Kamala 3

Depois da reunião que tive com Robert e o novo investidor, Mahish, eu procurei meu irmão para pedir-lhe ajuda. Robert deixou claro que continuaria com a reestruturação das Indústrias Rajaram e que atenderia às exigências de Mahish, para mantê-lo com investidor. Mahish por sua vez, deixou claro que não abriria mão de levar a matriz da empresa aos Estados Unidos. E também deixou claro que tinha outro interesse além da empresa.

Na manhã da reunião, cheguei bem cedo às empresas para ler com atenção todos os documentos. Mahish chegou pouco tempo depois e entrou na sala de reuniões. Ele se comportava como dono da empresa ou membro da diretoria. Ao me ver na sala, ele foi simpático e respeitoso.

— Bom dia.— Ele caminhou em minha direção com a mão estendida — Você deve ser Kamala. Como vai?

Apertei sua mão com firmeza.

— E o senhor deve ser Mahish.

Mahish era um homem estranho. Ele era bonito, muito bonito aliás. Ele tinha um sorriso enigmático, mas de um jeito ruim. Era simpático e carismático, mas havia algo em seu olhar, algo perverso. Mahish não me parecia confiável. Ele me disse que havia pedido à secretária que nos trouxesse um café e começou a me perguntar sobre a minha viagem.

— Soube que você saiu para uma despedida de solteira, bem longa, diga-se de passagem. Mas seu noivo cuidou muito bem da sua empresa na sua ausência. Tenho certeza de que ficará satisfeita a ver nossos números.

— Nossos números?

— Perdoe-me querida. Eu já me sinto parte desta empresa. E sou mesmo, de certa maneira.

Assim que ele soube sobre o fim do meu noivado, no entanto, Mahish mudou completamente de atitude. Ele nem tentou disfarçar seu interesse por mim e passou a me paquerar descaradamente, me encarar e me fazer propostas, deixando tanto eu quanto Robert desconfortáveis.

Ao final da reunião, Robert e Mahish deixaram claro que não mudariam seu posicionamento em relação à condução dos negócios de minha família.

— Até onde eu sei, Robert é o presidente e controla as ações de seu irmão, Sohan e os outros acionistas votaram a nosso favor. Creio que você é voto vencido, minha querida.

Saí da reunião e liguei para os advogados da empresa. Eu precisava saber como eu poderia reverter a decisão da presidência. Soube que qualquer decisão em relação aos negócios deveria passar pela diretoria, pelo presidente e pelos acionistas majoritários. Caso algum acionista não fizesse parte do conselho, como era o caso de Anik, o presidente assumiria o voto deste. Os acionistas minoritários seria, representados pelo voto da diretoria. Eu sabia que a diretoria votaria com Robert e contra mim,Os outros votos seria o dos acionistas. Minha única chance seria convencer meu irmão a integrar o conselho e votar comigo. Eu precisava da ajuda de Anik.

Meu irmão aceitou me ajudar, e, mesmo que aquela nunca tenha sido sua vontade, passou a integrar ao conselho diretor da empresa. Agora eu estava confiante de que conseguiria vetar os projetos novos, mas estava ciente de que perderíamos muitos investidores, inclusive Mahish, que tornara-se uma espécie de deus naquela empresa. Eu precisava convencer a todos que poderíamos continuar ganhando muito dinheiro sem ter que sacrificar tantos empregos. Então preparei-me para a próxima reunião.