— Ah, que saudades eu estava dessa família.
Noah se jogou ao lado de Santana no sofá, aproveitando para puxar o rabo de cavalo da irmã com implicância. Santana devolveu um soco no braço do garoto, que sorriu para ela.
— Por que você está aqui tão cedo? A gente tava te esperando só no dia do Memorial. — Sam perguntou, sentado na poltrona com Yoshi no colo enquanto acariciava o casco da tartaruga.
— A faculdade fechou para essa semana, apareceu alguns insetos indesejáveis e o campus tá fechado pra dedetização.
— Que nojo. — Rachel franziu o nariz e se levantou do sofá — Bem, eu vou para o meu quarto. Preciso ensaiar para o solo que vou apresentar amanhã.
— Ah, não. — Santana gemeu.
Rachel ignorou sua irmã e subiu as escadas.
— Então, querido. — Shelby sentou ao lado de seu filho quando Rachel desapareceu — Como está indo em New Hampshire? Alguma garota?
— Mãe! — Noah resmungou, jogando a cabeça para trás no encosto do sofá — Tá bacana. Festas, mulheres, bebidas. Super legal.
— Noah! Aquilo é uma universidade, não uma boate.
— E você acha que não teria isso? — Noah se encolheu em inocência — É a universidade, como você diz!
— Ouvi dizer que as festas da Dartmouth são umas das mais badaladas. — Will comentou saindo da cozinha e ocupando um lugar na sala.
— Will! — Shelby ralhou.
— São muito boas. — Noah continuou com um sorriso para irritar Shelby — No dia seguinte ninguém sabe o próprio nome.
— Eu só espero que você esteja se cuidando, Noah Berry! Eu sou muito nova para ser avó.
— Relaxa, mãe. Puckassauro não deixa o pior acontecer.
— E você conserta muitos carros, Puck? — Blaine perguntou animado.
— Ainda não, tampinha. Mas em breve. — Noah sorriu para seu irmão caçula — E eu vou te ensinar todos os truques.
— Legal!
A voz de Rachel podia ser ouvida além das paredes de seu quarto, repetindo a mesma música pela enésima vez, enquanto o resto da família conversava na sala.
— Faz ela parar com isso, pelo amor de Deus! — Sam suplicou com uma almofada na cara — Já chega, Rachel. O cara é um trouxa, ele foi pego e tá arrependido. Já sabemos que ela não o quer mais! — ele gritou.
— Eu realmente senti falta de todo o drama familiar. — Noah brincou, passando os braços por cima dos ombros da irmã e da mãe.
— Deixa eu ir pra New Hampshire no seu lugar então? — Santana pediu ao irmão — Você pode ficar aqui com o anão e todo esse drama o tempo que quiser.
Noah riu e bagunçou os cabelos de Santana, para irritação da garota. Um toque de celular a interrompeu de tentar acertar o irmão e ela deu um salto do sofá com a mensagem de texto.
— O que te deu, menina? — Shelby perguntou confusa.
— Eu preciso me trocar. Tenho um compromisso em meia hora. — ela falou apressada, correndo até as escadas — Britt, vamos!
— Ei, ei, calminha aí. — Will parou as duas meninas — Aonde vão a essa hora? E com quem? Com que permissão?
Santana revirou os olhos e recebeu um olhar de repreensão de sua mãe.
— Vamos sair com alguns amigos da escola, ok? Nada sério, apenas se divertir um pouco.
— Amanhã vocês têm aula!
— Sabemos, e não vamos demorar. Relaxem, estaremos de volta sãs e salvas... Antes de duas da manhã.
Will arregalou os olhos.
— Nem pensar! Quero as duas aqui às 10h!
— Tá bom, papaizinho. — Santana devolveu irônica e subiu com Brittany em seus calcanhares.
— Nos trouxe em uma... Lanchonete? — Santana ergueu uma sobrancelha.
O garoto alto coçou a nuca sem graça e encarou a menina morena em sua frente.
— Achei que você ia gostar. E seria legal te mostrar o melhor hambúrguer de Hartford, depois daqui você não vai querer ir em mais lugar nenhum.
— Eu gostei daqui. — Brittany sorriu de pé ao lado do amigo de Finn, David.
— Tanto faz. Vamos entrar porque eu estou faminta. — Santana deu de ombros e seguiu para dentro com os outros três adolescentes atrás dela.
A garçonete veio até a mesa do grupo e anotou os pedidos de bebidas. Finn sorriu para a mocinha em agradecimento e encarou David, fazendo um gesto com a cabeça que o garoto logo entendeu.
— Hey, Brittany. Quer ir dar uma olhada nos jogos que eles têm aqui? — David sorriu para a menina loira sentada ao seu lado no banco acolchoado.
Santana ergueu uma sobrancelha, ela sabia qual era a dele, e viu quando Brittany sorriu largamente e assentiu fervorosamente. Jogos eram um ponto fraco da garota, ele a tinha na palma da mão.
Finn olhou para Santana e deu um sorriso de lado quando foram deixados a sós. Ele ergueu o braço para colocá-lo sobre os ombros dela, mas a menina apenas balançou os ombros e se afastou.
— Calminha aí, gigante. Eu conheço essa tática.
— Mas eu não fiz nada demais. Achei que... Que pudesse estar com frio.
Ela deu uma risada sarcástica e o encarou com cinismo.
— Conta outra. — rolou os olhos e viu como o garoto encolheu os ombros — Você acha mesmo que eu não saquei qual era a sua quando me convidou para sair? Está óbvio!
— Hmm?
— Finn... Você quer transar comigo. — Santana disse, direta — A desculpa de trazer a Brittany foi um disfarce. E, pra falar a verdade, foi péssimo.
Finn estava vermelho até nas orelhas. Ok, ele sabia que ela não era burra, mas não se dera conta que ficara tão na cara!
— Então, o que recomenda? — perguntou erguendo o cardápio.
Finn sorriu sem graça e se inclinou para ajudá-la a pedir. Depois de minutos apenas olhando o cardápio, a garçonete trouxe as bebidas e eles tomaram um gole. Finn limpou a garganta e encarou Santana.
— Então...? — ele começou.
— Então... — Santana repetiu.
— Err... O que você diz?
— Sobre a bebida? Podia ter mais gel-
— Não! Não sobre a bebida. Sobre... Sobre o que você... Concluiu. — ele estava nervoso. Inferno, Finn Hudson nunca ficava nervoso! — E se for mesmo isso?
Santana suspirou antes de encarar o menino de volta.
— Eu não vou transar com você, Hudson. Pode aparentar que eu estou dando mole pra você, o que de certa forma me ofende, mas só porque você é gatinho. Mas... Não vai rolar. Desculpe.
— P-por que? Ninguém nunca me rejeitou.
— Pois é, garotão, tudo tem sua primeira vez. — Santana piscou um olho e voltou a beber seu refrigerante calmamente.
Se ela pensava que aquilo bastava, Finn pensou, ela estava errada.
Blaine e Kurt estavam andando pelo corredor dos armários até o refeitório quando dois meninos atrapalharam o trajeto deles.
— Oh, veja só, Henry. Se não é o mais novo casalzinho da escola. — falou o mais alto de cabelos claros penteados para trás.
— Nhe nhe nhe, Blaine. Vamos nos beijar. — o outro garoto, Henry, afinou a voz e fechou os olhos azuis, franzindo os lábios como se fosse dar um beijo e soltando gargalhadas em seguida.
Blaine fechou as mãos em punho em cada lado de seu corpo e endureceu o maxilar. Kurt percebeu e se aproximou do amigo.
— Parem com isso ou eu vou até a diretoria dizer o que vocês estão fazendo.
— Oh, que medinho. — Henry pôs as duas mãos no rosto fingindo espanto — E se eu te impedir de fazer isso, maricas? Hein?
— Ei, não o chame assim. Você não tem direito! — Kurt deu um passo a frente.
— Awn, o namoradinho vai defendê-lo. — o outro menino, Amos, caçoou.
— Eu já disse para pararem de fazer isso. Ou então...
— Ou então o quê, maricas?
— Ou então, isso. — e o que aconteceu em seguida foi o punho de Blaine voar diretamente no olho de Henry.
Pelo menos, ele lembrou de deixar o polegar fora do punho. Como Puck havia ensinado.
— Merda! O que você fez? — Amos gritou. Henry levou as duas mãos ao olho atingido, urrando de dor.
— Eu vou te matar, seu maricas!
Logo os dois meninos estavam rolando no chão enquanto os alunos se amontoavam ao redor, assistindo. Kurt estava petrificado com o que Blaine fizera com Henry, enquanto Amos tentava ajudar seu amigo a atingir Blaine. Ouvindo a confusão no corredor, um professor foi averiguar e viu a confusão de alunos amontoados. Pedindo passagem entre as crianças, ele encontrou os dois meninos se atracando no chão. Ele rapidamente os reconheceu.
Com a ajuda de outros dois alunos mais velhos, o professor conseguiu apartar a briga. O olho de Henry já estava preto azulado e ele tinha alguns arranhões nos braços. Blaine tinha o canto de seu lábio inchado e sangrando e a blusa rasgada.
— Benson! Schuester! Me acompanhem imediatamente. — o professor ordenou e os dois meninos se encararam com raiva.
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