É a segunda metade da reunião e a tarde estava sendo bastante proveitosa até então. Todas as dúvidas a respeito da sua atividade estavam sendo esclarecidas e as correções que precisavam ser feitas em alguns alunos realizadas.

Conforme o tempo ia passando, você ficava mais confortável com os colegas e até mesmo com Patrick que no princípio estava com uma certa rigidez com sua pessoa.

Após terem ficado o restante do tempo preparando o projeto, finalmente finalizaram a sessão.

— Bom, isso é tudo por hoje, pessoal. Foi um dia esclarecedor, mas ainda temos o que fazer nos próximos dias — diz o professor reunindo os alunos formando um círculo em sua volta — No próximo encontro teremos que continuar o nosso trabalho, pois há muito a ser feito até o dia do festival.

— Não se preocupe professor, nós com certeza faremos o máximo para chegar a perfeição. Como o senhor nos disse uma vez: a perfeição não é algo conquistado de uma hora pra outra, exige prática e determinação para alcançá-la — diz um aluno.

— É isso mesmo. É nosso dever sempre fazermos o melhor. Não apenas tentar, mas conseguir — Allison declara, confiante.

— É por isso que sempre me dedico ao máximo. Não me permito errar — o aluno completa.

— Bom, chega por hoje. É hora de encerrar de vez. Estão liberados. Podem ir — diz Mason se afastando.

— Parece que por hoje terminamos — diz Stefan.

— É, até que foi um dia legal, apesar de bem puxado — você fala.

— E você percebeu? Outros alunos também tiveram a atenção chamada e foram tratados com uma certa rigidez, assim como você foi. Como eu disse, era apenas um mau dia pro Mason.

— É, tem razão. Deve ser porque não sou acostumadx com essas coisas. De onde eu vim esse tipo de comportamento não é comum.

— Às vezes eu penso que você veio de uma espécie de conto de fadas ou algo do tipo. Parece que não existem tantos problemas onde você mora.

— Não é isso, é que...

Você ia completando a frase logo quando é interrompidx por Cynthia que vem ligeiramente em suas direções.

— Ah, olha você aí outra vez. Tenho que admitir que você estava de parabéns, Stefan. Assim como sempre.

— Obrigado, Cynthia. Você também com certeza estava — diz Stefan, forçando um sorriso.

— Isso não é nenhuma novidade — ela fala abraçando-o bruscamente.

— O que você quer dessa vez?

— Eu? Nada. Não posso mais elogiar o meu amigo preferido?

Stefan fica em silêncio sem expressar nenhuma reação.

— E você, Montenegro?

— O que tem eu? — você pergunta.

— Até que não se saiu mal no dia de hoje. Tem confiança, sabe o que faz e faz direito. Gosto disso. É uma das qualidades que mais admiro.

— O quê? Isso é sério? Você tá falando comigo?

— E com quem mais seria? Tá vendo mais alguém com sobrenome de Montenegro por aqui?

— Há uns minutos atrás você 'tava me encarando com um olhar de desdém e agora me elogia?

— É. E você tem sorte disso.

— Sorte por quê? — você pergunta sem entender.

— Bom, não é sempre que elogio as pessoas, sério, é algo muito raro. Eu cheguei a pensar que você não era de nada quando te vi, mas acho que 'tava enganada. Quero dizer, ainda não sei, pode ser que eu esteja um pouco certa, mas... É isso.

— E agora me ataca de novo. Você tem algum problema? Já tô vendo que você é daquelas pessoas que gostam de atacar as outras gratuitamente. Esse é seu hobby?

— Olha, Stefan! Gostei disso. Sabe, isso que você acabou de falar eu ouço muito as pessoas falarem, mas, diferente de você, elas falam nas minhas costas e eu não gosto nada quando isso acontece. Mas enfim. Um hobby? Será que o que faço possa ser um hobby? Eu não sei, mas gostei da ideia. Tá aí, S/N, gostei. Essa pode ser mais uma atividade que eu quero colocar na minha lista de coisas super úteis de se fazer. Um hobby acho que era realmente o que estava faltando. O que acha, Stefan?

— Eu acho que você deveria sair. Por favor, pode nos dar licença? — ele responde seriamente.

— Olha, você sabe que eu não faço favores, mas como eu ainda sinto algo bem bacana por você eu posso te fazer esse — ela diz, afastando-se — Mas não se acostume. E qualquer coisa que precisar eu vou estar aqui.

— Obrigado — diz Stefan apenas movendo sua boca sem emitir som.

— Ah, agora eu posso entender tudo — você fala.

— Entender o quê? — Stefan pergunta.

— O porquê dela ser assim. Vocês tiveram num relacionamento, não foi?

— É, digamos que infelizmente isso aconteceu — diz Stefan balançando a cabeça em negação.

— Então por isso ela decidiu implicar comigo porque estou apenas conversando com você, não é? Então ela está...

— Com ciúmes. Com possessivos ciúmes — ele completa.

— Uau! Agora tudo se encaixa. Eu já estava achando que o problema era eu.

— Talvez até possa ser.

— Como assim? Não entendi.

— Eu também não. Eu nunca entendo o que se passa na cabeça da Cynthia. Ela sempre me deixa sem palavras.

— Sinto muito dizer isso, mas não queria estar na sua pele — você diz, sorrindo.

— Nem eu. Mas... vamos mudar de assunto?

— Ótimo. Adoro boas ideias. O que você sugere?

— Você falava de como vivia no lugar de onde veio antes da Cynthia interromper a gente. Me diz mais sobre como era.

— Nada de mais. Eu vivia com os meus pais em uma outra cidade. Tinha amigos, família, enfim, a minha vida. Era tudo muito bom até o dia em que coisas aconteceram.

— E você pode me dizer quais foram essas coisas?

— Er, não sei se é uma boa ideia. Talvez um dia. Não me leve a mal.

— Não, sem problemas. Você está no seu direito — Stefan diz.

— Agradeço. Olha, já são cinco e meia! — você diz olhando para o seu celular, surpresx.

— Já devíamos ter saído. Daqui a pouco a escola irá fechar.

"— Vamos, Stefan!" — grita Cynthia ao longe.

— Ela não desiste mesmo — você fala.

— Você não tem ideia. Isso é tortura.

— Relaxa, você supera. Existem coisas piores.

— Eu que o diga.

— Não me diga que já namorou com garotas com a personalidade mais difícil que a de Cynthia?

— É claro que não. Se assim fosse, meus neurônios não estariam nada bem — diz Stefan, gargalhando.

— Certeza.

Vocês começam a arrumar suas coisas apressadamente para poderem irem para suas casas. Repentinamente, o telefone de Stefan começa a tocar.

— Alô? Lavínia? Como você está?

— Lavínia? — você diz consigo em um tom baixo.

— Tudo bem, não se preocupe. Mas dá próxima vez, se puder venha. Até mais — diz Stefan desligando a chamada — É a minha amiga que faltou.

— Lavínia? Foi ela que faltou?

— Sim, você a conhece?

— Ela é da minha turma — você responde.

— Que bom que temos uma amiga em comum.

— Verdade, mas...posso te pedir uma coisa?

— À vontade.

— Será que a Lavínia se importaria se você me passasse o número dela?

— Eu acho que não. Acho que nem ligaria.

— Sério?!

— Olha, o número dela é esse — Stefan diz lhe entregando o telefone dele.

— Ótimo.

Depois de salvar o número de Lavínia em seu telefone, você também salva o de Stefan, pois ambos tinham oferecido seus números por ideia de Stefan, pois ele disse que havia gostado da aproximação de vocês naquela tarde.

— Quase terminando... e pronto!

— Salve como Stefan Lockwell. Esse é meu sobrenome.

— Ah, claro. Pronto! — você diz finalizando a digitação — Gostei desse sobrenome. É inglês?

— Isso. Como sabe?

— Palpite.

— Bom, S/N, foi legal ter te conhecido, mas agora preciso ir. Combinei de ir com Cynthia na casa dela para um jantar. Não me julgue, por favor — Stefan diz, sorridente.

— Não, eu não vou. Mas enfim, divirta-se. Ah, e também gostei de ter te conhecido.

— Obrigado. Então até mais, não é? — diz Stefan, estendendo-lhe a mão.

— Até mais, Lockwell Stefan Lockwell — você diz cumprimentando-o.

E assim ele vai se afastando até ir de encontro com Cynthia sentada em um banquinho no corredor enquanto mexe no celular. Logo que se aproxima, ela levanta rapidamente e começa a abraçá-lo e beijá-lo enquanto ele tenta a todo custo se esquivar. Você apenas observa a cena de longe até que, sem mais demora, eles finalmente saem sobrando apenas você e mais uns dois alunos namorando.

Você pega seu celular e fica olhando fixamente para a tela no contato de Lavínia. Após uns segundos você o guarda na mochila, organiza todas as suas coisas e decide seguir em direção à saída da escola.