SARA

Entro na caverna com Wally, e vemos Lunna deslizando de um lado a outro com a cadeira. Digitando em diversos computadores diferentes, com os olhos tão focados quanto um de nós em combate. Não nos movemos, mas acredito que ela saiba que estamos aqui, só não falou nada por que precisa se concentrar. Sento sobre a mesa e Wally se deita com a cabeça em meu colo, fico acariciando seus cabelos enquanto escutamos uma série variada de palavrões escaparem pelos lábios de Lunna. Algum tempo depois Connor, Damian e Isis saem do elevador, e sem dizer nada eles se sentam nas cadeiras a nossa volta.

—Que inferno! -Lunna reclama pela trilhonésima vez.

—Alguém deveria lavar a boca dela com sabão. -Isis murmura baixinho para Connor que sorri ao ver a irmã enrijecer a cada xingamento.

—Olha, vocês deveriam ser mais úteis! -nos levantamos em um salto, cinco pessoas com expressões de culpa estampadas no rosto, mas não era de nossa inutilidade que ela se referia. Lunna tira algumas ferramentas para computador da bolsa e se abaixa desaparecendo atrás dos painéis.

—Um de nós deveria conferir? -Wally pergunta incomodado, nós quatro negamos juntos apenas balançando a cabeça. -Eu sou engenheiro -resolve nos lembrar.

—Mecânico. -Dam, é o único que se dá ao trabalho de argumentar. -é melhor não mexer com ela agora.

—Vou colocar fogo em vocês qualquer dia desses, só estou avisando caso pensem. -Lunna se levanta com os cabelos desgrenhados e os olhos queimando em uma fúria assassina, encara os monitores como se fossem gente, então começa a falar com uma versão fina de sua própria voz, e o ar de quem remenda alguém. —Nossa Lunna, você está queimando seus bebês? Somos praticamente seus filhos—bufa irritada, empurra uma cadeira com força e volta a se sentar, digitando como se arrancasse os dentes de alguém em um interrogatório.

—Ela é muito estranha – me surpreendo ao ver que é Connor quem acaba externando o que todos nós pensávamos. Ele assovia para destacar que o muito dele, quer dizer mais do que se pode esperar de qualquer pessoa.

—É como assistir um interrogatório, só que com computadores, sem sangue e onde a única que parece estar prestes a romper em lágrimas é quem está interrogando. -Dam observa.

—Acho que ela precisa começar a treinar essas coisas. -Wally diz. -Interrogatório, perseguição, deixa-la resistente a toxinas -os outros três o encaram.

—Felicity a ensinou a interrogar -escuto Connor dizer. -Ninguém tira informações melhor do que minha mãe com acesso ao número das contas de um idiota mercenário.

—Funciona. -Dam começa. -Já presenciei, mas se for um cara do tipo Coringa que está se lixando para dinheiro, aquilo seria inútil. Wally está certo, passou da hora de seu treinamento sair de uma das nossas bases.

—É melhor do que contar com a sorte -reforço. -Lunna é a mais inteligente de nós, se tornou uma excelente lutadora, mas ainda usa bastões, precisa de uma arma. Não vamos coloca-la em campo, mas com isso de guardiões e o que for, temos que garantir que Nina estará segura -e se algo acontecer comigo e Wally, preciso dela e Connor bem vivos e capazes de manter nossa filha a salvo.

—A ensinei a atirar facas – Damian conta com um sorriso sinistro no rosto. – A mira dela é impressionante!

—Lunna aprende muito rápido – Wally concorda com o ar orgulhos que sempre surge ao falar dos avanços de sua aprendiz. – Mas sabe que ela não vai atirar nada cortante contra nenhum alvo real, não sabe? – questiona o novo mentor que assente pensativo em resposta.

—Talvez ela possa usar um tipo de bastão como o meu, ou um duplo como o do Grayson, considerando o fato de ser ambidestra e ter a esquerda tão forte – Dam pondera alisando o queixo. – Aumentamos o treinamento de resistência física, mas talvez possamos forçar um pouco mais.

—Escaladas e como se locomover pela cidade – Wally acrescenta, parecendo montar um plano de aulas em sua mente. – Técnicas evasivas em interrogatórios...

-Detesto quando se juntam como um time. -Connor murmura, mas sua voz não parecia tão avessa a ideia assim.

—Ela tem aquele tablet como o da mamãe. -Isis diz, e Damian a encara. -O que foi? Elas explodem coisas com aquilo, lembra daquela vez com o Brainiac que a Dupla Cérebro salvou o dia? -aquilo foi legal, sorrio com a lembrança. -Enquanto minha mãe invadia e fritava o sistema do Brainiac, Lunna Hakeou o Ciborgue, acho que isso é badass o suficiente.

—Qual o problema, Isis? -Dam pergunta e vejo Connor enrijecer ao lado da irmã, como se os dois partilhassem de um segredo só deles.

—Ela não tem que aprender a passar por uma tortura -diz entre dentes, com os olhos cheios de emoções. -Pode acreditar - volta a ver a cunhada, mais tranquila parecendo conseguir algum progresso. -A ensinem a pular de prédios, se esconder, talvez arrumem uma arma -encara um por um de um jeito ameaçadoramente familiar. -Mas ninguém vai coloca-la em uma sala escura amarrada a nada -termina no melhor estilo Oliver Queen, saindo a passos duros. Era isso, ela nos ameaçou exatamente como meu padrinho faria. Impressionante.

—Só eu que me sinto um lixo agora? -escuto Wally dizer, mas ninguém se olhava.

—Não é com vocês. -Connor diz com seu jeito paciente de sempre. -Só aguentem, Isis está certa é claro, mas ela não está brava com ninguém além dela mesma.

—Isis! -Lu a chama a garota que estava próxima ao vestiário agora. -Cisco te mandou um presente -aponta na direção de uma caixa que estava no vortex, Isis limpa o rosto antes de se virar para pegar a caixa. -Vocês podem vir aqui um momento?

—O que encontrou? -pergunto me sentando ao seu lado, parece que minha energia se esgotou em segundos.

—As marcas que encontraram nos corpos. -diz quase sem fôlego e ergue uma mão pedindo tempo enquanto vira meia garrafa de água. -In Tempore Oportuno.

—No tempo oportuno? -Dam traduz se inclinando sobre os ombros de Lunna para ver a pesquisa. -Que língua é essa? -aponta para um agrupamento estranho de letras muito familiar aos meus olhos, mesmo que não entendesse uma palavra de tudo aquilo, e precisei reprimir a vontade de me encolher com essa percepção.

—Então, essa foi a parte dificil -ela ergue os cabelos, abanando a nuca, preciso beliscar o braço de Connor que estava ao meu lado para seus olhos voltarem a ter foco. -No começo pensei que era uma espécie de código, mas não demorou para perceber que estava vendo tudo pelo ângulo errado. Foi quando descobri que se trata de uma língua que nunca foi escrita, e já não é falada a muitos anos, o pouco que se salvou foi passado entre o povo e mesclado a outra língua. Então escreveram a fonética das palavras como um registro raro da cultura perdida.

—E o que dizem? -Isis questiona.

—Não vai fazer sentido, mas vou falar e depois conto o que é realmente importante. -Lunna continua parecendo estar ligada nos 220V. -Ele morreu sob a lua, no tempo do pesado fogo, que fez a água cair sobre sua esposa. -é, não tem sentido.

—Agora explica -incentivo.

—Essas línguas mortas, são junções de antigas tribos da família Tupi – me olha e entendemos o porquê de sua fúria mais cedo, por um instante é como se perdesse o ar. -Pesquisei mitos e lendas que justificassem algo assim, mas não se tem registros de sua cultura, foi quando percebi que em tudo sobre eles, existe um equivalente em Greco-romano. -Lu respira fundo. -O que mais me chamou a atenção foi algo como a benevolência do imperador. Se lembram de Sócrates?

—O da filosofia, que foi sentenciado a morte? -Wally pergunta.

—Então, ele teve que esperar por trinta dias em uma prisão e seus seguidores chegaram a arquitetar sua fuga.

—Mas ele preferiu honrar as leis para provar seu ponto. -Dam completa. -Bem babaca.

Pelo bom êxito da mudança de resistência—recita. -Foram suas últimas palavras. Ele foi acusado injustamente, mas morreu sereno, tomando o veneno dado por um carrasco que chorava lamentando a morte do homem cuja vida estava incumbido a tirar. Se sacrificou na verdade -seu rosto se torna pensativo. -Todos os relatos, em todas as línguas que encontrei se referiam a tempo e sacrifício.

—Sacrifício? -algo brilha nos olhos de Isis. -Acho que agora pode ser o momento perfeito para dizer que tive uma visão.

—Claro que teve. -Wally pragueja baixinho, e sou incapaz de me mover ou falar qualquer coisa que seja, meu coração passou a bater mais lento desde que percebi só existe uma ligação entre aquele caso e uma coletânea de palavras indígenas da qual algo dentro do meu ser parece reconhecer e julgar familiar.

Paro meus olhos nos do homem mais rápido do mundo, que também é a pessoa mais corajosa que conheço. Estava com seus olhos trêmulos e arregalados, de uma forma que nunca os vi antes. Não existe muita coisa capaz de apavorar um homem mais rápido do que uma bala, que corre sobre as águas, tem o soco mais forte entre todos os heróis e consegue pensar na velocidade da luz. Também não existe muito que assuste uma garota que se viu no inferno, alguém que ameaçou a vida de Amanda Waller com uma faca de manteiga.

Bom, até hoje nossos aliados sempre pareceram nos estudar, procurando nosso real ponto de quebra. Não é o amor que sentimos um pelo outro, Wally conseguiu sobreviver, mesmo que estivesse em pedaços quando pensou que estava morta, seu caráter não se abalou apesar do vazio e dor indescritível. Aquilo o deixou furioso, em chamas, mas no fim percebemos que mesmo em lembranças o que sentimos pelo outro é o que nos dá força. Agora não era raiva em seu rosto, não é raiva no meu. Nós estamos com medo, apavorados com a possibilidade de algo acontecer a todo o nosso mundo, acabo de descobrir onde a nossa ruptura fica.

DAMIAN

‘Posso chegar aí em menos de dois dias Dam, é só o tempo de encerrar meus assuntos com o Crane.’ Sua voz sai entrecortada, provavelmente estava perseguindo o Espantalho naquele momento.

—Não seja melodramático -implico, para mascarar a verdade. -Não é como se sua presença fosse resolver todos os problemas, seria só mais um azarado na equação, para diminuir ainda mais o gráfico -coloco minha máscara, e o bastão no suporte em minhas costas. -Vamos dar conta.

‘Sei que vão.’ Quase parece ofendido, sei que ele sabe, mas se ele descobrir a verdadeira situação é capaz de largar Chicago até mesmo com Todd e vir ajudar. ‘Só não vai fazer merda, estou esperando que ganhe massa muscular suficiente e perca mais um terço da arrogância para me livrar da herança do Batman.’

—Sabe que não vou colocar aquele capuz -sorrio ao escutá-lo soltar um palavrão, deve estar apanhando. -Ele nunca mexe os pés Asa Noturna, por que não consegue se lembrar disso? -reviro meus olhos impaciente e posso ouvir um grande baque em sequência.

‘A única coisa boa que vem com aquela máscara, é o parceiro.’ Sério? Sentimentalismo agora?

—Derrubou ele, não foi?

‘Acho que esse cara nunca lavou o traje, nem consigo te descrever o futum que subiu quando ele caiu no chão.’ O nojo é perceptível em sua voz. ‘Tenho que ir, Robin, mas não vai se colocar na linha de fogo sem que eu esteja aí.’

—Não quero que venha -olho Connor que sai do vestiário em seu traje.

—Grayson? -questiona movendo os lábios sem emitir som e confirmo com um aceno. -Seu irmão sabe se cuidar -fala para que Dick o escute. -Mas vou ficar de olho nele se ajuda.

‘Morrer uma vez é o suficiente, não deixe acontecer de novo.’ Fala como líder, mas tem um tremor que passou a existir em sua voz quando fui empalado pela espada da Thalia, que desde então me fez parar de me sentir ofendido com essa idiotice de irmão mais velho, deixo que sangre primeiro, foi o combinado. E se eu morrer, ele vai saber que fez tudo a seu alcance para impedir.

—Ninguém vai morrer em meu time. -Hawke passou a ter uma determinação bem semelhante. -Se cuida, Dick.

‘Vocês também.’

—Pronto? -questiona e confirmo com um aceno.

—Onde vamos?

—Lunna encontrou o centro de todos os suicídios -aperta o dispositivo em seu pulso e vejo o holograma de um mapa. -Essa área -aponta para um círculo vermelho com três prédios dentro.

Saímos da caverna sem as motos, vou correndo nos beirais dos prédios ao lado de Connor. Ele ergue um braço para que pare e montamos a base no prédio mais alto que nos dava uma visão clara dos três, arrumo os equipamentos de leitura de calor e raio x, que nos ajuda a ter uma perspectiva do que acontecia no interior.

—Onde estão os outros? -olho em volta e parecia não ter mais ninguém cobrindo o perímetro.

—Flash e Nigthmare estão checando se algo milagroso aconteceu com os outros suicidas -começa a dizer, focado em nossos alvos. -Ártemis e Gláuks estão na Batcaverna -sua voz tem uma leve mudança de entonação. -Não quer saber por que estão lá? -Agora está tentando me distrair do que percebi antes.

—Se quero aprender aquele feitiço que faz ao lutar, preciso pegar alguns de seus hábitos -dou de ombros e vejo um sorriso de lado aparecer em seu rosto.

Sinto uma rajada leve de vento e por um instante quero muito perguntar o que Lunna e Sara fazem na minha casa, apenas para ter algo para sobrepor o apagão em minha mente. Flash coloca Nigthmare no chão ao meu lado e não tenho orgulho do meu descontrole temporário ao encará-la dentro de seu uniforme novo.

Seus cabelos castanhos claros, pendiam de lado pela abertura de um capuz preto com padrões assustadores que se traçavam em verde sobre todo seu uniforme, lembrando machucados em fase de recuperação, mas de uma forma bem badass e nada nojenta. A máscara nova cobre seu rosto quase por completo, deixando os olhos cobertos por lentes completamente brancas e só a sua boca aparente, como o de Wally. Nós somos incapazes de dizer qualquer coisa, vendo Nigthmare que pela primeira vez estava fazendo sentido (enquanto parada) a seu codinome, havia o emblema de uma seta em verde em seu tronco que subia até seus seios, com cordas passando por uma linha mínima que deixava meio centímetro de pele aparente. Seu pequeno arsenal transpassando em correntes no peito, pernas e suportes nos braços, a Katoptris agora sozinha em seu cinto, era tudo colado demais, exibindo sem pudor sua cintura fina, os seios redondos e quadris perfeitamente desenhados e largos que precediam suas pernas longas e torneadas, toda aquela imagem era excitante e apavorante em proporções iguais. Não tinha nada do ar angelical de Isis aparente, nem mesmo poderiam dizer que ela é uma garota de dezenove anos dentro daquilo. Algo como os trajes da Mulher Gato com muito mais estilo. É, agora ficou bem claro de onde Cisco tirou a inspiração.

—Vibro fez um bom trabalho. -Connor elogia com um sorriso de satisfação no rosto. -Ninguém que te encontrar vestida assim, associaria a quem é por baixo da máscara.

—Acho que é o melhor trabalho dele até hoje. -Wally se junta ao primo e me pego pensando onde está todo o ciúmes e superproteção com o qual me intimidaram por todos esses anos? -Está a maior gata! -Isis morde os lábios contendo um sorriso tímido e todos olham em minha direção, esperando que diga algo a respeito.

—Encontraram alguma pista? -me viro para Wally que é quem contém o riso agora, mas prefiro ficar com meus olhos nele do que em Isis dentro daquelas roupas.

—Um sobrinho que não tinha mais ninguém e conseguiu uma bolsa integral na Columbia, depois de ganhar uma bolada com uma raspadinha. -Wally começa a narrar. -Alguns filhos doentes, pais e irmãos. Dividas de família, bom, cada um tinha um motivo para morrer.

—Mas teve um cara que passou duas semanas namorando a Chloe Grace Mortez. -Isis acrescenta fazendo careta e escuto Connor e Wally murmurarem um “sortudo”. -Qual o problema deles? -me pergunta e fico a olhando sem conseguir fazer mais nada além disso.

—É a Chloe. -Wally diz como se fosse explicação suficiente.

—O cara morreu feliz. -Connor que olhava para os prédios completa e o amigo reforça com um aceno positivo.

—Por que não está bobo feito eles -estou pior na verdade, não pelos mesmos motivos.

—Não sei quem é essa -falo com meus olhos no serviço e passo os próximos cinco minutos respondendo a indignação deles por não saber quem é a mulher. -Aquele cara está chorando? -questiono cortando o assunto e apontando para um homem de sobretudo saindo do prédio a esquerda.

—Nosso cara? -Wally ergue uma sobrancelha.

—Traz ele aqui, para a Isis estrear seu novo traje. -Connor instrui. -Vamos descobrir qual o pior pesadelo dele.

SARA

Nessas horas me pergunto qual o motivo de insistir em vir com Lunna encontrar o Tim nessa caverna. Vendo os dois interagindo passo a ter certeza que se Connor não existisse esses dois ficariam juntos, simplesmente por que o resto do mundo deve entediá-los profundamente. O que me fez perceber o quanto Lunna suprime a própria inteligência apenas para que possamos compreende-la, mas aqui ao lado do Drake, parece um ET que acabou de voltar para casa. Todo meu instinto materno me fez tentar focar no que conversavam, mas a verdade é que nem sei dizer se aquilo é mesmo inglês e posso jurar que as vezes realmente não era em nosso idioma que conversavam. Os escutar quase me leva a ter saudades do patriarca da família, e isso foi o que me fez perceber que não dá mais, chega de tentar entrar na bolha super nerd deles.

Em minha tentativa de não cravar uma flecha em minha própria cabeça, resolvo explorar a caverna do Batman. Já treinei nesse lugar inúmeras vezes, posso dizer que esse tatame e meu traseiro são praticamente família, mas nunca olhei em volta de verdade. Dessa forma que as crianças devem se sentir ao ir na casa assombrada pela primeira vez, o lugar é gigante e deve se estender por baixo de todo o terreno da mansão. Paro em frente aos carros e perco as contas de quantos estão estacionados, o Wayne chega a fazer meus padrinhos parecerem pessoas econômicas.

—Quantos veículos vocês têm aqui? – grito para os nerds.

—Da última vez que contei as motos, os aviões, carros e barcos, totalizavam setenta e três, mas Lúcios está sempre trazendo brinquedos novos então não posso afirmar se esse número se mantém. – Tim responde sem nem mesmo olhar para cima. Acho que o desconcentrei e ele não pareceu gostar. – Essa língua que descobriu ...

—Não descobri, eu encontrei a informação. – Lunna se defende como se tivesse sido xingada.

—Okay –os dois pareciam prestes explodir, como iria explicar isso a Connor. ‘Então grandão, sua esposa amada e querida por todos, entrou em combustão espontânea e explodiu. Desculpe não pude fazer muita coisa.’ É, não parece ser o suficiente.

—São várias lendas, não são? – me aproximo, tomada mais uma vez por meus novos instintos. –O que todas tem em comum?

—Nada diferente do que já concluíram antes, o sacrifício é o padrão. Eles dão a vida para conseguir algo em troca. – Tim se vira para mim, esperando que eu acrescentasse algo novo ou simplesmente pare de repetir o que concluímos antes de chegar. -E não sei se classificam o criacionismo deles como lenda -agora volta a falar com Lunna.

—Acredito que não.

—Tudo isso envolve magia, não é? - tento, mas não é um caminho lógico em minha mente.

—Magia, traços sutis de ritos de sacrifício humano e oferta de almas – Lunna complementa. -Tipo demônios em encruzilhadas, mas sem os dez anos.

—Parece que temos um lugar onde procurar – falo para a nerd e o ainda mais. -A nossa lista de feiticeiros parece menos extensa do que a de um vilão sem rosto ou características.

—Mas não sabemos o tipo de magia, o que torna tão extensa quanto a outra. - Lunna corta o meu pensamento, e se não fosse ela, provavelmente estaria xingando muito.

—Sei... -respiro fundo ignorando o aperto em meu peito e sinto meu celular vibrar.

“O palpite estava certo, encontramos onde as vítimas são escolhidas. É uma agencia de emprego, está ligado ao nosso caso atual. Vamos acessar os arquivos do prédio, peça a Gláuks para fazer a conexão. D.”

—Hum, gente -corto Tim que estava em um discurso ávido. -O time encontrou algo, Dam está pedindo acesso.

Mostro a mensagem para os dois e Lunna começa a trabalhar pareando o time com a rede que precisavam. Tim se junta a ela, apenas para poderem voltar ao trabalho que estavam fazendo antes. Não saberia dizer qual é mais rápido, até por que não pareciam se dar conta da sincronia estranha que tinham. Os alarmes estavam desativados e câmeras em modo de repetição aleatório, todo o sistema da empresa foi alvejado por combinações mortais de vírus da Gláuks e Red Robin, boa sorte para o próximo técnico que tentar consertar a meleca que isso vai ficar quando o time acabar por lá.

A dança deles enquanto seus dedos voavam pelos teclados e deslizavam de um monitor a outro em perfeita sincronia chega a ser bonita. Os dois completamente concentrados, parecendo preencher as lacunas um do outro ao criar os códigos e distribuir os vírus. Tão rápido quanto começam, terminam e voltam ao trabalho anterior sem dar importância a química bizarra que acabaram de exibir.

—É, pode comemorar Delphine. -Tim diz quando Lunna abria alguns arquivos para os examinar, com seu rosto completamente sério. -Talvez Sam e Dean te façam uma visita em um futuro próximo.

—São mesmo demônios não são? -me olha como se esperasse que negasse os fatos.

—Bom, você sempre me falou do Grande D, e apesar de já acreditar a algum tempo, se existia alguma dúvida, isso -aponto para a tela. -Acabaria com elas.

—É uma boa perspectiva -dá de ombros com um sorriso fraco. É, realmente.

Parece que esqueci o que Rudá e Iracema me ensinaram. Por um instante penso ter ficado louca, mas o rosto de Lunna se ilumina como se finalmente tivesse encontrado o Norte que vem buscando. Mesmo Tim parece abobado com a expressão da minha amiga, ela me dá um grande sorriso antes de se voltar a ele, abrindo sua primeira pesquisa novamente.

—O que percebeu? -Red Robin olha os documentos com atenção.

—Sara me fez notar que estava olhando para o lado errado, tornando mais dificil do que deveria.

—Fico feliz em ajudar -digo com sarcasmo, mas seu sorriso genuíno me desarma.

—No meio dessas pesquisas, encontrei alguns nomes que se repetem várias vezes em relatos de diferentes culturas - se vira para Tim. -Abnegazar, Rath e Gast, estão ligados a sacrifício humano e grandes eventos históricos, são descritos como demônios do submundo. Só um mago muito poderoso poderia invoca-los.

—Isso pode explicar por que meu time tem tido tanto trabalho com Trigon. -Drake fica pensativo por um instante. -A movimentação de caras como esses, podem o dar força indiretamente.

—Acho que respondemos à pergunta de um milhão! -ela ergue a sobrancelha para Tim que a contempla, abandonando os traços de seriedade sutis em seu rosto, e pasmo quando os dois batem as mãos em um hifive.

—Então vamos atrás desses caras -me junto a animação de Lunna e Tim dá um meio sorriso entrando em outro sistema do computador. -Quantos são capazes de controlar demônios e almas? Batman deve ter uma lista completa de cada um – aponto para os computadores a frente, ali deveria ter mais Yottabyte do que o centro de armazenamento de dados da NSA.

—Temos sim, mas não é fácil. – Tim adverte se virando novamente para os computadores. – Alguns podem não estar aqui em nosso plano, ou nessa terra.

—Aceito sugestões melhores – resmungo enquanto Lunna morde os lábios para não rir da minha cara de frustração.

—É um começo, Timothy. – Lunna o incentiva com um cumprimento simples demais para causar a motivação que se segue no rosto do terceiro Robin.

Então me dou conta do que minha aversão pela vibe nerd que exalam me impediu de notar anteriormente. Sinto meus olhos a ponto de saltar das orbitas enquanto percebo os resquícios de familiaridade entre os dois, a cumplicidade que Lunna não tem com ninguém do qual não seja intima e sou sua melhor amiga, conheço sua agenda de contatos, Drake não faz parte dela normalmente, algumas conversas vagas que tivemos em minha época no exército me vem à mente. AI MEU DEUS!

—Ou! -exclamo olhando de um para o outro. Lunna me olha e fica vermelha, conhecia muito bem aquelas bochechas coradas, ela não pode me esconder muita coisa.

—Acho melhor começar a olhar os arquivos dos magos inativos – se apressa quase enfiando a cara no teclado. -Circe está presa no Tártaro.

—Ela prefere transformar as pessoas, não tirar a vida delas. Acho que transformaria todos em porquinhos da Índia por julgar mais divertido do que um suicídio – dou de ombros ainda desconfortável com a recente descoberta. Deixa só eu decifrar quem é o sujeito por trás de tudo isso, e dona Lunna vai ter que me contar tudo sobre essa história de Timothy.

— Klarion? – Tim começa a ler a lista.

—Odeio esse garoto bruxo – me arrepio ao lembrar do sujeito, ele e aquele gato, acho que por isso não sou muito fã de bichanos, só de pensar me dá alergia.

—O Sr. Destino prendeu o em um universo onde magia não existe, não foi? – Lunna questiona puxando alguns dados.

—Verdade. Talvez ainda tenhamos algum tempo até voltarmos a ver aquela fuça desprezível. –Tim falta foi cuspir no chão. Pelo menos o meu desprezo é compartilhado.

—Morgana? – tento.

—Está alto exilada cuidando do filho depois que o mimadinho jogou fora a juventude e ficando um velho gaga imortal. – Tim lembra do episódio que todos nós, os auxiliares, ficamos preso em um mundo sem adultos. -Não sobra muita gente. Tem um arquivo aqui da Magia e do Félix Fausto.

—Magia está sobre o controle de Flag. E desde o evento com o raio azul caindo do céu, seu poder diminuiu muito, não teria como fazer algo tão grande. – Lunna pondera, olhando para mim novamente, foram tantos raios azuis caindo do céu que precisei de um tempo consideravelmente grande para lembrar o raio em questão, tenho certeza que nessa hora minha boca ficou em um ‘o’ de exclamação.

— O que nos leva a Félix Fausto. – Tim dá de ombros. – Nossa melhor opção.

—Nunca vi mais gordo, ou magro... Credo! – falo quando Red Robin abre a sua foto na tela. O mago era tão exageradamente magro que me pergunto se sofre de alguma doença degenerativa.

—Está fora dos radares a muitos anos. Mas já deu muito trabalho para toda a Liga. Uma vez ele expulsou Hades do mundo dos mortos só para ficar com a biblioteca do rei do submundo. Shayera e Diana deram um jeito nele, mas a biblioteca de Alexandria acabou em cinzas... de novo. – Tim explica por cima enquanto puxa alguns arquivos.

— E por que acha que poderia ser ele. Parece só um cosplay mal feito de um samurai antigo. – Olho para um homem que deve ter alguma descendência asiática, pois tirando seus olhos claros, todo o resto me faz pensar nos filmes do Jet Li. Com seu coque Samurai e um bigode do dragão da Mulan, em roupas tradicionais e com muito ouro pendurado em todos os lugares possíveis. Um claro desrespeito a moda, esses vilões precisam de um estilista com urgência. Cruzes!

—Suspeitamos que seja imortal. Tem conhecimento de línguas antigas, história, é um alquimista extraordinário... -paro de prestar atenção em Tim, quando me viro para Lunna e sua pele está mais branca que o normal, seus olhos estão marejados e os punhos estão fechados em seu colo, mas posso ver a força com que fecha as unhas sobre as palmas de suas mãos.

—Lu? –tento chamar sua atenção, nada, seus olhos permanecem vidrados na imagem. Troco um olhar com Tim que se afasta e viro a cadeira dela para que me veja. –Lunna? Pelo amor do grande D! O que está acontecendo?

—Borgo – engole em seco como se fosse difícil pronunciar aquele nome. – Ele é o Borgo -aponta para a foto e fico sem entender nada, apenas a abraço tentando acalma-la.

—Chama o nosso time –minha voz sai como se fosse uma ameaça. – E tira a porra dessa foto da tela! – puxo Lunna para o andar de cima, correndo todos os riscos do mundo de dar de cara com uma foto, pintura, ou com o próprio Bruce sorrindo, a levo para um sofá e sento ao seu lado de um cômodo amplo que me lembra uma biblioteca. Ficamos em silencio por um tempo até que sua cabeça cai em meu ombro. –Se pensa que vai escapar de explicar esse lance “Timothy” está muito enganada, espera se acalmar para ver – digo verdades a fim de a distrair um pouco.

—É bom que você tenha vindo -fala com voz de choro e a aperto mais, sentindo seu corpo gelado. -Connor e eu temos um jogo, quer tentar?

—Adoro jogos -seguro suas mãos trêmulas. -O que temos que fazer.

—Cada uma de nós faz uma confissão e ganha o direito de uma pergunta, mas não podemos questionar a confissão ou fazer mais perguntas além da que ganhamos -um nó se forma em minha garganta, prevendo o que estava por vir, mas era o que ela precisa no momento e entro no jogo se for esse o caso.

—Eu costumo roubar as jaquetas do seu marido -falo e vejo tremer com o riso que sobrepunha suas lágrimas. -Tenho uma pequena coleção delas, e só faço por que não entendo como ele pode pensar que uma só é o bastante, ninguém precisa o ver andando naquelas coisas gastas. -Lunna levanta a cabeça e me olha com carinho, limpo suas lágrimas e viramos de frente uma para a outra.

—Tudo ficou muito mais claro agora. -diz com cumplicidade. -Obrigada por se livrar daquelas coisas.

—Pode contar comigo! -faço uma continência boba ela abre o menor dos sorrisos, mas seu rosto fica sério em seguida.

—Borgo. -diz com dificuldade e meu corpo se enrijece por reflexo. -Ele dirigia um dos orfanatos em que vivi. -Lunna passa a olhar para as próprias mãos, como se estivesse envergonhada. -Bom, ele costumava disciplinar os internos, obrigando a nos auto mutilar -sou incapaz de puxar o ar. -Mas depois de um tempo eu passei a ser a única que era punida -ela se afasta dos meus braços e puxa a blusa que usava de dentro da saia, a ergue e me mostra pequenas cicatrizes que pareciam risquinhos finos em sua pele clara, na lateral do seu corpo, bem na direção de seus braços, quase imperceptíveis. -Uma noite ele fez todos os internos me baterem, foquei em proteger meu rosto, mas tive meu cabelo arrancado e pequenos cortes por impacto repetitivo, o que foi o caso mais extremo -travo meus dentes, me concentrando em respirar e me lembro da reação de Isis mais cedo. – As vezes ele me trancava em uma sala com um ou dois internos para que eles “ajudassem a me punir”, se fechar meus olhos ainda consigo o ver sentado naquela maldita cadeira de madeira no canto da sala escura, os observando enquanto me machucavam – Lunna fecha seus olhos e puxa o ar lentamente, meu peito se aperta e não consigo se quer puxar o ar da mesma forma. – Existia uma espécie de expectativa em seus olhos, como se esperasse por algo, que ansiasse por alguma reação especifica que nunca acontecia, e só o deixava ainda mais furioso.

Vejo Tim parado na porta com os olhos sem foco e peço a ele para ganhar algum tempo com os outros. Seria bom se explicasse aos Queens para que Lu não tivesse que fazer novamente. Ele assente e sai tão silencioso quanto entrou. Escuto Lunna me descrever cada tortura, cada machucado e a ânsia só faz aumentar em meu estômago. Me conta como precisou ficar na porta de um jogo do Phill na escola, bem no dia do aniversário de morte dos seus pais, para que o irmão não a visse machucada e com os cabelos cortados, e como isso foi usado contra ela no tribunal quando estava conseguindo a guarda dele de volta. Tento ser forte por ela, mas em algum momento as lágrimas passam a descer sem controle por minha face.

Eu já fiz coisas horríveis nos anos em que passei fora trabalhando para a Waller, passei por coisas tão ruins que ainda conseguem me assombrar, e ela sabe cada uma delas. Lunna Delphine esteve ao meu lado e foi literalmente minha única esperança em alguns momentos bem sombrios. Me salvando diversas vezes, se sacrificando tantas outras ao me colocar em primeiro lugar. É minha melhor amiga, a pessoa a quem confiaria a vida da minha filha, minha luz particular. Me revolta saber que um monstro desses continua andando livre depois de algo assim, me revolta mais ainda saber que não posso apagar nada do que ele a fez, ninguém pode. Passamos um tempo sentadas lado a lado de mãos dadas, com minha mente em branco, até que posso encontrar minha voz novamente.

—Devemos fazer as perguntas agora? -questiono ainda com voz de choro e Lunna assente limpando o rosto. -Vou te conceder a honra de ser a primeira -debocho.

—As vezes você é tão frustrante quanto o Connor -murmura com um meio sorriso que não alcança os olhos. -Sei que vai responder qualquer coisa que eu quiser, sem nem mesmo titubear, não é divertido assim. -cruza os braços sobre o peito como uma criancinha emburrada.

—Posso te falar alguns tópicos que ele não vai responder tão facilmente -a vejo se animar imediatamente. -Bom, pode perguntar sobre seu histórico com uma ex do tio Ollie, em defesa do Con, ele não sabia que ela era ex. -faço careta e Lunna fica pasma. -Ele odeia quando zoamos ele por ter pego a mesma mulher que o pai.

—Acho que estou tendo ânsia de vômito agora -franze o nariz com ar enojado.

—Então, agora é minha vez -saltito animada, Lunna sorri confirmando com um aceno. -Me conta, o que é isso de Timothy? -ela solta uma gargalhada divertida e volta a deitar a cabeça em meu ombro, então sinto que posso voltar a respirar.

CONNOR

Enquanto escuto Tim narrar tudo o que conseguiram, mais os dados que coletamos e a ligação com o passado da Lunna, me sinto em duas terras ao mesmo tempo. Ashram me ensinou que a raiva deve ser direcionada, usada pelo corpo, nunca pela mente. Que esse sentimento pode nos dar agilidade e potência, mas quando pensamos sobre seu efeito nos tornamos cegos e tolos diante de um inimigo que automaticamente passa a ser superior.

Olho para o elevador enquanto Drake continua falando, mas apesar de todos estarmos ouvindo, ninguém estava focado em suas palavras. Isis em algum momento pegou o arco das minhas mãos e estava brincando de mirar Wally, Damian e Tim, não é como se ela tivesse pego uma flecha junto, então não me importo. Wally se ocupou em ler todas as lendas e arquivos sobre o desgraçado do Fausto e seus bichinhos de estimação, e estava em uma cadeira com muitas coisas passando rapidamente no computador a sua frente. Damian estava entre um impasse com alguém em seu celular e olhar ansioso para as portas do elevador como o resto de nós.

—Isso é grande, Connor. -Tim chama minha atenção e me viro para ele. -A Liga está lidando com desastres naturais em locais que não deveriam acontecer, o Time tem que lidar com possíveis libertações do Trigon quase semanalmente e tudo começou na mesma época dos assaltos fantasmas na sua cidade.

-É como viver o fim dos dias -escutamos a voz de Sara que sai do elevador ao lado de Lunna. Encontro os olhos da minha esposa e a vejo dar um sorriso leve, indicando que trataríamos de nossos assuntos depois.

—Esse Felix. -Wally surge entre Tim e eu. -Ele tentou libertar o Uguinho, Zezinho e Luizinho quando você voltou de Ashram e o Sr. Destino conseguiu impedir. -conta. -Acho que o que ele disse sobre primeiro filho se referia ao fato de você ser um monge e não o primogênito e talvez a tal oferta para a primeira queda que Constantine falou antes seja as habilidades que emprestou ao Nabu.

—Faz mais sentido do que a história do Merlim. -Damian pondera. -Sara, Wally e Nina são sua família, você não conhecia Tommy fora das histórias do seu pai.

—Se esse for o caso, todos tivemos contato com ele, direta ou indiretamente. -Lunna diz e vejo Isis segurando sua mão. -Agora que sabemos o motivo de eu ser a órfã e Connor o primeiro filho, precisamos montar o resto do quebra cabeça com as partes de vocês.

—Vi algo sobre isso também. -Wally volta a falar. -O feitiço de libertação precisava de três fazes, três lugares no tempo e alguém que esteve neles.

—Você -concluo e ele assente com o rosto endurecido.

—Não posso falar sobre o que vi lá, não posso contar o que enfrentei, mas depois de ler todos os arquivos, tenho certeza que só estavam me usando para um ritual e por pouco não consegui ajuda para fugir -seu maxilar está travado e o olhar distante.

—No meu caso foi quando matei o Hunter -Sara fala. -Por mais que não quisesse matá-lo com cada uma das minhas células, os dedos de Connor estavam prestes a relaxar, ele soltaria a flecha, só fui mais rápida por meu tempo fora ter tornado esse tipo de decisão em um reflexo. -Wally confirma.

—Eu teria feito, se levasse mais um segundo. -Dam confessa olhando para as próprias mãos.

—Ou eu, Deus sabe que Zoom apertou todos os botões necessários para isso. -Wally diz por fim. -Foi seu sacrifício linda, que nos manteve limpos. Sujou as mãos para que nenhum de nós precisasse fazer -não sei se aquilo é um conforto pela expressão no rosto de Sara, mas ela sabe que nos orgulhamos de sua força. -Dam foi um caso ainda mais complicado, por que as especificações eram bem restritas. Combinar um homem que faz justiça pelas trevas, com uma mulher que usa as trevas para o caos, depois essa criança deveria morrer pelas mãos da mãe e ser retornar pela redenção do pai. E como se não fosse o suficiente, ele teria que se tornar luz.

—Faz sentido se é para não ter como libertar essas coisas. -Drake comenta.

—Existe algo que nos diga como podemos vencê-lo? -foco ao perceber que todos estavam ocupados com suas partes nesse maldito ritual.

—Ainda falta a Isis. -Dam diz olhando diretamente para minha irmã.

—Sou a escolhida da Katoptris, nada é mais claro do que isso -murmura na defensiva, mas Damian não desvia o olhar.

—Não -sua voz soa sem emoção, como se estivesse contendo essas palavras por muito tempo. -Foi a arca que completou sua parte, mas ainda não nos contou quem te deu ela. -Isis olha para todos no local, mas estamos tão interessados nessa resposta quanto Damian, respeitamos seu tempo, mas agora ele não existe mais.

—Ninguém me deu a caixa -sussurra baixando os olhos. -Eu a roubei. -minha cabeça dá voltas, Sara e Lunna estão apoiando uma na outra enquanto Wally abre e fecha a boca sem conseguir dizer nada, mas só saímos de nossos transes quando Robin solta um bastão de treino com força sobre uma mesa de metal e começa a se dirigir ao elevador.

—Damian! -Isis o chama com a voz fraca e ele para sem se virar. -Posso... -estende sua mão como se pudesse alcança-lo. -Quero explicar...

—Preciso de ar, não vou conseguir ouvir nada agora. -a responde, então entra no elevador.