Num misto de ansiedade e receio você segue em direção ao portão de entrada da escola e percebe que ali estava prestes a iniciar uma nova fase de sua vida.

Nova escola, novos professores e, talvez, novos amigos. Sim, os amigos. Esses possíveis novos amigos seria a sua maior preocupação já que não sabe que tipos de pessoas encontrará na nova escola, o que lhe causa um certo nervosismo, pois, por mais que no fundo quise
sse ter novas amizades, ao mesmo tempo estava insegurx, pois tinha aprendido de uma maneira infeliz que nem todos aqueles por quem a gente sente um apreço e tem confiança necessariamente sentem o mesmo pela gente.

Sendo assim, logo que entra depara-se com uma espécie de máquina notando que à medida que os alunos vão chegando, imediatamente põem seus dedos num círculo transparente que logo muda de cor alternando-se para verde.

Chegada a sua vez, você hesita em pôr o dedo ali e, antes que o fizesse, pergunta para o segurança que observa a situação:

— Isso é algum tipo de exame ou o quê?

— Primeiramente bom dia — ele fala — E não. Isso é apenas a confirmação de que você esteve presente hoje.

— Ah, me desculpa — você diz arqueando as sombrancelhas.

— Não foi nada — diz o segurança dando um leve sorriso — Isso é tudo? Você precisa de ajuda para chegar à sua sala?

— Não. Eu sei onde é.

Apesar de não fazer o menor sentido para onde deve-se ir, você, com ar de autossuficiência, segue em frente adentrando o local.

Após passar pela confirmação de presença, você percebe o olhar de uma mulher com um sorriso esplêndido como se estivesse lhe esperando. Ao notar que você a olhou de volta ela decide se aproximar, então pergunta:

— Olá, bom dia! você é S/N não é mesmo?

— Bom dia. Sim, sou eu — você responde.

— Eu me chamo Meredith Glover e em nome de todos os funcionários do Colégio Montreal eu lhe desejo boas vindas.

— Muito obrigadx — você diz.

— Pois bem, como é seu primeiro dia, peço-lhe que me acompanhe até a direção. Preciso te passar as informações que precisa e assim poder ir para a aula.

Você concorda em acompanhar a senhorita Meredith fazendo o percurso até chegar na direção. Enquanto isso, seus olhos fixam em todos os lados observando cada detalhe aproveitando para conhecer um pouco mais da escola.

Não há tantos alunos pelos corredores, o que lhe faz pensar que as aulas já poderiam ter começado, causando-lhe um certo nervosismo pois você não se sentiria confortável em chegar na sala e passar por aquela situação em que o professor lhe pede para que se apresentasse na frente da turma e todos ficarem te olhando até que você se sente em alguma cadeira da sala. Mas, como não podia evitar nada disso, a única alternativa que tinha disponível era apenas aceitar.

Depois de alguns minutos, chegando na diretoria, logo vê várias pessoas trabalhando numa grande sala. Seus olhos nem sequer percebem o que há em volta, pois suas atenções estão inteiramente centradas para as todas aquelas telas e os montantes de folhas de papéis espalhadas pelas mesas.

Diante disso, ao passar por um certo espaço, você também avista uma porta classuda e bem detalhada com uma faixa escrito em negrito: “DIRETORIA”. Sem brechas nem janelas, dando–lhe uma certa curiosidade para saber o que acontece do outro lado.

Enquanto olha para a porta, logo Meredith desvia sua atenção quando ela começa a lhe entregar alguns papéis.

— Esses são os papéis que você tem que assinar para confirmação da matrícula. Escreva seu nome completo nas espaços marcados com X, então já estará pronto pra assistir a primeira aula — ela diz apontando para os espaços em branco — Sua sala é a 1C e o professor Lewis já está dando aula de Geografia.

— Geografia? Eu adoro essa matéria — você exclama.

— Que bom, então irá gostar da aula dele.

Depois que terminou de assinar todos os papéis, Meredith, então, lhe acompanha até a sua sala de aula. Chegando lá, o professor Lewis interrompe a aula e, ao ver vocês dá um sorriso e diz:

— Olá, Meredith, a que devo a honra de sua visita?

— Olá, professor. Desculpe interromper a sua aula. Vim trazer uma nova figura que irá fazer parte da turma a partir de agora — Meredith fala.

— Oh, sim. Pode entrar, seja bem vindx.

— Obrigadx - você diz entrando na sala indo em direção a uma cadeira vazia quase no meio da sala.

Alguns alunos lhe olham fixamente como se fosse um novo alien no espaço então logo começou a se sentir um pouco incomodadx, mas procurou não ligar muito pra isso, você só queria prestar atenção na matéria pois a aula era sobre a exploração de petróleo e você queria ficar por dentro de tudo.

Depois das duas aulas de geografia chega a hora do intervalo. Como é o seu primeiro dia não conhecendo ninguém por ali, decidiu ficar sentadx embaixo de uma árvore, pegou seu celular, seu fone de ouvido e começou a escutar suas músicas favoritas enquanto passava o tempo.

Trinta minutos o sinal toca anunciando o fim do intervalo. O dia estava tranquilo e também um pouco nublado, mas tudo estava indo tão bem, mas logo seu pensamento muda quando lembra que as próximas duas aulas seriam de matemática. Não era como se a matéria fosse um bicho de sete cabeças ou ruim, mas só de pensar em ficar fazendo cálculos e mais cálculos logo uma certa impaciência toma conta de você. Mas infelizmente não havia nada que podia fazer, então a única alternativa era aceitar essas duas aulas e encarar de frente de uma vez.

Passadas as duas aulas de matemática do professor Fernando, o sinal mais uma vez toca avisando que as aulas já haviam chegado no fim e era hora de voltar pra casa. Dessa vez não podia contar com Lívia e voltar para casa de carro, pois ela só chegaria por volta de uma meia da tarde, e como ainda era doze horas você teve que ir pegar um ônibus para voltar para casa. Felizmente a parada ficava duas ruas depois da escola, então podia ficar com menos sem preocupações, pois não sabia como era a segurança ali pelos arredores.

Quase vinte minutos se passaram e nenhum sinal de seu ônibus. Duas mulheres que haviam chegado depois de você já foram embora e você ainda continuava ali esperando a sua vez de ir também. Pelo menos não ia ficar sem companhia para esperar o ônibus, pois, mais alguns estudantes estavam indo em direção à parada, então isso já lhe causa um certo alívio.

Quando eles chegam você os observa por um tempo, mas sempre desviando o olhar para não ser percebidx. Então não demora muito pra que eles começassem a se despedir e um casal sai de mãos dadas ficando apenas você e una outra pessoa, na qual você tinha uma impressão de já ter visto antes.

Você encontra-se numa extremidade da parada enquanto a outra pessoa estava na outra extremidade. Aos poucos, ela começa a se aproximar, enquanto que você olha para os lados fingindo não perceber nada. E, como quem não quisesse nada a pessoa diz:

— Oi, foi você que chegou hoje na sala quando a aula já tinha começado, não foi?

— Oi. É, fui eu sim. Odeio quando isso acontece, mas eu ‘tava na diretoria, então perdi o início — você diz forçando um sorriso.

— Você deu sorte de ser o seu primeiro dia, e também por ser aula do professor Lewis porque se tivesse chegado por atraso e ainda estivesse na aula dele, certamente levaria uma advertência.

— Sério? Ele é mau humorado assim? — você pergunta.

— Mau humorado é pouco. Ele é daqueles professores super rígidos que não toleram os mínimos erros, tão quanto atrasos.

— Então ele é um homem bem rígido. Um chato, né?

— É, pode se dizer que sim. A propósito, meu nome é Allison — elx diz, estendendo a mão.

— Ah, o meu é S/N — você diz também estendendo a mão.

— Então, creio que você é novx na cidade. Poderia me dizer por que veio entrar a essa altura pro Montreal?

— Ah, coisas da vida. Eu cheguei há alguns meses e só agora entrei pra escola.

— Sério?! Mas ficar esse tempo sem ir a escola, isso não vai prejudicar você?

— Não, onde eu ´tava o conteúdo era adiantado, então alguns assuntos que vocês estão vendo agora eu já vi. Por exemplo o de hoje.

— Então você tá a um passo na nossa frente.

— Acho que sim. Mas mesmo assim eu tenho dificuldade especialmente em uma matéria — você comenta.

— Qual? — Allison pergunta.

— Matemática. Essa eu sempre preciso ficar o dobro ou até o triplo do tempo estudando.

— Bom, se você quiser eu posso te ajudar com as suas dúvidas. Essa é a matéria que eu mais gosto.

— Sério? Bom, eu vou agradecer muito se puder me ajudar. Seria um alívio.

Nesse momento o celular de Allison começa a tocar.

— Er, me dá licença só um instante enquanto eu atendo esse chamada? — pergunta elx ao tirar o celular que tocava de dentro da mochila.

— Claro — você responde.

Depois de alguns segundos após encerrar a chamada elx diz:

— Desculpa. Era meu pai. Sempre preocupado comigo — elx diz revirando os olhos.

— Bom, ele tá certo. Hoje em dia não somos mais tão seguros como a humanidade já foi um dia.

— Você tem razão.

Allison já estava para devolver o celular para dentro da mochila, quando uma moto se aproxima. Sobre ela, dois homens encapuzados, ambos vestidos com um colete marrom, sendo que um deles segurando um revólver rapidamente sai de cima do veículos indo em suas direções.

— Olha o que temos aqui — um deles fala.

— Calma, moço! O que você quer? — pergunta Allison.

E, antes que ele desse qualquer resposta, repentinamente efetua um disparo. O autor segue apressadamente correndo em direção do veículo, assim fugindo.

De repente você vê Allison caindo em seus braços banhadx em sangue. Olhando para o peito você vê a causa do sangramento. Elx, a cada segundo parece ficar desnorteadx ou enfraquecidx. Dá para perceber quando Allison tenta falar mas tudo o que elx consegue fazer é balbuciar na tentativa de falar alguma palavra.

Sendo assim, vendo a situação que pouco a pouco vai se tornando crítica, a única alternativa que lhe resta é pedir ajuda. Allison não para de sangrar e em algumas vezes, por sua dor parece que a qualquer momento elx está para desmaiar. Então, não vendo mais saída e sem ter o que fazer, com toda a sua voz, grita:

— POR FAVOR, CHAMEM UMA AMBULÂNCIAAAA!!!