Out On The Town

Capítulo 11 - Caroline


20 de junho de 2022

Semana passada, completaram 17 anos desde o dia em que voltei para Mystic Falls depois do meu acidente e, em duas semanas, vão fazer 17 anos desde que fui embora. Aquelas foram as 3 semanas mais loucas da minha vida e que me provaram que podem acontecer mais coisas nesse período de tempo do que em três décadas inteiras.

Mas também podem acontecer coisas demais em 17 anos.

Quando eu me mudei para Oxford, eu não sabia o quanto minha vida ia mudar. Quer dizer, eu imaginava, mas não chegava perto do que realmente aconteceu.

Depois que Hope nasceu, as coisas ficaram bem complicadas por um tempo, até que conseguimos nos adaptar à rotina. E fomos só nós duas até nos mudarmos para Londres, quando ela tinha 4 anos.

Então, quando menos esperava, eu me apaixonei. E tudo mudou de novo.

Quando eu vi Stefan pela primeira vez naquele pub, um misto de alegria e desespero me dominou. Alegria porque já faziam 5 anos que eu mal falava com alguém da minha cidade e seria bom finalmente receber notícias. Além disso, ele não era qualquer um. Nós éramos amigos na época da escola, e talvez falar sobre os velhos tempos e rir sobre eles me ajudasse a sentir menos saudades de casa. E desespero porque o simples fato de ele falar comigo podia colocar tudo em risco e levar à consequências desastrosas.

Ele se aproximou de mim antes que eu pudesse perceber e me abraçou de um jeito que me fez sentir segura. Logo que começamos a conversar, disse a ele que não queria que ninguém de casa soubesse onde eu estava, então iria pedir para ele não comentar com ninguém que tinha me encontrado. Tive que admitir, pela primeira vez em 5 anos, que eu estava fugindo. Stefan não pareceu se surpreender com isso e eu só confiei que ele não falaria.

Isso era estranho para mim. Confiar em alguém logo de cara, não importa o quanto eu já conhecesse a pessoa, era algo complicado.

Então começamos a conversar. Ele me contou que estava lá para conseguir seu doutorado em história, que teria ênfase na construção da Inglaterra como país, e eu falei sobre o meu trabalho e sobre Hope. Eu disse para ele que não conhecia o pai e que tinha sido só um caso de uma noite, logo depois que eu tinha vindo para cá. Depois, ele me atualizou no que tinha acontecido com todos em casa, mas deixou Klaus de fora e eu fiquei feliz por isso. Se eu soubesse, poderia danificar ainda mais meu coração em processo de cura.

Quando uma das minhas músicas favoritas começou a tocar, chamei-o para dançar comigo. Ele sorriu para mim e, naquela hora, soube que era tarde demais.

Acho que eu não consegui parar de sorrir naquela noite, ou na tarde seguinte, ou na seguinte.

Nos apaixonamos e, seis meses depois, estávamos morando juntos. Ele e Hope adoravam um ao outro e eu não podia estar mais feliz, mas eu não tinha contado toda a verdade para ele. Eu o amava e confiava nele, mas saber essa parte da minha história só o colocaria em risco. Cerca de um ano depois de termos ficado juntos pela primeira vez, ele me pediu para casar com ele.

Eu congelei. Queria me casar com ele, mas sabia que tinha que contar tudo primeiro, e foi isso que eu fiz. Hope estava na casa de uma amiguinha, então aproveitei e contei toda a história para ele: o acidente, meus anos em Cincinnati, a volta para casa, Camille, o noivado, o bebê, as ameaças e minha vinda para cá.

— Eu não posso voltar para Mystic Falls. - concluí. - Pelo menos não até aquele homem infeliz morrer. E ninguém pode saber sobre Hope.

— Então você realmente estava fugindo. - ele disse, seu tom de voz expressando preocupação, e já limpando as lágrimas que tinham começado a cair pelo meu rosto em algum momento da narrativa.

— Sim. - respirei fundo antes de continuar. - E eu não te culpo se você quiser fugir agora também.

— Parece que eu estou tentando fugir? - ele perguntou, segurando meu rosto com ambas as mãos. - Eu te amo, Caroline. Não me importo com o que aconteceu no seu passado, eu quero um futuro com você.

— Eu também te amo. - eu disse, as lágrimas já descendo pela lateral do meu rosto. - E eu quero muito casar com você.

— Ainda bem que estamos de acordo nisso. - ele me beijou e, naquele momento, tudo estava perfeito.

Começamos a conversar e a planejar como nossa vida seria dali em diante. Quando ele sentisse saudade de casa, ele podia ir sozinho, ou Damon e Elena, que tinham casado um pouco antes dele se mudar para cá, podiam vir nos visitar.

— Isso não vai contra ninguém saber sobre Hope?

— Eles são sua família e vão ser a minha também. Além disso, Elena foi minha amiga mais próxima a vida inteira. Se você não puder confiar na sua família e nos seus amigos, em quem você pode confiar?

— Você tem razão. Mas é seu segredo. Se você não quiser, não precisamos compartilhar.

— Eu quero. - respondi. - Não quero mais ter que ficar me escondendo ou escondendo Hope quando você fala com seu irmão.

— Eu estava prestes a ligar para ele e contar que estamos noivos. Se você quiser participar, acho que é um bom momento para eu apresentar vocês.

— Apresentar? - eu disse, ironicamente. Já nos conhecíamos a vida inteira.

— Você entendeu. - ele disse, já pegando o notebook e ensaiando uma chamada de vídeo com Damon. - Posso?

— Sim. - eu me afastei um pouco, porque não queria matar ninguém de susto.

Ele ligou para Damon. Menos de vinte segundos depois, o rosto de Elena apareceu na tela.

— Oi, Stef. - eu podia ouvir ela sorrindo e isso me fez feliz. Já fazia tanto tempo desde a última vez em que eu realmente tinha falado com ela que meu coração apertou um pouco.

— Oi, Elena. - ele disse.

— Só um minuto, vou chamar o Damon.

Ela saiu da frente do computador, mas poucos segundos depois voltou, já acompanhada de Damon.

— Oi. Tá tudo bem? - ele parecia um pouco preocupado.

— Sim. Por que? - Stefan estava estranhando.

— Porque aqui já são nove, o que quer dizer que aí são duas da madrugada.

— Acho que nós nos empolgamos. - ele estava sorrindo.

— Você fez aquilo que tinha dito que ia fazer? - Elena parecia empolgada.

— Sim, eu pedi pra Care casar comigo. E ela disse sim.

— Parabéns, Stefan! - Damon disse, animado.

— Sim! Agora podemos conhecer ela? - Elena perguntou, também parecendo feliz.

— Na verdade, esse era o objetivo da chamada. - ele olhou para mim. - Nós concordamos que, já que estamos noivos, estava passando da hora de vocês se conhecerem.

Eu me aproximei dele no sofá e observei a expressão de choque se formar no rostos de Elena e Damon.

— Oi, gente.

— Caroline? - Elena estava realmente surpresa. - Como você pôde namorar o meu cunhado por um ano e não me contar?

Passado o choque inicial, contamos um pouco da nossa história e eu falei para eles sobre Hope, mas do mesmo jeito que eu tinha contado inicialmente para Stefan. Não queria que minha melhor amiga e meu cunhado estivessem em perigo por isso, mas também disse que ninguém de casa devia saber. Eles não entenderam o porquê dessa parte, mas disseram que iam fazer o que eu pedi.

Depois disso, eu tinha minha melhor amiga de volta e não precisava mais me esconder quando quer que Stefan estivesse falando com Damon. Não era como estar de volta, mas era melhor do que nada. Casamos três meses depois, logo depois de Stefan terminar o doutorado, com os dois como nossas testemunhas.

Por quatro anos, tudo correu bem, mas um dia ele se atrasou na hora de chegar em casa. Tentei manter a calma, mas ele não atendia o telefone e nem via o email que eu tinha mandado, o que queria dizer que ele não estava mais na universidade.

O atraso que antes era de meia hora se transformou em uma hora e Stefan não chegava. Eu continuava tentando entrar em contato com ele, sem sucesso. Quando liguei para a sala dele, os colegas disseram que ele tinha saído até um pouco mais cedo que o normal. Decidi que, se completassem 2 horas e ele não chegasse em casa ou sem que eu conseguisse falar com ele, eu ligaria para a polícia.

Eu tentava me manter calma para manter Hope calma, mas ela sabia que tinha algo de errado. Nós sempre jantávamos juntos, então quando eu disse para ela que íamos precisar jantar sem ele naquela noite, ela ficou preocupada.

— Mãe, cadê o Stefan? Ele tinha prometido me ajudar com meu trabalho depois do jantar.

— Acho que ele se atrasou depois de sair do trabalho. Se ele demorar muito, eu posso te ajudar.

— Ok. - ela respondeu e foi assistir televisão.

Eu tentava convencer mais a eu mesma do que a ela. Era difícil me manter calma e aparentar não estar preocupada para não preocupá-la. Sentei com ela no sofá e assisti quase um episódio inteiro com ela antes do meu telefone tocar. Atendi antes mesmo de ver quem era, na esperança de ser Stefan.

— Boa noite. Aqui é da Scotland Yard e gostaríamos de falar com a senhora Salvatore.

Naquele momento, o tempo congelou ao meu redor. Lembro vagamente de ter confirmado que era eu e da moça gentil do outro lado ter me pedido para ir ao posto policial perto da Torre de Londres e aí eu soube que tinha algo terrivelmente errado. Deixei Hope com a vizinha e fui para lá, não me permitindo derramar uma única lágrima o caminho inteiro. Chegando lá, eles me encaminharam para o necrotério e, antes mesmo de descobrirem seu rosto, eu soube que era ele. A mão esquerda estava descoberta e eu podia ver sua aliança ainda no dedo anelar. Não era tão comum homens usarem aliança por aqui e eu reconheceria suas mãos em qualquer lugar.

Quando descobriram seu rosto, eu solucei. Era exatamente igual ao que sempre fora, mas agora estava frio e pálido. A médica que era responsável pelo lugar me disse que o mercado em que ele estava tinha câmeras de segurança, que tinham gravado como tudo tinha acontecido. Ela não não ia me mostrar a gravação, mas eu insisti e ela me mostrou.

Ele estava no mercado, quando uma dupla de assaltantes armados entrou e pediu o dinheiro, cartões e celulares de todos. Stefan entregou logo o que foi pedido e ficou parado onde estava. Então uma criança, que estava com a mãe logo atrás dele na fila, ficou nervosa e começou a chorar, o que fez um dos assaltantes perder a paciência e ficar nervoso. Ele apontou a arma em direção à mãe com a criança e Stefan entrou na frente.

— É uma criança pequena! - dava para ver ele argumentando na gravação da câmera de segurança enquanto o assaltante se aproximava e a criança chorava ainda mais alto, apesar das tentativas da mãe de acalmá-la.

O assaltante ficava mais nervoso com a criança chorando a cada momento, e então puxou o gatilho. Três vezes.

Os dois primeiros tiros atingiram Stefan, um na altura do tórax, do lado esquerdo, e o outro pouco acima da clavícula. O terceiro tinha atingido a ponta de metal do caixa e ricocheteou, atingindo a própria pessoa que tinha atirado. Uma outra pessoa podia ter ficado feliz por isso ter acontecido, acreditado que foi um tipo de vingança cósmica, mas eu não. Não quando isso não iria trazê-lo de volta.

Nada seria capaz de fazer isso.

E por mais que eu quisesse justiça, ela não o traria de volta. Não consertaria o rombo no meu coração ou preencheria o lugar dele.

Eu não sabia em que momento tinha começado a chorar, mas sabia que simplesmente não conseguia parar. E, então, contrariando tudo o que eu acreditava que aconteceria, a minha mente também não parava.

Logo tracei meus planos, tão friamente quanto pude. Tudo aquilo era surreal demais. Não pareceu real quando eu contei a Elena e Damon, ou quando eu disse para Hope. Ter que dizer para ela que Stefan não voltaria para casa foi o pior de tudo. Ela só tinha 9 anos e, apesar de ele não ser o pai dela, era o mais próximo de uma figura paterna que ela tinha, além de que eles se amavam.

A única explicação lógica era que aquilo era um pesadelo. Continuei me dizendo isso enquanto fazia os preparativos para o funeral e durante toda a viagem para Mystic Falls.

Sim, Mystic Falls. Não fazia sentido algum ele ser enterrado em Londres ou em qualquer outro lugar da Inglaterra. A maior parte de seus amigos era de lá, e também sua família. Além disso, ele sempre falava em voltar a morar lá, e acredito que eu era a única razão para ele não ter voltado para lá logo depois de terminar o doutorado.

Eu chorei o caminho inteiro, mas, ainda assim, tudo parecia irreal. Mesmo enquanto eu discursava sobre o quanto ele significava para mim, o quanto eu o amava, a sensação de que aquilo era bizarro demais não me abandonava. Não citar Hope no discurso só me fazia pensar mais no quanto tudo aquilo realmente era louco. Não dizer o quão incrível ele era com ela ou o quanto eles se entendiam ou mesmo como ela muitas vezes usava mais ele como exemplo do que eu só tornava a situação mais difícil de acreditar. Por que eu não poderia falar o quanto meu marido era bom com sua enteada?

Só tive certeza de que aquilo realmente estava acontecendo quando baixaram o caixão na terra.

Não consegui conter um soluço e Elena me abraçou forte, não pela primeira vez no dia. Ela estava entre eu e Damon o tempo inteiro, dando atenção e apoiando nós dois, ao mesmo tempo em que tinha que lidar com sua própria dor. Sem ela, com certeza não teria passado pelo funeral sem entrar numa espiral de desespero.

Quando as pessoas começaram a se dispersar, Damon me chamou para ir com eles, afinal eu ficaria na casa da família enquanto não dava a hora para o meu vôo. Eu estava esgotada, física e mentalmente, mas não estava pronta para ir embora. Ao invés disso, fiquei lá, em pé, ao lado do túmulo. Não chorava mais e também não acho que conseguiria produzir mais lágrimas depois das tantas que já tinham sido derramadas.

Acho que a maior parte das pessoas percebeu que eu queria ficar só e me deixou lá, livre para pensar e lembrar dos anos incríveis que passamos juntos. Depois de alguns minutos, uma pessoa se aproximou de mim e, antes mesmo de eu ver quem era, senti uma vontade louca de sair correndo. O que significava que só podia ser uma pessoa.

— Mikael.

— Que porra você está fazendo aqui? - ele perguntou, a raiva transparecendo em sua voz, apesar de ele estar tentando controlá-la.

— Se você não percebeu, vim enterrar meu marido. - eu disse, seca. - O que quer que você ache que eu vim fazer aqui, não foi isso. Eu não tenho espaço pra isso na minha mente. Deixei minha filha com uma amiga e volto para casa amanhã de madrugada. Não precisa se preocupar.

Ele ficou em silêncio por um momento.

— Eu não sabia que você tinha se casado.

— Eu imaginei que você soubesse.

— Se eu soubesse, teria enviado um presente de casamento.

— Um presente que pareceria um acidente?

A possibilidade tinha passado pela minha cabeça, apesar de eu não saber o que ele ganharia com isso. Ele arruinava minha vida quando eu estava no caminho do que ele queria para Klaus e para a empresa dele e eu não podia ver como Stefan atrapalharia seus planos. Pelo contrário, a presença dele na minha vida só facilitaria tudo para Mikael, mas talvez os planos e os objetivos dele tivessem mudado.

— Estava pensando mais em algo como uma cristaleira. - ele respirou fundo. - Nem tudo o que acontece de ruim na sua vida é a meu mando. Uma parte sim, mas não tudo.

— Que ótimo saber que não é sua culpa que o leite azedou ontem. - disse, sarcástica.

— Eu quis dizer que, se você estiver se perguntando se eu tive algo a ver com isso, a resposta é não.

— Bom. - respondi, seca. - O que faz aqui?

— Um dos meus agentes me disse que tinha te visto na igreja e no enterro. Não acreditei, porque não tinha como você entrar no país sem eu saber, então tive que ver com meus próprios olhos.

— Pelo visto, seus agentes não são eficientes o suficiente. Devem ter procurado todos esses anos por Caroline Forbes. - eu tinha adotado o Salvatore quando casei porque imaginava que me daria proteção (e eu estava certa).

— Maldita tradição arcaica de mudar o sobrenome.

— Você realmente não sabia que eu tinha me casado?

— Pouco me importava o que você fazia na Inglaterra, desde que não pisasse deste lado do Atlântico.

— Estou te achando bem tolerante com essa transgressão, inclusive. Parte de mim imaginava que você estaria no aeroporto apontando uma arma para mim quando eu desembarcasse.

— Você mesma disse que veio enterrar seu marido e que está com viagem de volta marcada para a madrugada de amanhã. Eu te assustei bem o suficiente. Além do mais, se tem algo que eu respeito é a família.

O que quer que ele considerasse respeito pela família, não entrava na minha concepção. Atrapalhar a felicidade e a liberdade de escolha dos seus familiares não era respeitar. Além disso, eu não conseguia acreditar no que ele estava dizendo por baixo de todo esse discurso.

— Você está me dando uma trégua?

— Trégua é uma palavra muito forte. - ele disse. - Se você falar com Klaus, eu ainda vou te matar. Estou permitindo que fique aqui por tempo suficiente para se recuperar na medida do possível. Vou te dar até o amanhecer de amanhã para ir embora. Se eu descobrir que ainda está aqui amanhã, farei questão de te matar pessoalmente.

— O mesmo de sempre, então. - disse num tom sem emoção.

— Exato.

Depois de alguns momentos, respirei fundo e simplesmente saí do lugar.

— Aonde vai? - Mikael perguntou.

Virei para encará-lo.

— Embora. Vou passar o resto do dia com meus cunhados e depois vou para casa. Isso já durou mais do que deveria e eu realmente não quero te ver nunca mais.

— Adeus.

— Adeus.

Me virei para sair novamente e desta vez consegui. Fui para a casa dos Salvatore e aproveitei a presença da minha amiga na medida do possível. Eu tinha sentido tanto a falta dela que doía, mas essa dor agora dava espaço para uma outra.

Quando voltei para casa, eu e Hope começamos a fazer terapia. Ela não queria me deixar ir fazer compras e, apesar de eu não ter problemas em ir ao supermercado, eu vivia assustada. Nunca tive coragem de contar para minha psicóloga sobre o que aconteceu comigo e como eu tinha acabado na Inglaterra, mas ela sabia que eu estava guardando esse segredo para proteger minha filha, então depois de uns 2 anos me liberou e disse que, quando eu estivesse pronta para falar sobre ou se eu sentisse que precisava novamente, eu poderia voltar.

Eventualmente, eu segui em frente. Voltei a usar meu nome de solteira, me tornei uma das melhores corretoras da minha empresa, comprei uma casa e até tentei namorar de novo, mas não estava procurando alguém. Não que pudesse existir amor demais, mas eu acreditava que não era possível encontrar um amor romântico tão verdadeiro uma terceira vez. Eu já tinha experimentado esse tipo de amor duas vezes e não me contentaria com menos que isso.

Hope cresceu e se transformou diante dos meus olhos e, apesar de parecer muito comigo fisicamente, sua personalidade parecia com a de Klaus de um jeito que eu achava impossível sem convivência. Ela se tornou uma aluna ótima e começou a amar o desenho e a pintura. A psicóloga tinha pedido para ela fazer isso como uma forma de se expressar e era exatamente isso que ela fazia. Ela tinha uma pasta cheia de desenhos e pinturas, que me mostrava ocasionalmente, dizendo que eu era a única que os via.

Tudo parecia bem e estável.

Depois de tantas mudanças, estabilidade era tudo o que eu mais queria. Afinal, tinham sido 6 mudanças drásticas nos últimos 20 anos: quando minha mãe morreu e eu fui morar com Klaus; quando eu sofri o acidente e fui para Cincinnati; quando eu voltei para casa; quando eu vim para a Inglaterra; quando me apaixonei por Stefan e abri meu coração de novo; e quando ele morreu.

A rotina que tínhamos estabelecido era perfeita. Era simples de se cumprir e adaptável a imprevistos do dia a dia. Ainda por cima, era uma vida confortável e sossegada.

E eu a adorava, não tendo nem ideia de que tudo estava prestes a mudar mais uma vez.