Os Secretários

Um tiro pode matar duas pessoas


Me jogo para frente, sentando-me na cama, com a respiração ofegante.

Olho para o lado e vejo Olly do mesmo jeito.

Ele me encara boquiaberto e soltando o ar pela boca.

- O que foi isso? - pergunta ele. - Tiro?

Concordo com a cabeça.

- Tiro? - pergunto. Ele concorda com a cabeça. - Eu tinha sumido. Estava naquela caverna da Diana, mas andei pelo corredor. Até chegar em uma sala com paredes de carvão, ai vi a amiga sumida da Claire com os olhos amarelos, como aquela mendiga no círculo de ferro. Então um homem me segurou, eu me soltei e ele me deu um tiro.

- Candice me deu um tiro. - diz ele com a cabeça baixa. - Você saiu e ficou duas horas sem dar notícias, fui para a sala da Candice e você estava diferente. Então ela atirou em mim.

- Suas últimas palavras foram quais? - pergunto.

- Desculpe Andy. E as suas?

- Desculpe Olly.

- Ok. Isso não foi natural. Colocaram alguma máquina na gente.

Ele se levanta e anda de um lado para o outro, segurando o cotovelo com a cicatriz e roendo a unha do polegar.

Sorrio.

- É, você é mesmo o Olly. - digo.

Ele para de andar e vem em minha direção.

- É claro que sim. - Ele segura meu rosto. - Não sei porque você. Somos o casal mais ferrado do mundo. - Ele ri.

- Quem disse que somos um casal? - digo com os olhos apertados. Ele me encara assustado e eu começo a rir. - É, somos sim.

Encosto meus lábios nos seus e a porta se abre.

- Oh. - Vejo Adisson com cara de emocionada, encostada na porta. Logo percebo que Olly está praticamente em cima de mim.

- Ah mãe. - Ele corre na direção da porta e fecha-a. - Ok. Foco. Espera, precisamos da minha mãe. - Ele abre a porta sorrindo. - Oi mãe.

- Agora você precisa de mim não é? - Ela diz de braços cruzados. -

Espera, tiveram sonhos estranhos? Como ultimas palavras da vida se referindo um ao outro? - Olly faz cara de confuso. Começo a rir. Ele nunca foi bom em entender coisas complicadas. - Tipo: Adeus Olly no sonho dela e Adeus Andy, no seu sonho.

- Ah. - diz Olly concordando com a cabeça. - Porque vocês falam coisas complicadas? É só gasto de saliva. Mas enfim, como fizeram isso?

- Eu não sei. Aconteceu uma vez ou duas, mas os secretários acabaram sumindo.

- Ah, nada de interessante para falar não é? - pergunta ele um tanto irritado. - Mãe. Ela não pode sumir por minha culpa.

- Desculpe, mas não é sua culpa se Calum quer ela como presidente e ela está atrás de você. Ou seja, no segundo lugar do trono. Olha, vocês dois correm a mesma porcentagem de perigo. Candice quer matar tanto você, quanto a Andy. Mas ela acha que vocês dois só são namoradinhos secretários.

- Soube do Mike ou da Diana? - pergunto abraçando meus joelhos.

- Eu não, mas seu pai sim. - Ela passa a mão no cabelo de Olly e suspira.

- Pergunta para ele tá? - Ele olha par ao chão.

- Ele é seu pai Oliver. Pode perguntar para ele.

- Eu... Não... Pode perguntar? Por favor?

Ela suspira, concorda com a cabeça.

- Porque você não fala com o seu pai?

- Eu não sou muito chegado com ele. - Ele dá de ombros.

- O que ele fez?

- Ele quis me entregar para a Candice.

Porque? - Pergunto para mim mesma. As palavras ficam entaladas em minha garganta. Não tenho coragem. Não posso perguntar isso para ele.