Dois anos depois...

25 de agosto de 2024

— Eu ainda não acredito que você deu um carro pra ela. - reclamei com Klaus enquanto pegávamos as últimas caixas do dito carro e levávamos para o dormitório.

— Ela precisava ter um jeito de voltar rápido para casa. - ele respondeu, dando de ombros. - O ônibus faz muitas paradas.

— Sim, por isso eu deixei um panfleto em cima da cama dela com um mapa até a estação de trem, que fica a 5 minutos daqui. Ela estaria em casa em uma hora.

— Bom, desse jeito, ela vai estar em casa em uma hora e meia, mas na hora que quiser. Além disso, é bem mais prático levar roupa para casa no carro do que no trem ou ônibus.

— É isso que nos resta, não é? 18 anos dando amor e carinho e acabamos virando lavanderia.

— É o que resta para os pais enquanto os filhos estão na faculdade.

— Você fazia isso?

— Não, eu lavava minha própria roupa, mas eu basicamente procurava desculpas para não ir em casa.

— Isso é triste.

— Eu sei. E eu tenho certeza que ela vai voltar para casa, porque é definitivamente um ambiente mais acolhedor do que o que eu cresci. Além disso, se ela não voltar por nós, volta por Jane e Lupi.

Revirei os olhos e paramos na entrada do prédio.

— Finalmente disse algo que me tranquiliza.

Klaus tinha pedido para mandarem Lupi (e o resto das coisas dele) menos de 2 semanas depois de ele ter se mudado para a nossa casa, porque a essa altura três coisas já estavam claras: ele tinha vindo para ficar; a filial de Londres só precisava de um líder com punho firme; e Lupi precisava de nós. Claro que estávamos sentindo a falta dela, mas nós entendíamos o que estava acontecendo. Ela já estava se sentindo solitária depois que eu e Hope fomos embora e piorou ainda mais quando Klaus também veio para cá e ela ficou com Elijah. Ainda fizemos chamadas de vídeo com ela (proporcionadas por Hayley e Jasmine), mas, apesar de ela parecer melhorar na hora, assim que desligávamos ela ficava tristonha de novo. O problema pareceu ser sanado no segundo em que pegamos ela no aeroporto. Enfim, o laço entre as duas estreitou mais ainda e eu estava com medo de como Lupi reagiria a Hope sair de casa.

— Para onde estão indo? - o porteiro, que não era o mesmo que tinha nos liberado para entrar há meia hora, perguntou.

— Para o 406-Norte. - respondi.

— Nomes?

— Caroline Forbes e Niklaus Mikaelson.

— Quem são as estudantes do dormitório?

O primeiro porteiro não fez metade dessas perguntas e, apesar de ser irritante e exaustivo, principalmente porque era dia de mudança dos alunos e que éramos claramente pais, era bom saber que alguém não deixaria qualquer um entrar.

— Mikaelson-Forbes e Hannigan. - Klaus respondeu.

— E quem estão indo ver?

Ouvi Klaus respirando fundo, então dei um passo à frente e reassumi a negociação com o porteiro.

— Hope Elizabeth Mikaelson-Forbes. Somos os pais dela.

O sobrenome conjunto rolava pela minha língua como se sempre tivesse estado ali, mas tinha sido adicionado há pouco mais de um ano e meio. Já estávamos pensando em registrar Hope de novo com o nome de Klaus, mas envolvia um pouco de burocracia e nenhum dos três queria isso. Então surgiu a oportunidade de irmos uma semana antes do Natal para Mystic Falls, o que aumentaria o tempo que iríamos passar lá. A escola de Hope tinha decidido dar uma semana a mais antes do Natal e Klaus, além de ser seu próprio chefe, podia fazer a maior parte do trabalho de onde quer que estivesse, mas eu não conseguiria sair. Tinha uma exposição programada e ela provavelmente levaria à maior venda da minha carreira, então eu decidi ir só na data que já tínhamos programado. O problema era que Hope só podia fazer uma viagem internacional com um dos pais, então apressamos o processo.

A escolha do nome foi dela. Tínhamos concordado que não teria o hífen, mas ela disse que queria ter os dois sobrenomes representados. Klaus ainda tentou convencê-la de desistir de colocar o hífen porque ela nunca poderia abreviar o Mikaelson e dava preguiça, de escrever, mas ela se manteve firme e disse que era metade de cada um, então ia ficar com os dois.

Nós três choramos bastante nesse dia.

— Ok. Estão de acordo com a lista, podem subir.

Passamos pelo porteiro e começamos a subir as escadas.

— Eu espero que ele seja eficiente assim com meninos. - Klaus resmungou quando estávamos na metade do caminho.

Tive que rir.

— Meu Deus. Você realmente conseguiu manter seu lado ciumento escondido por dois anos?

— Acho que sim. Quer dizer, eu não desconfio dela, mas quando ela estava em casa, tínhamos uma noção mínima do que estava acontecendo.

— Amor, quantas vezes eu fui dormir na sua casa sem minha mãe saber?

— Seja lá quantas vezes foram nos primeiros seis meses da nossa relação.

— Quarenta e nove. Foi um verão ocupado.

— Você lembrava?

— Não, eu encontrei um diário antigo nas coisas que vieram de Mystic Falls. Eu era muito detalhista, então anotei todas as vezes e coloquei um número do lado, até que minha mãe deixou. De volta ao ponto, entendeu o que eu quis dizer?

— Sim. Meu Deus, eu realmente estou atrasado.

— Desculpe ter aberto seus olhos.

— Eu precisava disso.

Entramos no corredor dos quartos e começamos a escutar as risadas vindo do quarto dela.

— O que elas estão aprontando? - Klaus perguntou, um sorriso brincalhão no seu rosto.

Terminamos de fazer o caminho até o quarto, só para ver o que era provavelmente a cena mais fofa do mundo... e que eu tinha que repreender porque eu ainda queria manter meu colchão pelos próximos 5 anos.

— Eu não acredito. - disse, já colocando a caixa que estava carregando perto da cama dela.

Hope estava segurando Jane pelas mãos e estava estimulando ela a pular na cama. As duas estavam rindo.

— Alguém tinha que ensinar ela a fazer isso. - Hope disse. - E eu pensei que isso estivesse na cartilha da irmã mais velha.

Jane tinha sido o presente mais inesperado que eu já recebi na vida. Nós tínhamos decidido que não queríamos outro filho e eu estava para começar a tomar anticoncepcional, mas Jane apareceu antes. Todos estávamos chocados demais no início, principalmente eu, mas logo nos acostumamos com a ideia. E ela definitivamente tinha vindo para fechar o pacote.

— Também está nessa cartilha deixar que ela pule na sua cama enquanto você está na faculdade? - Klaus perguntou, também deixando suas caixas perto da cama.

Jane olhou para Hope com atenção, como se estivesse esperando a resposta que mudaria sua vida. Ela falava algumas coisas e com certeza entendia mais do que falava, e eu não esperava que ela entendesse isso, mas veio a calhar.

— Ok, talvez isso tenha sido uma má ideia. - Hope disse e depois se virou para Jane. - Nada de pular na minha cama enquanto eu estiver fora, ouviu? - Jane começou a sorrir. - Não, você não vai conseguir me convencer.

— Opii! - Jane insistiu.

— Não.

Jane simplesmente se virou e foi para Klaus. Ela sabia que os dois comiam na palma da mão dela, então a opção mais fácil era pedir a ele. Eu era a única pessoa da casa que não fazia as vontades dela quando quer que ela pedisse. Até Lupi deixava ela fazer o que quisesse com ela sem reclamar.

— Papa. - ela se jogou nos braços dele e então apontou para a irmã. - Opi.

— Você não pode pular na cama dela. - ele respondeu e Jane fez um biquinho. - Não pode.

Quando eu tive Hope, eu tinha certeza que me arrependeria de ter ido embora. E eu sabia que me arrependeria de Klaus não ser uma parte da vida da nossa filha porque ele dava todos os sinais de que seria um pai incrível.

Eu não estava errada.

Ao longo dos últimos dois anos, principalmente desde que descobrimos sobre Jane, eu via isso em tudo o que ele fazia, mas se tornou evidente em dois momentos principais. O primeiro foi logo depois de confirmarmos a gravidez, quando ele sentou para conversar com Hope e dizer que não estava tentando substituí-la ou compensar o que ele tinha perdido dela de alguma forma. O segundo momento foi logo depois de voltarmos para casa com Jane. Eu acordei no meio da noite para amamentá-la e Klaus fez questão de acordar também, e depois me mandou voltar a dormir que ele terminava de arrumá-la.

— Mama. - ela olhou para mim e chamou. - Opi.

— Claramente alguém já sabe quem manda em casa. - Klaus disse com um sorriso, ainda segurando ela. Hope tentava esconder o dela com a mão, mas sem muito sucesso.

— O papai disse que não. - respondi. Eu não ia discordar do que ele dissesse, especialmente nesse tópico. Podia ser eu que "mandava" como eles disseram, mas nós éramos um time e precisávamos nos unir. Defender a mesma posição nesse caso era essencial.

Ela armou um bico, mas logo percebeu que era inútil. Klaus a colocou de volta na cama, onde ela estava brincando com um brinquedo que trouxemos porque sabíamos que ela ficaria entediada logo. A princípio, tínhamos pensado em um de nós vir ajudar Hope a se mudar enquanto o outro ficava em casa com Jane, mas ninguém queria ficar em casa, principalmente quando ficaríamos um tempo sem vê-la.

Começamos a ajudá-la a ajeitar o lado dela do dormitório, que ela dividiria com sua amiga Blaire, e então, cerca de meia hora depois, já estava tudo pronto. Quer dizer, ainda faltava terminar de limpar, mas ela disse que faria isso quando a colega de quarto chegasse, o que provavelmente aconteceria na próxima meia hora.

— Então é isso. - eu disse, depois de ficarmos todos em silêncio por um momento.

— É. Acho que é hora de dar tchau. - Hope disse. E então pegou Jane, que estava nos braços de Klaus e a abraçou por uns segundos. Isso definitivamente era uma das coisas que eu ia sentir falta: ver o amor entre as minhas meninas todos os dias. - Você se comporte, tá bom? Obedece mamãe e papai e não puxa a cauda da Lupi.

— Upi. - Jane respondeu, com um sorriso.

— Ela não gosta, ok? Não pode puxar a cauda da Lupi. Tem que fazer carinho.

— Inho.

— Isso, carinho. - Hope disse, já passando a mão devagarzinho pela cabeça da irmã e depois inspirando o cheiro. Depois de mais alguns segundos, durante os quais Jane tentou enforcá-la puxando a correntinha em seu pescoço, Hope a soltou, dando um último beijo na sua testa. Tínhamos prometido que isso aconteceria sem drama, mas a pessoa com os olhos mais secos no quarto era a bebê, que ainda não tinha nem um ano e dois meses. - Te amo, irmãzinha.

Peguei Jane dos braços dela e a abracei, deixando-a perto de mim, enquanto Hope se despedia de Klaus. Eu queria dar a eles um pouco de privacidade, então fui para o corredor, onde esperei por alguns minutos até que ele saísse e pegasse Jane de mim enquanto eu falava com Hope. Percebi que ambos tinham chorado, mas não disse nada, porque eu tinha certeza de que também choraria. Eu simplesmente a abracei, as lágrimas já teimando em escorrer pela lateral do meu rosto.

— Eu não acredito que chegamos até aqui. - eu disse. - Fomos só nós duas por tanto tempo... Você foi a única constante na minha vida pelos últimos 18 anos. Mesmo quando tudo estava desmoronando, eu sabia que você estava lá e, mesmo quando ainda nem entendia o que estava acontecendo, você foi minha rocha.

— E eu não vou a lugar algum. Só vou estar mais distante fisicamente, mas ainda assim vou estar sempre com você. - ela disse e eu pude sentir seus olhos também cheios de lágrimas molhando o meu ombro.

— Acho que eu devia estar te dizendo isso e não o contrário.

Ela riu.

— Eu sei que é isso que você quer dizer. Mas olha, você tem duas constantes novas. - eu ia interrompê-la, mas ela falou antes. - Não que nada nem ninguém vá me substituir no seu coração, mas é verdade. Só por favor não me conte se você começar a perceber que talvez eu não esteja fazendo tanta falta assim.

— Claro que você vai fazer falta.

— Vocês são recém-casados. Com certeza vão ficar felizes de ter a casa só para vocês.

Tínhamos nos casado no verão, uma semana depois de ele pedir pra casar comigo. Achamos que não valia a pena arriscar um noivado mais longo que isso, dado nosso histórico. Certo, Mikael não estava mais por aqui, mas eu não duvidava que a essa altura ele já seria o segundo em comando de Satanás e tentaria impedir de alguma forma.

Nós tínhamos ido passar um mês em Mystic Falls e ele me pediu em casamento lá.

Era o fim da nossa primeira semana em Mystic Falls e nós estávamos simplesmente deitados na cama, quando ele levantou e pegou uma caixa que estava em cima da cômoda.

— Você não vai acreditar no que Hope encontrou. - ele disse, já me entregando a caixa.

Abri e, na mesma hora, reconheci os papéis que estavam na caixa: eram as cartas que ele tinha escrito quando pediu para casar comigo.

E, sim, continuavam bem legíveis.

— Eu não acredito. Como isso sobreviveu todos esses anos? - perguntei.

— Eu não sei. Tinha deixado essa caixa com o anel e as cartas no porão quando saí daqui e acho que nenhum inquilino viu. Ou viu e resolveu deixar guardado.

Olhei de novo para a caixa.

— Bem, definitivamente alguém viu e levou o anel.

— Eu o tirei da caixa.

— Por que?

— Porque quando Hope achou isso e me disse que eu era um bobo apaixonado, eu resolvi reler tudo e percebi que, apesar dos sentimentos continuarem os mesmos, eu não consigo mais me identificar com o rapaz que escreveu isso. Ele estava falando de seus sonhos para a vida, e eu tenho tudo o que queria quando escrevi aquelas palavras. Eu queria você ao meu lado e queria a nossa família. Demorou um pouco para acontecer, mas agora é nossa realidade, estamos todos bem e eu pediria aos céus pouco mais.

Tinham algumas lágrimas se acumulando no canto dos meus olhos.

— Eu concordo. O caminho para chegarmos até aqui foi difícil, mas eu amo o que temos agora.

— Eu também. - ele respirou fundo. - Sabe, tem só uma coisinha que ele queria e que eu não fiz.

— E o que seria isso?

— Casar com você. - eu fiquei olhando para ele por uns segundos, tentando processar o que ele estava dizendo. - Quer dizer, nós somos casados, mas nunca oficializamos nada. Eu apareci um dia na sua cozinha e fiquei.

— E ainda bem que você ficou. - suspirei. - Ok, vamos casar.

— Sério? - ele sorriu para mim.

— Sim. Vai resolver um dos grandes problemas da minha vida.

— Que seria?

— O fato de eu nunca saber o que falar quando perguntam há quanto tempo estamos juntos. - ele riu. - É sério. Nós ou não temos nenhuma data ou temos datas demais. Assim, eu posso dizer para as pessoas que casei com você há menos uma semana.

— Menos uma semana... - ele pareceu refletir. - Sábado que vem?

— Sim.

— Perfeito. - sorrimos um para o outro, mas ele simplesmente começou a fazer que não com a cabeça e depois passou a mão pelo rosto. - Isso não está certo.

— O que?

Ele levantou e estendeu a mão para mim.

— Vem aqui. Vamos fazer as coisas do jeito certo uma vez na vida.

— Quer dizer que ter uma filha, ficarmos juntos 17 anos depois e ter outra filha antes de pensar em casar não é como as pessoas fazem normalmente? - perguntei sarcasticamente, mas já tinha levantado.

Ficamos parados do lado da janela, até que ele se ajoelhou.

— Care, quando nós ficamos juntos pela primeira vez, eu sabia que tinha encontrado a garota com quem eu queria passar o resto da minha vida. E planejava fazer isso, mas aconteceu o acidente e você sumiu. Acho que nada nunca me desnorteou tanto na vida. Eu me prometi que, se tudo fosse uma grande piada cósmica, eu nunca mais te deixaria ir. Então, quando eu já tinha perdido a esperança de que isso acontecesse, você entrou por esta janela - ele disse, apontando a janela ao nosso lado - no meio da noite e minha vida passou a ter sentido de novo. Tínhamos muito a enfrentar, mas havia esperança. E eu te deixei ir, não sei como. 17 anos depois, quando você voltou e me apresentou Hope, minha vida inteira virou de cabeça para baixo, mas de um jeito bom. Eu esperei para te ter de volta, mas a espera valeu a pena, porque eu pude focar em me conectar com nossa filha e, quando voltamos, foi sem nenhum tipo de pendência. Tive que te deixar ir de novo e, se da primeira vez foi difícil ficar, dessa foi quase impossível, mas me fez perceber uma coisa muito importante e que eu vou carregar pelo resto da vida: você faz com que qualquer lugar em que eu esteja seja um lar. Eu te amo.

— Eu também te amo. - disse, já com as lágrimas acumuladas no canto do olho.

Ele pegou a caixinha e a abriu. Notei que era um anel diferente do primeiro.

— Eu vendi o anel antigo. Aquela coisa estava definitivamente amaldiçoada. - tive que rir e ele sorriu. - Care, quer casar comigo?

— Sim! - respondi e me abaixei para beijá-lo.

Klaus colocou o anel no meu dedo e o beijou e foi isso. Casamos no sábado seguinte, como eu tinha sugerido, numa cerimônia no quintal de casa, só para a família e alguns amigos mais próximos. Hope serviu como minha madrinha e Jane entrou com as alianças.

Tinha sido um dia perfeito.

— Nós somos recém-casados velhos. - respondi a Hope, voltando para a realidade. - Já morávamos juntos por praticamente dois anos. E, além disso, não temos a casa só para nós.

— Vocês podem não estar sós em casa, mas eu acho que Jane é um impedimento menor que eu.

Ri entre as lágrimas.

— Sim. - a abracei de novo e beijei sua testa. Ela era um pouco mais alta do que eu, mas isso nunca me impediu. - Juízo, tá bem? E sempre pode me ligar.

— Eu sei, mãe. Eu te amo.

— Também te amo.

Peguei minha bolsa de cima da cama e fui para o corredor, onde Klaus ainda estava esperando com Jane, que tinha adormecido. Era melhor assim, já que ela provavelmente choraria na saída.

— Vamos? - chamei.

Hope nos acompanhou até a entrada do prédio, onde nos abraçamos em grupo. Nós fomos para o carro e eu simplesmente sentei no banco do carona enquanto Klaus colocava Jane no banco de trás. A viagem começou em silêncio.

— Eu ainda não acredito que Hope ensinou ela a pular na cama. - eu disse.

— Ela provavelmente estava tentando fazer isso mais fácil para nós. Assim, toda vez que virmos Jane pular na cama, vamos lembrar que Hope que ensinou e ficar momentaneamente com raiva.

— Faz sentido. - respondi e coloquei minha mão na coxa dele. E então ele a pegou e entrelaçou nossos dedos.

— Devíamos comprar um mini-trampolim e colocar no quintal.

Sorri.

— Seria uma solução perfeita.

Fiquei sorrindo por mais alguns momentos enquanto eu refletia em tudo o que estava acontecendo.

Hope estava agora seguindo sua vida e ia descobrir seu caminho, como tivemos que fazer, e ela com certeza encontraria obstáculos, mas precisaria enfrentá-los para crescer. Jane ainda era muito nova e ainda demoraria para deixar de ser dependente de nós até para ir ao banheiro, mas um dia ela também seguiria seu caminho.

Eu e Klaus tínhamos seguido caminhos diferentes por muito tempo, mas agora estávamos juntos novamente. Tudo o que tinha acontecido desde que nos conhecemos tinha nos levado a esse momento.

E se me perguntassem se eu faria tudo de novo, minha resposta seria sim. Talvez hoje eu não subisse na árvore e invadisse o quarto dele no meio da noite (porque isso é definitivamente estranho e levemente obsessivo), mas de resto, sim. Todos os sacrifícios e toda a dor valeram à pena, porque o que eu tinha hoje era muito mais que eu podia esperar.

Olhei de lado para Klaus e sorri. Jane continuava adormecida no banco de trás e ele olhava com atenção para a estrada, apesar da mão ainda estar entrelaçada na minha.

— Eu te amo, sabia? - falei, olhando para ele.

Ele sorriu de lado e apertou minha mão de leve.

— Sim, eu sei. Espero que saiba que eu também te amo.

— Eu sei.

E era verdade. Ele me mostrava isso todos os dias e eu esperava conseguir mostrar também, todos os dias, pelo resto das nossas vidas. Com certeza teríamos desafios pela frente, mas o que quer viesse, enfrentaríamos, porque o que tínhamos era algo pelo qual valia à pena lutar.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.