PEV - Pokémon Estilo de Vida

Capítulo 19 – Decepções


Pokémon Estilo de Vida
Saga 02 – Fantasmas do Passado
Etapa 05 – Competições Escolares

Existe uma maré nos casos dos homens.
Cuja, levando à inundação, nos encabeça à fortuna.
Mas omitidos, e a viagem das vidas deles está restrita em sombras e misérias.
Em um mar tão cheio estamos agora a flutuar.
E nós devemos pegar a correnteza quando nos for útil,
Ou perder as aventuras antes de nós ”

(Shakespeare)

Capítulo 19 – Decepções

É uma batalha muito interessante para treinadores mais experientes. Um squirtle, o inicial aquático de Kanto, contra Totodile, inicial aquático de Jotho. Muitos se perguntam qual dos dois é melhor e confesso que é uma avaliação difícil. Enquanto a tartaruga tem um poder energético e defensivo maiores, a pequeno crocodilo tem mais força em seus ataques e aguenta mais tempo de batalhas.

O que significa que depende do tipo de treinador que o usaria para poder definir qual deles seria melhor. Para um treinador que luta a média distancia o inicial de Kanto é a escolha ideal, enquanto o inicial de Jotho é perfeito para aqueles que querem lutar a curta distancia. Claro que a visão de um pokémon inicial é a que será mais fácil do treinador inexperiente se adaptar e nesse caso Totodile seria a melhor escolha, já que seus golpes corporais seriam mais fortes e comuns, enquanto os de Squirtle precisam de um conhecimento dos movimentos aquáticos que nem sempre são tão conhecidos logo no inicio, ou mesmo o pokémon sequer pode conhecer.

Maya é uma treinadora que ainda não tem experiencia em batalhas e por Totodile se alinhou perfeitamente a ela. Ela ataca com golpes físicos, as vezes lembrando até um humano em uma briga. Os dois estão em uma boa sintonia e levam pequena vantagem. Mas, o adversário não está com grandes dificuldades. Mordecai com seu Squirtle está defendendo-se bem, só não consegue abrir oportunidade para atacar.

Gostaria de estar assistindo isso como torcedor e poder ter alguém com quem tecer comentários. Mas, estou como juiz desta partida e diferente das lutas anteriores, não posso ficar conversando com Lúbia. Esses dois estão complicando o que era para ser simples.

Kevin observava atendo a luta de Maya e Mordecai. Os antes mesmo de serem chamados para a partida começaram a brigar e por muito pouco não chegaram as vias de fato da agressão. Um professor separou os dois e deu uma advertência para cada um, dentro do torneio. Quando finalmente se apresentaram na arena, já com cinco minutos de atraso Kevin alertou-os das regras e reforçou que três advertências e seriam desclassificados. Acabou lhes dando uma segunda advertência pelo atraso, como fez com todos os outros deixando-os preocupados com a desclassificação.

Enquanto Maya trouxe seu pokémon de água Totodile, um pequeno crocodilo bípede de pele azulada, com calada proporcional ao corpo, visivelmente cheio de energia, Mordecai trouxe Squirtle a tartaruga azulada que parecia bem experiente.

A luta estava sendo de ataques e defesas, sendo que a maioria dos ataques eram lançados por Totodile. Maya, pressionava com uma chuva de comandos, obrigando Mordecai a se defender. Ele não escondia surpresa da performance da menina que visivelmente havia melhorado suas habilidades em uma semana. Mas, como Maya usava um pokémon de água Mordecai não se preocupava e vez ou outra gabava-se que ele não teria problemas enquanto ela permanecesse com um pokémon de água na arena.

Maya não dava ouvidos ao seu adversário, mas sabia que era verdade. Quando ela comandava ataques do elemento água o golpe era defendido, desviado ou voltava contra ela com muita facilidade. No entanto, a variedade de golpes corporais de que o crocodilo conhecia era grande. A pequena tartaruga era atacada por arranhões, mordidas, cabeçadas, rabadas que se transformavam em Rabos de Ferro, bem com as garras viravam Garras de Metal. Apesar de nenhum ser realmente efetivo Squirtle ia pouco a pouco perdendo terreno.

– Defenda-se com o casco. -

Foi um movimento rápido. O adversário disparou o jato de água a queima roupa, mas Squitle girou rapidamente e deixou o jato de água acertar seu casco, não sentindo efeito nenhum do ataque.

– Iron Tail! - Gritou Maya.

Totodile tentou usar sua calda num forte ataque. Mas, Squirtle saltou por cima do ataque girando no lugar, agora com o casco no chão.

– Bublebeam! - Comandou Mordecai.

Era a primeira vez que ele dava aquele comando na partida. Deitado no chão, com a cabeça virada para cima e na direção da cabeça de seu adversário Squirtle disparou o ataque de bolhas que foi explodindo contra o pokémon que estava sem defesa.

– Alta pressão! -

Mordecai gritou e logo as bolhas que colidiam contra o adversário pareciam verdadeiras explosões ao tocar nele. O rapaz possuía conhecimentos e habilidades de alguém que treinava há algum tempo. Pareceu ter esperado o momento certo de sair da defesa para o ataque e quando finalmente encaixou o primeiro resolveu usar um ataque com mais nível.

O Ataque de bolhas para pokémon inexperientes era simplesmente bolhas de espuma que causavam dano e retardavam o pokémon. No entanto, a medida que o pokémon ia ganhando experiencia e controle sobre sua técnica ele poderia fazer as bolhas serem um mar de espuma para realmente retardar seu adversário ou fazer bolhas com tanta pressão que ao menor toque explodiam causando muito mais dano que o normal.

– Totodile! - Maya chamou-o,mas o pokémon que estava preso pelo ataque que continuava o acertando. - Aqua Tail! -

O pokémon escutou, mas não conseguiu fazer o comando. A ideia de Maya era promissora, se conseguisse girar e usar a calda, revestida por um moinho de água, as bolhas iriam estourar na água e muito provavelmente, não causariam tantos estragos.

– Zen Headbutt! - Comandou Mordeai. - Em sequência Buble de alta pressão. -

Sua tartaruga levantou-se rápida e saltou como um foguete, uma aura roxeada envolveu seu corpo e logo colidiu com o crocodilo em uma forte cabeçada direto no estômago. De forma hábil e ágil o squirtle caiu se jogou para trás caindo de pé e disparando as bolhas.

Totodile caiu de costas e ali ficou enquanto olhas rodearam-no. Ele tremeu em seu lugar, mas não conseguia se mover.

– Retire o pokémon Maya. - Disse Mordecai. - Armei a jogada. Derrubo o pokémon com uma cabeça psíquica que deixa o pokémon confuso. Por isso o cerco com bolhas, se ele continuar vai se arrebentar com as bolhas. - Ele fez uma pose triunfante. - Ele está se esforçando para levantar, mas claramente está confuso. Se levantar as bolhas o acertam e ele vai sofrer mais do que já está. -

Maya cerrou os punhos. Estava com a vantagem, mas tudo virou contra ela tão rápido que ela não sabia como reverter. Olhava seu pequeno companheiro azul esforçando-se para levantar e claramente zonzo.

– Uma boa treinadora sabe a hora de retirar o pokémon. - A voz de Ecoou pelos alto-falantes. - Você fez uma boa exibição até agora. Não arrisque tudo com uma decisão baseada em orgulho. - Lubia parecia ter resolvido interferir pela primeira vez.

Kevin olhou para a campeã. Como juiz ele tinha que avaliar determinadas interferências, mas dicas poderiam vir de todos os locais. No entanto, aquela era primeira vez no torneio que Lubia resolvia fazer algum comentário durante a luta. Significava que ela estava interessada naquela batalha. Evidente, Kevin entendia o motivo.

– Como é? - Questionou Mordecai.

Kevin então percebeu que Maya olhava para ele. De fato, ele normalmente dizia ao treinador se deveria retirar. Mas, não era o caso. Totodile não estava esgotado, apenas confuso e por isso não conseguia erguer-se. Ele teria comando bolhas, e assim combater com o mesmo golpe e esperar o desfecho que deveria causar pouquíssimo dano.

Kevin havia entendido desde o incio, Totodile seguia os comandos, mas também as falas de Maya. Se ela suspirava ele percebia, se ela se zangava ele percebia e a tudo ele reagia com mais atenção. A jovem Neet não tinha a experiência para perceber que aquilo era afinidade e que mesmo confuso o pokémon não ignoraria a voz dela. Poderia talvez errar na execução, fazer um ataque qualquer acreditando fazer o pedido, mas ia tentar fazer o pedido.

Um leve aceno de cabeça com um olhar intenso e sorridente. Maya viu o rapaz loiro lhe dar um leve sinal de que deveria recolher. Tão simples e escondido, mas tão claro para ela. Esticou a pokebola e recolheu o pokémon.

– O primeiro pokémon de Maya está fora de combate, uma vez que não há direito de trocas pokémon. - Disse Kevin sinalizando e indicando que ela deveria enviar o segundo pokémon.

O pokémon foi liberado por Maya e uma pequena ave surgiu. Pequena, com vários tons de cinza e o peito em formato de coração. Não chegou a tocar no chão ficou planando e olhando em volta, com cara de confuso.

Não há pidove's em Arton. O ar de confuso indica que foi capturado a pouco tempo, como não estranhou a Maya ela já fez alguns testes. Mas, ele está muito bem fisicamente. Na verdade, parece estar até pronto para evoluir ou mesmo já tinha que ter evoluído. Como ela conseguiu isso? Kevin ficou a olhar aquele pokémon que havia acabado de ser liberado. Era pequeno, mas tinha muito poder.

– Comecem! -

– Pidove use... -

Maya tentou fazer o primeiro comando, mas seu pokémon atacou sem que ela comandasse. Ele acelerou e acertou diretamente a testa da tartaruga com um impressionante ataque rápido.

– Squirtle? - Mordecai chamou percebendo que após ter sido acertado seu pokémon ficou imóvel.

Lentamente a tartaruga tombou para trás, desacordada. Deixando Mordecai estático enquanto a plateia que até aquele momento fazia um marulho moderado, com alguns singelos aplausos, calou-se.

Aquilo foi um ataque rápido treinado para ser realizado assim que escutasse o início da luta. Força com velocidade enquanto a defesa ainda está baixa. Acerta a cabeça sacode o cérebro deixando o pokémon totalmente confuso e incapaz de raciocinar. Alto nível de treinamento. O pokémon parece em ótima forma, pronto para evoluir, mas para já ter essa habilidade toda de ataque, tinha que ter evoluído. A campeã havia se inclinado na cadeira e olhava atentamente o pokémon que se reposicionava em seu lado da arena.

– Squirtle de Mordecai está fora de combate. - Kevin sinalizou. - Se tiver um amigo que possa levar seu pokémon a enfermaria ou ao Centro Pokémon, seria bom. -

– O que? - Mordecai pareceu não entender. Correu até seu pokémon, abaixando-se e o vendo desacordado. Não parecia nem de perto grave. Olhou para o juiz lembrando-se do comentário que ouviu dele ser um estudante de medicina. - Sério? -

– É só um conselho. - Disse Kevin. - Golpes na cabeça com aquela intensidade podem ser perigosos. -

Mordecai fez um sinal que havia entedido e recolheu seu pokémon colocando a pokebola no sinto e pegando outra correndo para seu lugar.

– Então vou ter que ser duas vezes mais rápido, pois não confio em meus colegas para levar meus pokémon. - Comentou Mordecai liberando outro pokémon.

Quagsire era o pokémon que fora escolhido por Mordecai. Um pokémon azulado, de tamanho mediano, rosto meio abobalhado, braços, pernas e rabo de tamanhos proporcionais ao corpo. Lubia ficou inclinada em sua poltrona, ela havia ficado interessada na batalha.

– Comecem! -

Maya sequer pode falar algo, seu passarinho partiu em velocidade acertando a cabeça de seu adversário e logo depois repetindo o movimento diversas vezes, mas sem mirar a cabeça. Quagsire levantou os braços para se protger enquanto levava uma chuva de ataques rapidos, por todos os lados.

– Agility! - Comandou Maya, incerta.

A velocidade do passáro aumentou e ele quase tornava um borrão.

– Buble! - Gritou Mordecai. - Water Gun! - Um segundo comando foi dado. - Isso não é possível. Os ataques são tão rápidos que meu pokémon sequer consegue iniciar seus ataques sem ser interrompido! -

– Aumente a carga com Double Team! -

Maya sorria animada. Aquilo era algo que ela não esperava Pidove não tinha atendido a um único comando dela durante os dois dias que treinara com ele e não tinha esperanças de que pudesse vencer usando-o. Mas, dos três pokes que havia capturado aquele era sem duvida o mais veloz e para combater os pokemon de Mordecai ela precisava de velocidade. Nenhum pokémon planta ou elétrico estava em seu time, ou que possuísse outra vantagem.

No entanto, Pidove parecia não querer apanhar em uma luta e iniciava a partida por conta própria. Aquilo não era normal, mas o comando Agility parecia ter sido atendido e agora estava confiante de que poderia fazer um pouco mais. No entanto, seu comando de time duplo não foi atendido.

– Dig! -

Mordecai parecia ter encontrado uma saída. Seu pokémon abaixou-se para defender-se e então desapareceu no solo da arena. Pidove ficou olhando de um lado para o outro e subiu um pouco mais para evitar o ataque surpresa que viria.

– Mudslap. - Foi uma tentativa de Mordecai que se quer surtiu efeito. As bolas de lama lançadas assim que o pokémon, bem surrado, saiu do buraco não alcançaram a ave que se reposicionou em frente a sua treinadora. - Buble Beam em alta pressão. -

– Gust! - Disse Maya.

A ideia de Maya era simples e clara para qualquer um. As bolhas viriam e seriam dispersadas, talvez até eliminadas, pelo tornado que seria formado. Mordecai até preparou-se para um comando em sequência, aproveitando o tempo que as coisas levariam, mas o movimentando adversário não foi o comandado.

Pidove deu dois bateres de asa indo um pouco para trás e de repente sua asa direita moveu-se solitária em frente ao corpo e uma rajada de vento que brilhava como navalha partiu em direção as bolhas, estourando-as e seguindo caminho para acertar Quagsire.

– Protect! Berrou Mordecai

Mordecai viu a rajada de vento cortante que estourara todas as bolhas, bateu contra a proteção verde feita no susto, tornar-se apenas uma mera distração pois a ave apareceu do nada em seu ataque rápido, e agora sem defesa, o pokémon aquático era surrado.

– Juiz! - Mordecai berrou desesperado. - Você tem que desclassificar esse pokémon. Ele não está obedecendo sua treinadora, está fora de controle. -

Kevin sempre estava com um sorriso no rosto e manteve o sorriso diante daquela fala. Ficou encarando-o por alguns instantes e suspirou balançando a cabeça.

– Nada impede de um treinador usar um pokémon desobediente na luta, a vergonha seria dela. - Kevin apontou para Maya. - Em todo caso, pokémon desobediente ou fora de controle só são desclassificados se estiverem colocando a vida dos treinadores em perigo ou mesmo se recusarem a lutar. Pidove está lutando, não respeito todos os comandos de sua treinadora, mas lutando. -

– Você enlouqueceu? - Questionou Mordecai irritado. - Está protegendo-a? -

Kevin revirou os olhos e pegou o celular que exibia a luta, onde Quagsire levava uma surra, mostrou o site oficial da Liga Pokémon Mundial, o link de regras oficiais foi acessada e logo a regra que falava sobre desclassificação de pokémon era mostrada. Vários itens eram mostrados e o que Kevin acabara de citar finalmente apareceu.

– Toma seu cretino! - Gritou Maya.

– Absurdo!- Berrou Mordecai. - Counter! -

Que movimento inteligente! Apanhando como um condenado sem conseguir fazer os movimentos musculares necessários para um golpe precisava ser um movimento psíquico que poderia se aproveitar da surra e só precisa-se de pensar em fazer. Ele pode ser meio atrapalhado, mas é um bom treinador. Lúbia sabia como o golpe ia terminar, seria um contra golpe indefensável.

Pidove atacava de um lado para o outro sem parar ou dar ouvidos a Maya que já havia tentado dar uns dois para três comandos diferentes. Um novo Ataque Rápido foi executado, mas não concretizado. Uma energia emanou do corpo de Quagsire e o pequeno pássaro foi lançado para trás com uma força intensa.

– Duas vezes o dano que levei desde que pedio ataque. - Disse Morcai vendo que Pidove estava no chão, mas se preparava para levantar. - Ice beam! -

Foram instantes entre o comando, a execução e a fuga do pássaro. Mas, cheio de danos, a ave apenas retirou parte do corpo da mira, pois uma das patas ficou congelada. A ave gemeu alto e assustada voou desesperada até que se refugiou em meio a plateia.

– Pidove! - Maya gritou. - Pidove! -

Todos puderam ver Kevin contar, murmurando até dez. Era uma contagem era calma e os olhos estavam sempre mirando o local onde o pássaro refugiou-se. Kevin ao final da contagem suspirou.

– Pidove abandonou a arena na tentativa de esconder-se e recuperar-se. As regras dizem que ele pode ficar inativo e refugiado por até cinco minutos. - Kevin olhou para Mordecai. - No entanto, agora sim o fato dele ignorar os comandos de sua treinadora pesa. Uma vez que sua treinadora já o chamou algumas vezes sem que ele respondesse, a cena de se esconder para se recuperar é passa ser caracterizada como fuga e abandono da batalha. - Ele virou-se para Maya. - Pidove cometeu infração ao abandonar a arena e está desclassificado. - Ele voltou-se para a plateia. - A vitória é de Mordecai. -

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Batidas rápidas e ritmadas. O som ecoava pelos corredores da escola, mas todos estavam vazios. Foram bloqueados para que os alunos não se espalhassem e o controle de quem participava da festa de sábado a noite fosse possível. Muitos sequer entendiam que o refeitório havia se tornado uma imensa e organizada boate e chegavam a se perguntar que parte da escola era aquela.

Caixas de som, jogos de luzes, máquinas de fumaça. Mesas e cadeiras retiradas para dar espaço a pista de dança. A quantidade de pessoas era ainda maior que a da noite anterior, todos estavam interessados na festa, todos estavam interessados em ver Lúbia, todos estavam interessados em se dar bem naquela noite, afinal eram jovens e bastava ter um pouco de coragem. As roupas não negavam, alguns exageravam na produção, mas todos tinham pego o entendimento de quer era uma noite impar para eles.

Dos vários grupos formados o mais chamativo era o de Rodolfo. Ele e mais quatro rapazes pareciam saber dançar de tudo que se tocava e por isso um grupo maior de meninas aglomeraram-se em voltas, assim como alguns rapazes que tentavam acompanhá-los. Inclusive professores que eram arrastados pelos alunos na intenção de que eles pagassem micos ou apenas se divertissem com eles.

O professor de história, Mevoj, foi arrastado para aquele grupo e agora tentava impor seu ritmo de dança. Tentava evitar danças a dois, afinal eram todas alunas e aquilo não pegaria bem. Mas, todos os outros estilos ele não se recusava a mostrar alguns passos. Naquele momento ele dançava um funk e já começava a descer até o chão junto com a maioria.

Então... Acho que deveria parar de mostrar suas habilidades de dança.”

Mevoj olhou para um lado e para o outro e não via quem parecia estar falando com ele até se lembrar haver um ponto eletrônico em seu ouvido e pode identificar que aquela era a voz de Kevin. Percorreu os olhos pelo salão até ver, em um canto, quase oculto, Kevin e Lubia, apoiados numa parede, próximos a uma das saídas.

Não está dançando tão mal. Mas, provavelmente isso não é dom de família.”

Mevoj pareceu parar de dançar sem entender e de repente ele olhou para o lado e viu Riley meio acanhada. Ela estava bela e chamava alguma atenção com uma blusa rosa solta, que mostrava os ombros, e uma calça preta justa com uma sandália alta. Mas, talvez ela não chamasse tanto atenção pela falta do sorriso no rosto e ainda parecia completamente envergonhada no meio daquele grupo.

Ela não sabe dançar bem! Mas, estava tentando e rindo da própria situação enquanto as amigas e o rapaz classificado para a semifinal, Rodolfo, tentavam ensiná-la. Mas, ai você chegou e ela se sentiu um pouco sem jeito na frente do pai.”

Mevoj suspirou passando a mão pela cabeça, quase que coçando-a. Estava tão empolgado com o evento que estava sendo um sucesso, sem nenhum incidente, que não estava resistindo em curtir um pouco do que ele e Kevin haviam organizado. Afinal, quanto tempo fazia que não se divertia? Mas, o mesmo tempo tinha que suas filhas não se divertiam. Deu dois passos em direção a sua filha, mas parou.

Quantos pais está vendo ir falar com a filha no meio das amigas? Venha na minha direção, esta saída vai dar na parte das barracas de comida e bebidas Será como se você estivesse indo pegar algo.”

Riley viu seu pai começar a deixar a roda. Não compreendeu e acompanhou-o com o olhar, enquanto apenas balançava o corpo de um lado para o outro, fingindo dançar. Viu que o pai parou próximo de Kevin e Lúbia e então pareceu agradecê-lo por algo. Ela viu, por alguns instantes, que Kevin e o pai olharam na direção dela, para ela mais exatamente. O pai saiu enquanto Kevin piscou para ela sorrindo e fez um gesto de cabeça para ela.

Riley abaixou os olhos um pouco vermelha e pensando naquela situação. Tinha certeza que Kevin, de alguma forma, havia retirado o pai da roda por causa dela. Mas, não entendia o motivo. Pouco pode pensar naquilo também, pois a música mudou de repente e seu braço foi puxado por Rodolfo que a tirava para dançar.

– Já tentamos antes. - Disse ela sem graça. - Eu não consigo acompanhá-lo. -

– Tentamos de novo até você conseguir. - Ele tentou girá-la, mas ela acabou tropeçando e derrubando alguém ao seu lado. - O que pode levar a noite toda. - Completou Rodolfo suspirando.

Riley se afastou de Rodolfo e saiu por uma das portas que dariam no corredor.

– Depois de tirar a diversão do pai ela ainda sai de cabeça baixa? - Lúbia bufou. - O que essa garota tem? -

– Eu não sei! - Kevin fez um menear com a cabeça. - Nunca a vi sorrir. -

– Já a viu muitas vezes? - Perguntou Lubia. - Ela e a irmãzinha loirinha? - Lubia sorriu maliciosa.

– Por favor, pare de falar sobre isso. - Comento Kevin. - Não posso deixar ninguém se aproximar, lembra? -

Eles haviam conseguido apenas fazer um lanche juntos a pouco mais de algumas horas. Foi uma conversa estranha. Meias palavras, olhares nos lugares de palavras, múrmuros, dedos que faziam gestos. As pessoas os notavam, pareciam que estavam se estranhando. Mas, tudo havia sido dito. Desde como estava a vida de ambos e os perigos com os fantasmas.

– Lembro. - Ela disse sorrindo - Como lembro que você é um dançarino profissional e até agora não o vi agitar nem o pezinho. - Ela o encarou. - Até Marjori gosta de você dançando. E você sabe que Marjori não gosta de nada que te envolva. -

– Se quiser me chamar para dançar, chame. -

Kevin disse aquilo e sorriu ainda mais abertamente para ela. Ele segurou um riso enquanto Lubia voltava a se apoiar na parede, como ele estava fazendo. Não queriam chamar a atenção para eles, nenhum dos dois na verdade queria estar na festa, mas Kevin precisava operar a mesa de som. Ele fazia tudo por seu celular, passava músicas, mexia nas luzes e acionava a máquina de fumaça. Era praticamente o que ele fizera por vários meses juntando dinheiro para a mensalidade da faculdade.

– Aposto que faço você dançar, sem eu pedir. - Comentou Lúbia.

– Jogos mentais com Lúbia. - Ele riu. - O que quer apostar? -

– Sua noite. - Diz Lúbia sorrindo fazendoKevin virar a cabeça para ela, um tanto confuso. - Sei que só pode sair da festa quando ela acabar, mas depois quero um tempo com você. - Ela mostrou uma pokebola. - Tenho planos de te usar. -

Kevin encarou-a por alguns instantes imaginando que pokémon estaria naquela pokebola. De fato, a maioria dos campeões tinham companheiros de treino, mesmo que discípulos longe do seu nível. Mas, Lubia Mar já havia ganho a liga em duas regiões e era um gênio. Não havia treinador que realmente pudesse apenas treinar com ela de forma que ela não se sentisse entediada, desestimulada, ou talvez ameaçada. Kevin era um dos poucos amigos que ela podia confiar para um treino.

– E se eu ganhar? - Kevin pareceu ponderar enquanto ela dava de ombros. - Vamos tornar isso duas vezes mais interessante. Aposta dupla. Se você me fizer dançar passaremos o resto da noite juntos, mas se eu dançar e conseguir pararem tudo que estão fazendo, eu digo todos, para ficarem me olhando durante uma música inteira, eu escolho o que faremos. -

Lúbia ponderou. Se ele por ventura não dançasse ninguém ganhava nada. Mas, ela tinha certeza que ele dançaria, então a questão seria se ele iria ou não colocar a identidade dele em risco. Se ele chamasse a atenção de todos, daquela forma, eles ainda estariam juntos e ela poderia forçá-lo a um treino noturno.

– Não vale pedir no microfone que te vejam. - Lubia sorriu e viu que Kevin concordou com a cabeça. - Ótimo! -

Lubia apontou para um ponto do salão em que Kevin seguiu com os olhos. Uma cena diferente acontecia. Esperou uns cinco minutos, o que equivaleu a duas músicas e meia, e teve a certeza de que dançaria. Naquele canto estava um grupo de meninas que a todo momento eram convidadas para dançar. Eram umas cinco meninas, ele podia identificar Marcela e Leila, duas semifinalistas, bem como Maya. O problema era que a nenhum momento parecia que Maya era tirada para dançar.

Kevin ficou observando calado durante um tempo e trocou para músicas que se dançavam sozinho. Ela tinha bons passos sozinha, estava bonita com uma calça jeans e uma blusa verde e colete de renda. Colocou uma música para dançar a dois, um forró e rapidamente ela ficou sozinha com Leila que dançou uma com ela e não parecia haver nada de errado. Manteve o estilo e alguém veio para tirar Leila que inicialmente recusou, mas Maya fez sinal de que tudo bem e acabou ficando sozinha novamente.

– Eu escutei um comentário de alguns garotos que a quase surra que Maya deu em Mordecai foi melhor do que a primeira surra que ela deu nele no primeiro dia de aula. - Comentou Lubia tirando Kevin de sua análise. - Parece que aquela agressividade que ela demonstrou na luta meio que existe sempre. Eles diziam que tinham até medo dela durante o baile. -

– Eu ouvi falar. - Comentou Kevin. - Parece que apesar de amigável, tem um gênio forte quando algo a desagrada... - Kevin que ainda olhava Maya sozinha quase que do outro lado do salão, parou de falar e olhou para Lubia que sorria toda convencida para ele. - O que? -

– Parece muito com um certo jovem loiro quando mais novo. - Lubia tentava conter o riso.

– Nunca mais faço apostas com você. - Ele desencostou-se da parede e retirou o celular do braço e esticou para Lubia. - Se alguém tentar filmar ou fotografar faça as luzes piscarem aqui e aqui. -

Se alguém me contasse sobre essa garota perdida em uma escola de ensino médio de Arton, eu não acreditaria. Mas, enxergando-a com meus próprios olhos ainda é difícil de acreditar. Se eu estou surpresa o Kevin certamente deve ficar com a cabeça enlouquecida toda vez que a vê.

Lubia o viu começar a caminhar pelo salão sorrindo e mantendo os olhos na direção na qual ia. A música que tocava, um rock, estava no finalzinho. Pensou em sorrir vitoriosa, mas sabia que se ele pediu para ela fazer as luzes piscarem se alguém tentasse gravar o que ele ia fazer ele tinha planos de chamar a atenção.

Maya estava com o grupo de meninas a dançar o finalzinho da música de rock. Ela sorria, um pouco forçado para não demonstrar a chateação as meninas. Ela não era de fazer aquele tipo de coisa. Mas, era horrível para uma jovem de 16 anos pensar que era a única que nenhum rapaz queria tirar para dançar.

Agradecia por ter tido a ideia de sugerir a Riley de ficarem em grupos diferentes. A morena havia recebido um convite de Rodolfo de dançarem durante a festa e a loira sabia que a jovem Mevoj não dançava. Maya estragaria tudo, pois ao sinal da primeira piadinha partiria para a defesa da amiga. Mas, o que a verdade era que Riley era quem defenderia Riley, recusando-se a dançar com Rodolfo ou qualquer outro garoto para dançar com Maya que não era tirada para dançar, ou pior, pediria para alguém dançar com ela a deixando totalmente envergonhada.

– Nossa! -

Maya que já nem observava nada que acontecia em sua volta, para evitar frustrar-se ao ver os garotos virem convidar suas amigas para dançar, percebeu que as meninas ficaram agitadas, especialmente Marcela. Marcela era sempre a primeira a ser tirada e se perguntou quem viria para o grupo desta vez. Olhou e viu o loiro assistente de seu tio, praticamente pai, aproximar-se do grupo de meninas.

Realmente ele parecia muito mais interessante do que das outras vezes. Era uma calça jeans azul desbotada com uma camisa estilo social, jeans, por cima da calça e gola arregaçada. Os cabelos arrepiados e o famoso sorriso. A maioria dos garotos da escola estavam muito mais arrumados, mas parecia que o simples fazia muita diferença para as meninas.

Não! Isso não! Isso é demais! Você caindo nos encantos dela não! Mas, Marcela sempre chama a atenção dos universitários e ela com esse vestidinho tomara que caia chamou toda a atenção para ela. Não preciso ficar aqui para ver uma coisa dessas. Maya fechou os olhos, no meio da musica de Rock que ainda tocava e virou-se para abandonar o grupo sem dizer nada. Mas, alguém segurou seu braço.

– Eu preciso ir ao banheiro. - Ela sequer olhou para quem a segurava.

– Tudo bem posso esperar. -

Maya parou e piscou uma ou duas vezes e sentiu que a mão que a segurava afastou-se. Aquela voz, apesar do barulho, a voz ainda era a voz. Virou-se e viu Kevin sorrir para ela enquanto todas as meninas estavam paradas, incertas sobre aquilo. Elas sabiam que os garotos da escola não queriam dançar com Maya porque tinham receio de que ela fizesse algo com eles caso eles errassem na dança. Sabiam também que Kevin era assistente do pai dela e deveriam se conhecer, mas entre se conhecer e tirá-la para dançar, deixando a campeã sozinha, aquilo era uma situação completamente louca para a mente adolescente delas.

– Bem... - Maya sorriu. - Acho que enquanto eu vou lá e volto o estilo pode mudar. - Ele esticou a mão para ela e de repente a música passou para um forró. - Ou eu posso segurar um pouquinho e aproveitar agora. -

Kevin a puxou enquanto a música começava e as meninas ignoraram o convite dos meninos naquele momento e observaram. Era uma dança normal, nada de chamativo. Por isso logo elas começaram a dançar, mas ainda olhando-os.

– Para quem não foi tirada para dançar até que você não é ruim. - Kevin murmurou ao pé do ouvido dela.

– Estava reparando em mim? - Maya segurou um riso. - Obrigada! Os meninos têm medo de mim. - Ela comentou. - Você veio por... bem... Pena? -

– Não. - Ele disse calmamente. - Por vingança! - Maya franziu a testa e olhou para ele que sorriu. - Agora pare de tentar me conduzir e deixa os garotos se arrependerem. -

Maya gostava de dançar, mas sempre tentava conduzir o rapaz. Era próprio dela, da vida dela. Não gostava de receber ordens. Não gostava de dizerem o que ela deveria fazer. Ela sabia que na dança que conduzia era o homem, mas no geral as pessoas não faziam os passos que ela queria, os movimentos que ela sentia que era para aquele momento. Não se sentia uma dançarina profissional, ou qualquer coisa do gênero, mas gostava de se divertir e até onde se lembrava, todos ficavam no básico.

Na dança ambos precisavam ficar com braços firmes, mas a pressão maior, quase que empurrando com os braços pressionados nas costas e na mãos que segurava, e até mesmo com o corpo, era de quem conduziria. Naquele momento tanto, Kevin quanto Maya faziam a pressão. Mas, Maya suspirou e reduziu a pressão.

De repente a dança deles, que estava bonita, transformou-se. Ela firou uma ou duas vezes ainda abraçada a ele e foi vendo que Kevin tentava abrir espaço, marcando passos em círculo que foi criando uma área em volta deles e fazendo algumas duplas pararem de dançar e olharem-nos.

Maya percebeu que Kevin conduziu-a para uma diagonal, tendo empurrado seu braço direito e corpo para o lado e antes que ela se desse conta estavam trocando de lugar, passando o braço um por cima do outro e ainda mantendo o espaço que haviam aberto na pista. Ela parou do lado direito dele, pois ele a puxou em uma espécie de abraço pela cintura.

– Você dança. - Maya surpresa. - E bem! -

– Tem só mais um minuto de música. Quer só girar? Cestinha, giro, troca de lugar, munheca, chapéu e carinho! - Murmurou ele sem que ela parece entender. - Vamos arriscar. -

As luzes começaram a piscar e Kevin soube, alguém parou para filmar. Ele teria que fazer todos aqueles movimentos que citou, pois assim estaria muito rápido para que a filmagem pegasse seu rosto. Fez a maioria dos movimentos que citou, girando e com Maya parecendo entender de imediato o que era para ser feito, e ainda brincando quando podia. Quando a música acabou a rodou e parou com o pessoal aplaudindo. As luzes se apagaram por alguns instantes e quando se normalizaram Kevin havia sumido, mas Maya o viu ganhar o corredor da escola.

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Talvez fosse a primeira vez que Riley conseguia sentar nos degraus da escada que daria no segundo andar. Geralmente aquilo seria impossível em horário de aula. Ela podia escutar aplausos acontecendo na pista de dança, mas não quis saber o que estava acontecendo. Não havia escutado seu pai dizer nada sobre homenagem o que significava que alguém tinha dançado bem na pista e aquilo não a interessava.

Não sabia dançar e mesmo que Maya as vezes tentasse a ensinar, não havia aprendido o suficiente, pelo menos não o suficiente para acompanhar Rodolfo. Ele era um bom treinador, mas como dançarino era muito mais habilidoso.

– Uma moeda pelo seu pensamento. -

Riley levantou o olhar e viu Rodolfo parado em frente a ela. Ela suspirou sabendo que não ia conseguir evitar falar sobre a dança. Viu que Rodolfo sentou ao seu lado e de repente deu um empurrão de ombro nela, rindo. Ela segurou o riso. Realmente aquilo era inesperado. Ele nada falar sobre o assunto.

– Vai ter que engraxar meu sapato. - Disse ele. - Está com umas cinco marcas suas nele. - Ele riu sem perceber que ela revirou os olhos. - Ou pisar cinco vezes no meu outro pé. -

Ela tentou manter o espírito e pisou algumas vezes no pé mais perto. Mas, percebeu que era para ter pisado no outro e começou a rir.

– Eu falei que ia encontrar uma forma de compensá-la. - Disse Rodolfo que a viu olhar para sem entender. - A história do lixo. -

– E como eu passar vergonha na pista ou destruir seu sapato compensa você ter me jogado no lixo? - Questionou Riley sem entender. - Ah... Você passou vergonha na pista comigo e vai passar mais com um sapato todo destruído. -

Ela pareceu desanimar ainda mais.

– Você parece que não entende quando alguém faz uma piada. - Rodolfo comentou. - Olhe nos meus olhos e me diga, qual o problema de não saber dançar ou ser zoada? -

Riley olhou para ele, pronta para enumerar todos os problemas. Mas, não conseguiu, Aqueles olhos amendoados pareciam cintilar, mesmo estando um pouco escuro. Era bonito, era diferente, era magnético. Ela ficou olhando aqueles olhos e de repente sentiu a respiração de Rodolfo. Ele estava se aproximando dela, seu rosto já estava quase no dela e ela inclinou-se para trás e então percebeu, já estava encostada na parede.

Eu devo? Será que faz diferença? Será que vão saber? E... Mas, ele não é exatamente... Diferente ele é... Mas... Não. Eu não quero. Os lábios de Rodolfo estavam a centímetros dos seus, mas ela virou o rosto fazendo com que ele beijasse seu rosto. Rodolfo demorou no beijo no rosto deixando a menina envergonhada.

Rodolfo pareceu sentir e por isso pegou o rosto da menina com a mão direita e foi movendo-os suavemente, sem afastar seu rosto do dela.

– Não! - Ela se precipitou em levantar, mas com a mão esquerda ela foi impedida. - Não quero. - Ela não conseguia levantar, a força que ele exercia com a mão esquerda em seu ombro. - Me solta! - Ela falou mais alto, mas a música da pista chegava até ali e abafava qualquer chance de sua voz ecoar pelos corredores.

O rosto da morena foi virado, com força, e preso. Ela tentou empurrar Rodolfo, mas, faltava forças. Ele parecia muito mais forte do que aparentava. Sentiu a proximidade dos lábios dele enquanto lutava e de repente sentiu seu corpo ser jogado no chão, tendo rolado dois degraus.

– Fique atrás de mim. - Riley escutou o pedido e enquanto levantava-se viu Mordecai parado em frente a ela. - Você me deu um conselho no começo do ano e eu farei o mesmo agora, cai fora! -

Riley não havia entendido bem o que havia acontecido. Estava de olhos fechados tentado se livrar e não viu que Mordecai vinha do segundo andar. Havia escutado seus gritos e não soube o que fazer. Pensou em simplesmente interromper, mas Rodolfo era muito mais forte que ele e poderia simplesmente ignorá-lo. Resolveu que teria que tirar Rilei de perto de Rodolfo para dar chance dela correr. Empurrou a menina com toda a força fazendo rolar da escada, dois degraus, deixando o agressor totalmente surpreso.

Mordecai correu, voltando alguns degraus e saltou pelo alambrado da escada. Caindo próximo a menina e ficando a frente dela.

– Deixa eu ver se entendi. - Rodolfo levantou-se e olhou para trás, onde estava a entrada para a pista de dança. - Vocês estão voltados para os corredores da escola, por onde eu os perseguiria e para chegar a pista tem que passar por mim. Sou mais forte e habilidoso e você não tem nada a ver com isso e ainda assim me diz para cair fora? -

Mordecai viu um sorriso no rosto de Rodolfo.

– Pare com isso Rodolfo. - Diz Riley. - Vou contar que você tentou me agarrar a força. -

– Acho que isso não vai adiantar muito. - Disse Mordecai. - A maioria acha que você está apaixonada por ele. Então o máximo que vai acontecer é acharem que foi um mal entendido. Ou pior, vão achar que ele não quis e você começou a inventar isso. - Ele deu um passo para trás, levando Riley consigo quando viu o rapaz bronzeado de olhos amendoados dar um passo a frente. - Mesmo eu dizendo o que vi, ouvi e fiz, não sou uma pessoa de muita credibilidade. Ainda mais que vão questionar minha coragem para enfrentar Rodolfo. - Ele riu nervoso. - Até eu estou questionando. -

– Verdade. - Rodolfo deu um passo. - Por que está fazendo isso? - Ele sorriu sacana. - Gosta dela? -

– Estou devendo-a. - Disse Mordecai. - Ela impediu que Maya me trucidasse, mesmo eu merecendo. - Ele tremeu. - Posso zoá-la, fazê-la passar vergonha para que a minha diminua. Mas, isso não é sobre fazer vergonha. É sobre abuso. -

Rodolfo meneou com a cabeça compreendendo e com dois passos chegou a ele. Riley puxou Mordecai para trás evitando que Rodolfo o agarrasse. O movimento fez uma pokebola de Mordecai cair e abrir-se e um pokémon surgiu.

Mordecai abaixou-se pegando a pokebola enquanto Rodolfo dava passos para trás, pois o pokémon parecia pronto para atacar. Era pequeno, rosado e cheio de pequenas estruturas rochosas pelo corpo, parecido com espinhos.

– Corsola! Não ataque! - Mordecai parou segurando a pokebola e olhando até que sorriu. - Então é assim que vai ser. -

Mordecai esticou a pokebola para Rodolfo desafiando-o. E o rapaz de olhos amendoados não precisou de muito para entender. Eles tinham uma luta marcada para amanhã, uma semifinal. Ele poderia simplesmente aceitar, pois tinha confiança de que venceria aquele maluco amante de pokémon aquáticos. Mas, isso significava deixar tudo aquilo ali de lado e mesmo tendo um pokémon ameaçando-o, não via vantagens.

– Então se eu ganhar amanhã, Riley vai sair comigo. - Disse ele afirmando. - Afinal, isso é tudo em relação a ela. -

– Não! - Gritou Riley.

– Então não aceito o desafio. - Rodolfo de um passo a frente, a porta atrás dele se abriu e três pessoas surgiram no mesmo instante que Corsola desperava um ataque de espinhos contra Rodolfo que saltou para trás sorrindo e logo depois fazendo cara de assustado. - Está louco? -

A cena não poderia ser mais comprometedora. Dizia tudo o que não havia acontecido. Mas, não importava o que havia acontecido antes, a diretora, o senhor Mevoj e a campeã Lubia viram um pokémon de Mordecai atacar Rodolfo.

– Mordecai! - A diretora berrou. - Você está desclassificado do torneio! -