Após você já ter ido à escola no período da manhã e ter almoçado logo depois que chegou, você se arruma bem rápido e está a prestes a realizar algo que não está muito a fim de fazer, porém não pode de forma alguma evitar.

As malas de Jeremy estão todas na sala e você e Lívia estão trazendo as duas últimas que restam.

⌚ 02:00 p.m.

— Oh, meu querido primo Jeremy eu não acredito que você já vai embora. Os dias passaram tão rápido. Por que tem que ser assim tão cedo? — Lívia pergunta fazendo uma expressão tristonha.

— Minha prima, não fica assim. Eu já disse. Em breve eu vou voltar logo. É só um tempo — Jeremy diz.

— Um tempo depois de muito tempo, né? Você vai demorar e muito pra voltar. E você sabe disso. Esse processo todo de gravações é muito longo.

— Eu sei, mas eu já te falei que eu prometo que vou visitar vocês logo. Assim que der eu venho. Eu prometo.

— Tá bom meu primo. Quando der você vem sim. Mas venha mesmo — você diz.

— É claro — Jeremy diz dando um sorrisinho.

— Bom, vocês sabem que eu odeio despedidas, então, vamo' logo para o aeroporto?

— Mas já?! Tão rápido assim? — Lívia fala dizendo biquinho.

— Deixa de drama. Quanto mais rápido, melhor — você diz — Quer dizer, é claro que eu não tô querendo me livrar de você, meu primo, mas você sabe o que eu tô querendo dizer.

— Eu sei, S/N. Fica tranquilx.

— Tá bom, então vocês querem adiantar a minha dor. Tudo bem, eu consigo. Eu sei que vai ser difícil, mas eu sou durona. Eu aguento uma despedida — Lívia dispara indo ao encontro de Jeremy dando-lhe um abraço.

— Exagerada — você diz revirando os olhos — E então? Vamo' para o aeroporto?

— Vamo' lá. Partiu? — diz Jeremy.

Algum tempo depois vocês chegam no aeroporto e, depois de realizar o check in na recepção tratam logo de se encaminharem até as cadeiras para esperar pela hora do voo.

— Nossa, eu não consigo imaginar o quão pode ser lindo o México. Pelo o que eu vi lá é um paraíso na Terra — Lívia diz.

— É, pode se dizer que sim. A temporada de estudos que eu passei lá deu pra ver muita coisa e posso afirmar com toda a certeza que é um dos lugares mais bonitos que eu já vi. Sua cultura é rica e o povo bem animado. A comida é bem saborosa e, claro, tudo bem picante. Acho que, quer dizer, acho não, eu tenho toda a certeza de que vocês vão gostar quando forem lá um dia. Principalmente você, Lívia — Jeremy afirma todo sorridente.

— Eu tenho certeza de que eu vou adorar. Lá deve ser tudo tão incrível —ela diz — Agora eu não entendo o que você quis dizer com principalmente eu vou gostar. Eu não entendi isso. O que você quer insinuar? Tá querendo dizer alguma coisa?

— Ah não, mas pelo que eu e S/N sabemos pra você a comida é a coisa mais importante do mundo.

— Lá vem você de novo com essa história — sua irmã diz revirando os olhos.

— Ué, mas não é verdade? — você pergunta.

— É uma das, mas é claro que vocês vêm antes. Vocês são minhas paixões, minhas vidas — Lívia diz dando um beijo em você e Jeremy.

— Mas tá combinado, Jeremy. Um dia nós vamos planejar tudo direitinho e vamos fazer uma visita a você no México. Você vai tá rico, famoso, vai viver numa mansão. Vai ser nosso guia turístico e nos levar pra conhecer toda a cidade.

— Pode deixar. Na verdade tem um lugar que eu quero muito levar vocês pra conhecer. Ele é bem curioso e também modesto. Trata-se de...

Quando já ia falar, a fala de Jeremy é interrompida quando surge uma mulher loira correndo bem em suas frentes com expressão aflita como se fugisse de algo. Até o momento não dá pra entender nada a razão, até que ela inesperadamente exclama em alta voz:

— Rebelião! Nós vamos ser assaltados!

Lívia vendo a aflição da mulher decide pará-la e então logo pergunta:

— O que é que tá acontecendo?

— Um grupo de rebeldes invadiram o aeroporto vestidos com umas roupas de gangue e estão com algumas coisas nas mãos. Eu acho que eles vieram cometer um assalto. A gente precisa se esconder.

Olhando para o lado vocês veem um grupo surgindo e gritando algo como se estivessem em protesto. Suas vestes são parecidas e dois deles seguram cartazes com as frases "CUIDADO" e "ABRAM SEUS OLHOS".

Porém, a ação não dura tanto tempo quando alguns policias surgem e logo interrompem os ativistas.

— Vocês não podem nos impedir de protestar. Isso é um direito nosso como cidadãos. A política e corrupção dos governadores dessa cidade vão acabar com nosso histórico e destruir o que ainda resta dela — diz um jovem entre os protestantes.

— Do que é que ele tá falando? — pergunta Jeremy em um tom baixo.

— Eu não faço ideia — responde Lívia, confusa.

— Nem eu — você diz.

— Por favor, é para o bem de vocês. Sabemos que aqui é um lugar público, mas não foi feito para esse tipo de coisa. Vocês não podem bloquear o acesso à área de embarque. É melhor vocês se retirarem — um dos guardas solicita.

— Esse é nosso direito. Vocês guardas devem estar a par de tudo e por isso querem esconder a verdade que tem por trás dessa cidade. O nosso dever é alertar as pessoas sobre o que tá acontecendo. Vocês já começaram pelo lançamento desse táxi voador. E agora o que mais vocês vão fazer pra enganar as pessoas e fazerem elas pensarem que estão em progresso? — um outro jovem exclama.

— Ah, por favor. Do que você tá falando? — o guarda diz dando um sorrisinho. Por favor, apenas faça o que a gente tá pedindo. Não queira chamar atenção mais do que já tá chamando.

Ao olhar para os lados vocês vêem algumas pessoas se agrupando ao redor com olhares curiosos. Algumas até pegam seus celulares e começam a filmar o acontecimento.

Porém a conversa não parece tão boa entre os guardas e protestantes quando, de repente um deles grita:

— "SEUS CORRUPTOS!"

Sendo assim, um os oficiais já sem paciência vão pegando algumas algemas que estão em seus bolsos e começam a prender os manifestantes, ao mesmo tempo que outros, na base da força, acabam fazendo algo mais radical quando jogam os jovens no chão, mobilizando-os.

— Gente, mas pra que toda essa violência? — Lívia pergunta com indignação.

— Esses policiais estão sem limites — Jeremy diz.

— Eu não entendi ainda o que eles quiseram dizer com esses avisos. "Abram os olhos"? O que eles estão querendo dizer? — você questiona.

— Eu não sei. Mas coisa boa é que não deve ser. E é bom a gente não se meter com esses negócios. Deixem que eles resolvam entre si. Nós já temos coisas demais pra nos preocupar.

— Aonde é que esse mundo vai parar? Tá ficando cada vez mais insano e violento — Jeremy comenta.

— Enfim, vamos nos sentar nas cadeiras mais próximas à entrada pra ir pro avião. Não é bom a gente ficar perto dessas coisas. Vai que um deles se rebela e comecem a brigar. É bom a gente ficar distante — sugere Lívia apontando para umas cadeiras mais afastadas.

⌚ Depois de algum tempo...

Já sentados nas cadeiras após um longo tempo de espera, o som dos alto falantes ecoam ao avisar que o próximo vôo com destino para o México está para embarcar em alguns minutos.

— Ah, nem acredito que essa hora já chegou — diz Lívia com uma voz triste.

— É, senhoras e senhores. Enfim, é hora de partir. Vamos. Tá na hora de vocês me darem abraços — Jeremy diz levantando-se da cadeira.

— Nós não podemos ir também? — você pergunta.

— Até que eu queria que fossem junto. Mas, vocês tem dinheiro pra comprar duas passagens pro México agora?

— Convencido. Tá querendo humilhar a gente só porque não podemos ir? — Lívia pergunta.

— Não é isso. É só que...

— Agora quando vamos nos ver?

— Quem sabe? Tem tanta coisa pra acontecer daqui até lá — você diz.

— É verdade. Bom, meus amores, eu vou ter que ir agora. A moça já tá chamando e o aviso já tocou três vezes — Jeremy se despede pegando suas malas.

— Calma. A gente vai ajudar você com as malas até o portão de embarque — Lívia assegura.

— Minha anja. Muito obrigado. Mas não precisa.

— Deixa disso. Só porque é homem não quer dizer que não precisa de ajuda. Vamo', deixa a gente te ajudar.

E assim vocês fazem ajudando Jeremy a levar as malas até a entrada.

Chegando lá, após a última chamada para o embarque do voo, vocês se abraçam para dar a última despedida.

— Esse é nosso último abraço até a próxima vez. Eu amo muito vocês e espero que a próxima visita não demore a chegar. Sério, eu me diverti muito nesses dias que eu passei aqui na cidade — Jeremy diz.

— É, mas podia ter passado mais tempo. Tinha dias que você mau dava as caras e só queria saber dos seus amigos — Lívia alfineta — Mas tudo bem. Eu vou sentir muito a sua falta, meu primo.

— Eu também. Obrigadx por tudo e pela ajuda. Vou sentir muito a sua falta — você diz dando mais um abraço.

— S/N, também vou sentir muito sua falta. Toma juízo e não esquece o que eu disse sobre seu pai. Abre a carta e dê uma chance a ele, senão pode ser que você se arrependa depois.

— Tá bom, pode deixar — você fala revirando os olhos.

— Bom, a minha jornada em Nevinny acho que termina por aqui. Eu tenho que ir senão eu vou ser odiado pelos passageiros do avião. Até um dia, meus amores.

— Tchau, meu primo. Vou sentir muita saudade — grita Lívia.

E assim vocês observam Jeremy passar pela porta de desembarque seguindo pelo corredor que em segundos irá levá-lo até o avião. Ele dá um último tchau com as mãos na qual vocês retribuem até que ele desaparece num instante.

Vendo o corredor vazio e tendo a noção de que Jeremy não estará mais presente daqui em diante, uma sensação de tristeza pelo fato da despedida e também de alegria pelo futuro que o aguarda toma conta de seus seres no mesmo instante. A vida de Jeremy passará por mudanças que trará grandes conquistas para ele, porém, com isso uma incerteza de quando um encontro desse pode demorar a vir a acontecer de novo.

Isso pode demorar meses, talvez anos ou talvez menos tempo. Mas a dúvida é: quando vocês irão se ver de novo?