- Os Jotuns estão atacando! – Anunciou Steve, quando os primeiros Gigantes de Gelo começaram a aparecer.

Dessa forma, houve uma grande confusão. Logo, os exércitos Asgardianos apareceram para auxiliar os Vingadores. Odin os informara a respeito da chegada destes, de modo que houve certa sincronia entre as duas equipes na hora de atacar os invasores.

Eram centenas. Esse era o exército de Odin: Centenas de homens altos, fortes e grandes como Thor. Trajavam uma armadura que mesclava a clássica armadura grega com um toque inconfundível de dourado e de tecnologia. Os caras eram bons, pensou Anne. Logo, a frente do Palácio estava tomada por uma luta. Completamente cheia de homens brandindo suas armas e gritando ruidosamente.

Já os Gigantes... Anne não reparara por onde ou como vieram. Eles deviam ter seus próprios meios de locomoção, talvez portais ou naves. No início, surgiram uns poucos. Mas agora, eles surgiam quase em quantidade tão grande quanto o próprio exército de Odin. Eram figuras humanóides com o corpo azul e o olho perigosamente vermelho, além de presas extremamente pontiagudas. Eles eram grandes e surpreendentemente rápidos como leopardos. Lutavam tão certeira e rapidamente que logo Anne entendeu porque não precisavam de muitos. Eles eram letais. Imaginou algo como o Tesseract nas mãos deles... Sem dúvida, seria um belo estrago.

Anne foi surpreendida quando um Jotun chegou perto dela, produzindo um sibilo sinistro e mostrando os caninos assustadores.

Ela lutou com ele por algum tempo, surpresa pelo fato de estar lidando tão bem com tudo aquilo. Obviamente, não era fácil. Ela tivera medo, mas sua coragem e sua vontade de seguir em frente a ajudaram a superar isso. Sentiu que não deveria estar em outro lugar. Aquele era seu momento...

Anne, então, planejou um ataque. Depois de dar um soco no Jotun, virou-se e passou-lhe uma rasteira, pisando em suas costas. O bicho urrou de dor. Então, ao ver que mais se aproximavam, Anne foi desligando-os pouco a pouco. Não era uma tarefa simples, mas ela tinha treinado isso anteriormente. Sabia os exatos pontos que deveria atingir.

Os outros Vingadores também se ocupavam com os Jotuns. Deu pra perceber que eles não se afastavam muito porque foram incumbidos pelo General Asgardiano de proteger o perímetro da entrada do Palácio. Ou seja, os Vingadores permaneceriam juntos lutando apenas na região da porta do Palácio, a fim de conter as invasões mais perigosas.

- Anne! Anne! – Chamou Fury desesperado, enquanto recarregava mais uma vez sua arma.

- O que foi? Você está bem? – Perguntou Anne, arfando.

- Estou... Não esperava que eles chegassem tão depressa... Enfim, você tem uma missão... Precisa me ouvir! – Pediu Nick. Apesar de ainda estar no começo da batalha, ele parecia transtornado.

- Fale, então! – Pediu Anne, alteando a voz para fazer-se ouvida.

- Você precisa ir até a Prisão! Eu avisei a eles que mandaria um Vingador para lá! Eles não têm muitos guardas... Ele não pode escapar! Não pode! – Disse Nick, gritando e segurando-se em Anne.

- Ele quem? – Ela perguntou, confusa. Não seria problema ir até lá cumprir uma missão, mas ela precisava de mais informações.

Nick arfou mais um pouco e falou urgentemente:

- Você precisa ir pra cela do Loki, o deus da trapaça...

Loki respirou profundamente.

Era como se o cheiro de destruição e de guerra fosse facilmente percebido por ele. Os Jotuns invadiram Asgard.

- Estúpidos... – Bufou ele, de dentro de sua cela. – Vou escapar logo, logo daqui...

Mas a verdade era que Loki não sabia exatamente quando sairia de lá. Ora, fizera um trato com Menglod, o Rei Jotun. O Rei libertaria Loki de sua prisão em troca da ajuda do deus para encontrar o Tesseract. Porém, havia variáveis a considerar. Menglod prometera libertá-lo, mas não dissera exatamente quando. Desse modo, poderia ser hoje ou outro dia, em outra batalha... Menglod era esperto, e Loki confiou que ele viria quando fosse mais oportuno para ambos.

Mas, ainda assim, mais o tempo passava, mais Loki desejava sair daquela prisão e vingar-se de todos. Começou a imaginar os empecilhos que Menglod e seu exército deveriam estar enfrentando. Os Vingadores... Os detestáveis Vingadores... Eles poderiam ser um problema para os planos de Loki, mas desta vez os Jotuns estavam mais fortes e em maior número. Simplesmente, Loki não considerou outra possibilidade. Escaparia dali, sim, e efetivaria sua derradeira vingança.

Então se lembrou do sonho. Da visão de seu futuro. Daquilo de que precisava para dominar tudo... Uma garota... Estava tão absorto nisso que poderia jurar que ela estava perto. Sonhara com aquele rosto diversas vezes enquanto dormia, mas também o imaginara quando estava acordado. Uma linda garota, gritando em sua agonia e em seu desespero enquanto era atingida por uma descarga elétrica potente... Ultimamente, aliás, o som do grito daquela garota tinha sido como a trilha sonora da mente de Loki.

Algo sinistramente lindo em meio a sua tortura.

- Loki? Quer dizer, o irmão do Thor? – Perguntou Anne, confusa.

- Sim... Vá logo... Eu encontro você lá depois... – Respondeu Fury apressadamente, disparando tiros em alguns Jotuns.

Anne ainda estava aturdida. Sim, ela o conhecia também. O famoso deus da trapaça... Ainda podia se lembrar da cara maligna de Loki quando estava sendo preso pelos Vingadores e levado até Asgard. Uma expressão de superioridade e puro veneno nos olhos dele. Ela vira isso várias vezes em muitos telejornais, na época.

- A Prisão fica naquela direção! É só ir reto, pois fica na linha do palácio. Fica a uns dois quilômetros daqui. Tem uma moto ali para você usar. Cortesia de Odin. – Disse Fury, voltando-se para a Batalha.

Ele piscou com o olho visível e finalizou:

– Boa sorte, Blackout! Você vai saber o que fazer...

E Anne correu até a moto. Era dourada e estilizada. Ela ficou com curiosidade para saber mais sobre o funcionamento e o combustível da moto, mas não tinha tempo. Pensou nas consequências caso Jotuns invadissem a prisão e tirassem Loki de lá... Seria uma reação em cadeia de catástrofes.

Ela pulou na moto, desejando infinitamente que soubesse conduzi-la. No fim, foi fácil. E logo Anne saiu em alta velocidade seguindo na direção em que Nick lhe apontara. Desviou de alguns Jotuns ou desligou-os, mas, conforme se afastava do aglomerado da batalha, tudo ia silenciando.

Depois de alguns minutos na moto, Anne só ouvia alguns tiros ou gritos distantes. Mal vira ou falara com qualquer Vingador antes de partir nessa missão.

Então, parou na frente de uma edificação que, diferentemente do resto da cidade, era cinza. Parecia um grande mausoléu antigo e não havia beleza nas formas esculpidas na pedra. Representavam cenas de prisioneiros e seus crimes...

- Deve ser o Vingador que o Fury mandou... – Disse um guarda, aproximando-se. – Meu nome é Sebastian.

Anne desceu da moto e o cumprimentou, seguindo-o. Ele era alto e forte como os outros, com os cabelos cacheados castanhos. Levava algumas armas de aparência mortífera presas no cinto.

- Sou Anne Stein... – Identificou-se.

Sebastian assentiu e a guiou por dentro da Prisão.

Quase não havia iluminação. A pouca que tinha era originada das grades das celas, que pareciam feitas de pura energia. Logo no primeiro corredor havia celas enfileiradas de cada lado, mas Anne não ousou olhar mais. Não queria fitar os olhos de cada criminoso que ali se encontrava. Então Anne notou. De fato, havia poucos guardas no local. O suficiente para conter algum problema específico, mas não para conter uma batalha como a que se travava lá fora.

- É por aqui... – Apontou Sebastian.

Anne o seguiu, sentindo-se claustrofóbica. O lugar, já nada animador, conseguira ficar pior quando ela adentrou o corredor mais longo e obscuro. Devia ser a ala dos criminosos mais perigosos. Havia algo ali naquela atmosfera que inspirava terror. Anne odiou o fato de te que ficar ali pelo tempo que fosse... Talvez os exércitos só conseguissem se livrar dos Jotuns em dias...

A ideia revirou o estômago de Anne.

- Aqui, senhorita Stein. Não se preocupe... Ele não vai tentar nada. Está sem poderes. Mas, se você precisar de algo, estarei bem aqui no corredor. – Disse Sebastian, apertando um botão ao lado da cela mais remota.

Uma fissura se abriu nas barras de energia, de modo que Anne pudesse entrar na cela. Ela sentiu seu coração palpitar mais intensamente a cada minuto. As pernas dela tremiam conforme invadiam o perímetro do local.

Anne se viu completamente presa naquele lugar enquanto as barras de energia voltavam ao normal, fechando qualquer abertura da cela. Ela observou o deus, que estava de pé no canto mais afastado de lá.

Surpreendentemente alto, esguio, a pele branca e marmórea, os cabelos negros e lisos que desciam até o ombro como cascatas. E o mais incrível, os olhos verdes tão intensos, com uma expressão que ia de mera curiosidade a um terror de absoluta descrença:

- Você... – Disse o deus da trapaça com sua voz gélida, reconhecendo na garota diante de si a menina de seus sonhos.