Os olhos violetas

Capítulo 6 - Onde você está?


Obviamente o que tia Rosa escreveu não é nada para se preocupar, pensei, mas ela não nos diria isso atoa. Olhei do céu para Sofia, que estava feliz, nadando no lago.

– Consegui falar com a tia Rosa – Levantei a mão chamando-a para perto. Em seguida fomos atrás de Robert que se divertia vendo um homem cuspir fogo. – Consegui falar com ela. – Repeti para ele.

– Eu sabia que conseguiria – Rob veio correndo em minha direção. – Onde ela esta? Qual o tamanho do perigo? Também estamos? Devo ter medo?

– Com o que? – Sofia estava ao meu lado, muito confusa em tentar entender a fala do menino. – Do que você está falando?

– Precisamos de Logan, só com ele aqui contarei o que está acontecendo. – Declarei.

– Rob, você é forte? – Perguntou Sofia, enquanto andava em volta dele.

– Não muito. Por quê? – Respondeu ele tentando acompanha-la com os olhos.

– Eu havia esquecido que tem sete ou oito anos, mas queria saber se você conseguiria ir até Logan, o mais rápido possível, e leva-lo para casa. – Então a Arqueira olhou para mim. – Para onde iremos agora.

– Oito. E Consigo ir até Logan, mas ele não irá me ouvir - Disse Rob parecendo deprimido com tal ideia. – Sei que ele não gosta de mim

– Robert, presta atenção e diga a ele que dia Rosa fez contato comigo. E só ele pode nos ajudar a achar o que precisamos.

O menino ouviu cada palavra com muita atenção e, em seguida, correu em busca do mais velho do grupo. Entramos no táxi e fomos para casa. Quando chegamos fui para a sala e pedi para a Sofia ir buscar os livros que havia lido no outro dia. Ela correu pelas as escadas, pegou os livros e os enfileirou na mesa.

– Onde está Sra. Rosa? – Ouvi uma voz firme atrás de nós.

– Tenho apenas uma mensagem dela. Em que não diz onde ela está exatamente – Peguei o papel que estava em meu bolso – Mas apenas nós dois podemos lê-lo. – Olhei para os mais novos, chegando mais perto de Logan. – Leia.

O garoto a minha frente mudou as expressões do rosto enquanto lia. Olhou para mim, não vi apenas preocupação em seus olhos, mas em um momento houve temor. Ele estava com medo de algo. Mas esse sentimento mudou tão rápido quanto chegou.

– Entrem no carro. – Logan olhou para as crianças e, quando se foram, me fuzilou com o olhar. – Quando recebeu isso?

– Remendo me entregou há quase uma hora atrás. – Demonstrei compaixão. – Quem é esse ancião?

– Do que está falando? – Ele olhou para a folha em suas mãos pegou uma outra e uma caneta. – Não li sobre ancião nenhum. Li isso. – Quando acabou de reescrever me mostrou. – Deve ter alguma coisa nesse papel para lermos cartas diferentes numa mesma folha.

Logan, meu jovem,

Você tem que parar de discutir com Suzanna, Remendo me contou tudo. Ela não gosta de ver as pessoas triste e tenta ajudar. Suzanna, não teve uma vida difícil, mas sempre gostou de ajudar. Eu quero que você ajude-a também. Onde estou, descobri coisas. Uma delas é que não sou apenas eu em perigo, vocês também estão.

Não diga a Robert que estou em perigo, mesmo sendo mentira, diga a ele que estou a salvo. Ele tem um coração de muito medo reprimido, não o deixe com mais. Lembra-se da sua lista? Lembra-se do quarto nome? Ele mudou de lado.

Harry Wegel está no clã dos olhos de fogo. Recorda de quando eu lhe contava histórias para dormir? E um dia disse que havia um mito dos olhos de fogo? Que em cada momento os olhos de quem é desse clã mudava de tonalidade, igual ao fogo?

Não tenho tempo para te lembrar de tudo. Você sabe o que acontece com os que viram ou são deste clã, certo? Cuide de seus amigos, e os proteja.

Com carinho,

R.

Olhei para Logan, seu olhar preocupado me fez lembrar do meu pai. No dia em que voltou do trabalho mais cedo. Seus olhos estavam assim também. Ouvi atrás da porta naquela noite. Meu pai dizia que tinha que ir para uma floresta e resolver um problema. Ele pediu para minha mãe cuidar de mim e dizer que ele me amava muito. Vi eles se beijando. Foi um beijo de despedida, minha mãe sabia que ele não voltaria, ela tinha de saber.

Eu acho que já sabia que ele não voltaria. Quando fui correr para falar com ele, meu pai já havia saído de casa. Saído de nossas vidas. Minha mãe diz até hoje não saber como ele morreu, mas sei que isso é mentira.

– O que ela te disse? – Logan me perguntou antes de entrar no carro.

– Disse que Remendo é um nome feio para uma águia tão linda e que precisamos falar com Zackary. Ela disse que você sabe quem ele é.

– É, eu sei quem ele é. – Logan entrou no carro e deu a partida. – Vamos para uma cidade deserta. Só ficaremos lá esse final de semana.

– Vamos para a casa de um amigo de Logan, não se preocupem. – Eu disse para as crianças.

– E a sua tia? – Me perguntou Robert. – Cade ela?

– Ela está muito bem – Logan mentiu por mim. – Está segura. – Olhou em meus olhos ao afirmar isso para Rob.

Com essas palavras a viagem até a casa do ancião foi em silêncio. Cada um preocupado da sua forma. Nós até parecíamos mais uma família agora do que antes. Ou familiares distantes. Tínhamos todos olhos azuis. Todos PARECIAMOS ter olhos azuis, pensei.

Pensei sobre a escolha, o que faríamos a respeito. Aos nossos amigos de lá. Será que é comum por aqui faltar tantas aulas? Em nenhum momento o Reitor reclamou conosco....

A viagem durou quase duas horas, mas parecia muito mais. Logan nos apresentou a um homem. Um pouco mais velho que minha mãe. Mais ou menos da idade de minha tia. Este era Zackary, o ancião. Ele mostrava em seus olhos castanhos que não era como nós., mas daria abrigo, está noite. Onde fomos parar não era em uma casa. Era tão grande que eu não sabia nem do que chamar.

– Zackary. – Eu disse após me sentar no sofá. – Não somos apenas amigos de Rosa. – Ele me olhava com curiosidade. – Sou basicamente sobrinha dela.