O vento frio cortante atingia o rosto de Steve que mal se movia encarando aquele fantasma a sua frente. Não seria possível Bucky ainda estar vivo e exatamente como ele costumava ser; não depois de ter caído daquele trem, não depois de tantos anos terem se passado.

Tony começava a ficar agitado observando os dois homens, aguardando a deixa do Capitão para agirem, enquanto ele sabia que as tropas da HYDRA em pouco tempo se reagrupariam e os alcançariam. E lutar contra aqueles soldados, nas situações atuais de Steve e Bruce não seria muito favorável para eles.

– Capitão... – ele chamou hesitante – Quem é esse homem?

– Ele... Ele é... Bucky é mesmo você? - perguntou o Capitão, fazendo menção de se aproximar daquele que outrora fora seu melhor amigo; seu irmão.

– Quem diabos é Bucky? – disse o soldado, preparando sua arma e apontando para o coração dele.

– Eu vi você morrendo, como pode ser possível... – balbuciou Steve.

– Steve, não temos tempo para isso. Temos que sair daqui! – gritou Tony, levantando a mão e disparando contra o inimigo. Bucky facilmente desviou, rolando para o lado e logo em seguida se colocando de joelhos e atirando contra o Capitão Rogers, que por pouco não havia levantado o escudo a tempo.

O homem avançou contra ele e começaram a lutar. Steve continuava desnorteado depois de ver o amigo vivo, o que, associado ao soro injetado nele, deixava-o em uma clara desvantagem.

Com seu braço de metal, o soldado conseguiu lançar o escudo dele longe, e acerta-lo um par de vezes no rosto antes que o loiro pudesse se defender, e revidar tentando inutilmente imobiliza-lo com uma chave de braço, depois de soca-lo.

– Bucky! Sou eu! Você não tem que fazer isso, Bucky!

– Para de me chamar assim! – ele gritou, agarrando o braço do capitão e se desvencilhando dele, firmando-se para joga-lo de costas em uma das árvores que os cercava.

Tony, deixando Bruce um pouco mais afastado, fez menção de intervir para ajudar o outro Vingador, mas nesse momento os soldados da HYDRA chegaram à clareira e começaram a atirar contra ele, que precisou voltar sua atenção completamente para eles.

Usando os propulsores de suas mãos, ele derrubou alguns deles e depois destruiu a estrutura da porta, fazendo-a desabar sobre os outros e bloquear a passagem dos demais que chegavam, tentando ganhar algum tempo para que pudessem escapar dali.

Neste momento, ele se virou a tempo de ver Steve ser derrubado com um chute no estômago e em seguida ser atingido por uma coronhada do soldado, fazendo-o cair quase inconsciente na neve.

– Steve! – ele gritou, mas logo Barnes apontou a metralhadora para sua armadura e atirou novamente. A bala teria o atingido na região do abdômen, mas, aumentando ainda mais seu desespero, ela ricocheteou e acabou por acertar o ombro de Bruce, que tentava se manter de pé a alguns metros deles.

– Não! – gritou Steve, tentando se levantar com dificuldade.

O cientista caiu no chão, mãos apoiadas no solo e encarou os três homens, que puderam ver seus olhos mudando de tonalidade a medida que o Hulk enfim juntava-se a festa.

Tony aproximara-se de Steve, que tinha a boca sangrando, o ajudando a se por de pé para que se afastassem. Quando a transformação estava completa, o Hulk rugiu encarando o Soldado Invernal com um olhar assassino.

Bucky liberou toda a sua munição contra a criatura verde a sua frente, mas tudo era em vão. Nada poderia detê-lo. Bruce avançou contra ele que ainda tentou conter o golpe do grandão com o seu braço robótico e acertá-lo na cabeça.

Mas sua força não poderia se igualar ao do Hulk, que agarrou seu braço de metal com facilidade, destruindo boa parte dele, em seguida acertando-lhe um único soco, que o lançou contra a estrutura do prédio do qual tinham escapado, danificando-a ainda mais à medida que atravessava cinco paredes antes de parar e cair desacordado no chão.

– Vamos embora, Steve. – disse Tony, quando percebeu a hesitação dele, puxando-o para dentro da mata – Bruce!

Ele rugiu ao escutar seu nome, a raiva consumindo-o e tornando-o louco para destruir mais alguma coisa - ou alguém.

– Hulk, temos que ir embora! – relutante, mas felizmente consciente Bruce encarou Tony e seguiu os dois, enquanto se afastavam do que sobrara das instalações da HYDRA.

._.

Eles corriam pela floresta densa, com o Hulk abrindo caminho por entre as árvores e logo avistaram outro Quinjet.

– Hey, esperem! – falou Steve – Esse não é o nosso Quinjet.

– Talvez Maria tenha mandado uma equipe de extração para o capitãozinho dela no final das contas. – riu Stark se aproximando da aeronave.

– Cale a boca Tony. Pode haver sobreviventes, vamos checar.

Steve entrou encontrando três agentes inconscientes, mas ainda vivos dentro do avião. Ele e Tony os soltaram, acomodando-os na parte de trás e cuidando de seus ferimentos mais graves.

– Jarvis, faça uma analisa completa da integridade do Quinjet. - pediu Tony.

– Sim senhor. – o AI respondeu instantaneamente, iniciando o processo.

– Sabe Bruce, eu agradeceria muito se você voltasse ao normal, vou precisar de você para consertar isso aqui e darmos o fora desse lugar. - ele disse distraidamente depois de algum tempo verificando os danos que a queda provocara – Vamos lá cara, respire fundo. Se concentre, fique calmo. Você pode fazer isso.

Seguindo as instruções de Tony, Bruce fechou os olhos e respirou deixando que a raiva concentrada se espalhasse novamente, para que pudesse controla-la mais uma vez. Surpreendentemente, a estratégia do bilionário funcionou e em poucos segundos ele era apenas o Bruce Banner mais uma vez.

Ele respirou fundo, checando o ombro onde havia sido baleado, apenas para verificar que tudo o que tinha restado era uma pequena cicatriz.

– Obrigado Tony. – ele suspirou, sentando-se na neve.

– Você está bem, doutor? – perguntou Steve, fazendo menção de ajuda-lo.

– Já estive pior. – ele riu.

– Se está fazendo piada já, então tá bem. – falou Tony, o encarando e lhe estendendo a mão para que ele ficasse de pé – Você nos salvou lá atrás Bruce. Obrigado.

– Não tem de que Stark. Quando quiser que eu salve seu traseiro de novo é só pedir. – ele riu, aceitando o apoio.

– Fique quieto e venha me ajudar. O sistema de navegação está frio, e o motor esquerdo parou. Já consegui religar a energia, e Jarvis está finalizando o backup.

– Okay, cuide do motor, eu vou concertar o sistema. – ele falou, estreitando os olhos, e em seguida entrando no Quinjet para começar a trabalhar.

Com a ajuda de Steve, Tony restaurou o motor e assim que Bruce religou o painel de controle, eles estavam prontos para partir.

– Tem certeza que o campo eletromagnético não vai nos derrubar de novo? – falou Steve sentando-se ao lado de Tony na cadeira do piloto.

– Eu tenho, Steve. Afinal, Schmidt não teria conseguido partir se o campo ainda estivesse ativo. E por falar nisso, cadê o verdinho? – ele perguntou, vendo que Bruce não estava ali.

– Está dormindo lá atrás. A transformação o deixou exausto depois de tudo o que passou. – ele respondeu, ligando os controles.

– Ótimo, é melhor ele descansar. Eu sinto que isso ainda não acabou.

– É, eu também. Quando estivermos no ar vou ligar para Hill, eles precisam saber o que está acontecendo.

– Ia te dizer a mesma coisa. Ligue os motores, vamos dar o fora daqui.

E assim, finalmente, os três Vingadores decolaram para voltar para os EUA, mal sabendo que uma batalha ainda mais difícil os aguardava em casa.