Na manhã seguinte, Natasha acordou cedo, estava determinada a encontrar a "chave" que abriria a porta da garagem, o único cômodo da casa que ainda não tinha vasculhando era o quarto do pai. Ela pegou um chave de fenda, um clipe de papel e começou a forçar a fechadura, até que ela abriu, empurrou a porta com cuidado e notou uma fina camada de poeira no cômodo, obviamente Clint não havia mandado ninguém limpar o quarto, mas com certeza alguém aparecia para limpar periodicamente.

Caminhou até o closet e o abriu, olhou cada coisa que havia ali. Caixas, roupas, olhou no banheiro e não encontrou nada. Estava colocando tudo em seu devido lugar, quando tropeçou em um dos calçados e se apoiou em uma das divisórias do closet para não cair. Frustrada pela busca sem resultados, ela chutou o calçado a sua frente, que bateu no fundo do closet fazendo um som oco. Isso chamou sua atenção, Natasha se abaixou, esticando a mão para o fundo e tocou a parede dando leves batidas, notando que realmente era um fundo falso e o abriu.

No compartimento, ela encontrou um uniforme branco com detalhes pretos e um dispositivo, do tamanho do símbolo do leitor da parede da garagem. Ela passou a mão sobre o dispositivo para tirar a poeira e ele acendeu. Arrumou as coisas de qualquer jeito e desceu a escada. Seguiu para a cozinha onde tinha uma porta que ligava a garagem, tirou a foto da parede e o leitor foi revelado. Natasha aproximou o dispositivo do leitor.

"Distintivo reconhecido. Acesso liberado. Bem vindo, Felipe Barton"

A porta foi aberta, notou que era um elevador, entrou olhando a procura de algum botão, mas não o encontrou, mas no momento que estava dentro as portas se fecharam sozinhas e começou a descer. Ela estava em alerta, após alguns segundos o elevador se abriu.

Ela saiu do elevador, observando em volta. Aquele lugar era enorme, parecia ter o mesmo tamanho da casa, haviam armamentos de tecnologia avançada, que nem mesmo a SHIELD tinha, computadores muito superiores a qualquer um que tinha visto, haviam imagens de seres vestindo o uniforme semelhante ao que encontrou no quarto do pai, nessas fotos encontrou uma foto do pai quando era mais jovem, haviam seres, definitivamente, não eram humanos.

— É real - Natasha murmurou olhando em volta - Alienígenas são reais.

Essa descoberta, trouxe mais perguntas. O que tudo aquilo significava afinal? O que o pai dela realmente era? O que tudo isso quer dizer?

Ela ficou um bom tempo observando tudo, até que encontrou uma prateleira com vários porta retratos que chamaram sua atenção. Era ela. Fotos dela bebe com a família, fotos dela com o Clint durante a infância, mas teve uma que ela não hesitou em pegar, era a última foto que havia tirado com a família.

— Achei que tinha se perdido - ela falou olhando os detalhes da foto e voltou a olhar a prateleira - Ele não me esqueceu

Seus olhos lacrimejaram, mas não se permitiu chorar, colocou de volta no lugar, começou a andar pelo lugar se aproximou dos equipamentos e decidiu descobrir como funcionavam, talvez assim descobrisse o que isso significava, mas antes que conseguisse tocar o equipamento um raio de luz rosado, muito semelhante ao que disparou contra o Armaturov, quase atingiu a mão dela. Rapidamente, Natasha olhou na direção que o raio veio em alerta, se deparando com uma silhueta feminina, totalmente feita daquela energia, com a mão erguida na direção dela.

— Como entrou aqui? - o ser de energia questionou olhando-a com firmeza

Como, Natasha ainda tentava assimilar o que estava acontecendo não a respondeu, então ela disparou novamente, por puro reflexo, Natasha correu se escondendo atrás dos equipamentos, mas isso não fez com que os disparos parassem, porta retratos e equipamentos foram destruídos durante aquele ataque.

— Vou perguntar mais uma vez - o ser falou aparecendo na frente da Natasha - Como entrou aqui?

— Poderia te fazer a mesma pergunta - Natasha rebateu olhando-a

O ser se preparou para disparar novamente, Natasha ergueu as mãos em frente ao corpo para se proteger do disparo e fechou os olhos esperando o impacto, mas não chegou a atingi-la, ao abrir os olhos viu a barreira de energia que a protegeu, suas mãos envolta em energia rosa.

— Então você é uma de nós - o ser falou abaixando a mão, mas não mudou a postura - Quem é você?

— Natasha Romanoff - A ruiva respondeu olhando-a, abaixou as mãos e a barreira se desfez

— Apenas pessoal autorizado tem acesso aqui - o ser perguntou assumindo a forma humana - Como conseguiu o distintivo para entrar?

— Precisava de respostas, então procurei nas coisas do meu pai e... - Natasha não teve tempo de responder pois foi atingida e arremessada contra a parede

— Não minta - a mulher falou com raiva - A minha neta morreu, há muitos anos.

"- Neta? Ela é a mãe do meu pai?" - Natasha se questionou olhando-a

— Quem você realmente é? - a mulher falou firme e pronta para disparar novamente

— Natália Alianovna Barton. Sou filha dos agentes da SHIELD, Natan Barton e Sasha Alianovna, tenho um irmão chamado Clinton - Natasha respondeu olhando-a nos olhos - Nasci na Rússia, meus pais estavam em perigo e decidiram fugir, mas não foi como o planejado.

— Minha nora e minha neta morreram em um incêndio - A mulher falou olhando-a

— Minha mãe foi assassinada, dois tiros na cabeça, após se recusar a dizer onde o resto da família estava e colocaram fogo para cobrir os rastros - Natasha respondeu se levantando - Eu consegui sair da casa antes de o fogo consumisse tudo, fiquei alguns dias inconsciente, quando acordei disseram que todos haviam morrido. Recentemente descobri a verdade, encontrei o Dimitri e ele me ajudou a vim pra cá e encontrar o meu irmão.

— Dimitri? Dimitri Vanko? - a mulher perguntou e Natasha assentiu - Ele ajudou o meu filho a sair da Rússia.

— Por isso mesmo ele me ajudou a sair de lá viva, quando soube quem eu era - Natasha falou já de pé - Se não acredita em mim, confirme com ele.

A mulher olhou bem para a Natasha,em dúvida se deveria acreditar nela, foi quando seu olhar foi direcionado para um das fotos, notando a semelhança entre a menina sentada ao lado do filho na fotografia, com a mulher a sua frente.

— É você - ela murmurou sentindo seus olhos lacrimejando - Natália.

Rapidamente a mulher foi em direção a ruiva a surpreendendo com um abraço acolhedor.

— Você se tornou uma mulher tão linda - a mulher falou permitindo que algumas lágrimas rolassem e se afastou olhando-a - Seu pai seria extremamente ciumento em relação a você, se parece com a sua mãe.

Natasha ainda estava sem reação, não era todo dia que era atacada e logo depois abraçada dessa forma.

— Me desculpa, não me apresentei, me chamo Eleanor, sou a mãe do seu pai - A mulher falou olhando-a - O que estava fazendo aqui?

— Dimitri falou que sem o meu pai, alguém estava exposto - Natasha respondeu ao se recompor - Achei que aqui poderia encontrar algumas respostas, mas acho que não encontrarei mais nada.

Natasha olhou para todos os equipamentos destruídos e Eleanor olhou na mesma direção.

— Isso não é um problema - Eleanor falou e em um simples movimento de mão, tudo foi concertado.

— Como conseguiu fazer isso? - Natasha perguntou surpresa e Eleanor riu

— Assim como você também consegue fazer barreiras pra se proteger - Eleanor respondeu olhando-a

— Não tenho controle sobre isso - Natasha admitiu e mudou de assunto - Mas se a senhora tem conhecimento deste lugar, então sabe quem meu pai queria proteger.

— Não quem, mas o quê - Eleanor respondeu a deixando intrigada - Já tomou café?

— Ainda não - Natasha respondeu sem entender

— Então vou preparar o seu café da manhã - Eleanor falou, estalou os dedos e no instante seguinte elas estavam na cozinha da casa

— O quê? - Natasha murmurou olhando em volta, sem entender como havia parado ali

— Seu pai se tornou agente da SHIELD para manter as pessoas como eu e vocês ocultos do mundo - Eleanor falou entrando procurando as coisas para preparar o café

— Como assim? - Natasha perguntou olhando-a

— Alienígenas como eu e os meio humanos como seu pai e você - Eleanor falou com tranquilidade

— E-eu sou uma híbrida? - Natasha perguntou tentando assimilar o que foi dito e Eleanor assentiu

— Nós fazemos parte de uma organização, muito mais secreta e muito maior que a SHIELD - Eleanor falou começando a preparar a refeição - Trabalhamos para impedir que as guerras intergalaticas afetem outros planetas, muitas vezes intervimos para dar um fim a essas guerras. Somos conhecidos como Encanadores.

— Por estão sempre atendendo um pedido para resolver um problema - Natasha deduziu e Eleanor sorriu

— Exatamente, em cada planeta existe uma base, um grupo dos encanadores para proteger o planeta - Eleanor explicou - Seu pai também fazia parte, ao entrar na SHIELD, ele sempre alterava algumas informações para nós manter ocultos.

— O mundo não está preparado para lidar com a notícia de que alienígenas são reais e que vivem entre nós - Natasha falou e Eleanor assentiu

— Desde que seu pai faleceu, ficou um pouco mais difícil, nos mantermos escondidos - Eleanor falou simplesmente

— Percebi, foi justamente por isso que fui enviada pra cá - Natasha falou olhando-a - Minha missão é identificar quem são os alienígenas que aparecem nessa cidade e descobrir se são uma ameaça ou não.

— Alguns sim, mas temos encanadores em Bellwood, não precisa se preocupar - Eleanor falou começando a servir a refeição

— Tenho que entregar um relatório em duas semanas sobre essa missão - Natasha falou atraindo o olhar da Eleanor

— Vai revelar a SHIELD sobre os Encanadores? - Eleanor perguntou olhando-a e Natasha balançou a cabeça em negação

— Acredito que meu pai não iria querer que eu fizesse isso - Natasha falou olhando as mãos sobre a bancada - Já fiz coisas que teriam desgraçado muito a ele, não quero fazer outra.

— O que quer dizer? - Eleanor perguntou curiosa

— Todos os alienígenas são como você? - Natasha perguntou olhando-a - Digo, em relação aparência e poderes?

— Não, cada planeta tem a sua própria espécie - Eleanor respondeu sentando ao lado da Natasha - Eu sou uma anodita.

— As vezes tenho medo de machucar alguém sem querer, não controlo esse poder - Natasha admitiu olhando a comida em seu prato

— Posso ensina-la, assim poderá controla e fazer tudo o que eu faço - Eleanor falou simplesmente - Mas isso leva um certo tempo.

— Quanto tempo? - Natasha perguntou olhando-a

— Um ano em Anodes - Eleanor respondeu

"- Não parece muito tempo para controlar tanto poder" - Natasha pensou comendo uma torrada

— Mas na Terra, isso equivale a setenta anos - Eleanor falou e Natasha engasgou com a comida

— Setenta anos? - Natasha perguntou surpresa após desengasgar - Não tenho todo esse tempo.

— Quanto tempo você tem? - Eleanor perguntou olhando-a

— Tenho uma semana - Natasha respondeu olhando-a

— Seu pai aprendia as coisas muito fácil - Eleanor falou olhando-a - Você também é assim?

— Acho que herdei isso dele - Natasha respondeu e Eleanor assentiu levemente

— Não vou conseguir te ensinar a alcançar o potencial máximo dos seus poderes - Eleanor falou simplesmente - Mas vou conseguir te ensinar o suficiente para usá-los bem.

— Obrigada - Natasha falou olhando-a - Gostaria de saber mais detalhes sobre os Encanadores, quero poder ajudar.

— Enquanto eu estiver te treinando, vou te contar mais sobre nós - Eleanor respondeu

Natasha assentiu e continuaram a refeição.

— Vou arrumar a cozinha - Natasha falou e Eleanor estalou os dedos

Tudo estava limpo e arrumado em um segundo

— Me diz que isso é uma das coisas que vai poder me ensinar em uma semana? - Natasha pediu olhando-a

— Isso vai depender de como vai se sair - Eleanor falou simplesmente

— Quando poderemos começar? - Natasha perguntou firme

— Hoje mesmo se quiser - Eleanor respondeu e Natasha assentiu - Vou te levar para a nossa área de treinamento, assim não precisará ter medo de machucar alguém.

— Área de treinamento? - Natasha perguntou intrigada

— Não achou que uma organização como os Encanadores, existiria sem um local adequado de treinamento, achou? - Eleanor falou e Natasha deu um sorriso discreto

— Na verdade, ainda estou tentando assimilar tudo isso - Natasha falou tranquilamente

— Terá tempo pra entender tudo, querida - Eleanor falou sorrindo e se empolgou um pouco - Quero saber mais de você. Onde cresceu, como viveu, como encontrou veio pra cá. Quero saber tudo.

— Vim com a ajuda do Dimitri - Natasha falou se levantando - Quanto as outras perguntas, não vale a pena responder.

— Você é sempre tão fechada? - Eleanor perguntou olhando-a - Somos família, não precisa ficar assim.

— Essa é mais uma razão para que não saiba - Natasha falou e Eleanor desconfiou - Apenas confie no que digo.

— O que está escondendo, Natália? - Eleanor perguntou se aproximando da neta

— Apenas o que não gostaria de saber - Natasha respondeu sinceramente - É melhor assim.

Eleanor parou em frente a ela, olhando-a nos olhos, foi quando ela percebeu que o olhar dela não era como das demais pessoas da idade dela, tinha um reflexo de dor e tristeza, mesmo que sua expressão facial não demonstrasse isso.

— O que fizeram a você? - a pergunta da Eleanor a pegou de surpresa

— O quê? - Natasha perguntou disfarçando a surpresa

— Não precisa me contar, tenho outros meios de descobrir - Eleanor falou simplesmente

Os olhos dela ficaram rosas no instante seguinte, Eleanor tocou a testa da Natasha com a ponta do dedo indicador e em segundos ela pode ver todas as memórias da neta.

Os flashes de memória surgiram para ambas. O assassinato da mãe, o tempo que passou com os West, a seleção da KGB, os treinos, a iniciação, as missões, o encontro com o Dimitri, a vinda para a SHIELD, a derrubada da KGB e a chegada a Bellwood.

Eleanor recuou dois passos, Natasha sentiu suas pernas fraquejarem e seu peso cedeu sobre elas, nunca tinha enfrentado as suas lembranças dessa forma, as lágrimas se formaram em seus olhos.

— Eu... sinto muito - Eleanor falou deixando suas lágrimas rolarem

— As vezes a ignorância é uma benção - Natasha falou passando a mão pelos olhos antes que as lágrimas rolassem e se levantou

— Nata... - Eleanor começou, mas foi interrompida

— Acho melhor preparar uma mochila, com alguns pertences - Natasha falou tranquilamente - Volto em dez minutos.

Natasha falou seguindo em direção a escada, deixando a Eleanor perdida em seus próprios pensamentos.