> Amy

Terminei de descascar a maçã e coloquei a casca no criado-mudo do lado da minha cama. Estava cortando a maçã quando ouvi alguém mastigando.

Parei de cortar o pedaço e olhei para Nick, que estava mastigando algo, e depois para o criado-mudo, o qual já não tinha mais nenhuma casca de maçã em cima.

– Eca! Eu sabia que vocês, russos, eram estranhos, mas isso já é demais! - Falei, com uma cara de nojo e um gosto ruim na boca.

O nojento do Nick só me olhou de volta e deu de ombros, engolindo a "comida" e me dando um sorriso. - Você não pode falar nada, sua amante de queijo.

– Não tenho culpa se eu gosto de queijo, idiota!
– E nem eu tenho se eu gosto da casca da maçã, cavinete.

Eu fiquei olhando para ele por alguns segundos antes de raciocinar o porquê do novo apelido, e me dei um facepalm como resposta, grunindo. Porquê os homens tinham que ser criaturinhas tão ignorantes e irritantes?
Ele só riu da minha reação, o que me deixou ainda mais zangada e me fez avançar com a faca em cima dele.

Ele agarrou o meu braço e me puxou para perto, sorrindo enquanto sua mão parecia queimar a minha pele. Ele pegou a maçã descascada da minha mão e me soltou, me deixando cair de volta para a cama.

Eu o encarei enquanto ele comia a maçã, sem poder fazer nada, até que ele parou quando ela estava na metade e me deu o resto. Olhei para a cara de bunda dele e soltei um som de desgosto.

– Agora isso tá infectado com os seus germes! Eu não vou comer isso.
– Quem tá perdendo aqui é você. - Nick falou antes de voltar a comer a fruta.
– Você sabe que eu posso fazer com que te tirem daqui, né?
– Você sabe que eu poderia te matar agora, né?
– Você não faria isso.
– E porquê não? - Ele levantou uma sombracelha, com um meio sorriso no rosto.
– Porquê até mesmo os russos não mataria uma coisinha fofa que nem eu. - Falei, com um sorriso no rosto.

Ele riu alto em resposta, colocando a mão no rosto e me fazendo rir junto sem querer. Continuamos a conversar sobre o tópico de escalação de fofura (e em qual lugar eu me encaixava, claro) até começar a escurecer.

Eu não havia percebido o quanto ele era assim, legal. Ele até que tinha boas piadas, e a risada dele não foi a pior que já ouvi. Quem sabe nem todos os homens crescem para virarem pervertidos bêbados.

Nós acabamos por nos encarar após uma série de piadas, sorrisos fracos nos rostos de cada um, antes de um pequeno "vídeo" passar pela minha cabeça.

Eu estava em algum lugar familiar, deitada em um monte de feno. Tinha um cyndaquil pequeno se aproximando de mim, eu senti meus olhos fecharem e um apressão familiar nos lábios. Eu sorria, eu estava feliz, e eu tinha certeza de que o cyndaquil me beijando estava tão feliz quanto eu.

Eu abri os meus olhos e me deparei com um outro par de orbes douradas me encarando de volta. Eu podia sentir tanto a minha quanto a respiração dele, e ele estava corado. Demorou um pouco para eu perceber quem era a figura na minha frente, e, tenho que admitir, o cheiro de algo queimando ajudou. Eu me afastei com um pulo e o empurrei, sentindo o sangue indo para a minha face.

Eu o encarei enquanto puxava o lençol que me cobria pelo meu corpo.

– PORQUÊ VOCÊ FEZ ISSO SEU RUSSO FLA- Minha gritaria fora cortada por uma figura que havia batido a porta ao entrar no recinto.

– É aqui que estão os representantes da Suíça e Rússia?