O local escuro, apenas iluminado pela luz de poucos postes espalhados pela rua, que tornavam tudo mais intenso e sombrio. A noite fria e escura, o céu encoberto e a lua cheia escondida pelas nuvens. Uma tempestade se aproximava e, num momento de tanta tensão, não facilitava. Pequenas gotas de água começavam a cair.

Estava tudo uma enorme confusão. Gritos, correrias, nervos, raiva, medo, exaltação, fúria, sede de vingança, tantas emoções à flor da pele. Tudo num só momento complicado. Todos em perigo, temendo pela vida, perante uma emboscada onde tudo é possível acontecer. A morte é certa, mas pode não ser executada na pessoa que mais a merece.

Esta situação era a que mais temiam de acontecer. A união de dois grupos distintos era o que precisavam para resolver o problema. Juntos eram mais fortes, mas só depois de muito sofrer é que perceberam isso. O destino estava traçado e já nada podiam fazer. Apenas tomar as últimas decisões, esperando estas serem as mais corretas.

O tempo não era a única coisa fria e escura. O olhar mais receado sobre todos, continha a mesma intensidade. O pior era a raiva e vontade de se vingar. A situação era necessária, mesmo que já nem lhe desse prazer ver tanto sofrimento perante todos na sua frente. Por tudo o que passou e sofreu, a dor dos outros era sempre boa de assistir. A destas pessoas em especial.

Dois corpos são se moveram. Um prendia o outro sem qualquer oportunidade de escapar. Apesar da força e treino que tem em vantagem, a arma apontada contra a cabeça é de veras mais forte. Não só por poder morrer e sim por ver quem ama sofrer.

—Não vamos tomar decisões precipitadas. Vamos falar com calma! - Profere em defesa, a loira de olhos azuis como o mar, depois do longo silêncio

—Não! Eu sei o que estão a tentar fazer e isso não vai resultar! – Rebate com convicção e sem medo das ações que tomara.

—Por favor, não faça isso! É tudo o que lhe peço.

—Pouco me importo com o que me pede. Vocês destruíram a minha vida e vão pagar por isso. Não há nada que possam fazer para mudar as coisas. – As ordens já nem o abatiam ou faziam estremecer pelo medo. Eram meras palavras, que formavam uma frase mais acentuada.

—Então este problema é só entre nós. Eles não têm nada a ver com isto, os deixe ir. - Profere agora o moreno, com a arma em suas mãos apontada ao homem que os ameaça.

—Não! Já é tarde. Eles já sabem de tudo. Já estão metidos neste problema e não há como escapar. Ninguém vai sair daqui.

—Porque está a fazer isto? Não faz sentido?

—Para vocês nada faz sentido. Nunca fez. Nem vale a pena gastar o meu tempo a explicar o porquê disto.

—Você não se vai safar. Vai pagar por ter matado aquelas pessoas! – Fala, depois de longos e inúteis argumentos, agora com a arma contra a parte de trás da cabeça. Não estava mais preso, mas se tentasse fugir a morte era certa.

—Não vou não.

—Vai sim e eu vou me certificar disso!

—Isso se não matar você primeiro!

—Nem tente. Deixe o ir. Já basta todas as outras pessoas que matou.

—E se não deixar?

—Terá o mesmo destino delas!

—Mas não serei o único. – E então o gatilho é puxado e o som de armas a disparar é ouvido bem alto estremecendo todos ao redor.