Os olhos violetas

Capítulo 48 - Bye bye Mike


Afinal, qual seria o problema? Eu me importando com mais alguém? Meu pai ficaria orgulhoso do tamanho do meu coração, já que o dele era assim. Com seus olhos uva ninguém nunca implicou, então sempre era cheio de sorrisos. Minha mãe ficaria “contente” em ver sua filhinha ajudando um moribundo. Talvez não muito se soubesse que Harry pode ter participado do rapto dela. Não ficaria feliz, com toda a alegria e tudo mais. Na verdade, acho que nunca vi Rachel assim. Mãe de uma Olhos, esposa de outro. Rachel teve que se enfiar nessa história sendo apenas uma Normal. Minha mãe.

*Faz duas semanas desde a noite no apartamento de Harry e todos os dias acordei, passei no quarto dele, dei sua comida e também suas ervas medicinais. Após todo o processo de conferir como estava seus ferimentos eu descia e comia pão com ovo acompanhada por Logan, Sofia, Justin e Bernardo. Michael, Asheley e Robert dormiam até a hora do almoço, que era quando eu os via.

Apesar dos meus deveres em casa, como cuidar do doente e ajudar na horta de Nature, eu saia todas as duas horas da tarde para ir ao meu novo trabalho. Livraria Paige Montana. Eu tive que decorar onde ficava muitos escritores, o que nem foi tão complicado, já que a livraria era dividida em assuntos e não em nomes, em geral. Não voltei a escola ainda, pois pelo que entendi estão de férias. Eu nem sabia que tinham férias em Maio, já que nunca fiquei muito tempo em uma escola, mas tudo bem. Depois das nove da noite, quando terminava meu turno, Logan me trazia para a casa de Zack.

Logan estava trabalhando como Salva-vidas de manhã, então não o via no almoço. Quando está de tarde eu não sei o que ele anda fazendo, mas a noite também está trabalhando, como assistente em uma academia local. Bernardo também trabalha nessa academia, mas das cinco até as onze, então não passa na livraria da Paige para me buscar. Robert tem ficado o dia inteiro em casa. Sofia e Justin andam passeando por ai e, pelo menos para mim, não dão muitas explicações. Não sei por que Justin veio conosco para a casa de Zack para inicio de conversa, contudo, não tenho crítiicas contra uma pessoa que ajudou a salvar outra. Mike e Asheley estão ficando em casa também, então não sei bem o que eles fazem.

Depois de ajudar mais uma vez Harry com o banho finalmente parei para respirar nessas duas semanas e pude perceber que não corri atrás da cura de minha mãe. A Cura. Rachel pode está piorando e eu nem tenho notícias dela. Tia Rosa raramente manda uma mensagem e com esse novo emprego e essa tentativa de vida eu não tive como ir a Grécia.

– Quero vê-la! – Cheguei correndo no primeiro andar e parei na sala de jantar. Olhei rapidamente para a janela e percebi que está muito escuro mesmo. – Zackary, você disse que minha mãe está na casa de Rosários. Eu vou para lá agora! – Andei até a porta de saída e percebi que ninguém protestou nem nada. – Devem estar naquele sinistro laboratório, não é mesmo?

Olhei por cima do ombro e percebi que ninguém estava na sala de estar, onde eu caminhava agora. E não tinha nenhum movimento na sala de jantar. Dou meia volta para conseguir a tal “autorização” que preciso. O único sentado a mesa era Mike.

– Você viu o Zack? – Perguntei ainda apoiada na porta que liga as duas salas.

– Vi. – Falou o principe ficando em pé e andando lentamente até a mim. – Precisamos conversar sério. Vamos para a sala de estar... – Eu já estava lá!

– Quer falar sobre o que?

Sentando na poltrona do Zack, Mike apontou para a seu lado, onde tinha uma poltrona mais simples. O braço de uma delas tocava no da outra, por estarem próximas. Assim que sentei, Mike colocou minha mão na dele, de uma forma gentil e quase imperceptivel.

– Vou embora. – O principe disse em alto e bom tom. Até tentou sorrir como se realmente quisesse ir. E por incrível que pareça eu me feri com isso. Cara... Eu devo estar perto da mestruação, só pode. Nunca fui tão sentimental antes. – Isso quer dizer que já falei com minha irmã. Não posso ficar tanto tempo longe do reino. Sei que fui eu quem saiu de lá, para inicio de conversa. Contudo, sei agora que ficar longe de casa não é muito bom. Mesmo tendo você perto de mim. O lado bom é que tem chance de eu chegar ao meu presente no mesmo momento que estou agora... Significado, terá passado pouco tempo desde que saí.

– Então, você vai voltar para seu presente hoje? Se quiser posso levá-lo. Afinal, eu consigo ir para o passado, você apenas consegue voltar para seu presente, nesse caso você não perderia nenhuma hora em seu presente. Caso você fosse sozinho chegaria pelo menos dois meses depois de sua saida. Sei que se eu quisesse conferir o futuro você me levaria. Sabe... Sinto como se você fosse da família. Vocês dois, na realidade. Rob ficará triste com sua ida, pelo menos terá sua irmã aqui.

Seus dedos passavam pelas linhas que minha mão contém e de vez enquando Mike levava meu pulso até a boca. – O que devo fazer se a melhor parte de mim é você? – Perguntou com a boca ali ainda. – Eu não quero ir embora, sabendo do que está por vir. Não posso deixa-la sozinha. Eu penso em como pessoas se apaixonam de jeitos... não sei dizer...

– Misteriosos?

– Não. Não é grande mistério como sinto isso, nem porque sinto. Mas deixa para lá, princesa. Eu não quero falar de como me sinto agora. Preciso avisar que por alguns dias ficarei no reino, nem que seja para ver como estão as coisas. Ash também irá. – Me avisou o principe. – Agora mesmo está falando com Rob. Precisa voltar para aquele principe estranho...

– Então, você vai mesmo? E como vou voltar a ver-te? Vou voltar a te encontrar?

– Claro que sim, minha princesa. Vamos nos casar um dia. – Mike sorriu e voltou a beijar minha mão de uma forma muito linda e carinhosa. – Mesmo você não acreditando.

– E mesmo você sendo da minha família?

– Já te expliquei esse argumento. – Ainda sorrindo Mike se ajoelhou na minha frente e pegou minha mão.

– Não faça o que estou pensando, Mike. – Sussurrei, apesar de estar curiosa.

– Não farei. – Parou de sorrir o homem e voltou a me encarar com meus próprios olhos. Antes eram apenas olhos normais. Depois vieram olhos dourados, olhos negros e agora olhos violetas para a minha vida. – Preciso que me devolva o anél do nosso clã por uns dias. Preciso voltar ao meu tempo e também tenho que ir à vidente ver se existe mais alguma profecia. Acho que até pararei para jogar um tarô. Acredito que o que está por vir vai ser pior...

– Profecia? E precisa do meu... Nosso anél?

– Preciso. Não ficará muito tempo sem. – Avisou-me, Mike se levantando e puxando minha mão para que eu também fique em pé... – Ando com alguns presentimentos estranhos. E por incrivel que pareça, não poderei estar aqui esses dias, mas sei sobre o livro que estava em seu quarto.

– Como assim? Sabe por que só as armas de fogo funcionam dentro do túnel? E possivelmente depois?

– Não é que eu saiba por que, e sim o que você irá encontrar.

– Uma menina. – Sorri. – Eu a vi em minha mente. Loira, com o cabelo até o ombro. Parece ser um pouco mais nova que Sofia. Com certeza não tem nem quatorze anos. Pelo o que vejo terá um quardião com ela. Li no livrinho que Parole é trancafiada em uma gaiola a mais de dozentos andares do chão, sendo que não faz sentido, já que está dentro de uma montanha.

– A montanha é mágica. Não a montanha em si, mas o túnel é. Dentro dele há um labirindo, se conseguir chegar ao final do labirinto, você não precisa passar pelos andares. Sendo assim, sabe que não precisa passar pelos dozentos desafios, não é mesmo?

– Erh... Não sabia nem que tinha desafios. Seriam testes?

– O importante agora é você conseguir se guiar lá. E se só as armas e os dons dos Olhos que pertencem aos olhos de fogo funcionam... Você terá que ir com Bernardo e o garoto o qual você salvou. Ambos são do mal.

– Nenhum deles é. – Vejo seus olhos violetas presos nos meus e um cacho castanho caindo em sua testa. – Talvez o Harry, mas não o Bernardo. Ele até está “saindo” permanentemente do clã dos olhos de fogo. Seu antigo simbolo está quase desaparecendo.

– Então você não tem tempo a perder. – Mike cortou meu argumento, para que o foco fosse outro. – Logo o Bernardo não poderá te acompanhar, e só o Harry. Ninguém confia nesse garoto, nem eu, minha princesa.

– Eu preciso ver minha mãe.

– Não, você precisa salva-la. Então, precisa de Parole. Mas saiba... – Mike me alertou, rodando meu anél agora em seu dedo. – Ninguém nunca conseguiu tirar a menina da gaiola.