Os escolhidos

Apenas adolescentes e nova amizade


Acordo sentindo um grande peso me esmagar e sinto falta de ar. Droga! Banguela estava deitado em cima de mim novamente.

— Banguela… s-sai de cima d-de mim, preciso de a..r – Digo sentindo o ar deixar meus pulmões. Não acredito que vou morrer sendo esmagado pelo meu cavalo que virou dragão.

Ele boceja e lentamente sai de cima de mim me olhando como se eu fosse um incomodo para ele. Idiota!

As coisas na minha vida estavam cada vez mais bagunçadas. Saber que você é a encarnação de guardiões de outro mundo que lutaram contra a escuridão que agora pretende ameaçar a terra e que vou ter que reunir os outros guardiões não é coisa simples. Como é que se luta contra a escuridão? E que raios é essa escuridão?

Além disso tudo descubro que os outros guardiões são: minha ex melhor amiga que a propósito agora me odeia, um garota que é amiga da minha ex namorada que também me odeia, e meus dois melhores amigos que discutem mais do que respiram.

E para completar o pacote descubro que meus pais vão me obrigar a depois da escola ir para a empresa deles para aprender a gerenciar tudo. Decidiram meu futuro sem nem mesmo saber o que acho disso. Minha vida é uma maravilha.

Tomo um banho rapidamente, me visto e desço para tomar café. Mas antes tranco meu quarto para que nem o banguela nem a Toothiana consigam sair. Seria um desastre se minha mãe ou meu pai vissem uma fada e um dragão no meu quarto. Toothiana disse que ficaria até conseguir juntar todos os guardiões para assim começar a fase dois. E não me perguntei qual será a fase dois porque eu também não sei.

Na hora do café meus pais trocam farpas como sempre até que começam a falar sobre a empresa. Era impressionante a sincronia que tinham ao falar da empresa. Eu gostaria de um dia ser digno de algo tão grande. Mas parecia impossível, como eu poderia me tornar no grande e invencível Stoico?

Vou para a escola sem ânimo nenhum para nada. Depois do beijo que a Merida me deu acho que nossa relação ficou pior ainda. Parecia que a cada um passo para frente dávamos mais dois para trás.

— Posso falar com você? – Astrid me pergunta na hora do almoço antes de eu entrar no refeitório. Ela estava péssima, com olheiras, olhos vermelhos e parecia bem cansada. Eu não a amava mais, porem senti pena de vê-la naquele estado.

— Não. – Digo sem olha-la, eu estava com pena mas não seria burro o suficiente para me deixar levar por ela. Quando tento passar ela agarra minha mão com força.

— Sei que sou difícil e durona, sei que já errei muito e não te dei valor mas eu te amo Hiccup. Achei que não sabia o que isso significava mas nesse tempo que passamos separados pude perceber que eu realmente te amo. Não me abandona, eu posso melhorar com sua ajuda. – Ela diz entre lágrimas. Eu estava chocado demais para falar qualquer coisa. O que mais me impressionava era o fato de eu acreditar nas palavras dela mesmo depois de todo o mal.

— Me desculpe Astrid mas eu não posso, nós não podemos ficar juntos… passei minha vida te amando mas você matou esse amor a cada dia da nossa relação. – Digo e a vejo balançar a cabeça negando e com varias lágrimas. – Sinto muito. – E eu sentia de verdade, mesmo não querendo eu sentia.

— Tudo bem, mas você vai se arrepender! – Ela quase grita mas ainda posso ver as lágrimas brilhando nos seus olhos.

Deixei-a e entrei no refeitório me sentando com Jack numa mesa próxima há das meninas mais uma vez. Eu estava decidindo se contava ou não para Jack sobre sermos reencarnações de guardiões. A Fada me disse para esperar para temos certeza se os poderes deles despertaram mas eu não estava aguentado mais pensar em tudo isso sozinho. Até o Batman tem ajuda do Robin para pensar por isso não me julguem.

A duvida estava me corrompendo, Jack era meu melhor amigo mas mesmo assim acho que se eu contar a ele sobre isso ele mandara me internar num hospício.

O que vocês fariam se seu melhor amigo viesse até você e dissesse que são reencarnações de guardiões do universo e que existe outro mundo além da terra onde existe magia, pior ainda, que juntos terão que enfrentar algo que ameaça o mundo?

Somos apenas adolescentes não guerreiros, temos problemas como escolher a universidade, corações partidos e festas para ir mas nunca algo como lutar contra a escuridão…

POV Rapunzel

Acordei com uma dor de cabeça terrível por ter chorado a noite inteira mas ao levantar a primeira imagem que me veio a mente foi a do Flynn. Me sinto meio boba por corar só de lembrar dele.

Amanheci decidida a tentar fazer novos amigos, não vou chorar pela Astrid e pelo que ela acha de mim. Vou recomeçar do zero.

Meu corpo pode ser frágil por causa da minha doença mas não me impede de tentar ser feliz. Não sei se viverei até amanhã ou até próximo ano, a minha única certeza é o hoje por isso vou fazer meus sonhos se realizarem e vou ser feliz.

Quando cheguei a escola minhas palavras de incentivo foram para baixo. Todos os alunos me olharam e cochichavam sobre mim ou seja alguma amiga da Astrid tinha contado sobre o que aconteceu. Todos estavam com pena de mim e esse para mim é o pior dos sentimentos.

No final minha única saída foi me esconder na biblioteca onde quase nenhum aluno ia a não ser se fosse obrigado.

Quando cheguei lá abri um sorriso ao reconhecer Flynn sentado numa das mesas. O meu sorriso logo morreu quando vi que ele conversava com alguém.

Cheguei mais perto e vi quem era: Elsa Snow, a melhor amiga de Merida e do Hic.

Dei meia volta tentando ir embora sem fazer barulho mas parei quando ouvi o Flynn dizendo meu nome e me convidando para sentar com eles.

No momento eu estava confusa: parte de mim queria recusar e ir embora porque não queria me sentar com Elsa, não que ela fosse má pessoa mas é que como andava com Astrid ela pode achar que eu sou má pessoa e me tratar mal. Mas outra parte de mim estava curiosa para saber o que ela e Flynn conversavam e se eram amigos, essa parte venceu.

Pus o melhor sorriso que eu conseguia e me sentei com eles.

— Elsa essa é a Rapunzel, Rapunzel essa é a Elsa. – Flynn disse nos apresentando. Eu estava preparada para Elsa me olhar feio, me xingar ou coisa pior mas em vez disso, ela sorriu e acenou para mim. Quando ela acenou reparei em algo estranho, mesmo hoje sendo um dia um bocado quente Elsa estava de luvas que pareciam ser bem resistentes de uma cor azul linda que conbinava com seu sapato da mesma cor.

Fiquei curiosa para saber o porque dela usar luvas mas não perguntei, apenas sorri para ela e acenei de volta. Ficamos falando trivialidades e nos divertindo muito apesar de eu sentir que Elsa parecia um pouco nervosa e tensa mas pelo menos por um momento esqueci dos problemas até que Flynn teve de ir embora e ficamos apenas eu e ela conversando.

Deu para perceber que ambas queríamos falar mas não sabíamos sobre o que.

— Sinto muito por… bem… por não falar mais com Astrid. – Elsa disse meio sem jeito.

— Sei que ela não era uma pessoa fácil, mas é minha única amiga e dói saber que nem ela gostava de mim. – As palavras saem antes de eu poder impedir as não me arrependo, era bom falar com alguém de vez em quando. – Ficar sozinha era péssimo por isso quando conheci a Astrid foi como se algo tivesse brilhado e espantado a escuridão. – Digo contendo as lágrimas.

— Eu sei como é, você vai superar isso com o tempo. Ao final do dia as pessoas que não continuaram contigo foram as que nunca mereceram estar ao teu lado. – Elsa diz me olhando com ternura. – Mas estás errada em algo.

Fico um pouco confusa, eu estava errada no que?

— Ela não é sua única amiga, eu também serei sua amiga se quiser. – Ela diz e sorri para mim.

Sorri tanto que acho que até o sol ficou com inveja de como eu estava radiante. Eu tinha uma nova amiga! E algo me dizia que essa amizade me traria muitas alegrias.