PEV - Pokémon Estilo de Vida

Capítulo 03 - Alguém que marcará sua vida


Pokémon Estilo de Vida
Saga 01 - Estilo de Arton
Etapa 01 - Aquele que marca



Você já se perguntou o que marca o nosso tempo aqui?
Se uma vida pode realmente ter um impacto no mundo?
Ou se as escolhas que fazemos importam?
Eu acredito que sim e acredito que um homem pode mudar muitas vidas
para o melhor, ou para o pior.”
(Anônimo)



Capítulo 03 - Alguém que marcará sua vida



As pessoas até tentam impor respeito no primeiro dia de aula, mostrar ser diferente dos demais, destacar-se de forma ímpar, especialmente quando no ano anterior as coisas não saíram como o esperado. Você marca seu nome no primeiro dia aula ou acaba sendo marcado.



– Tudo bem! - A voz de impaciência de uma moça negra de cabelos encaracolados indicava que estava chegando ao seu limite de paciência. - Diga o que descobriu na sala dos professores que não poderíamos descobrir por nós mesmo, Mordecai? -



Mordecai era o típico adolescente de 16 anos que precisava se mostrar perante aos colegas de sala. Sofreu os mais diferentes trotes e zoações, para não dizer humilhações, durante todo o primeiro ano do ensino médio. Não era o mais fraco, o mais bobo, o mais baixo, o mais burro ou mesmo o mais feio. No entanto, tinha o azar de ter um sonho incomum para um jovem de sua idade. Ser treinador de pokémon de água.

Não seria estranho se ele já estivesse em jornada ou ao menos feito alguma. O problema era que com 16 anos ainda morava com os pais e esperava a permissão deles para sair pelo mundo e isso o fazia ser motivo de piadas para todos. Arton possuía treinadores, mas no geral ou você estava em jornada aos 16 ou não falava em ser treinador. Somado ao fato de não conseguir ficar de boca fechada, o garoto ganhou rapidamente o agradável apelido de Aquamon. Usado principalmente quando fazia alguma coisa idiota, ou tentava se mostrar.

Naquele momento ele tentava ganhar um pouco de credibilidade com a turma. Tinha certeza que não seria o alvo principal da escola naquele ano, afinal estava no segundo ano e existiam calouros mais dignos de pena que ele. Mas, ele queria garantir que alguém seria mais zoado que ele e faria qualquer coisa para que isso acontecesse.



– Temos três professores novos. Matemática, biologia e história. - Ele reparou que alguém estava prestes a gritar seu apelido. - Mas, isso já devem saber. - Apressou-se para indicar que havia mais. - O que não devem saber é que o professor de história tem duas filhas na escola. -



– Aquamon, você é o cara! -



Alguém gritou no meio da sala e risadas seguidas de murmurinhos começaram. Mordecai sentiu-se derrotado, poderia até não ser o principal alvo, mas aquele seu apelido misto de Aquaman, o herói submarino, junto a pokémon iria acompanhá-lo pela eternidade. Chegou a se perguntar se pintar uma listra azul na lateral de seu cabelo tinha sido realmente uma boa ideia, mas não adiantava tirar a tinta, já que o mal já estava feito.

A sala possuía uma lousa branca, algumas janelas do lado esquerdo, que davam vista para a área arborizada. Uma porta ao lado da lousa e uma nos fundos da sala. Ambas as portas davam para o corredor do colégio. Basicamente a salas de aula eram padrão, diferenciando às vezes pela quantidade de cadeiras, ou posição do ar condicionado.

Eram quase cinquenta alunos na sala e quase todos comentavam sobre o professor de história e suas duas filhas. Era incomum tal situação, mas muito vantajoso para os colegas. Se as meninas fossem legais, poderiam explorá-las para conseguir coisas do professor. Se fossem pessoas a serem zoadas, filhinha do professor já era um bordão certo.



– Ei, novatas. - Chamou a mesma menina negra. - Sabem de algo sobre o professor de história? -



A negra tinha corpo bem desenvolvido para a idade. Media um metro e setenta e chamava a atenção de seus companheiros de sala. Ela se aproximou das duas meninas que eram novatas e vieram direto para a turma do segundo.



– Por que eu iria saber? -



Uma era loira e media um metro e sessenta. Os cabelos quase cacheados, olhos azuis e um sorriso maroto. Tinha algum corpo, mas comparada a menina negra, parecia uma criança.



– Gosto de gente assim. - Disse a negra. - Tom de não tá nem ai com a vida. - A negra encarou-a. - Sou Marcela. -



– Maya. - Respondeu a loira só balançando a cabeça.



– Sua amiga? - Marcela apontou para uma menina sentada com Maya. Parecia um pouco triste e se alguém falasse que ela estava chorando, talvez até começasse. - Parece que ela está na maior depre. -



A menina tinha longos cabelos castanhos escuros que chegavam a metade das costas. Olhos castanhos e um rosto com bochechas que davam sinais de terem covinhas. A pele era um misto de rosa e bege. Sentada ninguém diria que ela tinha um metro e sessenta e dois.



– É o normal dela. - Maya respondeu olhando para a menina. - É só uma fase. -



A negra olhou para a menina que a olhou por alguns instantes. De repente a de cabelos castanhos sorriu sem graça.



– Bem... Acho que qualquer um pode ser filha desse cara. - Disse ela meio que por dizer. - Afinal, o professor é novo na escola, pelo que disseram. Mas, as filhas já poderiam estudar aqui antes. - Marcela pareceu concordar com aquilo e ia virando-se de volta para seu lugar. - Dizem que esse professor de história é terrível. -



Marcela voltou sua atenção para ela, assim como todos da sala. Mas, Maya colocava a mão no rosto na tentativa de se esconder.



– Falam que ele já escapou de ser morto pelo Lorde Empalador. - Ela levantou-se encarando a sala. - Duas vezes! - Ela enfatizou a quantidade de vezes.



A menina estava de costas para a entrada e achou legal que todos olhassem para ela naquele momento. Mas, ao perceber o rosto escondido de Maya entendeu que não estavam interessados nela, mas na situação que se formava.



– Ele está atrás de mim, né? - Perguntou ela entre os dentes e viu Marcela apenas afastar-se. Ela virou-se completamente sem graça.



– Oi Riley! - Disse um homem com uma pasta marrom que certamente seria o professor.



– Oi pai... - Ela parou assustada. - Eu disse pai? - Ela olhou para os lados. - Todo mundo ouviu? -



– Permissão para fazer o funeral dela agora. - Maya levantou a mão apressadamente. - Antes que ela diga mais alguma coisa que acabe com o que resta da dignidade dela. -



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Eram vinte cadeiras com mesas conjuntas dispostas em ferradura, voltadas para uma tela branca que parecia ser a lousa da sala. O ambiente estava em uma temperatura agradável graças ao ar condicionado, a iluminação ficava por conta das janelas e lâmpadas do teto. Possuía um equipamento de sonorização instalado nas paredes e uma espécie de quadro de avisos colado junto à entrada de porta dupla.

Eram quinze alunos que conversavam entre si e observavam o relógio de ponteiro acima da lousa. Havia uma mesa com cadeira, que seria para o professor, posicionada ao lado direito da lousa. Ao lado esquerdo tinha uma espécie de púlpito de madeira escura.

Um homem entrou trajando camisa social azul claro, calça e paletó cor chumbo. Seu calçado preto, de pontada quadrada, fazia um barulho de estalo enquanto andava. Cabelos variando entre branco, grisalho e preto iam até seus ombros largos. Altura de talvez um metro e noventa. Passava a ideia de um forte homem que começava a ser afetado pela idade. O rosto estava bem barbeado e os olhos castanhos estavam vivos. Notavam-se vários músculos, principalmente pela grossura do pescoço.

Caminhou até a mesa do professor onde depositou uma valise marrom, abriu pegando algo que levou ao bolso. Virou-se para os alunos sentados nas cadeiras e correu o olho por alguns instantes, completamente sério.



– Uma piada. - Disse ele juntando as grandes mãos. - Introdução a medicina pokémon do curso de medicina pokémon. Essa é a aula que está prestes a começar. Se isso é novidade para você, agora é hora de se retirar. -



Três pessoas levantaram-se tentando esconder os rostos atrás de fichários. Ocorreram risos, mas o professor permaneceu sério. Ele acompanhou com os olhos os alunos que saíram e observou os que restaram. Estreitou os olhos.



– Outra piada. - Ele continuava sério. - Introdução a medicina pokémon dá créditos apenas para o curso de medicina pokémon. Mesmo que o seu curso venha a ser veterinária ou medicina. Caso espere ganhar créditos para outro curso, é sua vez de se retirar. -



Dois rapazes levantaram-se frustrados. Saíram da sala sem se preocupar nos risos que agora já estavam um pouco mais altos. O professor acompanhou-os com os olhos e viu-os sair fechando a porta. Depois disso ele caminhou até a lousa e retirou do bolso um pendrive conectando-o em sua lateral. Pegou algo que parecia um controle remoto e apertou. Na lousa uma frase apareceu.



“Isso acontece todos os semestres.”



O professor deu uma risada leve tirando o semblante sério de seu rosto. Passou em frente à lousa e ficou posicionado atrás do púlpito. Ele apertou um botão do pequeno aparelho que tinha na mão e a lousa exibiu sua foto, quase que exatamente como ele estava, com nome, idade e um apelido para lá de estranho, Hércules.



– Romero Fonseca. - Ele sorriu. - Esse sou eu. Graduado em medicina pokémon, com especialização em anti-dopping. - Percebeu que tinha a atenção dos dez alunos na sala. - Professor desta instituição de ensino, médico do hospital de UPK e responsável pelos pokémon da Elite dos Quatro de Unova. -



O professor parou deixando que eles absorvessem o que era dito e aproveitou para apertar mais alguns botões do controle remoto para que mais informações aparecessem exatamente aquelas que ele acabou de passar.



– Mas, vocês nunca devem ter escutado algo sobre Doutor Romero Fonseca, já que para o mundo pokémon eu sou conhecido por Doutor Hércules. - Sorriu junto ao sorriso de alguns. - O médico pokémon que fez sucesso na sua juventude como fisiculturista. - Ele enrijeceu os músculos e fingiu mostrar os músculos percebendo que alguns riram. - Sei que devem estar achando engraçado eu falar disso tão abertamente nos meus 51 anos, mas nunca tomei drogas ou anabolizantes para ficar com esse corpo. Desafio meus alunos a uma quebra de braço qualquer dia desses. Se eu perder, uma grade de cerveja geladinha será de vocês, completamente de graça. -



Um aluno saltou da cadeira oferecendo-se para o desafio. O professor riu e fez um sinal para aguardar. Apertou mais um botão e apareceu um novo texto.



“Explicação sobre apadrinhamento”



– Serei o professor padrinho desta turma. - Ele parou. - E muito obrigado por reagirem, estava achando que eu tinha arrumado uma turma de patetas. - Ele viu o grupo rindo. - Caso não saibam, toda turma tem um professor que os acompanha, do primeiro semestre ao último. Orienta-os, resolve os problemas que tiverem no curso para evitar que tudo vá parar na coordenação. - Ele parou. - Saio para festas, faço churrasco, convenço professores a trocar dia de provas. Mas, de forma alguma esperem moleza. -



“Explicação da grade curricular, das notas e aulas.”



Talvez muitos já soubessem, mas era obrigação do padrinho da turma explicar tudo que fosse da aula. Medicina pokémon era, sem dúvida, um dos cursos mais puxados.

Nove disciplinas por semestre, sendo que oito eram vistas de terça a sexta em oito horas de aula. Começava as sete e meia e terminava ao meio dia, quatro horas e meia. Após o almoço começava as treze e trinta e terminava as quinze, mais três horas e meia. Para essas matérias a média era sete. Se não alcança cinco e meio, não tinha direito a prova final.

Uma matéria era vista na segunda feira durante sete horas e sua média era sete e meio, mas mantinha a mesma nota mínima de cinco e meio para ter direito a ir à prova final. Começava oito da manhã e terminava onze e quarenta e cinco, retornando as treze e quinze e encerrando-se às dezesseis e meia. Essa matéria era sempre com o professor padrinho.

Além das nove matérias, o aluno precisava conquistar cem pontos de créditos para estar apto a inscrever-se para as matérias do próximo semestre. Não bastava o aluno passar, tinha que acumular os créditos. Organizar o tempo e uma boa estratégia era fundamental para a aquisição de créditos extras. Das diversas formas, todas dependiam do quanto você poderia se dedicar a algo e organizar-se.

Cada disciplina em que fosse aprovado dava cinco créditos. Mas, a disciplina poderia lhe ofertar cinco créditos extras caso ao final do semestre tivesse a nota mais alta de sua turma. Ainda existiam outros prêmios para o aluno que se destacasse na disciplina. O aluno poderia sentar com o professor e apresentar a proposta de um artigo cientifica daquela área, caso o professor gostasse poderia ser publicado em uma revista com a qual a universidade teria boa relação. Artigos científicos publicados em revistas da área geravam dez créditos.

Estágios e serviços voluntários, mesmo que não ligados a sua área, geravam um crédito extra para cada quatro horas.

Ser líder de turma ou monitor de uma disciplina no semestre geravam dez créditos.

Participar de simpósios, palestras e seminários de sua área gerava um crédito por cada quatro horas.



– Dúvidas quanto à quantidade de matérias ou aos créditos e a forma de aderirem? - Questionou o professor após exibir na lousa alguns textos explicativos de algo que eles já deveriam ter aprendido. -É importante se organizar já que são nove matérias para estar estudando. -



– Por que o tempo de estágio, serviço voluntário e participação em eventos da área valem tão pouco? - Perguntou Lívia a garota loira dos olhos verdes - Eu passaria toda a noite em um local e só conseguiria um crédito? -



– Excelente pergunta. - O professor saiu do seu púlpito. - Quem aqui já foi a um seminário universitário de três dias? – O professor viu que um aluno levantou a mão. - Diga para todos, como funciona. –



Cabelos pretos cheio de tranças que chegavam a cobrir os olhos. Usava uma roupa bem colorida. Rafael não era um calouro, o grupo respeitou a vontade dele não comentar o motivo para estar fazendo o período novamente, mas era lógico que não havia sido aprovado nas matérias.



– Festas. Shows. Pegação. Cachaçada. - Disse Rafael. – São quarenta e oito horas com jovens de dezoito a vinte cinco anos reunidos em um local confortável e com pouquíssimas restrições. - A turma pareceu surpresa. - Existem palestras, minicurso, mesas redondas e outros. Mas, você estando inscrito no evento recebe um certificado de quarenta e oito horas de participação, mesmo que não compareça a nada construtivo. –



– Quarenta e oito horas gerariam quarenta e oito créditos se fosse um para um. - O professor ponderou. - Para o nosso curso que possuí pouco tempo livre, quatro horas por um ponto é revoltante. Mas, há cursos que possuem no máximo cinco matérias por período. Por isso, um quarto é à proporção que a universidade se propõe. -



Parecia injusto, mas entendiam que certamente muitos faziam isso e que eles mesmos o fariam. Os alunos estavam um pouco tensos com todo o apresentado. Muitos pareciam descobrir naquele momento sobre os créditos. Demorou um pouco até perceberem que a lousa eletrônica havia mostrado algo novo.



“Comportamento do médico”



– Na minha matéria, introdução a medicina pokémon, vou ensiná-los a agirem, pensarem e falarem como médicos. - O professor saiu de trás do púlpito. - Só sai dessa matéria quem souber se comportar como médico. Não quero saber se você ainda tem cinco anos pela frente, vão aprender a se portarem nos próximos meses. - Caminhou até a ponta da fileira de cadeiras dispostas em ferradura. - Médico tem de ser como um deus na hora de curar seu paciente. Não pode ter achismo com a vida alheia e não pode desistir antes de tentar. E não pode transparecer achismo ou vontade de desistir. -



O professor caminhou olhando o rosto de cada um por alguns instantes. Eles perceberam que as apresentações haviam acabado e a aula começado. Sabiam que um dia iriam ter que mudar o jeito adolescente deles, mas nunca imaginaram que a primeira matéria já colocaria uma data limite para o amadurecimento deles.



– Treinador e pokémon precisam olhar para vocês e confiar no que falarem. Vocês precisam compreender que marcarão a vida das pessoas para sempre. - Ele sorriu. - Espera-se que marquem positivamente. Mas, se não for de forma positiva pelo sucesso do tratamento que aplicarão, tem que ser ao menos pela forma como lidarão com a situação. Se por ventura falharem em cuidar do paciente, tenham certeza, haverá quem queira culpá-los. –



Alguns olhos assustados puderam ser identificados.



– Médicos marcam a vida das pessoas. Entendam isso e se sairão bem em minha matéria, nas outras e na vida. - O professor parecia querer catequizá-los naquele instante. - A forma como agirão frente a um paciente poderá ser usada contra você. A forma como agir cotidianamente poderá definir onde vai trabalhar, a forma como agir aqui na faculdade vai definir se serão ou não médicos pokémon. - Ele sorriu. - Vocês podem vir a ganhar muito dinheiro se souberem tratar pessoas importantes ou passar a vida com um diploma que não lhes dará um centavo porque as pessoas não confiam em você. -



O grupo começou a rir. Era uma forma estranha e engraçada de se expressar, mas eles haviam entendido perfeitamente que precisavam ser respeitáveis desde o primeiro momento do curso. O professor viu que um negro levantou a mão. Achou aquilo curioso, normalmente os alunos falariam de imediato o que pensavam. Fez um gesto para ele falar.



– Dizem que existe um médico na UPK que não liga para isso. - Albert parecia tentar lembrar. - Doutor Gregório. - Ele pensou mais um pouco. - Dizem que trata todos como lixo e ainda assim as pessoas fazem fila para consultar com ele. -



O professor sabia de quem Albert falava. Nem os próprios médios gostavam dele, mas o nome dele era tão respeitado que a universidade e o hospital jamais cogitariam dispensá-lo, com medo que ele fosse para algum concorrente. Ele não tinha trato com as pessoas e por vezes poder-se-ia dizer que a ética era algo que ele não sabia o significado. No entanto, era o melhor médico pokémon que se tinha noticia.



– Se chegar a ser tão brilhante como ele, pode atender seus pacientes, nuzinho e sem medo de ser feliz. - Disse o professor sorrindo escutando as risadas da turma. - Mas, para chegar a esse ponto terá que passar pela minha matéria e vai ter que aprender a ter um comportamento de médico. -



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Escolas podem ser locais assustadores quando você não está muito seguro de como agir. Todos queriam afirmar-se. Todos queriam conhecer novas pessoas, todos queriam evitar as pessoas que eram vistas como dispensáveis em suas vidas. Tudo que se faz na vida pode marcar as pessoas em sua volta, mas quando se está na adolescência essas marcas podem não ser tão fáceis de lidar.

Em especial se o intervalo para o lanche dura uma hora inteira. O Colégio Norte iniciava suas aulas as nove horas da manhã, possuía três aulas de cinquenta e cinco minutos cada na parte da manhã com o almoço ao meio dia. A parte da tarde possuía a mesma carga horária, com isso os alunos saíam da escola por volta das dezesseis horas. Pois cada cinco minutos entre uma aula e outra era usado pelo professor para se locomover, ou mesmo para os alunos irem ao banheiro ou fazerem o que quiserem.

O horário do almoço era um perigo para os inseguros. Os corredores eram amplos e o refeitório era maior ainda. Era o momento que todas as turmas se reuniam e alguns exerciam sua dominação sobre os outros.



– Aquamon! -



Era difícil para a pessoa mais zoada do ano anterior não ser alvo para seus colegas no primeiro dia do ano seguinte. Talvez tacassem até comida nele, caso uma guerra de comida não resultasse em detenção e serviço obrigatório no colégio que poderia ir de uma simples organização de arquivos a limpar os banheiros junto ao zelador.

Mordecai tentou ignorar, mas a galera apelava. Gritava o nome dele imitava-o em suas nada descentes performances com os pokémon. Ele era um treinador muito mediano e nem sempre seus comandos resultavam no que ele esperava. O grupo agora imitava uma vez em que comandou um Water Gun e acabou levando uma mordida no nariz. Estava aponto de gritar e partir para cima de um dos zoadores quando viu Riley.



– Ei Riley! Vai chamar o professor de papai, de novo? - Gritou Mordecai apontando para ela.



O silêncio se fez por alguns instantes. Tirando o pessoal da sala, ninguém sabia sobre Riley Mevoj ser filha do professor de História Cody Mevoj. Mas, apesar de terem-na zoado muito, não pretendiam sacaneá-la com isso. O professor era um cara maneiro a primeira vista e talvez pegar no pé da filha dele pudesse transformá-lo em algo não muito agradável.

No entanto, era a concepção de apenas alguns alunos, não do restante da escola. “Filhinha do professor”. “Se ele te der nota baixa ainda vai colocá-la de castigo junto”. “Vem para a escola com o papaizinho?” Riley estava sentada sozinha, esperava Maya voltar do banheiro e ainda não havia se enturmado. Ficou parada fingindo não ouvir as muitas provocações até que alguns garotos sentaram para ficar mexendo com ela.

Provocavam-na, mais com trocadilhos de pai professor. Imitavam uma possível confusão de nomes e outros que a criatividade permitia. Ela respirou fundo. Rentou levantar, mas percebeu que todo refeitório estava com as atenções nela. Para onde ela iria?



Só pode ser algum tipo de recorde. Duas vezes no mesmo dia? Maya saia do banheiro olhando em volta toda a confusão e se perguntando como aquilo tudo havia começado. Olhou para o lado e viu Marcela rindo da situação.



– O que aconteceu aqui? - Perguntou Maya à Marcela. Estavam a uma distancia considerável de Riley.



– Mordecai estava sendo zoado e ele saltou que ela é filha do professor e que a chamou de pai no meio da aula. - Marcela sacudiu a cabeça. - Era algo inevitável. As pessoas aqui gostam de um estardalhaço. -



– É totalmente compreensível! Quando acuados as pessoas precisam fazer algo para tirarem as atenções de si. - A voz chamou a atenção de Maya que se virou. Não parecia com a voz de nenhuma das garotas que eram de sua sala e andavam com Marcela. - Sou Lei... -



Maya não quis saber quem era a menina. Deu apenas uma olhada rápida nela. Ela devia ter um metro e cinquenta, dos cabelos loiros lisos, óculos de grau de armação dourada, no estilo Ray-ban, e o uniforme da escola, calça cumprida azul e a blusa branca de botões.

Maya cruzou metade do refeitório enquanto escutava as risadas. Passou rapidamente por Riley. Ela iria acabar com aquilo. A teoria que a menina baixinha havia dito era que os acuados precisam ter a atenção retirada deles. E havia algo que ela sabia fazer perfeitamente para fazer as atenções saírem completamente de sua amiga.

Mal chegou ao seu destino e esticou a mão rapidamente, agarrando o braço de Mordecai e começando a torcê-lo. O garoto gritou de dor. Todos olharam para o lado do grito. Uma menina estava imobilizando um garoto, bem maior que ela. Não demorou cerca de dois segundos até que o pessoal começasse a rir.



– Ta louca! Solta! Solta! - Mordecai gritava. - Dói! Dói! -



Maya preparava-se para fazê-lo ajoelhar-se, mas sentiu um toque no ombro. Era tudo que ela não precisava. Um professor ou um aluno querendo ajudar o infeliz. Ela olhou por cima do ombro e suspirou.



– Não! - Disse Riley. - Ele jogou a zoação para cima de mim porque está sofrendo, não por maldade. -



– Você precisa parar de ser boazinha. - Disse Maya revirando os olhos e saltando Mordecai que se afastou delas desesperada. - Apesar de isso ser bonito em você. -



– Sua... - Mordecai massageava o ombro como podia. Viu que todos esperavam que ele reagisse e sentiu a pressão sobre ele. - Eu vou... - Mordecai teve a boca tampada por alguém.



Um rapaz apareceu atrás dele e tampou sua boca mais rápido do que ele pode perceber. A pele bronzeada e os olhos amendoados realmente chamavam a atenção. Com seus um metro e setenta e dois destacava-se no meio de tantos alunos de estatura baixa. Olhou para Riley e Maya sorrindo e logo colocou a boca próxima a orelha direita de Mordecai.



– Eu sei o que ia dizer. - Cochichou o jovem. - Mas, acho que se berrar que vai contar para os professores, vai ser zoado mais do que da vez que fez isso no ano passado. Sem contar que ela é filha de professor e que você foi imobilizado por uma garotinha. -



Mordecai sentiu um arrepio na espinha e apenas balançou a cabeça entendendo. Não deveria fazer nada por causa daquilo. Sentiu sua boca ser destampada e seu corpo estava livre para ele se mover novamente. Apenas caminhou calmamente para fora do refeitório aceitando que aquilo iria ser motivo de zoação por todo o ano.



– Antes que alguém comece a gritar de novo, o show acabou. - Agora era uma garota que falava. - Voltem as suas refeições ou quaisquer outros assuntos, esses três já tiveram seus minutos de fama. -



Maya e Rylei olharam e volta e parecia que todos passavam a ignorar a existência delas. Viram o rapaz de olhos amendoados se aproximar e também a garota baixinha e loira, dos óculos Ray-ban, que dispersou a multidão.

Loira, um metro e cinquenta. Olhos verdes. Um ar angelical, mas que no final percebiam, não era exatamente uma criança. Maya observou melhor a menina enquanto Riley parecia surpresa.



– Obrigada! - Disse Riley virando-se para a menina. - Muito obrigada! - Disse voltando-se para o rapaz.

– Nós é que agradecemos. - Disse a menina. - O que vocês fizeram ninguém faria. -



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As asas batiam forte. Era nítido que a pequena ave estava chegando ao seu limite. Depois de atingida por dois movimentos Flamethower o pequeno Pidgey estava nas últimas.

Pidgey era uma ave de pequena estatura e porte, muito comum por campos e cidades. Com mediana habilidade de voo a ave de penas marrons e bege era sempre um alvo fácil para treinadores iniciantes, especialmente se separado do bando. Aquele em especial não tinha muito tempo de treinamento e com isso estava tendo uma dificuldade grande na batalha que enfrentava.

Já seu adversário, um garboso Arcanine não parecia estar tendo a menor dificuldade. Quatro patas fortes, uma pelugem branca próxima ao pescoço, que quase parecia uma juba, o corpo listrado entre branco, laranja e vermelho. Presas e garras das patas afiadas e brilhantes e um olhar ativo, quase em chamas.

Uma tentativa de conter os avanços do pokémon de fogo estava sendo feita. As asas batiam forte criando uma corrente de ar para empurrar o adversário em outra direção, o movimento Gust. No entanto, o pokémon de fogo era muito evoluído e passou pela rajada de ventania como se nem mesmo uma brisa lhe parecesse.



– Quick Attack! - Comandou o treinador do Pidgey.



Estava quase acertando seu alvo quanto seu adversário disse Extreme Speed. Um movimento muito parecido com o Quick Attack, mas a velocidade era muito maior e ganhava prioridade em cima do ataque menos veloz. Todos sabiam que era o fim da batalha para a ave. Lívia virou o rosto para não ver o resultado. Ela começou a arrepender-se de ter parado para assistir aquela batalha.

Despediu-se do grupo após a aula, percebendo que era a única a morar fora do campus. Certamente seria mais uma desvantagem para manter-se enturmada, mas já havia desistido de preocupar-se com isso. Sua cabeça agora estava com o resultado que a primeira aula havia lhe trago. A caminhada até sua casa levava uns quinze a vinte minutos. Poderia pegar um ônibus, mas o tempo caminhando ajudaria a arejar a cabeça. Acabou, encontrando um grupo de garotos, do Colégio Sul, revezando-se na arena de uma pracinha do caminho para realizar batalhas pokémon.

Não tinha ideia do motivo, mas acabou parando para observar ao menos uma batalha. Como ela arrependera-se. Os adolescentes eram barulhentos, a maioria não tinha habilidades de batalha e o jovem do Arcanine não perdia uma e contava vantagem todo o tempo, gabando-se de como seu pokémon era forte. Até insultava seus adversários chamando-os de burro por ter comandado algo tão ridículo.

O último adversário sequer queria enfrentá-lo, mas a pressão dos outros o fez entrar na batalha. Seu mais forte ataque era o Quick Attack. Um movimento prioritário que consistia em uma investida rápida contra o adversário. Quanto mais veloz fosse o usuário, maiores seriam os danos. Arcanine levou dois ataques até que o cão de fogo usou o mesmo movimento e a ave quase caiu desmaiada. Depois disso, começou a ser surrada.

Lívia não aguentaria ver aquela ave levar a pior, sua irmã tinha um pokémon como aquele e imaginava-a no lugar daquele garoto que logo teria de correr para o Centro Pokémon. Com o rosto virado e os olhos quase fechados escutou apenas a gritaria, eufórica da maioria, gemidos do Pidgey a desmaiar e o choro do treinador derrotado. Abriu os olhos e saiu dali em disparada. Escutando o vencedor gritar “Burro”.

Aquela palavra ecoava pela mente da menina. Burro. Burro. Burro. Burra! Distraída no seu caminhar acabou trombando com um alguém. Pequenos pedaços de folha espelharam-se. A pessoa abaixou-se desesperada para pegar.



– Desculpa! - Ela baixou-se para ajudar a pessoa a recolher. Envergonhada, nem levantou o olhar, mas acabou reconhecendo aqueles pedaços de papeis com uma ou duas palavras escritas em cada um deles. Olhou de imediato para a pessoa. - Kevin? -



– Lívia! - Kevin sorriu acabando de pegar alguns papéis. - Desculpe-me pelo esbarrão. Estava distraído lendo os papeis, não prestei atenção. -



– Também estava distraída. - Ela respondeu indicando que estava tudo bem. - Achei que morasse no campus. - Ela esticou os papeis que havia recolhido para devolvê-lo, mas quando o fez, não teve como não ler um deles. - Defunto? -



Em determinado momento da aula o Professor Hércules realizou uma dinâmica com a turma. Cada um pegaria nove pedaços de papel e escreveria uma característica marcante de cada colega de classe que estava ali. Após dobrariam e colocariam na mesa da pessoa. Ninguém deveria identificar-se. O intuito era cada um descobrir qual era a primeira impressão que ele causava.

A parte difícil foi conseguir os papeis que ninguém possuía e o professor recusou-se a fornecer. Tiveram que usar papel toalha do banheiro e ainda levaram um longo sermão do professor, incrédulo com o despreparo dos alunos, e do zelador que não gostou nada de ver o que estavam fazendo.



– As coisas nas cafeterias do campus são muito caras e nem são tão gostosas. Tem uma padaria mais a frente com um preço mais acessível e um gosto muito melhor - Ele sorriu começando a andar. - Você vai nessa direção? -



Lívia começou a andar, mas não disse nada. Ficou olhando-o por algum tempo enquanto ele organizava suas características. Ela pensou nas que recebeu. Bonita, bonita e atraente. Elogios bem vindos, baseados em suas características físicas. Patricinha e esnobe. Já escutara aqueles, baseado em sua forma de vestir-se e por isso não se incomodou. Legal e legal. As pessoas não tinham o que falar, mas agradou-lhe saber que havia sido sociável. O que mais gostou foi “sorriso bonito”. Falava de uma característica que ela gostava e poucas pessoas elogiavam isso. Além disso, ela mesma havia escrito exatamente aquela característica para alguém. Quais eram as chances disso acontecer?

Burra foi à única coisa que escreveram para ela que ela não aceitou bem. Ficou sentindo-se mal com aquilo e por isso resolveu caminhar para tirar aquilo da cabeça, mas parar na batalha onde o vitorioso chamava insistentemente os outros de burro só piorou as coisas.

Ela não se lembrava de ter dito nada que pudessem interpretar isso. Não havia levantado assunto ou polêmicas junto ao grupo. Por sinal, se mostrou até inteligente ao perceber que Kevin não fora chamado para o grupo. O professor elogiou a pergunta que fez. Então como alguém poderia ser tão mesquinho e dizer para ela que era burra? Como uma pessoa que nem a conhece direito poderia escrever algo tão mal assim?

Ela perguntava-se isso até encontrar Kevin e seu “defunto”. Tinha certeza que era a mesma pessoa, não podia haver dois idiotas na classe. Mas, o que mais estava incomodando-a era o fato dele sorrir. Como alguém podia sorrir depois disso?



– Por que está sorrindo? - Perguntou Lívia. - Acabou de ser chamado de defunto. Pode até ser uma brincadeira, mas e se for ameaça? -



– Ameaça? -

Estavam caminhando pela calçada. Não tinha grande movimento de veículos, apesar de vira e mexe passar um carro ou ônibus. Aquele trecho possuía casas e parques arborizados, a zona comercial aproximava-se, bem como a padaria que Kevin procurava. Kevin parou olhando-a e pensando na hipótese.



– Não. - Ele sorriu. - Tirando Albert, conheci todos hoje. Por que já iriam querer me matar? - Ele olhava para Lívia que parecia mais perturbada do que assustada. - Além disso, veja esse. - Ele esticou um papel. - Simpático. - Ou este, onde diz calmo. - Ele esticou outro. - Meu favorito, “sorriso bonito”. -



Ela sorriu e logo depois ficou vermelha virando o rosto por alguns instantes. Ela havia escrito aquilo para ele. Havia gostado do sorriso dele e agora estava com um misto de fascínio e incredulidade por ele sorrir mesmo diante a um insulto.



– Escrevi isso também para alguém. – Ele fingiu não perceber a estranha reação de Lívia. - Quais as chances disso acontecer? -



Aturdida a jovem loira chegou a parar de andar. Seria Kevin quem escreveu o “sorriso bonito” para ela? Respirou fundo, disfarçadamente, em especial por ele ter parado.



– Você realmente não ficou preocupado com isso? - Ela tentou voltar ao assunto do defunto. - Eu fui chamada de burra e já não estava muito feliz. Se eu estivesse no seu lugar estaria preocupada. -



– Não me sinto morto ou acho que alguém da sala tentaria me matar agora. - Kevin começou a guardar seus papeis no bolso da jaqueta. - Você se acha burra? -



– Não! - Ela respondeu irritada. - Claro que não! -



– Então, porque se importar? - Ele sorriu para ela. - Que diferença faz se alguém que você sequer conhece te acha burra? O que importa é o que você acha de si mesma. -



– Eu me importo com o que as pessoas pensam de mim. - Ela respondeu ainda irritada. - Não gosto de ser ofendida! -



– Desculpe-me. - Disse ele ainda sorrindo. - Eu tenho motivos para sorrir mesmo com alguém... - ele parou alguns instantes. - Me ameaçando. - Ele riu.



– E quais seriam? -



– Sorriso bonito! - Disse ele. - Quem escreveu foi marcado por meu sorriso. Achou que era uma característica legal em mim. Imagino que a pessoa ficaria chateada se de repente isso desaparecesse. Ainda mais por um comentário que nem sei o porquê recebi. - Ele viu que ela o encarava. - Pelo menos eu ficaria. -



Lívia ficou olhando para ele por alguns instantes pensando no que ele havia acabado de falar. Também recebera um “sorriso bonito” e tirou-o do rosto desde que lera seu papel. Perguntou-se de novo se Kevin havia lhe mandado o “sorriso bonito”. Se ele estava chateando-se por ela dar mais valor a um “burra” de uma pessoa tapada do que um “sorriso bonito” escrito por ele.



– Você tem razão. - Sorriu timidamente. - Também ganhei “sorriso bonito”. Não posso me deixar ser marcada por alguém que eu não conheço e me acha burra. - Ela sorriu abertamente começando a andar.- Melhor ser marcada por quem acha meu sorriso bonito e digno de comentário. -



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O que marca nosso tempo aqui? Alguém se importa realmente com o que fazemos? Alguém se importa se sorrio? Será que podemos ajudar ou atrapalhar a vida de alguém a tal ponto de sermos um divisor de águas?

Naquela hora no refeitório eu percebi que as pessoas gostam de menosprezar umas as outras. Por que alguém precisa se dar mal para outro se dar bem? Qual o sentido nisso?

Leila e Rodolfo não pensam assim. Eles são legais. Quando hoje o problema no refeitório ia subir de nível eles interviram. Todos parecem respeitá-los na escola. Não falei muito com Rodolfo, mas Leila disse algo que não consegui esquecer. “Nossa atitude de ajudar outro que não nós mesmos vai marcar as pessoas daquela escola.” Foi a resposta que ela nos deu por questionar o porque ela nos agradecia.

Eu não sei se eu sou capaz de marcar alguém, ainda mais dessa forma. Acho que quando você nasceu para fazer a diferença na vida das pessoas, não importa o quão perdido e confuso esteja, fará a diferença. Esse com certeza não é o meu caso.

Hoje meu pai e Maya são as pessoas mais marcantes para mim. Será que em algum lugar eles são importantes para mais alguém? Será que eles marcaram a vida de mais alguém? Será que eu vou marcar a vida de alguém?

Será que minha vida vai ser marcada de forma positiva por mais alguém?”



Uma batida na porta apressou Riley a fechar seu diário e colocá-lo de baixo dos lençóis da cama. A porta se abriu e o rosto quadrado com o cabelo de esponja de seu pai apareceu.



– Imagino que interrompi a hora do diário. - Ele comentou sorrindo mantendo só a cabeça para dentro do quarto. - Mas, acho que precisa ver isso. -



Riley viu a cabeça de seu pai desaparecer. A porta ficou aberta e ele escutou as passadas largas dele pela casa, principalmente enquanto descia as escadas. Percebeu que a alguém aumentou, e muito, o som da televisão. Resolveu descer e conferir o que estava acontecendo.

Ainda não havia tomado banho, ou retirado à roupa da escola. Chegou à sala e começou a distinguir, mais facilmente, o som da televisão.



“... Simplesmente, desapareceu. Uma declaração oficial está marcada para ser feita dentro de algumas horas, mas fontes indicam que o boato é real. O nosso amado Campeão de Sinnoh da última temporada não veio para o Carnaval dos Mestres de Sinnoh e isso pode fazer o evento ser cancelado.”



Riley piscou algumas vezes aturdida. Olhou para seu pai e depois para Maya. Ambos pareciam ainda digerir a notícia.



– Por que um campeão desistiria de um dos maiores eventos do mundo? - Perguntou Riley.



– Eu tenho medo da resposta. - Disse Maya.