Out On The Town

Capítulo 27 - Klaus


8 de setembro de 2022

Uma semana depois de receber a oferta para ir para Londres, eu estava pronto para ir embora. Acho que essa provavelmente foi a semana mais ocupada da minha vida, entre todo o processo de emitir o visto, empacotar minhas coisas e providenciar tudo para passar (pelo menos) um mês longe. Hoje eu tinha terminado de empacotar minha sala e tinham organizado uma despedida para mim, apesar de eu ainda vir amanhã.

Caroline me ligou pouco depois da despedida que organizaram para mim acabar. Eu ainda não tinha contado para elas que estava indo para Londres, mas planejava fazer isso amanhã. Apesar de ser o mesmo que ela tinha feito comigo, não era uma "vingança". Eu percebi que foi melhor ficar ansioso sobre isso por um dia do que por uma semana. Atendi a chamada.

— Oi, pai. - Hope falou, aparecendo na câmera. Aparentemente, ela estava deitada na cama com Caroline.

— Oi. - respondi. - Você está melhor? - perguntei. Ela estava se sentindo mal de manhã e teve um pouco de febre de tarde. Outra razão para eu odiar a distância: eu estava preocupado com ela a meio mundo de distância e sem poder dar atenção.

— Tô sim. A febre passou e eu consegui jantar direitinho.

— Ainda bem.

— Você se lembra da primeira conversa que tivemos? - Caroline perguntou, indo direto ao ponto.

— Você diz no dia em que nos conhecemos?

— Sim.

— Nós conversamos sobre o episódio de Friends que tinha estreado fazia uns dois dias.

— Obrigada. - ela respondeu, e depois virou para Hope. - Viu? Você só está aqui por causa de Friends, então, sim, Friends é melhor que How I Met Your Mother.

— Tenho que concordar com ela. - eu disse. - Eu gostei das duas, mas Friends é superior.

— Foi exatamente o que eu disse pra ela, mas ela não aceitou.

— A opinião de vocês é tendenciosa. - Hope rebateu. - Eu estou terminando How I Met Your Mother e honestamente pra mim continua melhor que Friends.

— Você ainda não viu o final? - perguntei.

— Não. Faltam alguns episódios.

— Sua opinião não é válida, então, perdão.

— Você também vai desvalorizar minha opinião nisso?

— Os últimos dois minutos estragaram a série para mim.

— Exato. - Caroline disse. - Eu reassisti uma parte com Hope, mas não conseguia parar de pensar "tudo isso acontecendo pra no final acontecer aquilo".

— Ok, nenhum de nós pode opinar no assunto. - Hope disse. - Mas podemos todos concordar que Brooklyn 99 é melhor que as duas?

— Sim. - respondi.

— Com certeza. - Caroline respondeu. Depois começou a olhar para o telefone, como se estivesse olhando para mim. - Você parece mais descansado hoje.

— É, eu estou dormindo melhor ultimamente. Lupi voltou a dormir a noite toda sozinha e do lado de fora do quarto, então meu sono voltou ao normal.

— Ainda bem. Eu estava preocupada de verdade com você.

— Eu estou bem. Foi uma semana bem agitada por aqui, então eu só chegava em casa e adormecia.

— Muito trabalho?

Pensei um pouco antes de responder.

— Sim. Vão implementar algumas mudanças por aqui a partir de segunda feira, então estava tudo meio corrido.

— Você precisa ir? - ela perguntou.

— Não. Conseguimos terminar de arrumar tudo hoje e antes mesmo do expediente acabar.

— Droga, esqueci que você ainda estava em horário de trabalho. - Hope disse. - Desculpe.

— Tudo bem. Desde que terminei de empacotar minha sala, estou aqui basicamente esperando a hora de sair para ir jantar na casa de Rebekah.

— Você vai mudar de sala? - Caroline perguntou, curiosa. Eu tinha comentado com ela que, salvo o tempo que passei em Nova Orleans, eu estava nessa mesma sala desde que fui promovido quando casei com Camille.

— Sim. - para uma sala do outro lado do oceano.— Essa é uma das mudanças que vão acontecer por aqui. Inclusive, tem algo que eu queria contar para vocês. - eu disse, tentando esconder meu sorriso.

— O que é? - Hope perguntou, parecendo curiosa.

Eu ia contar, mas desisti. Deixá-las tão ansiosas quanto eu não era uma boa ideia. A razão para eu contar só amanhã ainda era tão válida quanto há 10 minutos.

— Ah, não é importante. Vocês estão claramente prontas para dormir.

— Ou ver o episódio novo de Brooklyn 99. - Caroline respondeu. - Sério, o que é?

— Nada. - sorri para elas. - Preciso ir, meu horário de trabalho já está acabando.

— Tudo bem. Tchau.

— Tchau. Amo vocês.

— Nós te amamos também. - Hope respondeu.

— Vejo vocês amanhã.

Desliguei a chamada e fiquei tamborilando os dedos na minha mesa, pensando. Eu só iria no sábado, mas tudo já estava guardado em caixas na minha sala e minhas malas estavam prontas em casa. O gás da cozinha tinha acabado ontem de noite e eu resolvi não comprar mais porque ficaria parado, então eu não tinha nem como ferver água em casa. Tinha cancelado a internet e a televisão pelo mês. Minha despedida do escritório foi hoje e a da família seria agora de noite. O visto estava pronto e eu não tinha o que fazer em casa.

Eu podia ir amanhã.

Abri o notebook e fui ver se haviam vôos para Londres amanhã, e vi que restavam cinco vagas num vôo para Londres às 2 da manhã pela empresa que eu já tinha comprado a passagem.

E só custariam 20 dólares para adiantar a data do vôo.

Batidas na minha porta me distraíram.

— Pode entrar.

— Pensei que já teria ido embora a essa altura. - Elijah disse, entrando na sala.

— Estava conversando com Caroline.

— Ah, sim. Já contou para ela?

— Ainda não.

— Está se vingando por ela só ter te avisado um dia antes?

— Um pouco, mas é uma boa estratégia. Ninguém fica ansioso por mais tempo do que precisa.

— Realmente.

Ficamos em silêncio por um momento.

— Você ainda vai precisar de mim amanhã?

Ele sorriu para mim.

— Está pensando em ir mais cedo?

— É só que chegar lá no domingo vai me dar menos tempo para me adaptar com o fuso horário.

— Ah, sim, claro. Essa é a razão. - ele disse, sem conseguir conter o sarcasmo. Depois pigarreou e continuou. - Bom, sua despedida do trabalho foi hoje, tudo já está empacotado tanto no seu escritório quanto na sua casa, e a despedida da família está montada na casa de Rebekah.

— Mas você precisaria de mim amanhã?

— Aqui?

— Sim.

— Acho que isso é atribuição de Kol agora.

Sorri para ele e confirmei a mudança da minha passagem.

— Quando você vai?

— O vôo sai às 2:15.

— Ok. Rebekah provavelmente não vai te matar por ir embora muito cedo da festa dela.

— Se eu disser que fico o tempo que ela quiser na festa de Natal ela vai me bater?

— Definitivamente. - ficamos em silêncio um momento. - Vai querer carona para o aeroporto?

— Sim, por favor. - fiz o check-in antecipado do vôo e mandei imprimir. A impressora era parte da estrutura da sala, então não estava guardada. - A proposta de ficar com Lupi ainda está mantida?

— Claro que sim.

— Assim que estiver tudo resolvido por lá, eu dou um jeito de levar ela. - peguei o papel do embarque e dobrei, colocando na minha carteira.

— Ok.

Fechei o notebook e o guardei na case, pela primeira vez em muito tempo. Eu usava outro computador em casa, então não tinha porque tirar ele daqui, mas agora ele iria para Londres comigo. Tinham muitos arquivos importantes que eu precisaria. Saí, carregando minhas coisas.

— Da última vez que eu saí dessa sala, eu prometi que voltaria. Agora eu torço para não voltar.

— Mas você sabe que, se precisar, essa sala sempre vai ser sua, certo?

Abracei-o.

— Obrigado, irmão. Por tudo.

— Eu que te agradeço. - nos soltamos. - Se você não tivesse me apresentado Hayley, eu estaria em um lugar completamente diferente hoje. A minha família só existe por sua causa, então o mínimo que eu posso fazer é te proporcionar estar com a sua.

Depois disso, saímos da empresa e eu fui em casa para pegar minhas coisas. Eu passaria na casa de Elijah antes de ir para a de Rebekah para deixar Lupi e as coisas dela. Ela já estava tristinha antes, mas, à medida que as malas começavam a se acumular na sala, ela piorava. Eu já tinha estudado as opções e era melhor pagar uma empresa para levá-la depois, caso eu fosse ficar em Londres, do que levá-la agora e não ter como dar atenção enquanto ela se adaptava a um ambiente novo.

Realmente, tudo estava organizado. Meu passaporte estava separado em cima das malas, o papel do check-in dentro da carteira e eu estava pronto para ir embora. Tomei um banho e coloquei roupas limpas. Chequei a geladeira uma última vez para confirmar que não tinha nada lá, como eu esperava, e então fui desligar o abastecimento de água e os disjuntores.

Chamei um táxi e fiz carinho na cabeça de Lupi antes de fazê-la entrar na caixa de transporte.

— Sinto muito, meu amor. Eu vou pedir pra te levarem quando tudo estiver resolvido.

Saí da casa e a tranquei. Eu estava saindo do lugar que tinha sido meu lar pela maior parte da minha vida adulta pela segunda vez, mas dessa vez sabia que era a melhor coisa que eu podia fazer, porque uma casa não é um lar se as pessoas que você ama não estão lá.

O resto da noite se seguiu mais ou menos como eu esperava que acontecesse, ou seja, com Rebekah reclamando comigo porque tinha mudado de ideia de última hora e porque tinha chegado atrasado no jantar e ia sair cedo. Também teve um pouco de choro, mas não tanto. Eu sentiria saudades deles e eles a minha, mas faz parte de crescer. As pessoas acabam indo parar em lugares diferentes e era quase estranho que nenhum de nós tivesse saído do país ainda. De qualquer forma, saí de lá pouco depois das 23, o que me permitiu chegar no aeroporto com tempo de sobra para passar por todos os trâmites.

Depois de me acomodar no vôo, percebi que não ia conseguir ir sem dizer literalmente nada, então resolvi mandar uma mensagem para Caroline.

"Klaus: Estou indo"