— Atenção, pelotão! 1, 2, 3, 4! Marchando! Rápido! — Will gritou de pé na porta enquanto soprava um apito.

— Rápido, todo mundo! — Brittany repetiu ao seu lado, segurando seu amado gato gordo, Lord Tubbington.

— Isso vale pra você também, querida. — Will encarou sua filha.

— Oh! Ok, já estou indo. — a garota correu.

— Isso é ridículo. — Santana rolou os olhos enquanto caminhava para dentro da casa carregando uma caixa.

— Disse algo, Santana? — ele parou na frente da adolescente, impedindo sua passagem.

— Eu amo me mudar. — ela respondeu com um sorriso cínico.

— Pra dentro. — ele apontou e ela seguiu batendo o pé — Andem logo, todos vocês!

— Pai. — Rachel foi a próxima a parar ao lado dele, segurando uma caixa — Isso vai acabar com suas cordas vocais.

— Se vocês fossem mais velozes talvez eu não estaria gritando. — Will sorriu com deboche para sua filha — Depressa!

— Pai, não somos máquinas velozes. — Blaine protestou aparecendo atrás da irmã — Essas caixas estão pesadas.

— Reclama menos e trabalhe mais. Vamos!

— Pai, eu preciso achar um lugar pro Yoshi fazer cocô. — Sam veio em seguida, carregando sua tartaruga.

— Sammy, eu já disse que vamos arrumar um lugar no seu quarto. — o garoto loiro encarou seu pai — O que foi?

— Pare com os apelidos. Não tenho mais cinco anos. — e entrou na casa bufando com Yoshi.

— É, eu sei. Ele tá pirando. — Quinn disse ao telefone enquanto andava no gramado — Não vejo a hora de voltar.

— Quinn Schuester! Acabamos de nos mudar, com quem está falando?

— Com a Kendall, da faculdade. — Quinn rolou seus olhos verdes — Não pira, ok?

— Não pira. Não pira. — Will repetiu, olhando sua filha mais velha enquanto ela entrava na casa — Eu vou te mostrar o que é não pira.

— Amor — Shelby se aproximou do marido com um sorriso — Pega leve com eles, tá bom? É uma grande mudança para todos, pode ser difícil.

— Eu estou tentando "não pirar". Na minha época se eu falasse assim com meu pai, talvez eu nunca mais falasse na vida.

Shelby riu e beijou os lábios do marido.

— Vem, vamos entrar antes que comece a terceira guerra mundial pela escolha de quartos.

Crack!

Olha o que você fez! — alguém gritou do andar de cima.

— Bem vinda ao novo lar, querida. — Will sorriu para Shelby.

<...>

Will estava andando pelo segundo e terceiro andar da casa, inspecionando o que as crianças estavam fazendo. Shelby estava no primeiro andar, onde ficava a cozinha, organizando aquela área. Deus a livre de deixar os monstros chegarem perto de sua louça. Ela poderia fazer aquilo sozinha, obrigada.

— Sam! — Will chamou o filho ao entrar no quarto que o garoto de dezesseis anos escolhera.

A maioria dos móveis mais pesados já haviam sido montados dias antes e agora a casa só aguardava a chegada da família com seus pertences pessoais. No quarto de Sam havia uma beliche em formato de "L", no qual Sam escolheu o colchão de cima e deixaria o de baixo para quando Noah viesse visitar a família. O rapaz de vinte e dois anos estava atualmente cursando Engenharia Mecânica na Dartmouth, em New Hampshire.

Sam estava sentado no chão do quarto e olhou para cima quando ouviu a voz do seu pai.

— O quê?

— Como "o quê"? Pare de acariciar essa tartaruga e vai organizar as suas coisas! Não pense que Shelby vai fazer isso por você.

— Eu sei, pai. É só que... Eu acho que ele não tá muito bem.

— Ele quem?

— Yoshi.

— Oh. Bem, vamos colocar ele na caixa com um cobertor. Ele vai ficar ok. — Will bagunçou os cabelos claros do filho e saiu do quarto.

Sua próxima parada foi o quarto de seu caçula, Blaine. O garoto de dez anos estava sentado na cama encarando seus pertences ainda empacotados.

— Vejo que ainda não arrumou nada. — Will falou entrando no quarto.

— Só vou arrumar quando você prometer que não vamos nos mudar novamente.

Will suspirou e sentou ao lado do garoto.

— Você vai gostar de Hartford, Blaine. Eu morei aqui quando era criança.

— Você já foi criança?

Will sorriu debochadamente para seu filho e balançou a cabeça.

— Muito engraçado, garoto. Mas sim, você vai gostar daqui.

— Disse o mesmo de Delaware. E de Ohio. E de Maryland. — o menino encarou seus pés — Mas não muda de assunto. Ainda não prometeu que não vamos nos mudar de novo.

— Blaine. — Will suspirou — Sabe como é difícil a vida de filho de um militar, querido. São muitas mudanças, aventuras...

— Então já vi que vamos nos mudar de novo. — Blaine concluiu.

— Yeah. Isso é só uma parada. Estamos à caminho da capital do país. — Santana parou na porta, encostando no batente com os braços cruzados — Um dia ele vai ser o comandante de toda a guarda costeira americana.

Will sorriu para sua enteada e encarou o filho outra vez.

— Um dia eu vou ser o comandante de toda a guarda costeira americana. — Blaine riu — Então, não me aborreça mais e organize logo as suas coisas.

— Sim, senhor.

<...>

Rachel estava cantando junto com seu iPod acoplado no dispositivo de som enquanto pendurava na parede seus pôsteres Broadway. Santana estava bufando enquanto jogava suas coisas de volta dentro de sua mala e saía do quarto, quando deu de cara com Shelby no corredor.

— Qual o problema com o quarto, querida? — Shelby questionou.

— O problema, mãe, é que aquele anão está monopolizando tudo com as coisas Broadway dela. E eu não aguento mais ouvi-la cantar como se estivesse sozinha em casa!

You will see I can give you everything you need.

— Você não poderá dar nada se não fechar a droga da sua boca! — Santana gritou para a garota dentro do quarto — Desista, ele se foi e com certeza não vai voltar. Nem eu voltaria.

— Santana. — Shelby suspirou para sua filha — Não fale assim com sua irmã. Eu vou pedir que ela abaixe o volume.

— Por favor, faça isso. — a garota implorou — Mas não se preocupe. Vou pedir ao Will que mude minha cama para o andar de cima. Acho que o sótão daria um maravilhoso quarto. Longe do anão.

— San...

— É sério, mãe. Eu realmente gostei de lá.

— Se a Santana for ficar com o sótão, então eu posso ficar com o porão? — Brittany veio saltitando de outro quarto no terceiro andar.

— Não, querida. Nós já temos planos para o porão. — Shelby explicou gentilmente para a menina de cabelos loiros — Seu quarto e o de Blaine serão no terceiro andar, assim como o meu e do Will. Rachel então fica com esse em frente ao de Sam e Quinn fica no fim do corredor.

— E eu no sótão. — Santana disse sorridente. Shelby rolou os olhos.

— E Santana no sótão. — a mãe se deu por vencida. Ela sabia que a garota poderia irritar o resto dos meses para a mudança de quartos — Vou falar para os meninos ajudarem Will a desmontar a cama.

— Santana vai sair daqui? — Rachel surgiu na porta com um sorriso enorme ao escutar a conversa, mesmo que parecesse impossível com o volume de sua música.

— Sim. Vou me livrar de você. — Santana sorriu para sua irmã mais nova.

— Rachel, abaixe o volume, querida. Você não é surda. — Shelby pediu carinhosamente à garota.

— Mas, mãe, é Celine! — Rachel disse aquilo como se fosse um desaforo silenciar a cantora.

— Sabemos disso. Mas apenas você quer escutar no momento. — Shelby cortou os protestos da menina — Abaixe!

— Ugh! — a garota grunhiu, se virando e fazendo uma saída dramática.

— Não se atreva a bater a porta. — Shelby gritou e viu a filha segurar a porta bem a tempo de bater com força contra a fechadura.

— Bem, e eu vou decorar minha nova zona de conforto à la Santana Berry. — a garota disse com um sotaque espanhol que ela aprendeu com a antiga babá latina que a família Berry tinha.

— Eu vou ver o que Lord Tubbington está fazendo. — Brittany se dirigiu para as escadas que levavam ao terceiro andar — Se ele estiver lendo meu diário novamente, eu juro que vou...

Shelby em um segundo se viu sozinha no corredor e balançou a cabeça para suas crianças. Ela era muito sortuda pela família que tinha. Um marido maravilhoso que a amava e que ela amava de volta, um casamento feliz, crianças lindas e inteligentes que ela faria qualquer coisa por cada um deles e uma casa nova para um novo começo. Ela era realmente afortunada. Sua vida estava tranquila novamen-

Mãe! — uma voz gritou seguido de um barulho alto de coisas caindo.

Sua vida era perfeita.