Os dias atrasados serão cobrados...

Sobre Ofélia e um futuro cheio de esperança


A ratinha amarelada percorreu ligeiramente as ruas sujas do subúrbio sob o céu límpido do verão. O calor das três era tão intenso que deixava seus circuitos um tanto quanto retardados. Ela seguia um cheiro, estava bem perto.

A ratinha amarelada se lembrava da conversa que ouvira, por que ela era bem mais inteligente que uma ratinha comum.

– Mizu – Dizia o amigo dele – o que é isso tão de repente?

Ele lhe mostrava um pequeno pedaço de tecido, cheio do cheiro que elequeria que ela encontrasse.

– Nada da sua conta, Shinra – Ele disse – Apenas alguns assuntos pessoais.

E então se dirigiu a ela:

– Ofélia, ache o dono desse cheiro, sim?

Ela o encarou com um olhar astuto, ciente do que deveria ser feito.

– Mas Mizu, por que apenas agora? Aconteceu alguma coisa? – O amigo deleera insistente.

Ele suspirou, uma coisa que os humanos faziam com frequência.

– Nada aconteceu, Shinra. Por favor, pare de insistir.

Mas o silêncio não durou nem cinco segundos.

– Você está procurando alguém, não é? Isso é tão estranho. Eu nunca vi você se preocupando com alguém antes. Quem é? É uma garota? – Disse com um sorriso bobo, outra coisa que humanos faziam quando se sentiam particularmente felizes ou engraçados.

Ele parecia estar perdendo a paciência.

– Eu já te disse – Suas palavras escorriam um sinal de perigo, evidente até mesmo para ratinhas – que isso não é da sua conta.

E depois disso ela saiu para seguir o cheiro.

Ofélia não compreendia emoções humanas muito bem – sendo a ratinha que era – e, por isso, não compreendia os motivos dele para usá-la, nem o porquê deele ter ficado tão bravo com o amigo. Mas Ofélia era uma ratinha esperta, então sabia que devia achar o cheiro.

E isso não seria difícil.

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A casa era um sobrado estreito, espremido entre duas outras casas maiores. A pintura amarelada estava descascando e a caixa de correio estava abarrotada de papéis estranhos dos quais ela nada entendia (pois ratas não sabem ler, nem mesmo as mais espertas, como Ofélia). As janelas estavam fechadas e sujas e os canteiros na entrada estavam cheios de plantas mortas e secas.

Na opinião da ratinha (se é que ratos tem opinião), a casa parecia bem sem-graça, como um brinquedo que um dia fora legal, mas agora estava morto. Mas o cheiro era abundante naquela casa.

A ratinha Ofélia era esperta – a mais esperta, quem sabe – e por isso não teve problemas para entrar, pois enquanto para um humano uma casa é aparentemente segura e fechada, para os ratinhos espertos elas são cheias dos mais diversos caminhos e passagens.

Em algumas casas, as passagens eram estreitas e úmidas (esse tipo, Ofélia odiava) enquanto em outras, as passagens eram espaçosas e secas(Ofélia gostava dessas). No entanto, naquele sobrado, as passagens eram nem estreitas e úmidas, nem secas e espaçosas, mas sim, secas, estreitas e quentes. Tão quentes que faziam seus sistemas de esfriamento urrarem em protesto (se sistemas de resfriamento conseguem fazer isso, era um grande mistério para ela; assim como o local onde se guardam os queijos ou os motivos daquele que inventou os gatos autômatos para que estes corressem atrás de pequenas e indefesas ratinhas autômatas .

No interior, a casa estava ainda mais malcuidada que a parte de fora. Pilhas de entulhos, sacos de lixo e garrafas vazias habitavam cada canto e cada pedaço de chão, causando uma confusão de odores que faziam seus pequenos circuitos doerem.

Ofélia procurou em todos os cantos da casa escura, mas tudo que encontrou foi uma mulher de meia-idade sentada a mesa da cozinha, ressonando suavemente, a cabeça apoiada nos braços; algumas baratas mortas; Alguns poucos escorpiões e uma bolinha de brinquedo que parecia muito interessante. Havia uma garrafa vazia em uma das mãos da mulher e um cheiro forte pairava ao redor dela. Seus olhos estavam vermelhos e inchados. Ofélia tirou algumas fotos e continuou procurando.

O lugar onde o cheiro que procurava estava mais evidente era o único que parecia estar limpo e organizado, um cômodo no segundo andar. Estava tão vazio e morto quanto qualquer outro. Ofélia tirou fotos mesmo assim e então voltou para cozinha, onde estava a passagem para a rua. Era hora de voltar, aquela casa era o mais longe que o rastro que ela seguia podia alcançar e não havia mais nada de interessante por lá.

Quando estava quase indo embora, uma outra coisa chamou sua atenção. Sobre a mesa, perto da mão vazia da mulher, havia uma notícia recortada de um jornal. Ela estava muito velha e muito gasta, como se tivesse sido lida, amassada, então arrumada e lida novamente.

A ratinha subiu na mesa o mais silenciosamente possível e, como não sabia ler – afinal, como já esclarecido, nem mesmo as ratinhas mais espertas são dotadas de tal conhecimento – tirou outra foto. Não sabia se seria de alguma utilidade, mas se sentiu orgulhosa de si mesma. Se é que ratas autômatas conseguem sentir alguma coisa.

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Quando voltou, ele pareceu ficar ansioso.

Ofélia nunca o vira ansioso.

– Você o achou? – Ele lhe perguntou uma única vez, mas ela percebia como ele estava impaciente por uma resposta, como um cachorro esperando impacientemente um petisco ou um agrado.

Ofélia guinchou.

– O que você encontrou? Você tirou fotos?

Ela guinchou novamente.

– Boa garota. Me mostre.

E assim, Ofélia projetou a primeira foto que tirara.

Ele ofegou de surpresa. Ele nunca ficava surpreso

– Essa é... Karan? – Ele não parecia ter certeza. O que era estranho, pois elesempre tinha certeza quando falava.

– O que é aquilo, na mesa? – Ele perguntou estreitando os olhos. Humanos também fazem isso quando querem enxergar melhor.

Ofélia passou para a próxima foto.

Ele ficou ainda mais surpreso.

– Lixo? – Ele sussurrou para si mesmo.

Ofélia continuou passando as fotos e parou na do escorpião semi-esmagado no assoalho. Ela achava a foto bastante boa.

Enquanto isso, o amigo dele entrou.

– Ei Mizu, Ofélia voltou? Ela achou alguma coisa? – Ele perguntava.

Enquanto isso Ofélia trocava de imagem.

– Eu já te disse para não se intrometer, Shinra – Mas ele não estava realmente prestando atenção no que o amigo dizia. Estava ocupado analisando a foto do quarto no segundo andar.

– Esse é o quarto dele, Ofélia, do dono do cheiro. Ele não estava lá? – Perguntou à ela. Aí estava a impaciência mais uma vez.

Oflélia guinchou duas vezes.

– Ei, Mizu, me conte o que está acontecendo, por favor. Você está stalkeando alguém? Por que faria isso?

Ofélia passou para a última foto.

– Shinra, eu juro que se você perguntar algo mais uma vez, eu te – Mas o resto de suas palavras ficaram perdidas para sempre.

Ele apenas ficou lá. Olhando para a fotografia. Os olhos correndo pelas linhas da notícia no recorte de jornal, a boca levemente aberta.

Ofélia nunca o vira fazer isso também, mas que dia inusitado. Nem mesmo o amigo dele dizia uma palavra. O que não acontecia fazia um bom tempo.

Mas como a chuva é molhada, o queijo é bom, e gatos correm atrás de ratos, uma hora ele acabou falando.

– Ei Mizune, o que está acontecendo? Quem são essas pessoas?

Mas ele não respondeu.

– Eu não estou entendendo nada. Você estava procurando por eles? – Ele insistiu.

Silêncio.

– Eles parecem ser tão novos. Esses dois parecem, pelo menos. O do meio não parece ter mais que a sua idade, Mizune – Ele continuou, mas sua voz já não soava mais alegre como antes. Ela estava fria e cheia de ódio – Eu não os conheço e nem sei os motivos que eles tinham. Mas eu os odeio. Eu os odeio e eles me enojam. Somente pessoas egoístas conseguem cometer suicídio.

E só então, com essas palavras, que ele esboçou uma reação. Um soluço. E outro e mais outro.

Ele agarrava sua garganta e ofegava e parecia desesperado, como se não conseguisse mais respirar; o amigo dele ficando igualmente assustado e desesperado com as ações dele.

– Mizu! Ei, Mizu! Mizune! – Ele gritava enquanto o chacoalhava pelos ombros, a voz já de volta ao normal, mas cheia de medo e preocupação – O que está acontecendo!? Me diga o que está acontecendo! Foi alguma coisa que eu disse?! Ei, Mizune! Me desculpe! Pare com isso, por favor!

Mas ele apenas continuou soluçando soluços confusos e ofegando descontroladamente. Suas pernas fraquejaram e ele caiu no chão. Seu amigo chorava profusamente, sem saber se era o culpado ou não. Ele não derrubava nenhuma lágrima.

Ofélia observava tudo aquilo com, no máximo, um leve interesse, se não com descaso. Ela pouco entendia dos humanos. Não compreendia toda aquela gritaria e nem queria entender, para ser sincera. Pois a verdade era que, por mais esperta que fosse, ratinhas robóticas não morrem, e nada precisam saber sobre tristeza, perda e dor.

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O sol os cegou ainda mais e uma correnteza brincou com os seus cabelos.

– Vamos, saiam – Disse o guarda mais próximo a eles, os empurrando com violência.

Do lado de fora, puderam ver que estavam em um descampado de relevo extremamente irregular. Ao alcance da vista havia nada.

– Que lugar é esse? – Shion perguntou, se pronunciando pela primeira vez, para os guardas que continuavam parados na porta, que como podiam ver era feita de ferro e estava incrustada nos lados de uma pequena elevação de terra, como uma entrada para uma passagem secreta.

– Algum lugar – Um dos guardas disse, mostrando que não se importava.

– Por que nos trouxeram aqui? – Shion perguntou ansioso, tinha duas coisas em mente e nenhuma das duas eram boas.

– Não estamos aqui para responder suas perguntas, garoto – O mesmo guarda respondeu – Ainda estamos sendo bonzinhos.

E ao dizer isso, se virou para o companheiro ao lado e deram algum risinho bobos.

Um olhar de reprovação do maior e mais forte deles, que parecia ser o o responsável, os silenciou. Então ele voltou o olhar para os três e falou:

– Se vocês voltarem, não hesitaremos em lhes matar. Que isso fique avisado. A partir de hoje, vocês não pisam mais em NO.6. Nunca mais

Então tirou um revólver do coldre na cintura e o jogou aos pés de Shion.

– Para o caso de vocês não quererem sofrer.

Os outros guardas pareceram ficar desconfortáveis, mas pareciam ter medo de dizer alguma coisa.

– Ei, Parker – Um deles reuniu coragem – Eles nos disseram para não – Mas o grandalhão, Parker, o interrompeu.

– Não. Vamos fazer isso do meu jeito, Lee. E eu digo que faremos assim. Nenhuma palavra sobre isso lá no trabalho, sim?

E dizendo isso, Parker fechou a porta.

E os três ficaram completamente sozinhos debaixo do sol, a brisa gélida jogando terra em seus olhos.

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Karan acordou de súbito com o barulho da garrafa se estilhaçando no chão.

Percebera que havia dormido sem querer quando se sentara para ler a mesma notícia pela milésima vez.

Líderes da já dissolvida FLNN6 são encontrados mortos nos arredores da cidade.

Polícia suspeita que, após exílio, os três tenham cometidos suicídio com o auxílio de uma arma que um deles levava escondido nas roupas.

Dizia a manchete. Abaixo dela havia uma bela foto dos três. Shion no meio ladeado por Inukashi e Rikiga. Eles riam com sinceridade e pareciam estar felizes. Karan lembrava que nesse dia eles estavam comemorando o aniversário de três anos do Pequeno Nin, o menino de Inukashi, o seu menino.

Karan suspirou. Não havia por que ficar remoendo o passado. A primavera já havia chegado e ido desde que Shion havia sumido, ela já tinha superado isso.

Pois Karan sabia que Shion não estava morto. Ela saberia, se ele estivesse. Ela tinha que saber.

Precisava voltar ao Hotel, Renka devia estar preocupada.

Desde que a notícias sobre os suicídios começaram a circular, poucos dias depois do pronunciamento oficial sobre o exílio, Renka havia se mudado para morar junto com Karan, pois ela sabia que épocas turbulentas e incertas iriam se seguir. Karan começou a beber e passava dias inteiros prostrada no sofá, sem fazer nada.

Quando finalmente se deu conta de quanto as pessoas ao seu redor dependiam dela e de como Inukashi confiara nela para que ela cuidasse de seu filho e de seus cachorros, Karan fez da dor pela pela perda do filho, o combustível de seu dia-a-dia e alimentou suas esperanças sem medo, querendo acreditar que, em algum lugar, Shion estava vivo e em segurança.

Como o sobrado era muito pequeno para tantas pessoas, decidiram se mudar para o Hotel de Inukashi. Nin se sentia mais a vontade ali que em qualquer outro lugar e, mesmo com os cachorros, havia espaço suficiente para as duas mulheres e Lili.

O único problema era que, para dizer pouco, o Hotel era um ninho de sujeira, o que, na opinião das duas mulheres, era totalmente inadequado às crianças.

Foram necessários quase três meses de reforma árdua e exaustiva. Mas quando terminaram, haviam escavado de dentro da sujeira um belo edifício. No térreo reabriram a padaria e remobliaram todos os cômodos. Um lugar onde as crianças poderiam crescer com segurança e conforto.

Para os cachorros, nada faltava também. No pátio, junto de uma fonte que jorrava vivacidade, foi construído o lugar ideal para que eles dormissem, assim como era do direito deles. Durante o dia, eles eram livres para circular por onde quisessem, assim como dizia a proposta do hotel.

E sobre a luta de seu filho, ela realmente não fora totalmente em vão.

Os suburbanos voltaram a seus antigos trabalhos e, por mais que tivessem que continuar morando nos subúrbios, sem poder se misturar, receberam como prometido seus IDs e passaram a receber salários razoáveis que deixaram a vida de muitos bastante confortável. As crianças até mesmo podiam estudar em ótimas escolas do centro sem precisar pagar nada, um ônibus as buscando todo dia de manhã e as trazendo de volta no fim da tarde, alimentadas e em segurança.

Só havia a saudade... Isso ela não conseguia extinguir de maneira nenhuma.

Karan limpou os cacos no chão e se repreendeu por ter dormido com a garrafa na mão. Nem sabia por que não a havia jogado no lixo logo que a encontrou bloqueando a passagem para a cozinha, talvez tenha sido por que havia achado o recorte de jornal encima da mesa logo em seguida e acabara se esquecendo. Precisava urgentemente tirar um dia de folga do Hotel para dar uma geral na casa e precisava se livrar daquele recorte maldito de uma vez por todas. Antes de ir, pegou a assadeira oval, o motivo de ter ido até lá, jogou o recorte na lixeira que já transbordava de tão cheia e saiu. Não olhou para trás.

Quando finalmente chegou em casa, encontrou Renka na cozinha da padaria e foi atacada pela usual saraivada de perguntas preocupadas, a qual ela já estava acostumada.

“Onde você estava?”, “Achei que você tinha dito que seria rápido, você não estava bebendo, estava?”, “Pegou a assadeira?”, “Você sabe que seus filhos foram para escola, certo?”.

Karan sorriu. Sim, agora havia ganhado mais dois filhos. Uma menina graciosa como uma boneca, e um menino inteligente e vivaz. Os dois dependiam dela agora. Ela não iria falhar com eles.

E em Renka ela havia encontrado segurança.

Desde o momento que se tornaram próximas, anos atrás, Renka foi, em diversas ocasiões e principalmente nos tempos mais recentes, aquela capaz de suportar Karan, com sua alma carinhosa e gentil, até mesmo nos tempos mais difíceis; capaz de guiá-la para fora do labirinto de medos e dores, onde ela estava presa devida a perda de Shion; e capaz de lhe fazer companhia quando ela se sentia sozinha.

Ela amava Renka por isso, e se sentiria ligada a ela pelo resto da vida.

– Eu acabei dormindo – Ela contou, rindo – Devia estar muito cansada. E sim, eu peguei a assadeira, e sei também que as crianças estão na escola.

As feições preocupadas de Renka relaxaram em um sorriso sincero e cheio de carinho enquanto ela dizia:

– Que bom que você descansou, então.

Karan fingiu surpresa.

– O que? Não vai ficar brava comigo? – Perguntou como se estivesse chocada, o que fez a outra rir delicadamente.

– Não, não ficarei brava, desde que você venha me ajudar agora mesmo. Estamos cheios e os seus pãezinhos especiais estão acabando – Enquanto falava, Renka não parava de se mexer, hora checando o forno, hora batendo alguma massa ou mexendo uma panela – Ei, pode me passar aquela espátula, fazendo um favor?

Karan estendeu a espátula para ela, mas ao invés de pegar o cabo que lhe era oferecido, Renka optou por levar suas mãos ao rostro da outra, o qual segurou gentilmente, olhando-a nos olhos.

Tudo aconteceu tão repentinamente que Karan não conseguiu reagir. Seus rostos estavam realmente próximos, mas tudo que ela conseguiu fazer foi corar. Seu braço continuava estendido, a espátula completamente ignorada.

– Você está de bom humor – Renka sussurrou baixinho, sem desviar o olhar – é bom ver você sorrindo assim.

E então ela riu alegremente e apanhou a espátula das mãos de Karan, que continuava congelada de espanto.

– Ei Karan, seu rosto está vermelho – Renka gozou dela, fazendo-a voltar ao normal, na medida do possível.

– Não está nada. Você me pegou de surpresa, só isso – Ela replicou, enquanto se virava para vestir um avental.

– Aposto como você achou que eu ia te beijar – Renka disse despreocupada, o que fez Karan corar mais ainda.

– É-é claro que não pensei – Ela gaguejou – Nós não temos mais idade para ficarmos perdendo nosso tempo com essas coisas, Renka.

Vendo que Karan estava com dificuldades para amarrar o avental sozinha, Renka o fez por ela, por mais que a primeira continuasse protestando:

– Eu estou bem, consigo fazer isso sozinha.

Renka bufou.

– Não é como se estivesse me dando um grande trabalho sabia? Vire-se.

E antes que conseguisse pensar claramente, Karan obdeceu.

Seus lábios colaram e logo se separaram, tão suaves como o bater de asas de uma borboleta.

– Você ficou louca? – Karan sussurrou nervosa, o seu rosto jamais ficara tão vermelho como estava agora. Já era a segunda vez naquela hora que estava caindo nas artimanhas da amiga.

Renka sorriu amorosamente.

– Karan, querida, isso foi pra te mostrar que, por mais que você diga o contrário, jamais seremos velhas o suficiente a ponto de ter que deixar para trás coisas como o amor, bobinha.

E dizendo isso, deixou-a para ir atender os clientes.

Karan a olhou ir embora, incrédula com tudo que estava acontecendo. O que Renka poderia querer dizer com tudo aquilo, ela não tinha ideia. Mas, se tinha certeza de algo, era que a sensação que perdera havia muito tempo – e que agora retornara e revirava seu estômago de excitação – a deixava extremamente feliz e esperançosa pelos dias que viriam.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.