Ours Blood

Capítulo VII - Sanguinários.


Já eram 15:00 horas do dia seguinte.

Eu estava sentada num sofá folheando um jornal que minha mãe assinava e não lia. A campainha sinistra que a casa, que era bem antiga tinha, tocou.

Levantei-me e abri a porta de madeira da sala. Patch estava do outro lado, suas roupas ao estilo de sempre e sobre seus cachos negros, um boné surrado de beisebol, azul, uma cor que eu nunca vira ele usar.

- Oi. – Disse enquanto pulava em seus braços ao mesmo tempo em que ele também foi ao meu encontro. Eu fiquei longe dele por um dia e já estava assim, morta de saudade.

Patch me beijou e eu retribui com a mesma intensidade. Ele se separou de mim e deu um sorriso malicioso.

- Da próxima vez eu fico fora por mais tempo. – Patch disse e eu respondi dando um soco em seu braço e o puxei para dentro da sala. Se sentindo em casa, ele se sentou no sofá e colocou os pés em cima da mesinha de centro, eu pulei sobre as mesmas e me sentei em seu colo. Patch passou os braços pela minha cintura, abraçando-me por trás.

- Então... – Comecei antes que ele tentasse transformar aquele abraço em outra coisa. – O que aconteceu de tão importante para você sair da cidade?

- Rixon e eu fomos investigar alguns nefilins, nada demais. – Sua voz mostrava indiferença, como se fosse verdade mesmo. Se era, então porque ele tinha me mandando não convidar ninguém para entrar na casa?

- Ah, claro. – Disse numa voz fria e me joguei para o lado, ficando só com minhas pernas em seu colo.

Patch se curvou e me deu um selinho, logo sua língua também pediu passagem e eu neguei me separando dele.

- O que foi, anjo? – Ele ergueu as sobrancelhas, eu nunca tinha me distanciado no meio de um de seus beijos.

Mordi o lábio e olhei para baixo. Não sabia ao certo que resposta queria conseguir dele, mas eu odiava ficar por fora e não saber o que ele tanto fazia fora da cidade. Eu era sua namorada, estava metida nessa luta entre anjos e nefilins, eu merecia saber.

- Você não foi só procurar nefilins fora da cidade, Patch. – Quando disse, ele deu um longo suspiro e me olhou nos olhos.

- Então, o que pensa que eu fui fazer?

- Você sempre dá a mesma desculpa: investigar nefilins. Patch, eu mereço saber.

- Não é nada com o que você tenha que se preocupar, ou ficar com isso na cabeça.

- Mas Patch... – Eu comecei, mas ele me interrompeu com um beijo calmo e lento, como se aquilo me fizesse esquecer de tudo, e por mais incrível que pareça, fez.

- Confie em mim, anjo. – Patch disse quando distanciou nossas bocas por milímetros e quando terminou, imediatamente voltou a me beijar. Uma de suas mãos estava em minha nuca fazendo-me aproximar mais dele e a outra em minha coxa.

Voltei a me sentar em seu colo, agora de frente para ele. Patch passou a beijar meu pescoço, chupando ou passando a ponta de sua língua de leve.

Eu tirei seu boné e o joguei em cima da mesa de centro, sem ele, pude me aproximar mais de Patch.

O telefone da cozinha tocou, eu dei um suspiro pesado e baixei minhas mãos me preparando para levantar, mas Patch me prendeu pela cintura. Tocou mais uma vez, e eu me soltei dele indo até á cozinha e pegando o telefone branco do gancho, atendi:

- Alô.

A única coisa que eu ouvi foi um choro.

- Alô? – Disse mais alto, só ai Talitha respondeu entre soluços.

- Nora! O Scott... – Houve uma pausa, em que escutei a mesma assoando o nariz.

- O que aconteceu com o Scott?!

Outra pausa, ela ainda estava chorando.

- Talitha!

- Ele... Ele está no hospital.

Senti meus olhos se arregalarem e apertei o telefone contra minha orelha.

- Hospital? Por que?!

- É melhor você vir, ele quer te ver.

- O.K, já estou indo.

Bati o telefone contra o gancho e corri para á sala, Patch ainda estava sentado no sofá, mas tinha colocado o boné de volta.

- O que aconteceu? – Ele perguntou, sua voz um tanto fria. Talvez por ter ouvido o nome “Scott”.

- Scott está no hospital, e Talitha me pediu para ir para lá.

Ele deu um leve aceno com a cabeça, se levantou do sofá e balançou as chaves do carro.

- Eu te levo até lá.

Sai apressada atrás dele enquanto vestia um casaco que tinha achado jogado pela sala. Patch dirigiu em sua velocidade de sempre até o único hospital. A cidade era pequena, então esse era a nossa única opção.

Patch estacionou em umas das poucas vagas que tinha no estacionamento aberto, eu desci do carro, mas voltei quando vi que ele continuava sentado. Voltei e fiquei de frente para a sua janela.

- Você não vem?

- Melhor não, anjo. Vou te esperar aqui. – Assenti e fui até as portas duplas do hospital. Como sempre, estava lotado de gente. Parei no balcão, e perguntei á uma enfermeira de cara feia.

- Estou aqui para ver Scott Parnell.

A enfermeira carrancuda me olhou bem e bufou, olhou numa lista cheia de nomes e sem levantar a cabeça, disse:

- Segundo andar, quarto 143.

- Obrigada. – Disse já saindo, fui pelas escadas já que o elevador tinha uma maca e mais algumas pessoas apertadas.

Cheguei ao segundo andar suando, pela velocidade em que subi. O quarto de Scott era a ultima porta do corredor principal, bati antes de entrar.

Talitha estava sentada numa poltrona perto da cama, e a mãe de Scott, no sofá. Ela estava com um lenço cobrindo quase todo seu rosto, e não o tirou quando sua filha se levantou e correu ao meu encontro. Scott estava na cama com um curativo enorme no pescoço e outro na coxa. Uma bolsa de sangue estava numa bandeja ao seu lado, no criado mudo. A que estava ligada com sua veia já estava quase no fim.

- O que aconteceu?

- Foi um animal, ou pelo menos foi o que ele disse... Nora! – Ela se jogou em meus braços para começar a chorar outra vez. – Estavam todas abertas, as mordidas. Ele perdeu quase todo o sangue...

Só ai parei para pensar direito. Ataque de animal? Feridas no pescoço e coxa?

A cena de Eric passando a mão em minha coxa passou em minha mente e foi como se minha cabeça fizesse um estalo.

- Eu tenho que ir, Talitha. Prometo que volto. – Eu, literalmente, sai correndo pelos corredores do hospital, tentando desviar de todos em meu caminho. Cheguei no estacionamento, e diminui a velocidade. Andei normalmente até o carro de Patch e pulei para dentro, tentando parecer normal.

- Essa foi rápida. – O mesmo disse quando entrei, e eu mordi o lábio. Ele me levaria para casa, e de lá, eu faria uma visitinha á Eric.