o desprezo de nossos compatriotas, que nos têm em conta de colaboracionistas.

—Um dia o mundo lhe fará justiça, Édith. _ disse Voldemort _ Temos que ir, para que não desconfiem que esta não é uma simples visita de fãs. Seu esforço ajudará a antecipar o final desta guerra, pode estar certa disso.

—Obrigada, “Batman”. _ disse Édith.

—E nunca se esqueça, Édith, que a vida pode não ser uma vida em rosa, mas é importante não se arrepender de nada do que fizer. _ disse Harry, enquanto ele e Voldemort iam saindo.

—Então, você se sentirá entoando um hino ao amor. _ disse Voldemort, antes de saírem pela porta _ Boa noite, Édith. Boa noite, M. Lariat.

Após saírem e, em uma rua vazia atrás do teatro, desaparatarem para St. Mère-Église, os dois artistas olharam um para o outro, meio confusos.

—O que será que os dois queriam dizer com aquilo, Édith? _ perguntou Jean Lariat.

—Não sei, Jean. _ disse Édith _ Mas isso me deu ideias para algumas músicas, no futuro. Bem, preciso ir. A gente se vê logo.

—Lembranças ao Yves. _ disse Jean Lariat _ Quem sabe possamos almoçar qualquer dia desses.

De volta a St. Mère-Église...

—O que “Nemo” gravou é muito importante. _ disse Patton.

—Realmente. _ concordou Bradley _ Esses equipamentos, os tais...

—... “Canhões de Pulso Sônico”. _ disse Harry _ Nós vimos o protótipo funcionar na praia Omaha e sabemos do que aquela coisa é capaz.

—Despedaçou blindados e transformou soldados em geleia, diante de nossos olhos. _ disse Voldemort _ E eles agora têm cinco deles.

—Montados em blindados especiais, certamente prestes a seguirem para a Bélgica e Holanda, assim que estiverem prontos. _ disse Dumbledore _ O tempo ainda está a nosso favor, por enquanto.

—Mas não podemos dar mole. _ disse Harry _ Deveremos contactar os grupos de Resistência na Bélgica e na Holanda.

—_Vou mandar corujas com mensagens criptografadas para Nicolette Devereaux, em Antuérpia e para Audrey Hepburn, em Amsterdam. _ disse Dumbledore.

—Ainda assim, creio que será preciso algo mais para aumentar nossas chances. E faço uma ideia do que podemos fazer. _ disse Patton _ Talvez tenhamos que acionar “Dee-Dee”.

—Tem razão, General. _ concordou Dumbledore _ Se há alguém que pode nos ajudar, só consigo pensar em “Dee-Dee”.

— “Dee-Dee”? _ perguntou Harry _ Mas quem... aah, sim. Vamos fazer contato, então. Mas há outra questão, Queenie Goldstein Kowalski.

—Sim. _ disse Voldemort _ Ela faria qualquer coisa para evitar que fizessem mal a Jacob. Suas habilidades de Legilimência podem ser maiores até que as minhas, o que torna necessário fortalecermos os treinos de Oclumência.

—Tem razão. _ disse Harry _ E também precisaremos avisar Newton e Tina pois eles até devem saber que ela desapareceu, mas não devem saber de tudo o que houve e nem onde ela está.

—Também farei contato com eles, Harry. _ disse Dumbledore, enquanto Bradley saía para dar instruções ao seu Estado-Maior _ E também precisaremos discutir aquele outro assunto, agora que o General Bradley saiu.

—Tem razão, Dumbledore. _ disse Patton _ Omar poderia não compreender os desdobramentos, já que ele não possui tanta experiência e convivência com a magia como eu, embora eu mesmo tivesse algumas restrições a esse plano. Mas conhecendo a personalidade do homem, creio que poderá valer a pena.

—Então será preciso garantir que o ataque do Spitfire ocorra, na data e no local certos. _ disse Voldemort _ O resto, depois, podem deixar com a gente.

—Tudo deverá ser bem coordenado, pois o dia 17 está chegando e não poderemos cometer nenhum erro. _ disse Patton _ Se bem que os eventos do dia 20 poderiam dar certo, diferente do que houve em sua realidade. O mundo seria poupado daquele maldito.

—Melhor não, General Patton. _ disse Harry _ Se Hitler morrer nos eventos do dia 20, outro pior poderá sucedê-lo, tipo Himmler, Göring ou outro. Se Heydrich não tivesse morrido em Praga, no dia 4 de junho de 1942, ele seria a escolha mais certa.

—Então creio que logo poderemos inaugurar o mercado. _ disse Patton, com um sorriso _ Bem como colocar em prática a “Operação Proposta Indecente”. Acho que vou indo, todos temos as nossas missões. Até mais.

—Até mais, General. _ disseram Harry e Voldemort, prestando continência. Quando estavam apenas os dois e mais Dumbledore...

—Logo chegará o momento de confrontarmos Grindelwald e seu insano braço direito, o “Coringa”. _ disse Harry _ Em nossa realidade, o senhor somente o confrontou em 1945, mesmo sabendo que ele estava trilhando um caminho maligno. Por quê?

—Havia algo que me impedia, Harry. Algo muito forte e que somente deixou de existir há uns dois anos.

—Para ser assim, devia ser um pacto de não-agressão entre vocês. E sendo tão forte, só poderia ser um pacto de sangue, acertei? _ perguntou Voldemort.

—Exatamente. _ confirmou Dumbledore _ Depois que Ariana morreu, de acordo com o que vocês me informaram, pela varinha de Grindelwald, ele mesmo propôs o pacto, pois havia ficado muito sentido com o que havia ocorrido. Aberforth não participou, mas nós dois sim.

—E desde então, sempre evitaram o confronto. _ disse Harry.

—Até que, em 1927, depois que Grindelwald quade explodiu Paris e foi impedido por vários valorosos bruxos, entre eles Porpentina Goldstein, os irmãos Newton e Teseu Scamander e também Nicolau Flamel, aconteceu que o pelúcio de Newton conseguiu subtrair de Grindelwald o receptáculo onde nosso sangue estava acondicionado e ele o entregou a mim. Então passamos anos trabalhando em um meio de neutralizar o feitiço do pacto e, há cerca de uns dois anos, conseguimos.

—Mas o senhor até agora não o confrontou diretamente para que ele não suspeitasse de nada, não é? _ perguntou Tom.

—Isso mesmo, Tom. _ Dumbledore serviu-se de uma xícara de chá e continuou _ Ele deve estar em Nurmengard, sua fortaleza nos Alpes, achando que está no domínio da situação.

—O problema é que ninguém conhece a localização de Nurmengard, sem contar que ele deve ter instalado várias defesas mágicas. _ disse Harry _ O que nos obrigará a planejar algum tipo de operação de resgate, nem que seja alguém servir de chamariz e colocar-se na boca do lobo.

—Perigoso, muito perigoso. _ disse Tom, também servindo-se de uma xícara de chá e tomando um gole _ Embora talvez seja necessário, ainda que como um último recurso.

—Pelo menos as Forças Aliadas já estão em território belga e isso poderá nos dar uma grande vantagem, a de progredirmos antes dos Nazistas poderem se mobilizar, principalmente com nossos agentes por lá, principalmente Nicolette Devereaux e seu grupo, pois sei que já foi montada uma estação de apoio em Vossemeren e de lá será possível atravessar a fronteira e progredir até Eindhoven, principalmente com a ajuda de “Dee-Dee”. _ disse Harry _ Mas o tempo é um fator crucial pois, se nos atrasarmos, ele passará de aliado a adversário.

—Portanto, quanto antes eu mandar as corujas, melhor. Principalmente para “Dee-Dee”, pois a distância é maior. _ disse Dumbledore _ Até mais.

Dumbledore saiu para enviar as corujas e os dois bruxos permaneceram na sala.

—A vida de Dumbledore não é fácil. _ disse Voldemort _ E eu o conheci aos dez anos. Embora eu já tivesse meus planos das Trevas, jamais deixei de respeitá-lo e admirá-lo.

—Eu só o conheci em Hogwarts, quando fui selecionado. E eu acho que há mais coisas ali, que ele não quer ou não pode dizer. Bem, vamos aguardar as respostas às corujas. Pelo que eu soube, a ajuda de “Dee-Dee” será fundamental, principalmente para evitar o isolamento da 1ª Divisão Aerotransportada Britânica em Arnhem. _ disse Harry _ Nossa vantagem, de acordo com a Inteligência, é que a 9ª e a 10ª Divisões Panzer e o 15º Exército não receberam ordens de movimentação. Como Antuérpia ainda está sob controle Nazista, von Zangen continua parado e com isso poderemos adiantar a operação, libertar Antuérpia, cortar uma possível movimentação de von Zangen e consolidar as posições na Holanda, principalmente em Arnhem.

Harry estava certíssimo em tudo o que havia dito. Havia muita coisa que Dumbledore não podia dizer, por enquanto.

Nurmengard, dias depois.

—Não compreendo por que o senhor me mantém aqui, Sr. Grindelwald. Certamente há meios mais sutis para conseguir a colaboração dela.

—Com certeza, mas nenhum tão efetivo. E a presente situação não deixa tempo para observar sutilezas. _ disse Grindelwald, servindo duas doses de Brandy e oferecendo uma ao outro homem _ Mas, acredite, não tenho a menor intenção de lhe fazer mal... enquanto sua esposa fizer o que peço. E ela sabe que enquanto fizer, o senhor estará seguro. Um saudável equilíbrio, Sr. Kowalski.

—O senhor já é um notável Legilimente. Por que precisa de Queenie?

—Ela é mais poderosa do que eu com essa habilidade e pode circular por lugares que eu não posso. _ disse Grindelwald, tomando um gole de Brandy e removendo suas lentes de contato azuis, guardando-as em uma caixinha especial.

—Da última vez que nos vimos, o senhor era loiro e não usava essas lentes de contato. Por que a mudança? _ perguntou Jacob Kowalski.

—Tingi o meu cabelo de preto, para uma maior identificação com Hitler. E a heterocromia dos meus olhos poderia fazer com que me considerassem menos... puro. Além disso, aquele médico maluco, o tal Mengele, poderia querer fazer algum tipo de experiência comigo. _ disse Grindelwald _ Mas vocês podem se considerar hóspedes aqui em Nurmengard.

—Com a diferença que não podemos sair daqui, caso a “hospedagem” passe a não ficar do nosso agrado. _ disse Kowalski, tomando um gole do seu Brandy.

—Digamos que gosto da companhia de vocês e quero mantê-los por perto. Eu não gostaria que tentassem fugir, pois estamos nos Alpes, em uma área pouco conhecida. Mesmo que conseguissem neutralizar as defesas, conjurar provisões e agasalhos, em breve estariam perdidos e morreriam congelados. Acreditem, é mais seguro que fiquem aqui. Além disso, o senhor poderia ensinar muitas coisas aos nossos cozinheiros, graças aos seus enormes talentos como confeiteiro.

—É, acredito que devo fazer algo para passar o tempo. E o senhor também tem aqui uma respeitável biblioteca.

—Clássicos bruxos e trouxas, à sua disposição. _ disse Grindelwald.

—Antes de vir para a Europa, sempre usava o termo americano “No-Majs” para me referir a nós. _ disse Kowalski _ Sabe, quando Queenie resolveu segui-lo depois dos eventos de 1927, eu primeiro pensei que ela resolvera aderir às Trevas. Mas depois entendi o que ela pretendia. Queenie imaginava que com o senhor no comando os bruxos aceitariam melhor a união, o casamento com trouxas. Mas depois ela viu que não era o que o senhor pretendia, que só queria nos dominar.

—Para o bem do seu próprio povo, Sr. Kowalski. Os trouxas também têm relutância em aceitar os bruxos. Mas será uma questão de tempo até que os dois mundos possam viver juntos.

—Mas aliar-se aos Nazistas? Tanto eu quanto Queenie temos origem judaica, eles estão nos exterminando.

—Apenas porque eles estão no domínio... por enquanto. A origem de alguém não diminui o valor que ele pode ter. Foi o que eu quis dizer, em 1927.

—Quando quase explodiu Paris. Foi só com a ajuda dos Aurores, além de Newt e Nicolau Flamel que aquilo não resultou em uma catástrofe. Depois, nos fixamos em Londres e nos casamos, porque aqui na Europa a tolerância para com os casamentos bruxos/trouxas é maior. Então tivemos Moishe e, felizmente, pudemos vê-lo crescer. Ele se alistou e foi capturado mas, graças a Deus, foi libertado daquela fábrica perto de Hogwarts.

Moishe... Goldstein? _ perguntou Grindelwald _ A fábrica perto de Hogwarts, de onde saiu o “Amerika Bomber”? Malditos “Batman” e “Robin”! Foram eles que libertaram o prisioneiro que deu as primeiras informações à Resistência Britânica!

—Por que o senhor está assim, Sr. Grindelwald? _ perguntou Jacob.

—Nada, o senhor e Queenie não têm culpa. _ disse Grindelwald, rapidamente se acalmando _ Mas graças às informações dele, nossos planos de bombardear os EUA e o Brasil foram por água abaixo.

—Acho que foi melhor assim, Sr. Grindelwald. Citando Bogart, naquele filme que estreou há cerca de dois anos, “Há certas partes de Nova York que não aconselho a invadir”. _ disse Jacob.

—Certo, já passou. _ disse Grindelwald _ Acredite, reafirmo que nada tenho contra a origem judaica do senhor e de sua esposa. Mas não posso permitir que os Aliados progridam e cheguem a Berlim.

Naquele momento, Queenie Goldstein Kowalski entrou na sala.

—Sr. Grindelwald. Novamente querendo me dominar para fins escusos. Ameaçar a mim através do meu esposo é descer muito baixo. _ disse ela.

—Calma, Sra. Kowalski. _ disse Grindelwald _ A única coisa que precisarei é que a senhora me dê conhecimento dos pensamentos de alguns figurões Aliados. Para isso, a senhora vai se disfarçar e se infiltrar em Whitehall, como secretária. Ninguém irá se ferir, eu prometo. Seus documentos falsos já estão prontos e uma Chave de Portal à prova de rastreamento já foi preparada. Não se preocupe, seu marido não será maltratado.

Queenie saiu e os dois continuaram a conversar. Então, um soldado chegou e entregou uma mensagem a Grindelwald. O bruxo leu e pediu licença.

—Me perdoe, mas há assuntos que requerem a minha atenção. Fique à vontade, Sr. Kowalski.

St. Mère-Église, na mesma hora.

Reunidos à volta da mesa, estavam Patton, Montgomery, Dumbledore, Harry e Voldemort. Uma coruja entrou pela janela e largou um bilhete sobre a mesa. Assim que terminou de ler, Dumbledore sorriu satisfeito e mostrou aos outros o que estava escrito. Quando tomaram conhecimento do teor da mensagem, cada um tratou de tomar as providências que lhe cabiam. Montgomery acionou uma Chave de Portal e desapareceu.

O bilhete dizia: “Raposa ferida, como já sabem. Guerreira Nórdica caiu do cavalo. Cerveja e batatas fritas podem ser saboreadas com tranquilidade, sem chucrute para estragar o sabor. ‘Dee-Dee’ fazendo sua parte. Já podemos ir às compras”.

—Senhores, o mercado foi inaugurado e está oficialmente aberto. Vamos fazer compras e passear no jardim. _ disse Patton, antes de acionar a sua própria Chave de Portal, seguido pelos outros.

O corredor para a Berlim, através da Holanda, estava aberto e, de forma diferente do que foi em nossa realidade, mais cedo e com meios para que não houvesse “Uma Ponte Longe Demais”.

A “Operação Market-Garden” estava tendo início.