Os filhos do tigre

Relacionamentos - Kamala


Há alguns anos, meu pais e meu irmão foram à Índia, enquanto minha tia Nilima e seu marido faziam uma viagem romântica. Durante meses, eu não os vi, embora falasse com eles pelo menos uma vez por semana. Bom, eu falava com meus pais, porque Anik estava muito ocupado para falar comigo.

Algo aconteceu na viagem que mudou o meu irmão. Ele finalmente conheceu alguém que mexeu com ele. Anik se apaixonou por uma moça que trabalhava na casa de meus tios. Radha era muito tradicional e recusava-se a ter um relacionamento com meu irmão, porque acreditava que as diferenças culturais e sociais entre eles eram muito grandes. Mas Anik não desistiu e com o tempo, acabou conquistando Radha, que tornou-se sua namorada e em poucos meses, sua noiva.

Meus pais me contaram que Radha era uma iogue que e meu irmão começara a praticar a ioga também. Ele permaneceu na Índia depois que meus pais voltaram aos Estados Unidos. Anik e Radha viajaram a lugares místicos e sagrados por toda a Índia. Eu recebi vários cartões postais de Hampi, das cavernas de Katra e do templo de Vaishno Devi, do monte Kailash e de vários templos dedicados aos deuses Durga, Shiva e Ganesha.

Às vezes Anik ligava para mim e então eu notava o quanto ele estava diferente. Ele nunca fora religioso, embora sempre tenha se interessado pelo misticismo das religiões antigas. Apesar de nossa ascendência indiana, meu pai não era tradicional, sua mãe era asiática, Mamãe era americana, por isso, nossa família era multicultural. Nunca imaginei que meu irmão fosse abraçar a religião hindu como ele fez.

Anik começou a falar comigo sobre os Deuses, sobre o mal e sobre o destino. Eu amava meu irmão, mas seu novo estilo de vida me incomodava um pouco. Eu sentia falta do meu companheiro, com quem eu podia falar bobagens e conversar sobre coisas leves. Anik tornou-se tão filosófico e profundo, parecia estar sempre tentando me converter à sua nova religião. Eu tentava relevar, pensando que era apenas uma fase, mas eu não me sentia à vontade com meu próprio irmão.

Depois de algum tempo, eu também conheci alguém e me apaixonei. Seu nome era Robert e ele era professor de economia na universidade. Robert era dez anos mais velho do que eu. Eu o conheci em um palestra da universidade sobre gestão empresarial. Ele era o palestrante e me pareceu genial. Eu tinha várias perguntas ao final da palestra, então, achei melhor procurá-lo em seu gabinete. Eu liguei no dia seguinte, pedindo para falar com ele. Robert aceitou me receber e marcou uma reunião para aquela mesma tarde.

Eu me vesti formalmente, prendi os cabelos em um coque bem sério, passei um batom discreto nos lábios e fui me encontrar com o professor Robert. A porta de seu gabinete estava fechada, então eu bati uma vez e esperei. Uma voz máscula respondeu:

— Um momento, por favor!

Após alguns segundos, Robert abriu a porta. Ele estava ao telefone, então, acenou para que eu entrasse e fechou a porta atrás de mim.

— Tudo bem, mas nós precisamos ficar atentos a isto. Ele é um investidor muito importante. Me liga assim que tiver notícias. Até logo.

Robert desligou o telefone e me pediu desculpas.

— Perdoe-me, eu não pude interromper a ligação. Mas agora eu sou todo seu.

Robert riu e eu corei, então ergui o rosto e meus olhos encontraram os dele. Pela primeira vez, notei que, além de brilhante, professor Robert era um homem bonito. Ele tinha os olhos verdes e os cabelos negros, lisos e bem arrumados. Sua boca sensual exibia um sorriso largo e branco. Os ombros de Robert eram largos e, embora usasse um blazer alinhado, dava para notar que seu corpo era musculoso. Mordi os lábios desejando poder tocar nos braços largos do professor.

— Então, Kamala. É esse o seu nome não é?

A pergunta de Robert me trouxe de volta à realidade.

— Sim, eu sou Kamala.

— E sobre o que a senhorita gostaria de falar comigo?

— Ah, sim. Eu estive em sua palestra ontem e fiquei com algumas dúvidas. Gostaria de lhe fazer algumas perguntas.

A conversa começou muito formal. Robert me tratou com muita seriedade e profissionalismo. A conversa se estendeu por toda a tarde e então ele me convidou para jantar.

— Kamala, me desculpe, mas eu estou com fome. Você deve estar também. Poderemos continuar essa conversa outro dia, ou então você pode me acompanhar em um jantar. Gosta de comida italiana? Conheço um ótimo restaurante aqui perto. — Ele levantou-se e pegou suas coisas, então estendeu a mão para mim — Vamos?

Eu pretendia agradecer o convite e marcar outro dia para conversarmos, mas, ao invés disso, segurei a mão de Robert e me levantei. Meu corpo ficou muito perto do dele e eu senti seu cheiro de loção após barba. Minhas pernas tremeram. Robert me olhava intensamente, então baixou a cabeça e beijou meus lábios. Foi apenas um toque leve, delicado e muito rápido, mas fez meu coração bater depressa. Robert me olhou e sorriu, mantendo a mão em minhas costas, depois sussurrou:

— Então Kamala, quer jantar comigo?

Naquele dia, Robert e eu começamos a namorar. Ele era maravilhoso: bonito, carinhoso, inteligente, interessante e muito sexy. O fato de ser mais velho do que eu não me incomodava em nada. Ao contrário, ele me ensinou muitas coisas.

Meus pais não gostaram muito de saber que eu estava namorando um professor da universidade, mas quando o conheceram, ambos simpatizaram com Robert. Meu pai e ele tinham muito em comum, pois, ambos eram economistas, papai empresário e Robert acadêmico. Ele acabou tornando-se consultor das empresas Rajaram, e nos ajudou a obter muito lucro,

Quando me formei na faculdade, Robert me pediu em casamento. Eu estava apaixonada por ele e não tive nenhuma dúvida ao lhe dizer "sim".